Capitulo 29


Fantasmas do Passado.

Reino de Severac
Assim que amanheceu o dia, Demetria e Joseph seguiram pelo castelo ao encontro de Robert, que queria conversar com os dois. O encontraram em uma sala, sentando a mesa a espera dos dois. Só havia um soldado para guardar a porta, fora isso estava só. 
__Que bom que vieram__ Robert sorriu e apontou para as cadeiras vazias__ sentem-se, temos muito que conversar. 
Os dois fizeram o que Robert disse e sentaram-se lado a lado. 
__Eu pensei na sua proposta__ Joseph disse__ já tenho minha resposta.
__Antes que me diga o que decidiu, tem algumas coisas que precisa saber Joseph. 
__Que coisas?
Robert suspirou, havia muita coisa sobre sua vida e seu passado que ninguém sabia, mas que já era hora de revelar. Antes de qualquer coisa, antes de correram novamente para guerra, Joseph e Demetria precisavam saber. 
__Quando eu era mais jovem, conheci seu pai Joseph__ Robert disse__ éramos melhores amigos na verdade, assim como nossos pais antes de nós, fazíamos de tudo juntos.
__Sério?__ Joseph o olhou surpreso__ eu não sabia disso.
__É verdade, acontece que o tempo e as responsabilidades acabaram por nos afastar um pouco, mas até o ultimo suspiro de seu pai, ainda éramos como irmãos. Eu estava com Paul no dia que ele conheceu Marisa, na verdade eu me apaixonei por ela antes de seu pai, achei-a tremendamente encantadora.
__Você e a mãe do Joseph?__ Demetria disse espantada__, mas e a minha mãe? O que...
__Eu não conhecia sua mãe ainda, nunca tinha estado com nenhuma mulher e Marisa sempre foi linda, porém foi prometida a Paul e eu me mantive distante. Conheci sua mãe mais ou menos um ano depois e me apaixonei perdidamente por ela, e tudo se acertou, mas fiquei um bom tempo sem aparecer em Correntio__ ele explicou__ depois que nos casamos, tivemos que nos focar nos deveres. Eu me tornei Rei de Severac e seu pai de Correntio. 
__Espere__ Demetria pediu__ você disse Rei de Correntio? 
__Sim, Paul era Rei também.
Demetria olhou para Joseph confusa, não era isso que ele tinha lhe dito quando contou sua história.
__Você me disse que seu pai era cavaleiro__ ela lembrou.
__Ele era__ Joseph deu de ombros__ e minha mãe fazia vestidos para as moças da cidade. Eles eram Reis Demetria, governavam a cidade, mas não eram esnobes, eram gente humilde que ajudava aos pobres. E meu pai lutava junto com seus homens, como um verdadeiro cavaleiro. 
__Isso quer dizer que você é...
__Um príncipe__ foi Robert quem completou__ herdeiro de Correntio.
__Você parece realmente surpresa__ Joseph sorriu__ não me imagina como um príncipe?
__Não mesmo__ ela admitiu.
__Mas é verdade__ Joseph disse__ sou príncipe de Correntio. Pena que você disse estar cansada de príncipes não é mesmo?

Demetria corou envergonhada, lembrando-se da conversa que tiveram outro dia em Murdor enquanto faziam amor, em que ela lhe dissera que não queria mais saber de príncipes. Não entendera porque ele sorrira daquele jeito, mas agora fazia sentido.
__Na verdade você é Rei__ Robert lembrou__ já que seu pai morreu, é um direito seu. Só não pôde exigir o seu trono ainda. 
__Não faço questão de coroas e glória__ Joseph deu de ombros__ só queria ver a cidade em que nasci e cresci inteira novamente.
__Não é totalmente impossível__ Robert garantiu__ só precisamos derrotar Klaus antes. 
O que não parecia ser uma tarefa assim tão simples, mas ninguém disse nada. 
__Vocês não se lembra disso Joseph, mas quando era pequeno e eu ia visitar seu pai em Correntio, você me chamava de tio Robert__ ele disse sorrindo__ sabe aquele movimento que se usa pra se libertar de um inimigo quando ele te agarra por trás, tentando sufocá-lo? Fui que te ensinei.
__Você? Eu pensei que tinha sido meu pai... Eu... Eu não me lembro de você.
__Você era pequeno, e... Deve ter esquecido de muitas coisas de sua infância, isso acontece, para nos proteger__ ele explicou__ e vocês não sabem disso, mas já se conheciam antes do dia da invasão. Joseph devia ter uns sete ou oito anos, e Demetria tinha apenas um, era um bebê. Eu e minha esposa a levamos até Correntio para que Paul e Marisa a vissem. 
Joseph realmente estava surpreso, por essa ele não estava esperando. Tentou se recordar de alguma coisa, mas não conseguiu.
__Lembro que você quando viu Demi nos meus braços, ficou todo curioso__ Robert comentou, seu olhar estava distante, como se viajasse até o passado__ perguntou pra mim se não podia segurá-la um pouco. Demetria sempre chorava no colo de estranhos, ficava com medo, mas quando a pus em seus braços ela não chorou, ficou bem quietinha, olhando para você e sorrindo, nunca tinha a visto sorrir antes. Parecia que você a tinha hipnotizado com seus brilhantes olhos azuis. 
Demetria e Joseph sorriram e se entreolharam. Realmente Joseph a tinha hipnotizado com aqueles olhos, só que muito antes do que ela conseguia se lembrar.

__Você a segurou por uns minutos__ ele continuou__ ficou sorrindo e olhando pra ela, e quando fui tirá-la de seus braços Demetria chorou, então fui obrigado a deixá-la com você. Você segurou e cuidou dela durante o resto do dia, até que enfim tivemos de partir de volta a Severac. Ela chorou e lembro que você também, não queria que fôssemos embora__ Robert suspirou, voltando finalmente a realidade__ foi a ultima vez que estive em Correntio. 
Demetria fitou o pai com atenção enquanto ele falava, mas Joseph não conseguia tirar os olhos dela. Era verdade que tinha esquecido de muita coisa de sua infância, mas fazia força para não esquecer do pai, pensava tanto nele, na mãe e na irmã que talvez tivesse esquecido de todo resto. Mas achou interessante o fato de já ter conhecido a princesa antes, parecia coisa do destino. O modo como se encontraram depois de tantos anos não era o esperado, mas era como se estivessem destinados a se encontrar de novo, a estar juntos, a se ajudar. Eram apenas crianças quando se encontraram, mas ficaram encantados um com o outro desde a primeira vez... Isso tinha que significar alguma coisa.
__Demetria deve ter ouvido falar enquanto estava em Murdor que eu... Que eu ataquei a cidade de Klaus, e que...
__Matou a família dele?__ Demetria completou__ escutei algo a respeito.
__Paul me ajudou nesse dia, ele estava comigo quando ataquei Murdor__ Robert contou, se remexendo em sua cadeira__ tínhamos ouvido falar das coisas que Klaus andava fazendo por ai, de suas crueldades e queríamos pará-lo, achávamos que estávamos fazendo uma coisa boa. Então unimos nossas forças e atacamos.
__Nunca soube que meu pai estava com você__ Joseph comentou__ na verdade achei que esse ataque tinha sido depois que ele morrera e não antes.
__Foi antes__ Robert garantiu__ muitas pessoas inocentes morreram aquele dia, inclusive a família de Klaus. Não era minha intenção machucá-los, muito pelo contrário, mas aconteceu e por isso Klaus tomou um ódio profundo de mim e de Paul. 
Joseph respirou fundo uma vez, enquanto compreendia aonde Robert ia chegar com aquela história.

