Capitulo 9. MARATONA


Nada melhor do que começar uma linda manhã de sabado com uma maratona né?

O Medo que Cega.

Reino de Murdor

__Eu avisei Demi__ Paola disse andando de um lado para o outro enquanto a princesa tremia encolhida em sua cama__ falei para ficar na sua e não fazer nenhuma besteira, mas você não me ouviu. O que acha que o Rei vai fazer quando souber disso? 
__Eu achei que ele me mataria__ Demetria sussurrou assustada__ ele estava com tanto ódio, dava para ver nos olhos dele.
__Ele nunca ficou assim antes__ Paola comentou__ eu o conheço desde pequeno e nunca o vi tão irritado.
Aquilo não fez Demetria sentir-se mais tranquila, só aumentou ainda mais o seu medo.
__Ele estava com raiva de mim Paola, como se eu tivesse feito algo para ele... Eu não entendo, ele disse umas coisas que...
__É o medo querida__ Paola lhe sorriu gentilmente__ ele cega as pessoas e faz com que ajam sem pensar.
__Medo?__ Demetria a encarou confusa__ do que um homem como ele teria medo?
__Até o mais corajoso dos homens tem algum medo__ Paola murmurou parando e lhe fitando com paciência__ Joseph não tem medo de se machucar, não tem medo de lutar, ele não tem medo da morte. Ele é um soldado, a vida dele é a guerra, ele foi criado assim Demi, não vai ver ele assustado com nenhum desafio.
__Então do que ele tem medo?
__De perder.
__Perder o que?__ ela não conseguia entender.
__A única coisa com o que se importa__ ela deu de ombros. 
Demetria esperou que ela dissesse mais alguma coisa, mas sabia que não ia acontecer. Paola era como Vic, nunca contaria os segredos de Joseph, mas não por medo e sim por respeito. Só cabia a ele decidir com quem partilhar sua história, mas isso a deixava curiosa, o que havia por detrás daquele exterior duro e sombrio? O que teria causado aquele descontrole? O que não queria perder?
__Eu não entendo__ ela disse frustrada.
__Você não conhece Joseph como eu, eu vi aquele menino nascer__ Paola explicou__ ele tem os motivos dele para ser quem é hoje, e você o julga mal Demetria. É certo que as atitudes dele nem sempre são as melhores, mas ele faz o que acha certo para defender aquilo que ele ama.
__É por causa de alguma mulher?__ Demetria sugeriu__ ele disse que se alguma coisa acontece a elas por minha causa...
__Desculpe, mas eu não posso lhe contar, eu sei o motivo da raiva dele, mas é a história dele e quem deve lhe contar não sou eu, não é da minha conta__ suspirou__ só tem que saber que Joseph não é como Klaus.
__Desculpe, mas ainda não tive provas do contrário... Eu não entendo__ ela disse frustrada__ e na verdade nem acho que queira entender, de uma forma ou de outra ele vai me machucar, eu sei que vai. Ou ele ou o Rei, ou ele a mando do Rei__ e limpou as lágrimas que desceram__ eu tinha que tentar Paola, a chance de liberdade surgiu e eu tinha que tentar. 
__Eu sei__ Paola se aproximou e a abraçou__ eu sei querida, mas agora terá de lhe dar com as consequências. 
E antes que a princesa pudesse pensar em algo para dizer a porta do quarto se abriu e alguns soldados do Rei entraram. Por um momento Demetria esperou vê-lo surgir da porta e lhe atacar, mas ele não estava lá. 
__O Rei está a sua espera princesa. 
Naquele momento a princesa desejou morrer para não ter de ver o que lhe aguardava.

