O aniversário havia finalmente chegado, os preparativos estavam a mil e com isso a cabeça de Joe também, recebo ligações dele o tempo todo desesperado por minha ajuda ou por uma simples opinião de onde a mesa do bolo deve ficar. Acabo rindo de seu desespero compreensível e o ajudo da forma que posso tentando conciliar o ateliê. O nosso relacionamento –não sei se posso chamar assim- continua ao que parece firme, o medo de machuca-lo ainda está ali, e toda vontade de conta-lo sobre a minha doença desaparece quando vejo seu sorriso despreocupado. O medo de fazer com que ele passe por tudo novamente, o que passou com a mãe de Olivia, é o meu maior medo. O que me aterroriza e me faz perder longas noites de sono, um lado de meu subconsciente diz que eu estou bem, que o remédio faz efeito e que logo essa doença não será mais parte de mim, porém um outro lado meu grita dizendo que eu vou piorar, que eu vou fazer todos a minha volta caírem comigo.
Naquele dia decidi me esquecer da leucemia e focar em meu trabalho, que no caso nem se tornou um trabalho para mim, ver o sorriso nos lábios de Olivia e o brilho no olhar da garotinha ao ouvir ou ver algo de sua festa se tornou o melhor pagamento de toda minha vida e eu era extremamente grata por isso. Cheguei na casa de Joe relativamente cedo, pessoas andavam por todo lado, a festa seria no jardim da casa, Olivia assim que me viu correu em minha direção pulando em meu colo, o pai chegou a abrir a boca para pedir que ela parasse de correr até que seu olhar me encontrou, um sorriso instantâneo se abriu em seu rosto, foi a vez dele vir em minha direção.
_Meu amor, deixei seu presente lá no carro, o que acha de ir pegar?_ disse consciente de que ela não sairia para a rua, já que meu carro ficou estacionado do outro lado do quintal e haviam pessoas responsáveis por lá. Ela acenou freneticamente com a cabeça e me deu um beijo na bochecha saindo em disparada logo em seguida.
_Eu disse que não precisava de presentes._ Joe disse sério se aproximando.
_E eu disse que não me importo._ Perto o suficiente ele segurou minha cintura colando nossos corpos, levei uma mão a seu rosto, beijando seus lábios em seguida. _Olá Joel.
Ele abriu um sorriso.
_Olá nena._ Sorri com o apelido e o beijei mais uma vez._ Ainda bem que chegou.
_É eu sei que sim._ Comentei._ Já enlouqueceu?
_Ainda não, mas estou perto.
Caminhamos até o local da festa, e tudo estava correndo bem. A decoração perfeita, as luzes sendo colocadas com cuidado. Tudo em ordem: não para Joe. Os auxiliei em algumas coisas de acordo com que as fotos saíssem melhores. Depois resolvi que tirar Joe dali seria a melhor opção. Me arrumei em sua própria casa em um quarto de hóspedes enquanto ele e Olivia se arrumavam no outro. Por o aniversário ser algo mais casual optei por um vestido curto, preso até a cintura e levemente solto para baixo, uma maquiagem leve, o cabelo solto e uma sandália baixa. Enquanto me arrumava senti uma leve tontura e uma vontade torturante de vomitar, me sentei na cama do quarto e esperei que o mal estar passasse, talvez fosse só alguma coisa que comi antes de vir para cá. Quando desci os dois já recebiam convidados, algumas crianças brincavam por todo lado. Peguei minha câmera e iniciei meu trabalho, parece que aos olhos de uma fotógrafa tudo parece bonito, como se a lente pudesse tonar qualquer coisa incrível.
Tudo estava correndo bem, a medida que o tempo passava as pessoas chegavam, não eram muitas, definitivamente, amigos e família. Tive a oportunidade de conhecer os pais de Joe, mas pedi a ele que não dissesse nada sobre nós, pelo menos não ainda, eu ainda não estava preparada para o olhar indiscreto de sua mãe, avaliando se sou boa o suficiente para seu filho, pois na verdade nem eu mesma sei se sou. Mesmo assim percebi Sobeida me avaliar mentalmente, como se soubesse de alguma coisa apenas no olhar. Senhor Balbino pai de Joe me pareceu extremamente simpático e solicitou que eu fotografasse sua próxima festa de aniversário.
_Papai, não seja tão imprudente._ Wimer brincou.
_Tudo bem Joe, será um prazer Senhor Jonas.
_Por favor, só Balbino. _ Pediu_ O Senhor me faz parecer velho de mais.
_Oh, claro._ Ri.