__O ataque a sua cidade não foi por acaso Joseph__ Robert disse__ ele atacou Correntio para se vingar de seu pai. Eu tentei ajudar quando fiquei sabendo, mas quando cheguei lá já era tarde demais. Marisa tinha sumido. Macayla e você também. Achei que estivessem todos mortos, mas depois fiquei sabendo que ele mantinha as duas como reféns... Tentei encontrá-las várias vezes, mas nunca tive sucesso e achei que você estivesse morto até uns meses atrás, depois da invasão. 
Enquanto ouvia aquilo, parecia que Robert falava da vida de outra pessoa e não da sua. Ele se achava esperto, mas tinha tanta coisa que não sabia, tantos detalhes sobre a própria vida que nunca imaginou.
__Quando te vi aquele dia aqui em Severac, não sabia quem você era... Nem ao menos sabia que era o cavaleiro das sombras quando te ameacei. Estava tomado pelo medo e pelo desespero, mas quando foi embora com minha filha eu tratei de investigar o seu passado e imagine minha surpresa quando descobri que o cavaleiro das sombras era Joseph Jonas, filho do meu melhor amigo Paul.

“Pensei em várias formas de chegar até você, de te contar quem eu era, e lhe oferecer ajuda, mas nada me ocorria. Até que recebi a noticias de que tinha fugido com minha filha e então veio a mensagem de Klaus, com o corpo de Marisa. Foi tudo muito de repente, mas acho que eu já devia imaginar que isso aconteceria. Foi o destino.”
Demetria estava tão surpresa quanto Joseph, nenhum dos dois conseguiu pensar em nada para dizer.
__Era isso que eu tinha para dizer__ Robert se levantou__ achei que antes de me dar sua resposta, você merecia saber Joseph. E você também minha filha, sei que esse tempo que passou longe, as coisas que lhe aconteceram e que lhe foram ditas podem ter enchido seu coração de duvidas. Sei que não sou o melhor pai do mundo, ou o melhor Rei, ou o melhor homem, mas todo esse tempo só fiz o que achava certo. Seu pai era como um irmão para mim Joseph, e já o considerei como a um filho... Quero ajudá-lo e também preciso de sua ajuda, mas a decisão é sua.

Demetria se levantou, ainda tinha coisas que gostaria de dizer ao pai e perguntar, mas sentia que o entendia um pouco mais agora, e por enquanto era o bastante. Deu a volta na mesa e o abraçou sem dizer nada, só precisando estar junto dele. 
Joseph também se levantou e fitou Robert com seus profundos olhos azuis por um longo momento antes de dizer:
__Eu aceito sua proposta__ e estendeu a mão para segurar a dele__ vamos acabar com Klaus e retomar a ordem de nossos Reinos juntos. Tem a minha palavra. 
Robert apertou a mão dele e Demetria apenas sorriu... Ia dar certo, eles iam conseguir, ela tinha certeza. 
__Juntos__ Robert concordou__ vamos conseguir juntos.
Destino
Estava decidido... Haveria Guerra. 
Demetria estava confiante de que eles poderiam enfrentar Klaus, que as chances de vencerem eram ótimas, principalmente agora que Joseph tinha se aliado ao seu pai. Ninguém vencia o cavaleiro das sombras, ela se lembrava frequentemente, muitas das coisas que ouvira sobre ele eram mentiras, mas se tinha uma coisa que era certa era sua coragem e força e ele não desistiria até conseguir tudo o que queria. 
Mas apesar de toda confiança, Demetria ainda tinha um pouco de medo, medo do futuro. Nos últimos três dias, Joseph e seu pai, junto com os soldados de Severac, andaram planejando como seria o ataque a Murdor. No dia seguinte eles partiriam para guerra e poderia ou não ser o fim de todos os conflitos, poderiam em fim ter um pouco de paz. Mas mesmo sabendo como suas chances eram boas, seu coração continuava inquieto.
Já devia ser perto da meia noite, ela não conseguia dormir, por isso saira de dentro do Palácio para caminhar um pouco. Parou perto de um jardim, despachou os guardas que haviam por ali, para poder ficar sozinha, se escorou em uma árvore e ficou a admirar o brilho das estrelas, com os pensamentos distantes até que sentiu que alguém se aproximava.
__O que está fazendo aqui fora há essa hora?__ Joseph perguntou enquanto caminhava até ela.
__Não consegui dormir, então resolvi caminhar um pouco, olhar as estrelas__ deu de ombros__ fazia um tempo que não via as estrelas tão bonitas, quase não dava para vê-las em Murdor. Parece que elas brilham mais em Severac.
__Talvez o problema não seja as estrelas__ ele observou__ tudo parece mais bonito quando estamos onde queremos.
__Acho que é verdade__ ela concordou distraidamente. 
__Mas você não parece muito feliz__ ele segurou as mãos dela nas suas__ tem alguma coisa te incomodando, o que é?
__Eu estou com um pouco de medo__ confessou.

__Por causa da guerra?__ ele sorriu__ não há com o que se preocupar Demetria, acredite. Klaus é um bom espadachim, é verdade, mas ele não entende nada de estratégia de guerra, é impulsivo e nervoso. Agora que não estou mais lá para resolver todos os problemas, ele deve estar totalmente perdido e desesperado.
__Isso não te assusta?__ ela questionou__ ele pode fazer uma besteira.
__Sou um homem positivo__ ele brincou, mas quando ela não sorriu voltou a ficar sério__ vai ficar tudo bem, eu prometo.
__Bem... Não é bem da guerra que tenho medo. 
__Do que é então?
__Do futuro__ sussurrou encarando suas mãos entrelaçadas__ o que vai acontecer depois de a guerra acabar?
__Vamos finalmente ter paz__ ele disse__ Klaus é o único inimigo de todos os Reinos em todo o país, o único que quer guerra. Quando o derrotamos, todo o país vai estar em paz e não teremos mais que nos preocupar com nada. 
__Mas e você?__ ela perguntou__ o que vai fazer depois que resgatar sua irmã? Para onde vai?