Consequências

Demetria foi levada à sala do Trono, e aquilo não era o que estava esperando e também era um péssimo sinal. Esperava ser levada ao quarto de Klaus, onde ele a estupraria e a bateria como era de se esperar, mas ao invés disso foi levada ao salão, que estava cheio de pessoas, soldados e súditos e também os aliados dele, que Demetria ajudara a servir mais cedo. Seus olhos procuraram pelo cavaleiro das sombras, achava que se ela fosse punida, ele o faria... Mas ele não estava em lugar nenhum, o que era estranho. 
Mas ela viu outra coisa que a desesperou, no canto do salão, dois soldados seguravam Charlie pelos braços, o prendendo, impedindo que fugisse. O coração de Demetria parou de bater quando ele a encarou com tristeza nos olhos gentis. 
__Bem, bem... Agora que nossa princesa chegou podemos começar a reunião__ Klaus disse sentado em seu Trono, com a coroa reluzindo. Ela podia ver a sede de sangue nos olhos dele, ela ia sofrer. 
__Klaus...
__Rei Klaus__ ele a corrigiu__ e cale a boca. 
Os soldados a seguraram com mais força, e o Rei fez um gesto para que trouxessem Charlie ao centro sala. O obrigaram a ajoelhar no chão na frente dele e Klaus se pôs de pé, um sorriso malicioso nascendo em seu rosto. 
__Diga o seu nome para todos os presentes ouvirem__ ele ordenou.

__Charlie Bender__ ele respondeu sem exitar, não parecia com medo... O velho Charlie não tinha medo do perigo. 
__Charlie Bender, você é acusado de invadir a minha cidade, assassinar cinco dos meus soldados e tentar libertar uma prisioneira.
__Uma prisioneira que você fez invadindo outra cidade__ Charlie o lembrou.
__Verdade__ ele sorriu descaradamente__ é a guerra, você entende. Você admite os seus crimes Charlie Bender?
__Eu fiz tudo isso e com orgulho__ ele concordou__ porque tenho honra, coisa que você não sabe nem o que significa. 
Demetria queria gritar para que ele parasse de dizer aquelas coisas pois só estava irritando o Rei, talvez se ele se comportasse Klaus apenas o mantivesse como prisioneiro. Mas ela sabia que isso não era verdade, de repente sentiu-se novamente uma criança de cinco anos, completamente assustada e indefesa, vendo seu herói ser condenado bem a sua frente sem poder fazer nada. 
__Charlie Bender, eu o Rei Klaus do Reino de Murdor, o declaro culpado pelos crimes de invasão, assassinato e conspiração contra mim e contra o meu povo e o sentencio a morte. 
__NÃO__ Demetria gritou e tentou soltar-se, as lágrimas desceram com mais força e um dos homens que a seguravam tampou sua boca para que não pudesse falar.
O carrasco do Reino, um homem que apelidaram de Montanha, pois ele era simplesmente enorme, apareceu com sua espada e um sorriso no rosto. Enquanto observava a cena atônita, Demetria se lembrou de quando era pequena, quando Charlie era seu guarda e a seguia por todos os lados para se certificar de que ficaria bem. A perseguia por todo o Castelo e pelas ruas de Severac, e também lhe ensinara como usar um arco e tentara lhe mostrar como usar a espada, mas a princesa nunca fora boa nisso. Ele era como seu pai, e agora ela o veria morrer por ela... Só o primeiro dos muitos que viriam depois, ela sabia e então não conseguia mais respirar de tanto desespero.
__Eu falhei com você princesa__ Charlie sussurrou a fitando__ eu sinto muito. 
Ela queria responder que ele não tinha falhado, que era um dos homens mais corajosos que ela já vira, mas não podia falar. 
__Que bonitinho__ Klaus provocou__ mate-o logo Montanha. 
Demetria observou, sem conseguir desviar os olhos enquanto com um único golpe, Montanha cortava a cabeça de Charlie e ela rolava pelo chão, o corpo caindo logo em seguida, sem vida. A princesa perdeu o equilíbrio, sem força alguma nas pernas, e achou que fosse desmaiar de tamanha a agonia e tristeza que sentia naquele momento.