No momento das fotos antes dos parabéns eu pude ver melhor todos os convidados. Todos pessoas simpáticas, e mesmo em posições empresarias tão grandes extremamente humildes. Eu não pretendia participar das fotos, de jeito nenhum, mas então fui quase obrigada por Marissa e Olivia, a mais nova me pediu com aqueles olhinhos e então eu não pude negar a ela, eu nunca negaria nada daquele jeito, enquanto a loura tratou de tirar a foto. Joe não pareceu incomodado com a ideia, abriu um sorriso largo e quando estava prestes a sair Olivia o impediu.
_Fica aqui papai._com aqueles olhinhos.
_Mas agora é sua foto com a Demi bebê._ O mais velho argumentou.
_Mas eu quero foto o papai e com a mamãe.
Engoli em seco, nunca me acostumaria com o jeito de ela me chamar. O olhar que de Sobeida que pesou sobre mim, provavelmente me fez ficar vermelha.
_Tudo bem, Joel. Fique._Pedi.
Ele voltou ao seu lugar com um sorriso discreto, Olivia abraçou nós dois, colando nossos rostos ao dela, acabei rindo espontaneamente. Assim que Olivia me sotou entreguei ela a Joe e antes que pudesse sair senti uma nova tontura, desta vez mais forte, tentei disfarçar, mas senti a mão do latino segurar meu braço com delicadeza.
_Está tudo bem?_ Disse baixo, Olivia já não estava mais em seus braços e logo a vi correndo pelo jardim.
Assenti.
_Foi só uma leve tontura, nada de mais._Respondi recuperando o fôlego que sumiu de meus pulmões de forma surpreendente.
_Demi?_Marissa se aproximou._ O que houve?
_Não foi nada.
_Uma tontura não é nada._Joe argumentou._ Sente-se um pouco.
_Deixa que eu ajudo ela, vá cuidar dos convidados._ Minha amiga recomendou. Nos afastamos o suficiente da festa até ela me perguntar realmente preocupada._ Tem certeza que está bem? Você comeu alguma coisa?
_Eu comi antes de sair de casa.
_Céus Demetria, já é tarde. Você esta aqui desde cedo. Vou buscar alguma coisa para você._ Segurei seu braço antes dela sair.
_Não precisa, eu não estou com fome, por favor._ quase implorei.
Ela parou para me avaliar por alguns instantes. Após franzir o cenho me lançou um olhar ainda mais preocupado que antes.
_Você acha que...
_Não, eu estou bem._ Neguei ao perceber sua desconfiança._ O remédio está indo bem, foi só um mal estar, já passou. Eu preciso voltar a trabalhar, depois do parabéns eu prometo que como algo._ Ela não pareceu certa disso._ Eu juro que sentir algo te aviso.
Suspirou derrotada e assentiu contra a própria vontade.
_Tudo bem._ Concordou._ Mas qualquer coisa, qualquer uma mesmo, me avise.
_Ok mamãe._ ela riu ainda preocupada e me entregou a câmera.
Senti enjoos enquanto cantavam o parabéns, mas com a câmera em frente ao meu rosto foi mais fácil disfarçar. No entanto ela se tornou mais forte, senti uma fraqueza e me obriguei a entrar, na sala tinha algumas pessoas, mas nenhuma delas notou minha presença. A falta de ar se tornou mais forte, nem percebi quando Joe se pôs a minha frente, visivelmente preocupado.
_Ok, agora você vai me dizer o que está acontecendo._ ele disse sério.
_Como em encontrou aqui?_ Perguntei com dificuldade.
_Eu vi você entrando, não dá pra esconder que você está mal Demi._ ele disse._ Você está pálida._ Franziu o cenho e colocou uma mão em minha testa._ E queimando em febre.
_Não, eu estou bem._ menti, a dificuldade se tornava maior, senti meu corpo amolecer e ser amparado por Joe que me segurou firme com um braço envolta de minha cintura.
_Demi!_ Ouvi Marissa._ Eu avisei que você deveria me avisar. Ela precisa de um médico agora.
_Eu vou levar.
_Não. _Neguei ainda nos braços dele, fraca demais para me soltar._ É o aniversário da Olivia, ela precisa de você.
_Tem bastante gente aqui que pode cuidar dela, agora você precisa de um médico.
Não consegui negar mais uma vez, levei uma mão até meu nariz e vi que saia um pouco de sangue, depois disso eu não vi muita coisa. Senti Joe me pegar no colo e andar as pressas comigo até o carro após dizer algo mais a Marissa.
***
Acordei com o corpo meio mole e quando abri meus olhos eu estava deitada em uma cama com o quarto todo branco e logo me dei conta de que estava no hospital. Me lembrei que acabei desmaiando na festa de Olívia e logo a preocupação veio, para que hospital eles me trouxeram?
_Demi, que bom que acordou, eu fiquei preocupado com você. O médico não quis me dizer nada. Pediu que eu esperasse você acordar primeiro. Você está bem?_ Joe estava bem preocupado comigo, estava com os cabelos bagunçados e com cara de quem havia chorado um pouco. Será que ele desconfia de alguma coisa?