__Bem, até um tempo atrás eu não tinha pensado no que faria__ ele confessou__, mas agora eu quero voltar a Correntio, quero reerguer o Reino do meu pai, trazer aquele lugar de volta a vida. Dezoito anos Demetria, agora quando isso acabar eu vou finalmente poder viver. 
Ela deu um meio sorriso e ficou encarando o chão. Joseph demorou apenas um minuto para entender o que realmente a estava preocupando e sorriu, erguendo gentilmente o rosto dela para que olhasse em seus olhos e acariciou gentilmente seu rosto. 
__Quando eu for para Correntio, você vai comigo__ ele murmurou__ eu serei o Rei e você a minha Rainha. 
__Rainha?__ ela deu um meio sorriso.
__Sim__ ele concordou__ imagine como seria? O cavaleiro das sombras um Rei, ninguém se atreveria a atacar nosso Reino. 
__O Rei das sombras__ ela disse rindo__ interessante.
__Sim, e você seria a mulher do cavaleiro das sombras, além de ser a mulher mais linda do país. Faríamos uma bela dupla. E levaríamos Peter conosco, agora que não tem mais os pais; ele sempre foi como um filho pra mim, de certa forma. Vitória terá o seu bebê e arrumará um bom marido e Paola concerteza arrumará um outro bom oficio, pode ser estilista, ela ajudava minha mãe a fazer vestidos antes de tudo isso acontecer. 
Demetria sorriu, as palavras dele pintavam um futuro feliz e perfeito para todos, gostaria de acreditar que seria mesmo assim. 
__Você... Você realmente ainda me quer como sua mulher?__ Demetria questionou receosa__ mesmo depois de tudo o que...
__Já disse isso antes, nada nesse mundo poderia me fazer deixar de amá-la. Vamos esquecer o passado, e nunca mais ninguém vai te machucar de tal forma, farei de você a mulher mais feliz do mundo se puder. 
__Mas...
__Não tem mas__ ele a interrompeu__ eu te amo. 
Gentilmente, ele começou a desfazer os laços que atavam o vestido dela.
__O que está fazendo?__ ela olhou em volta preocupada.

__Shh, ta tudo bem__ Joseph ignorou o olhar preocupado dela e abriu o vestido até que ela ficasse nua em sua frente, revelando os machucados e cortes pela pele. Alguns já estavam desaparecendo, outros cicatrizando, já não parecia tão grave como quando os vira a primeira vez__ como puderam machucar assim algo tão lindo? Não é o tratamento que uma princesa merece. 
Ela se encolheu contra a árvore quando ele tocou seu seio com a ponta dos dedos.
__Te incomoda?__ ele ergueu a sobrancelha__ que eu a toque? 
Ela entendeu logo o que ele quis dizer com a pergunta e segurou a mão dele, a pressionando contra o seio.
__Deveria, mas não__ ela garantiu__ eu achei que... Quando tudo aconteceu, desde a primeira vez com Klaus, achei que depois daquilo nunca poderia deixar que nenhum outro me tocasse, que não aguentaria. Que a lembrança e a dor seriam grandes demais para suportar, eu achei que estava arruinada, mas... Quando você me toca, é como se toda dor, todas as minhas marcas, tudo que me aflige desaparecesse, como se me arrastasse para um outro mundo onde só existe nós dois e nada mais importa. Não há medo, frio, desespero... Só você e o azul dos seus olhos, o calor da sua pele, o gosto do seu beijo__ ela corou, levemente envergonhada__ isso faz algum sentido?

__Eu sei como é a sensação__ ele sorriu. 
Demetria suspirou quando ele aproximou mais seus corpos, sentindo a respiração dele em seu rosto enquanto lhe acariciava delicadamente um dos seios. Estava preocupada por estarem do meio do jardim do palácio, onde poderia aparecer alguém a qualquer hora e vê-la naquele estado, mas era difícil se preocupar com qualquer coisa quando ele a tocava.
__Acredita em destino princesa?__ Joseph perguntou, livrando-se da blusa, largando-a de lado junto com o vestido de Demetria.
__Na verdade, não__ ela negou, mordendo o lábio por um instante enquanto observava o peitoral musculoso dele__ não gosto da ideia de que toda a minha vida já está decidida, que não tenho uma escolha. Gosto de pensar que eu controlo minha vida.
Ele sorriu aproximando-se novamente para beijar-lhe o pescoço, Demetria inclinou a cabeça de lado, lhe dando mais liberdade, totalmente esquecida de onde estavam e do porque tinha ido parar ali. Deixou-se amolecer nos braços dele, aproveitando os beijos, esquecendo as marcas pelo corpo e todas as lágrimas que derramou. Ele nunca mais deixaria que ninguém a ferisse... Ela acreditava nisso, enquanto estivesse com ele estaria segura.
__Sabe no que eu acredito?__ ele perguntou, deslizando os dedos pelo corpo dela até sua intimidade__ que fomos feitos um para o outro princesa. Eu a vi uma vez anos atrás e me encantei com você, mesmo quando era apenas um bebê. Então anos e anos depois, você apareceu de novo pra mim, com essa sua força e seu sorriso, pra me lembrar do que realmente importa. Se não fosse por você, ainda estaria em Murdor, em pé ao lado do Trono de Klaus, fazendo tudo que ele mandasse, vendendo a minha alma a custo de nada, só para talvez um dia conseguir ver minha família de novo. 
Joseph beijou-a intensamente por um momento, enquanto livra-se da calça e puxava Demetria para seu colo. A princesa se apoiou nos ombros dele, prendendo as pernas em volta de sua cintura e gemendo baixinho. 
__Mas graças à você__ ele murmurou um tempo depois__ estou fazendo agora o que é certo, vou salvar a vida da minha irmã do jeito certo, graças a você consigo ver as coisas como realmente são, você me libertou. Então eu acredito no destino, acredito... Acredito que era nosso destino nos encontrarmos Demetria, acredito que não invadi sua cidade por acaso, que não perdi tanta coisa por nada. Estava escrito que eu tinha que te encontrar, assim como está escrito que vou matar Klaus e que depois disso seremos muito felizes.

Ele a penetrou devagar, Demetria fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, a escorando na árvore, enquanto sentia-o preenchê-la e lentamente movimentar-se dentro dela, apagando qualquer pensamento coerente. 
__Acredita em mim Princesa?__ ele perguntou com a voz falha__ acredita?
__Sim__ ela sussurrou baixinho, concordando com ele__ sim, sim__ repetiu gemendo, enterrando as unhas nas costas dele. 
Logo ambos esqueceram de onde estavam e de quem eram, focando-se apenas na incrível sensação que era quando estavam assim unidos como um só. Os gemidos ficaram mais altos e Demetria tinha certeza de que alguém os ouvira, mas não se importou. Quando terminaram, deixou que ele a embalasse em seus braços, com as pernas fracas devido ao prazer, apoiou a cabeça em seu peito, ouvindo o som do coração dele e sentiu-se em paz. 
__Não vai ser a ultima vez que estaremos juntos__ ele prometeu__ eu voltarei pra você. 
__Eu acredito em você__ ela sorriu__ ninguém pode matar o cavaleiro das sombras certo?
__Certo__ ele concordou sorrindo__ ninguém.
__Eu te amo.
E puxou-o para um ultimo beijo. 

Fim do Capítulo

Capitulo 28

Acho que não morro hoje né? rs
Triste esse poste :(


O Reencontro.