__Agora é a vez da nossa princesa, o que devemos fazer com ela?
E os homens a arrastaram até a frente do Trono, a largando ali de joelhos. A princesa gritou e chorou, incapaz de se conter, o medo era forte demais, real demais. Sua vida estava acabada, mesmo que não morresse, estava acabada. Nunca mais seria feliz outra vez, era esse o seu destino... Sofrer. 
__O que acham que devo fazer com ela?__ Klaus perguntou sorrindo, mas não queria realmente uma resposta__ só não lhe corto a garganta por tamanha insolência porque preciso de você viva, mas talvez eu possa arrancar fora um pedacinho. Quem sabe a língua? Montanha por favor...
Quando Demi entendeu o que estava havendo era tarde demais pra tentar se afastar. A montanha se aproximou rapidamente, um dos guardas segurou o rosto de Demi e a obrigou a abrir a boca, outro segurou sua língua com um objeto de ferro enquanto o carrasco empunhava sua faca. Demetria não achou que ainda podia sentir mais pavor do que o que já tinha experimentado até aquele dia, mas claramente estava errada.
Ela chorou, gritou e esperneou, mas não conseguiu se afastar, sentiu o metal frio da faca tocar sua língua quando alguém gritou do fundo do salão.
__ESPERE__ seu coração batia tão forte naquele momento que ela achou que fosse rasgar o peito, era doloroso demais. 
__O que foi agora?__ Klaus questionou impaciente.
A mulher que gritara se aproximou e Demi pode ver que era Paola.
__Desculpe interromper meu senhor, mas acho que a princesa pode precisar da língua. 
Ele parou para pensar naquilo um instante.
__Você está certa... Não vale a pena__ ele murmurou__ dêem apenas alguns socos para que ela aprenda a lição, mas não no rosto, não quero estragar algo tão bonito. 
Os homens a soltaram, ela se encolheu no chão chorando desesperadamente e fechou os olhos enquanto eles batiam nela.

Promessas

Joseph estava na porta do Palácio, sozinho, escorado na parede, respirando fundo inúmeras vezes para espantar a raiva que lhe dominara. A rua estava vazia, a maioria das pessoas estava dormindo àquela hora ou dentro do Palácio na reunião, o mesmo lugar onde ele deveria estar agora para acatar as ordens de seu Rei, mas simplesmente não podia deixar que os outros o vissem naquele estado, ele não podia de forma alguma demonstrar algum tipo de fraqueza, já tinha pessoas demais querendo matá-lo, não deveria incentivá-los achando que tinham chance. 
Nunca tinha perdido o controle daquela forma, nunca se permitia demonstrar raiva ou qualquer emoção que fosse, pois sabia que tudo aquilo podia ser usado contra ele. Por isso também não demonstrava nenhuma bondade, naquele lugar isso era sinal de fraqueza. Mas aquela noite, ao ver o que acontecera ele teve medo. O Rei andava nervoso demais desde que atacaram Severac, estava mais cruel que de costume e Joseph temeu, mas não por ele, e sim pelas pessoas que amava e precisava proteger. Agora não se reconhecia direito, o jeito como Paola o olhara, como se tivesse medo dele, ela nunca tivera medo dele, ela o conhecia por quem ele realmente era, ela conhecia o Joseph e não somente o cavaleiro das sombras.