_Eu estou bem Joe. Não precisava ficar aqui comigo, você deveria está na festa da Olívia. Hoje o dia é dela.
_Ela está com a minha mãe não se preocupe com isso e a festa também já estava para acabar. Você não atrapalhou nada.
_Para qual hospital vocês me trouxeram? Em falar nisso cadê Marissa?
_Ela foi até a cantina toar um café. Você ficou desacordada por umas três hores e Marissa achou melhor te trazer para o hospital onde um amigo de vocês é médico. É até ele que está cuidando de você.
Respirei um pouco aliviada quando Joe me disse isso. Eu realmente só poderia estar nas mãos de Renato. Eu sei que ele iria manter minha doença em segredo até eu acordar e decidir o que fazer.
_Eu vou chamá-lo. Ele pediu para avisar assim que você acordasse. Eu já volto_ Joe veio até mim me deu um selinho demorado e assim a procura de Renato.
Quando ele saiu eu pude soltar toda a agonia que tinha dentro de mim, o medo de ter dado algo errado com o tratamento me deixava nervosa e com isso o bip do aparelho do coração ficava mais altos e meus batimentos cardíacos também estavam altos. Eu tinha que me acalmar antes que eles chegassem aqui e vissem o estado que eu estava, Joe iria querer uma explicação para tanto nervosismo e eu não saberia responder o porque desse desespero.
_Demi que bom que acordou. Como você está se sentindo?_ Renato entrou e logo atrás dele veio Joe.
_Estou bem melhor Rê.
_Joe será que você pode sair por um momento? Vou fazer alguns exames em Demi.
_Tudo bem. Vou para a recepção.
_Assim que terminar aqui eu peço para alguém te chamar.
Quando Renato pediu que Joe saísse do quarto eu já sabia que coisa boa não viria por ai, se não fosse uma coisa grave ele não mandaria ele sair assim. Eu sabia muito bem que ele não iria fazer nenhum exame em mim.
_Pode me dar a bomba Renato. Eu sei que você não vai fazer exame nenhum em mim.
_Bom quando você chegou desacordada aqui eu fui logo fazer um exame de sangue em você para ver se havia algo de errado com o seu tratamento e vi que os remédios não estão sendo fortes o suficiente para tratar da leucemia e nós iremos ter que parir para a quimioterapia Demi, sinto muito.
_Você tem certeza disso Renato? Eu estava tão bem com os remédios, pensei que eles estavam fazendo efeito sobre a doença.
_Infelizmente sim Demi, nós sabemos que tinha esse risco e não há outra maneira de tratar a doença a não ser fazendo a quimioterapia.
_Eu não estou pronta para perder os cabelos Renato, eu estava seguindo a minha vida, estava começando a ter um relacionamento com Joe. Como eu vou fazer agora? Joe vai me achar horrível careca, eu não vou conseguir fazer isso.
_Fica calma Demi, por favor. Você tem que conversar com ele, na verdade você já tinha que ter contado para ele sobre a doença. Marissa me contou que ela ficou sabendo pelo papel que você deixa dentro de sua bolsa. Você precisa se abrir com ele.
_Eu não consigo Renato. Eu já estou cansada de sofrer nessa vida.
_Fique calma, vou pedir para a enfermeira te dar um calmante e hoje você irá ficar em observação aqui.
_Tudo bem, mas por favor não conte nada a Joe. Me deixe pensar sobre isso e ai eu decido o que eu vou fazer em relação a ele.
_Tudo bem Demi, você quer que eu o chame?
_Sim.
Renato saiu do quarto e eu fui tentando me acalmar, Joe não poderia saber de nada e nem desconfiar de que eu havia chorado ali naquele quarto.
_Demi? Está tudo bem?
_Sim Joe, Renato te disse que vou ter que ficar em observação hoje?
_Sim. Ele me disse que sua pressão está um pouco alterada e preferiu que você ficasse aqui por hoje. Falei para Marissa ir para casa e já avisei em casa que vou ficar aqui com você essa noite e não adianta me mandar para casa porque eu não vou_ disse sorrindo
_Você é impossível Joe.
_Faço isso porque eu te amo Demi.
Ai deus quando que e que ele vai descobrir, posta mais.
ResponderExcluir"Faço isso porque eu te amo Demi" to chorando meu Deus
ResponderExcluirDemi precisa contar logo,eu to ficando nervosa,só de imaginar oq vai acontecer se ele descobrir
Oli chamou a Demi de mae AI MEU DEUS EU N AGUENTO N CARAA ELA E MT FOFAAA
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Xoxo
Que agonia...demi precisa dizer logo ao Joe sobre a doença para passarem por isso juntos..curiosa pelo próximo capítulo,posta logooo rs
ResponderExcluirBy:ELENA.