Reino de Severac
Demetria quase não pode acreditar que estava mesmo ali. Quando se aproximaram dos portões, quase teve medo de estar sonhando, de abrir os olhos de repente e ver que ainda estava em Murdor, como uma prisioneira. Mas era bem real, o alvoroço que se formou quando ela chegou era completamente real, embora sua antiga e bela cidade estivesse totalmente em ruínas. Era mesmo real. 
__Princesa Demetria__ os homens se espantaram ao vê-la__ está viva.
__A PRINCESA VOLTOU. 
Permitiram facilmente a entrada deles na cidade. Demetria olhou em volta, sentindo-se uma estranha naquele lugar depois de tanto tempo. Havia mais soldados do que pessoas comuns, a maioria dos moradores antigos tinha morrido na invasão e Demetria não conhecia nem metade daquelas pessoas que viu na rua. As casas ainda estavam destruídas e reviradas, ainda não houvera tempo de se recuperar de tudo que acontecera, o que só fazia a cidade parecer mais estranha, mais distante... A antiga vida que tiveram tinha acabado e não ia voltar mais.

Demetria e os outros foram escoltados pelos guardas até a sala do Trono. Foi tremendamente estranho entrar lá novamente. A princesa lembrava-se da ultima vez que estivera ali, quando vira Joseph pela primeira vez, com seu ar misterioso, escondido sob o capuz preto, com os olhos azuis brilhantes terrivelmente frios e vazios. Ela sentira tanto medo. Mas agora ela podia ver além da superfície e quando olhou pra ele, percebeu que ele se recordava também daquele momento. 
Porém, logo que passaram pela porta e Demetria olhou para o homem sentado no Trono, todos seus pensamentos, medos, dúvidas, dores e tristeza, por um momento desapareceram por completo. Não conseguiu pensar em nada, a não ser que ele estava bem ali, o seu pai, passara-se tanto tempo desde que o vira que quase não o reconheceu, mas depois de um breve segundo, achou nas feições dele as suas próprias. Robert Lovato, Rei de Severac, um homem com seus cinquenta anos, tinha aparência forte e jovem para sua idade. Tinha cabelos negros que lhe caiam sobre os ombros, profundos olhos castanhos que pareciam enxergar sua alma e um sorriso que contagiava, que o fazia querer sorrir também embora não soubesse bem o porque.

Foi assim naquele momento, quando seus olhos se encontraram, ele sorriu e ela teve de sorrir de volta, esquecendo onde estava e porque, esquecendo a raiva e correu para ele, correu em sua direção e se jogou em seus braços, como fazia quando era pequena e ele voltava de uma guerra. Jogou-se em seus braços fortes e chorou, gostando da segurança que ele lhe passava. 
__Minha princesinha__ ele sussurrou a abraçando apertado__ você voltou pra mim.
__Pai__ ela soluçou__ achei que nunca mais fosse vê-lo.
__Me perdoe minha pequena, me perdoe por ter demorado tanto__ ele pediu__ eu queria tê-la ajudado, queria tê-la salvo, juro que queria, mas não podia arriscar. Eu estava tentando fazer o que era melhor para todos, tentando fazer o que era melhor para você. Eu sinto muito por ter esperado tanto.

Ela queria gritar com ele, acusá-lo por tê-la deixado sofrendo todo esse tempo, queria chamá-lo de mentiroso por todas as coisas que não havia lhe contado e por tê-la envolvido naquela maldita guerra, mas não conseguiu, não agora, não naquele momento, não depois de tanto tempo, porque ela estava segura, estava com ele, com o seu pai, e era só o que importava... Ele era seu pai e a amava, disso ela não conseguia duvidar por mais que tentasse. 
Todos ficaram em silencio, deixando que os dois tivessem seu momento, porém depois de alguns minutos, o Rei Robert abraçou a princesa de lado e voltou sua atenção para os outros visitantes do salão. Joseph o observou com atenção, de alguma forma ele conseguia exalar mais poder do que Klaus, sua presença impunha não só medo mas respeito, dava para sentir de longe. 
__Quem são esses?__ ele perguntou.
__São meus amigos__ Demetria respondeu baixinho, tinha a cabeça escorada no peito dele, os braços a sua volta, os olhos vermelhos pelas lágrimas, mas de alguma forma parecia mais leve. Mas ela sabia que não ia durar muito__ me ajudaram no tempo que estive presa em Murdor, e me ajudaram a fugir.

__Apresentem-se__ Robert pediu. 
__Eu sou Paola__ ela fez uma reverencia, mesmo no estado em que se encontrava, suja, machucada e com a roupa rasgada, nunca se vira mulher mais forte e com tamanha dignidade. 
__Eu me chamo Vitória__ ela também fez uma reverencia, e depois pôs as mãos protetoramente sobre a barriga.
__Sou Peter__ o menino fez uma reverencia desajeitada, parecia nervoso. Demetria sorriu para ele, para encorajá-lo. 
__Eu me chamo Harry__ fez uma breve reverência. 
Robert então fitou Joseph, o único que faltava para se apresentar. 
__Eu sou Joseph__ ele disse daquele seu jeito sério, desprovido de qualquer emoção que se pudesse identificar. 
__Joseph Jonas__ Robert soltou Demetria e se aproximou alguns passos o olhando profundamente__ o cavaleiro das sombras. 
__Como sabe quem eu sou?__ Joseph o encarou com desconfiança.
__Sei muita coisa sobre você rapaz__ Robert respondeu.

__Ele está do nosso lado agora pai__ Demetria disse apressadamente__ não trabalha mas para Klaus e...
__Eu sei__ Robert a interrompeu gentilmente__ eu já esperava a visita dele.
__Esperava?__ Joseph estava confuso.
__Recebi uma mensagem de Klaus ontem__ ele explicou__ mandou que entregasse a você. Ele também sabia que você viria até mim, e quando não conseguiu pegá-lo no caminho, achou que seria divertido mandar um aviso. 
Joseph não gostou nada de como aquilo soava... Que mensagem seria aquela? Sentiu a garganta se apertar.
__Ruben, Tomas__ Robert chamou__ acompanhe os amigos de minha filha. Certifiquem-se de que tomem um bom banho, lhes dêem roupas limpas e comida e um quarto para que possam descansar, foi uma longa viagem e sei que estão exaustos. São meus hóspedes e quero que sejam muito bem tratados.
__Sim senhor__ os homens concordaram.
__Venha comigo Joseph__ Robert pediu.
__Eu vou junto__ Demetria disse rapidamente, antes que resolvessem expulsá-la.
__Tudo bem__ ele concordou__ sigam-me os dois. 
Os três seguiram juntos então pelos corredores do Palácio. Robert e Joseph seguiram lado a lado na frente e Demetria ficou um pouco mais atrás, seguida de um guarda, dando espaço ao pai e a Joseph. 
__Imagine minha surpresa__ Robert disse enquanto caminhavam__ estava me preparando para atacar Murdor quando recebi a noticia de que minha filha tinha fugido. Cancelei o ataque e até mandei homens para encontrá-la no caminho, mas não tive sucesso. 
__Nos escondemos bem. Fugimos de qualquer um que se aproximasse, não dava para confiar.
__Pois é. Então ontem recebo uma mensagem do Klaus e imagine minha surpresa ao saber que o cavaleiro das sombras tinha ajudado minha filha a fugir. O homem que trabalha para Klaus, que invadiu minha cidade, ajudou a matar meus súditos e sequestrou minha filha. 
Joseph deu um meio sorriso__ não sou mais o mesmo homem que invadiu sua cidade. 
__Realmente não parece o mesmo homem que vi aquele dia__ Robert concordou__ o que o fez mudar tanto? Porque resolveu ajudar minha filha?
Joseph lançou um olhar discreto na direção da princesa, que seguia atrás deles de braços cruzados e cabeça baixa.
__Sua filha tem um jeito fácil de conquistar as pessoas__ disse depois de um minuto.
__É__ Robert concordou com um sorriso__ essa é minha filha.