Mas o que mais lhe incomodara fora o olhar assustado da princesa quando ele gritou, como se fosse alguma espécie de monstro. Muitas pessoas lhe olhavam com medo, mas algo naquele olhar foi diferente, foi à primeira vez desde que se tornara o cavaleiro das sombras que ele se sentira um homem mau, talvez tenha sido por saber que ajudou um monstro como Klaus a estragar a vida de uma jovem inocente como ela. Ou talvez porque ao olhar para Demetria se lembrara dela, a ultima vez que vira Macayla, tinha o mesmo olhar de medo e mesmo depois de tantos anos sem vê-la, nunca conseguiu se esquecer. 
Mas ele logo tratou de espantar aqueles pensamentos, não tinha que se sentir mal ou culpado, ele estava fazendo o que precisava fazer, ele estava lutando pela vida como tantos outros. Quando ele finalmente se recompôs e estava pronto para entrar no Palácio a porta se abriu e a princesa Demetria passou correndo por ele, sem olhar para trás, disparando pelas ruas escuras da cidade, alguns guardas vinham atrás, mas o Joseph os mandou que parassem.
__O Rei ordenou que a levasse aos seus aposentos comandante__ um deles disso.
__Eu cuido disso__ ele garantiu.
Então foi atrás dela, sem tanta pressa quanto os outros. A encontrou abaixada na beira de um pequeno lago por entre as árvores da cidade, abraçando a si mesma, balançando para frente e pra trás enquanto chorava. Ele ia pegá-la, mas parou quando a ouviu murmurar alguma coisa, não tinha notado a presença dele ainda. 
__Eu sou uma princesa, eu sou uma princesa, eu sou uma princesa__ ela repetia sem parar com a voz falha, como que para não esquecer quem era de verdade__ ele me prometeu que viria, ele me prometeu, ele me prometeu, ele prometeu. 
Ele não precisava perguntar para saber do que ela estava falando, da promessa do Príncipe Alex de voltar para salvá-la. Enquanto ouvia aquilo se perguntou se era assim que Macayla se sentia, se também chorava e repetia essas palavras para criar coragem de continuar. Será que ela duvidava por algum momento da promessa que ele tinha feito? Será que ela estava sofrendo também? 
__Demetria__ ele chamou com a voz desprovida de emoção.
Ela se virou lentamente para olhá-lo, mas não se levantou.
__Eu não estava tentando escapar__ ela se atrapalhou com as palavras, em meio ao desespero e as lágrimas__ eu juro, só estava...
__Eu sei__ ele a interrompeu__ tenho que levá-la de volta.
__Você estava certo__ ela sussurrou com o belo rosto destorcido de agonia__ vão todos morrer por minha causa. Eu nunca vou embora daqui e vou ver todos morrerem como aconteceu com o Charlie, você estava certo. 
Ele nada respondeu, não confiava nas próprias palavras, não havia nada que pudesse fazer.
__Levante, eu tenho que te levar de volta.
Demetria se esforçou para se por de pé, todo seu corpo doía pelos socos e chutes que os guardas lhe deram dentro do Palácio, até que o Rei se cansasse e mandasse que eles parassem. Ela não sabia de onde tirar forças para correr, só sabia que precisava se afastar de lá e chorar um pouco sozinha, longe daquela agonia, mas agora não foi uma tarefa fácil se mexer.
__Vamos logo__ Joseph murmurou com impaciência e a pos de pé sem muito jeito, fazendo-a soltar um gemido de dor__ o Rei está a sua espera, não vai querer deixá-lo mais irritado. 
Então, apoiada pelos braços fortes do comandante, ela se inclinou para frente e vomitou ao ouvir suas palavras. Tinha assistido alguém que amava perder a cabeça, sabendo que isso provavelmente aconteceria com todos os outros que tentassem ajudá-la, quase perdera a língua e tinha sido espancada e agora teria que servir de objeto sexual para o Rei que estava tremendamente zangado aquela noite... Ela simplesmente não suportava mais aquilo.
Joseph esperou que ela terminasse, sem nada dizer, estava sem humor e paciência até para assumir a pose de “não me importo com nada”, e quando ela terminou, pegou-a no colo e a carregou de volta ao Palácio, a deixando sobre a cama do Rei e saindo logo em seguida. Não ficou de guarda na porta aquela noite, a tarefa foi dada a outro soldado e ele foi grato por isso. 
Estava indo para casa, quando esbarrou com Paola no caminho.
__Não me olhe desse jeito__ ele resmungou mal humorado.
__De que jeito?__ ela perguntou.
__Esse jeito Paola__ ele rebateu irritado__ como se me culpasse pelos problemas do mundo. 
__Ela não merece aquilo Joseph, é só uma garota e...
__E que tenho eu haver com isso?__ ele disse, mas logo em seguida suspirou__ pensa que gosto disso? Que acho engraçado ou divertido? Que toda esta droga me agrada? Você me conhece bem demais para me acusar de qualquer coisa, sabe melhor que ninguém que só estou fazendo o que é preciso, estou fazendo o que acho certo... Eu precisei entregá-la, precisei entregar aquele homem.
__Joseph...
__Não vai me fazer sentir culpado Paola__ sussurrou__ se tiver que escolher entre ela ou qualquer outro e minha família, vou sempre escolher a minha família. Vou por em primeiro lugar aquilo que me importa, eu não tenho escolha, não depois de tudo que eu já fiz, e nem você e nem ninguém vai me fazer sentir culpado por defender aquilo que eu amo. 
E saiu, deixando Paola sozinha no meio da rua sem saber o que dizer. 

Fim do Capítulo

3 comentários:

  1. Ameiii ebaaa Maratonaaa o dia vai ser bom ....Posta Logo

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  2. Ameiii ebaaa Maratonaaa o dia vai ser bom ....Posta Logo

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  3. ja dice q AMO vc?maratona...uma simples palavra...imensa alegria kk'
    o capitulo ta perfeito demais...n consigo esperar o proximo...postaaaaa
    bijuuuuu

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Espero que tenham gostado do capítulo :*