Sinto Muito.

Reino de Severac – Palácio da Família Lovato
Joseph e Demetria seguiram Robert pelos corredores do Palácio, desceram algumas escadas, passaram por vários guardas e chegaram a uma pequena sala escura. O guarda que os acompanhava ascendeu algumas tochas espalhadas pelo cômodo, que se iluminou rapidamente, não havia nenhum objeto ou móvel na sala, exceto por um grande baú bem no centro. 
__Ontem à tarde, quatro homens de Klaus vieram sob uma bandeira de paz trazer um recado do Rei de Murdor__ Robert disse cauteloso__ além da mensagem, trouxeram também esse baú. 
__O que tem nesse baú?__ Demetria perguntou, sentindo um frio na barriga.
Joseph estava em silêncio, observando o baú com seus olhos azuis grandes demais, arregalados de nervoso e medo antes mesmo de abrir e conferir o que havia dentro, porque de alguma forma ele já sabia o que era. Sentiu a garganta ficar seca, o coração disparar e os pensamentos se embaralharem na cabeça. Cerrou os punhos com força, lutando para respirar... Demetria não deixou de notar.

__O que está havendo?__ ela questionou aflita.
__Macayla?__ Joseph sussurrou encarando o baú, mas Robert entendeu bem a pergunta.
__Segundo dizia a mensagem ela está bem__ Robert respondeu__ Klaus o desafia a ir salvá-la. Disse que você tem uma semana antes que ele lhe corte a cabeça e a coloque nos muros da cidade como enfeite. 
Joseph respirou fundo e se ajoelhou na frente do baú. Demetria observou-o com atenção, completamente aflita, sem entender ainda o que se passava, mas se aproximou um pouco mais, vendo que as mãos dele tremiam quando as esticou para abrir a tampa. Joseph parou de respirar quando viu o que tinha dentro, no fundo já sabia, mas a confirmação fez todo seu mundo desabar. Era o corpo de sua mãe... Tinham separado a cabeça do corpo e depois posto os dois dentro do baú. Lembrou-se das palavras de Klaus, “se der mais um passo eu lhe darei de presente não um dedo, mas a cabeça de sua mãe em uma caixa.” Foi tomado primeiro pelo ódio, depois por uma agonia que não era possível explicar.
Demetria observou chocada enquanto Joseph se inclinava sobre baú, a expressão séria de seu rosto se contorcendo e se transformando em pura dor. Ele segurou a mão inerte do corpo da mãe e começou a sussurrar alguma coisa, depois de um minuto ela entendeu o que era... “Sinto Muito”. Demetria não conseguiu aguentar a cena, se inclinou e começou a vomitar, o guarda a apoiou para que não caísse no chão.
__Levem ela daqui__ Robert ordenou. 
O guarda não a deixou protestar, simplesmente a arrastou para longe. 
__Sinto Muito Joseph__ Robert sussurrou. 
Joseph tinha prometido que a salvaria e falhou. Dezoito anos, fazia dezoito anos desde a ultima vez que a vira e agora isso... Ela estava morta. Nunca teria a chance de abraçá-la mais uma vez, de deixar que ela lhe reconfortasse, não poderia dizer que sentia muito, ou o quanto a amava e que nunca desistira dela. Não veria mais o sorriso, não poderia nunca mais chamá-la de mãe. Ela estava morta e não ia voltar nunca mais e era tudo sua culpa.
__Sinto muito mamãe__ sussurrou, não achou que algum dia sentiria uma dor tão grande quanto naquele momento__ eu sinto muito, eu tentei salvá-la, eu fiz oque pude, eu juro que tentei... Perdoe-me. Eu sinto muito, eu sinto muito. 
Pensou que seu pai teria vergonha se o visse agora. 
__Sei que não é a melhor hora para isso__ Robert disse__, mas eu posso ajudá-lo. Você salvou minha filha e estou disposto a ajudá-lo a vingar sua mãe e salvar sua irmã. Proponho que esqueçamos qualquer acontecimento anterior, que deixemos de lado o passado e as diferenças e unamos nossas forças contra nosso inimigo em comum... Klaus. 
__Eu vou matá-lo__ Joseph prometeu__ vou matá-lo.
__Sei que vai, tem bem mais chances de conseguir isso do que eu, mas nem mesmo você pode fazer isso sozinho. Quero ajudá-lo, proponho que se junte ao meu exercito e juntos marcharemos contra Murdor para fazê-lo pagar por suas crueldades__ Robert propôs__ não precisa me responder nesse momento, ainda temos uma semana antes que ele faça qualquer coisa. Passe a noite aqui, durma, pense bem no assunto e me encontre amanhã com sua resposta. Independente de sua decisão, está livre para fazer o que bem entender e partir se quiser... A decisão é sua. 
Joseph nada disse, não queria pensar em nada disso agora, só tinha vontade de gritar. 
__Vou deixá-lo com sua dor__ Robert disse__ mas pense no assunto Joseph, pode ser sua única chance. 
Então Robert se retirou da sala, deixando Joseph sozinho com o corpo da mãe. Naquele momento, sentiu-se novamente um garotinho indefeso, sozinho no escuro, sem saber o que fazer. Por um momento quis desistir, quis sentar e chorar, quis ser apenas uma criança sem responsabilidades, queria ser abraçado e queria que lhe dissessem que tudo ia ficar bem... Mas sabia que não ia.
Tudo Bem se Quiser Chorar
Demetria tomou um banho demorado aquela noite, vestiu uma camisola confortável para tentar dormir um pouco e recusou o jantar, sentindo-se tão mal como nunca estivera na vida. Ver Joseph abaixado no chão, ao lado do corpo da mãe, sabendo que em parte era sua culpa, que ela devia estar morta em seu lugar, tirara toda a alegria que sentira por estar de volta a sua casa. 
__Como você está?__ ela se sobressaltou ao ouvir a voz do pai.
__Bem, eu acho__ forçou um sorriso__ e Joseph?
__Ele é um homem forte, vai superar.
__Nós precisamos conversar__ Demetria disse__ tem tanta coisa que...
__Eu sei__ Robert concordou__ mas não agora. Você precisa descansar. Diremos tudo que tem de ser dito amanhã, e, você e Joseph. Mas não quero discussões hoje, só quero dormir sabendo que você está aqui, segura de novo no seu quarto.
Ela assentiu, podia esperar mais um dia. Também não queria brigas aquela noite. Quando seu pai a deixou só, Demetria jogou um manto sobre o corpo e saiu do quarto, caminhando pelos corredores com os pés de descalços e indo de encontro a Joseph no fim do corredor. Sabia bem onde seu pai o havia deixado. Encontrou-o em pé olhando pela janela. 
__Hey__ ela chamou baixinho, parada na porta.
Joseph se virou lentamente para fitá-la, não esboçou nenhuma reação ao vê-la, estava ocupado demais se esforçando para não chorar, dava para ver só de olhá-lo, os olhos azuis cheios de água, o maxilar cerrado, a respiração profunda e lenta. 
__Sinto muito__ Demetria sussurrou, também sentindo vontade de chorar ao vê-lo daquele jeito__ eu... Eu devia...
__Não foi sua culpa Demetria__ ele a interrompeu__ eu já disse isso.
__Mesmo assim__ ela suspirou__ eu só... Não quero discutir, só... Sinto Muito. 
Ele desviou os olhos do rosto dela, fitando o chão. A princesa caminhou até ele lentamente, segurou o rosto dele entre suas mãos e o ergueu para que pudesse olhá-lo nos olhos. Aqueles lindos olhos azuis tão lindos e tristes, cheios de lembranças e dor.

__Tudo bem se quiser chorar__ sussurrou acariciando o rosto dele__ não é vergonha, nem fraqueza. 
Ele fechou os olhos com força e então às lágrimas que tanto repeliu escaparam, escorrendo por seu rosto.
__Dezoito anos__ ele disse__ dezoito anos de sofrimento para nada. Ela está morta Demetria, eu não consegui salvá-la. 
__Não foi sua culpa.
__Foi sim__ ele balançou a cabeça, parecia um garotinho magoado__ eu falhei, prometi que a salvaria e falhei. Agora ela morreu e eu nem pude dizer adeus. Não pude dizer que a amava, nem o quanto sinto muito por tudo que ela teve que passar. 
Demetria não discutiu com ele, o abraçou e deixou que ele desabafasse.
__Fico imaginando se Macayla viu o que fizeram__ ele murmurou__ ela deve achar que eu a abandonei, deve estar com medo. E se ele a machucar também? Se eu não puder salvá-la, nunca vou me perdoar Demetria, eu não sei o que fazer. 
__Você me salvou, vai salvá-la também.

__A salvei tarde demais__ lembrou__ deixei que a machucassem tantas vezes. Também foi tarde demais para minha mãe e se acontecer de novo? E se eu falhar mais uma vez? 
Demetria se afastou do abraço para poder olhá-lo novamente.
__Sei que está triste, sei que está doendo, acredite, eu sei bem como é__ ela disse__, mas não pode pensar assim. Tudo bem, você não conseguiu salvá-la, mas tem que acreditar que vai ser diferente dessa vez. Não pode se esquecer de quem é Joseph, não pode esquecer que é o cavaleiro das sombras e nem da promessa que fez. Não pode desistir antes de tentar. 
Ele a encarou meio perdido, parecendo pela primeira vez totalmente indefeso.
__Eu confio em você e sua irmã também, ela precisa de você, precisa que seja forte. Não pode deixar que Klaus vença.

Demetria estava certa, sua mãe e seu pai estavam mortos, mas Macayla estava viva, e precisava dele. Precisa que ele fosse forte, que fosse o cavaleiro das sombras. Ele não deixaria que Klaus saísse impune, ele o mataria e faria com que sofresse, era o que ele merecia e Joseph cumpriria todas as suas promessas.
__Você está certa__ ele assentiu, respirando fundo__ está certa.
__Eu sei que você pensa que está sozinho, mas não está__ ela o lembrou acariciando delicadamente seu rosto__ eu estou aqui com você, não posso lutar numa guerra, mas se precisar de um ombro amigo, se precisar de um abraço, eu estou aqui. Eu também amo você Joseph. 
Ele sorriu, um sorriso trêmulo em meio as lágrimas e a abraçou de novo. Suas doces palavras e sua companhia acalmavam seu coração machucado. Tinha a feito sofrer tanto e mesmo assim ela ainda estava ali, ela o amava.
Ficou por longos minutos abraçado a ela chorando, botando para fora tantos anos de dor e agonia que tinha guardado para si e em nenhum momento ela disse nada, não o deixou envergonhado ou pediu que parasse, apenas o abraçou e sussurrou mais alguma vezes que o amava e que ele não estava sozinho e logo a dor não era mais tão insuportável assim.
__Você precisa dormir__ ela disse um tempo depois__ tem que descansar e eu também. 
__Não vai embora__ ele pediu__ fique aqui comigo esta noite, por favor. 
__Tudo bem__ ela sorriu concordando. 
Dormiram abraçados aquela noite, confortando um ao outro e apesar da tristeza Joseph não se lembrava de ter dormido tão tranquilamente como aquela noite. Sentiu-se bem e seguro nos braços dela, pela primeira vez não temera que alguém tentasse machucá-lo enquanto dormia, ela estava ali para espantar todos os medos, todos os fantasmas que o atormentavam. 

Fim do Capítulo

Capitulo 27.

Oi amores .. Isso não é miragem eu realmente estou aqui postando pra vocês e pra dizer tambem que não morri ( Mas acho que agora eu vou né , porque voces devem estar querendo matar a minha pessoa rs') Mas enfim estou de volta pra postar meninas ... Então vamos ao capitulo/????



Vou Fazer o que Tenho de Fazer.

Bosque Sagrado – Arredores de Torentio
Cavalgaram a todo velocidade por um dia inteiro, com homens os perseguindo. Felizmente Joseph conhecia melhor que ninguém as florestas pelo caminho e se embrenharam na mata, despistando os guardas de Klaus, pelo menos por um tempo. 
__O que faremos agora?__ Demetria perguntou enquanto cavalgavam__ para onde vamos?
__Para Severac__ Joseph respondeu, e antes que ela tivesse tempo de pedir explicações ele avançou mais, se distanciando.
Só pararam para descansar quando Joseph teve certeza absoluta que estavam seguros e se esconderam por detrás de algumas rochas. Como cavalgavam a um dia inteiro sem parar, Estavam muito cansados e com fome, e então Harry se ofereceu para procurar alguma comida, frutas e talvez até alguma boa caça. Joseph ficou com os outros para protegê-los caso algo acontecesse, mas se afastou um pouco, querendo ficar sozinho. Encostou-se em uma pedra qualquer e puxou a espada, ficou ali afiando a lâmina até que Demetria apareceu.
__O que quis dizer com “vamos para Severac”?__ ela perguntou__ a cidade está dominada por Klaus.
__Não está mais__ ele respondeu concentrado em sua espada__ seu pai a tomou de volta alguns dias atrás.
__Do que está falando? Meu pai fugiu do país.
__Uma mentira__ ele a lembrou__ eu disse isso várias vezes, seu pai nunca a abandonaria. Era só um truque para enganar Klaus, que funcionou muito bem por assim dizer... Klaus não pensa, é imprudente demais. 
__Quando foi isso? Como aconteceu? Como soube disso?__ ela estava confusa.
__Foi no dia que seu príncipe invadiu Murdor__ Joseph explicou__ enquanto estávamos sendo atacados, seu pai se aproveitou da situação e do fato de que não havia como enviar ajuda e tomou Severac de volta com o seu novo exercito. 
__Quer dizer que aquele ataque foi uma distração? Alex era uma isca?
__Não__ ele negou__ o seu príncipe atacou sem o consentimento do seu pai, ele não aguentou esperar mais uns dias até que Robert decidisse que estavam prontos para atacar e estragou tudo. Seu pai apenas aproveitou a situação já que não tinha mais como ajudar o Alex.
__Como sabe de tudo isso?
__As pessoas falam__ ele deu de ombros__ era o único assunto do qual falavam quando estive em Harenwall. 
Demetria não soube o que pensar... Seu pai não a tinha abandonado como ela pensara, mas por algum motivo ainda sentia-se magoada com ele, com as coisas que não lhe disse, com o tempo que a deixou esperando. E Alex... Ele ainda poderia estar vivo se tivesse sido um pouco mais paciente, se tivesse escutado, ou se talvez nem tivesse vindo se soubesse que o coração de Demetria pertencia a outro homem agora, um homem que nem queria olhá-la nos olhos, do mesmo jeito que antes ela não podia olhar nos dele. Parecia que havia uma esperança, uma luz no fim do túnel. Mas porque ela não se sentia bem com isso? Talvez fosse porque depois de tudo, não havia mais beleza alguma no mundo. Klaus tinha lhe roubado todas as cores. 
__Porque fez aquilo?__ ela perguntou num sussurro. 
__Aquilo o que?
__Porque me salvou? Porque não me deixou morrer?
A pergunta, e o tom de voz que ela usou para fazê-lo pegaram Joseph de surpresa e ele teve de erguer os olhos para fitá-la.
__Foi por isso que terminei tudo__ Demetria continuou quando ele apenas ficou lá olhando para ela__ não tinha obrigação nenhuma comigo, não tinha que salvar minha vida.
__Só porque você pôs um ponto final em tudo não significa que os meus sentimentos desapareceram__ ele respondeu irritado com aquela pergunta__ eu sei que pareço um cara frio que não se importa com nada, mas você sabe que não sou assim. Não sou de pedra, não sou vazio e desprovido de emoções, eu não podia sentar e te ver morrer.
__Mas agora sua família está em risco... Klaus vai machucá-las por minha culpa, não valia a pena.
Joseph se afastou da pedra em que estava escorado, cada vez mais zangado, e colocou a espada de volta na bainha. 
__Eu sabia dos riscos, mas tive que fazer o que era certo. Não podia deixá-la morrer... Minha família está sabe-se Deus lá onde, mas você estava na minha frente, ali e agora e eu podia salvar você, podia evitar que te machucassem, coisa que não podia fazer por elas, então fiz minha escolha. Sei que você pensa que sua vida não vale de nada, sei que se culpa por todos os inocentes que morreram, mas a culpa não foi sua Demetria... Foi minha. Foram as minhas escolhas que causaram a morte de todos eles e não você. Nem tudo gira em torno de você está ouvindo? Então pare de se culpar por tudo de ruim que acontece.

Demetria fitou o chão, sentindo os olhos se encherem de lágrimas... Joseph não queria ser grosso ou tratá-la mal, mas estava com medo do que aconteceria a sua família e se sentia culpado. Mas foram coisas que ele buscou, a culpa era só dele e de mais ninguém.
__Vou levá-los em segurança até Severac, como prometi__ ele disse agora mais calmo__ Paola e os outros também devem ficar seguros lá, é só você dizer a seu pai que eles são amigos. 
__E você?__ ela o fitou sem jeito__ não vai ficar?
__Não. Ainda tenho que salvar minha família, ou o que sobrou dela__ lhe deu as costas__ não importa se estão vivas ou mortas, uma coisa é certa... Vou fazer o que tenho de fazer.
__E o que você tem que fazer?
__Matar aquele desgraçado do Klaus.

Nada lhe traria mais prazer no mundo do que tirar a vida do homem que lhe roubara tudo. E nada o impediria de conseguir aquilo, só quem o pararia agora era a morte... Isso se pudesse pegá-lo.
__E depois que fizer isso?__ ela perguntou__ Vai para onde? Pra casa?
__Eu não tenho casa. 
__Joseph...
__Volte para junto dos outros princesa__ ele ordenou, estava calmo, mas o tom deixava claro que não queria mais conversa, tudo que ele precisava agora era ficar um pouco sozinho__ Harry já vai voltar com a comida e vai estar mais segura lá. 
A princesa assentiu relutante, entendendo que ele não queria sua companhia e saiu, voltando para junto dos outros. Joseph continuou afiando a lâmina de sua espada, imaginando que a enfiava no coração de Klaus. Era um homem amargo agora, mais do que jamais fora e só voltaria a ter alguma paz, só poderia descansar e ser boa companhia a alguém depois que cumprisse com sua tarefa, depois que cumprisse todas as suas promessas.

I’m Broken

Bosque Sagrado – Arredores de Torentio
Harry voltou um tempinho depois com algumas frutas e um coelho que conseguira matar. A ideia era comerem um pouco agora que já estavam mais descansados e então continuar o caminho até Severac, só estariam realmente seguros quando chegassem lá. Harry distribuiu as frutas e depois de limpar o coelho fez uma pequena fogueira... Carne de coelho era melhor que morrer de fome. Joseph se juntou á eles alguns minutos depois.
__Onde está Demetria?__ ele perguntou notando que a princesa não estava presente.
__Achei que estava com você__ Paola disse confusa.
Joseph olhou em volta nervoso, ela não poderia ter fugido poderia?
__Ela foi naquela direção__ Peter apontou, tinha a boca melecada por causa da carne__ ouvimos um rio aqui perto e ela disse que ia até lá ver. Eu queria ir junto, mas ela não deixou.

__Tudo bem, eu vou trazê-la de volta__ avisou__ fiquem todos aqui e juntos, se acontecer alguma coisa, gritem. Comam logo e descansem mais um pouco, assim que voltarmos vamos seguir nosso caminho.
Joseph se afastou, seguindo na direção que Peter lhe indicara e realmente pode ouvir um rio ali bem perto. Um pouco de água seria bem vinda, no meio de tanta confusão, não lembrava quando fora a ultima vez que tomara um banho descente, achava que tinha sido antes de partir para Harenwall, não tinha certeza. O rio não ficava longe de onde os outros estavam, só precisava descer uma espécie de morro com muito cuidado, pois era escorregadio por conta da lama e das plantas e logo estava lá. 
Avistou Demetria na beirada do rio, estava ajoelhada em frente à água, tinha abaixado a parte de cima do vestido, ficando descoberta até a cintura e também uma parte das pernas estava de fora. Ela chorava baixinho enquanto passava um pano molhado pelo corpo.

De longe Joseph não pode ter certeza, mas quando se aproximou viu que ela tinha muitas marcas espalhadas pelo corpo, marcas de mãos e unha, vermelhas e algumas até sangravam um pouco. Quando Klaus a trouxera a sala do Trono, achara que não a tinha machucado como fizera com Paola e Vitória, mas estava enganado... Só não tinham lhe machucado o rosto, e as marcas no corpo estavam escondidas pela roupa. 
__Demetria?__ ele chamou baixinho, se aproximando dela.
__O que faz aqui?__ ela ergueu as mãos e as pos sobre os seios, se encolhendo e tentando se esconder. 
__O que aconteceu com você?__ ele se abaixou ao lado dela__ foi Klaus que te fez isso? 
Ela não respondeu, olhou para o chão, tentando conter os soluços, fazendo força para parar de chorar. Joseph segurou gentilmente as mãos dela e as afastou do corpo, revelando seus seios. Todo o tronco estava coberto de arranhões e manchas arroxeadas. 
__Porque não me mostrou isso antes?__ ele perguntou tentando conter a raiva.
__Tínhamos coisas mais importantes com o que se preocupar__ ela respondeu sem olhá-lo__ e você não poderia ter feito nada.
__Está doendo muito?__ ele deslizou gentilmente um dos dedos por um arranhão na barriga dela.

__Vai passar__ ela puxou as mãos das dele, voltando a se proteger, se esconder. Ela estava com vergonha, não de que ele a visse nua, mas que a visse machucada daquele jeito, toda marcada e feia. E tinha medo, de que ele lhe perguntasse o que tinha acontecido e da sua reação quando soubesse. 
__Foi Klaus que te machucou?__ ele perguntou__ ou foi algum dos homens dele? Conte-me. 
__Foi... Foi depois que Vitória contou a ele sobre nós dois__ ela gaguejou, doía lembrar e falar sobre isso__ ele enlouqueceu de raiva, disse que... Que a regra número um dele tinha sido quebrada e que se você tinha desobedecido, se você tinha transado comigo, os outros soldados também tinham o direito. 
A raiva tomou conta de seu coração e de suas feições enquanto ele compreendia o que ela estava dizendo. 
__Ele me prendeu em uma sala__ ela continuou__ disse que eles poderiam fazer o que quisessem comigo, só não queria que machucassem meu rosto. Eles fizeram fila e entraram um por um, durante os dias que você ficou fora... Alguns apenas me bateram, me socaram e chutaram. Não posso reclamar, foi melhor do que... __ umas das mãos dela desceu até as pernas, puxando a barra do vestido.

Joseph se conteve para não esmurrar alguma coisa, ele tinha ficado fora por cerca de seis dias...
__Demetria, olhe pra mim__ ele pediu.
Ela não conseguia, não queria que ele a visse daquele jeito, que soubesse que o tinham lhe feito. Sentia-se suja, como se fosse uma qualquer. Quando se lembrava do que tinham lhe feito naqueles dias tinha vontade de gritar, mas em nenhum momento demonstrou fraqueza, era um luxo que não podia ter. Mas agora... Sentia que não valia grandes coisas, porque ele ainda haveria de querê-la depois de ter passado pela mão de tantos outros como um objeto?
__Demetria__ ele repetiu__ olhe pra mim.
Mesmo contra vontade ela olhou. 
__Vou fazê-los pagar por seu sofrimento, todos eles e principalmente Klaus... Eu prometo...
__Não me prometa nada__ ela sussurrou.
__Acha que não vou fazer isso? Acha que não os farei se arrepender?

__Sei que você vai__ ela concordou__, mas suas promessas não vão apagar o que aconteceu. Não vai trazer de volta as lágrimas que derramei ou desfazer a dor que senti. Eles podem morrer, mas eu vou continuar quebrada... Eu estou quebrada__ ela passou as mãos nervosamente pelo próprio corpo, como se quisesse arrancar fora a pele e por uma nova, uma que ninguém além dele tivesse tocado__ Me sinto tão... Suja e... 
Ele a envolveu nos seus braços, a puxando para um abraço. A ideia de que aqueles homens a tivessem tocado era revoltante e lhe enchia de ira, mas não era culpa dela, era culpa dele... Ele não estava lá para protegê-la, ele a pos em risco quando se deixou envolver, quando se deixou importar. Sabia que seria assim desde o inicio.
__Eles destruíram tudo__ ela choramingou__ tudo. 
__Eu vou resolver isso, eu vou concertar... Vou por tudo no lugar__ ele disse__ eu vou fazer tudo melhorar. 
__Você... Você vai embora, vai me deixar__ ela sussurrou em meio as lágrimas__ vai me abandonar como todos os outros. Porque ainda ia me querer? Você diz que não é minha culpa, mas eu sei que é... É tudo por minha causa e agora eu estou... Eles...

Ela se embolou com as próprias palavras, chorando, perdida nos braços dele. Será que algum dia voltaria a ser verdadeiramente feliz? Ele dizia que ia levá-la para casa, mas que casa? Severac não era mais sua casa, estava tudo morto e diferente... Ela também não tinha mais uma casa. Ele era sua casa, o único lugar onde ainda queria estar e ele dizia que ia embora, ia arriscar a vida para matar Klaus e depois sumiria no mundo. Ela ficaria sozinha, com nada mais que lembranças vazias. 
__Demetria__ ele a afastou e segurou o rosto dela entre suas mãos, a olhando nos olhos. Sentia-se tremendamente vazio desde que chegara a Harenwall e vira que todos os seus esforços tinham sido em vão, que tinha posto tudo a perder. Sentia irritado e com medo... Com medo do futuro e com raiva do mundo, por tudo que teve de suportar. Mas de alguma forma... De alguma forma ela conseguia fazer toda confusão e dor ser menos insuportável. Talvez fosse mais prudente se afastar, como ela mesma havia sugerido, mas talvez fosse tarde demais para isso__ Não me importa o que fizeram, não vai mudar como eu me sinto. Eu não vou abandonar você, do mesmo jeito que nunca desisti de minha família, eu não vou desistir de você e dessa vez eu não vou errar. Eu amo você. 
Demetria não acreditou no que ouvia. 
__O que você disse?
__Disse que amo você princesa__ ele repetiu sério__, mas só posso me permitir sentir isso de verdade quando tiver cumprido minha missão. Só posso ter paz depois de fazer o que tenho que fazer... Você me entende? Preciso me livrar dos meus fantasmas, dos meus pecados e dos meus erros desses dezoitos anos... Preciso terminar o que comecei, e quando eu finalmente conseguir, ai serei uma boa companhia, ai serei um homem do qual você vai se orgulhar. Sei que não posso apagar as marcas que fizeram em você, mas prometo que não permitirei que nenhuma outra seja feita. 
Demetria forçou um sorriso em meio as lágrimas, era fraco e trêmulo, mas ainda um sorriso. 
__Eu entendo__ ela sussurrou__ eu entendo você cavaleiro das sombras. 
Demetria engoliu as lágrimas, de alguma forma o ouvir dizer aquelas coisas, o ouvir dizer que a amava, tinha conseguido diminuir a dor que sentia. Se ele a amava, nada mais importava, era tudo que precisava. Chorar pelo que tinha acontecido não mudaria nada. Ele a ajudou a se vestir novamente, tomando cuidado com seus machucados e sem mais uma palavra voltaram para junto dos outros, estava na hora de continuar... Tinham que colocar um ponto final nessa história o mais rápido possível, ela não queria mais esperar. 

Fim do Capítulo