Capitulo 4. MARATONA



Rei Klaus.

Reino de Murdor
Demetria acordou assustada, com braços fortes a arrastando rudemente pra fora da carroça. Tinha adormecido no restante do caminho e nem notara a chegada ao famoso Reino de Murdor. A princesa nunca saira de Severac, nunca estivera naquele lugar, mas já ouvira muitas histórias sobre o povo de lá e a seu ver eram todas verdadeiras. Lutou pra se manter em pé e esconder o corpo descoberto enquanto dois soldados a seguravam, percebeu olhares sobre ela, alguns de curiosidade, outros de malícia e tentou manter a dignidade enquanto era arrastada como uma qualquer em direção ao Palácio. 
Em comparação com a cidade, que era composta por casas e pessoas simples, o Palácio era de uma grandeza e beleza absurdas, muito mais chamativo que o Palácio de sua família em Severac. Havia criados espalhados por todo canto, assim como guardas muito bem armados, atentos. Quando pararam em frente uma enorme porta dupla, o comandante se virou pra falar com seus soldados. 
__Eu vou entrar primeiro e falar com o Rei, vocês fiquem aqui com ela e esperem meu comando, estamos entendidos?
__Sim senhor__ os soldados concordaram..
Então, sem mais nenhuma palavra, o cavaleiro das sombras adentrou a sala do Trono. 
Klaus, o famoso e temido Rei de Murdor, estava sentado no fim do salão em seu Trono. A presença dele era forte, impunha respeito, era um homem na casa dos quarenta, tinha cabelos loiros na altura dos ombros, olhos verdes brilhantes e um corpo musculoso que arrancava suspiros de muitas mulheres do Reino. O único defeito em sua aparência era a cicatriz que tinha no lado esquerdo do rosto que ganhara em batalha, começava na testa, atravessava o olho e terminava no meio da bochecha, mas a marca era um motivo de orgulho. Com sua coroa de ouro e pedras preciosas, a longa capa e o semblante despreocupado, porém intenso, ninguém ousava desafiá-lo, nem mesmo o cavaleiro das sombras, mas os motivos ninguém conhecia. 
Era óbvio pra todos que olhassem que o cavaleiro das sombras respeitava o Rei, porem guardava consigo uma raiva intensa e uma sede sangue que pretendia saciar um dia, nem que fosse a ultima coisa que fizesse. E também era claro que o Rei tinha um grande respeito pelo cavaleiro das sombras, além de um evidente medo quando o comandante empunhava sua espada. Parecia sempre temeroso que o jovem perdesse a paciência e lhe cortasse a garganta o que nunca aconteceu, e levantava muitas perguntas. O cavaleiro das sombras não temia e nem tinha misericórdia de ninguém, então porque se curvava diante de um homem que ele poderia derrotar em um piscar de olhos? Era o maior mistério do Reino de Murdor.
__Joseph__ o Rei sorriu largamente ao ver o comandante, quem visse a primeira vez podia acreditar que os dois eram amigos de verdade, mas era tudo encenação, eles precisavam e temiam um ao outro e essa relação mantinha tudo funcionando. 
__Alteza__ Joseph se curvou diante do Rei. Somente duas pessoas naquele Reino o chamavam pelo seu verdadeiro nome, todos sabiam como ele realmente se chamava, mas apenas o Rei e uma velha amiga tinham a intimidade o suficiente para fazê-lo. Os outros sempre o invocavam por comandante, cavaleiro das sombras ou títulos assim. 
__Que notícias me traz de Severac? Espero que tenha tudo saído como planejado.
__O Reino foi dominado Alteza, Severac está sob nosso comando agora__ respondeu o fitando seriamente.
__Onde ele está?__ Klaus questionou com um brilho enlouquecido no olhar__ você o trouxe pra mim?
Joseph exitou um momento, sabia que o Rei não ousaria lhe fazer nada, mas descontaria a noticia ruim em alguém, isso era certo.
__Nós chegamos a capturá-lo Alteza, coloquei alguns dos meus homens para vigiá-lo, mas infelizmente o Rei Robert conseguiu fugir de meus homens e não o encontramos mais__ explicou com cautela__ ele simplesmente desapareceu.
__Desapareceu?__ a expressão descontraída dele se desfez num instante__ vocês o deixaram fugir?
__Eu sinto muito Alteza, o procuramos por todo o Reino, mas ele escapou. Já puni o culpado devidamente, ele não nos causará mais nenhuma perda. 
__Aquele bastardo escapou por entre meus dedos novamente__ ele esbravejou irritado, seu tom de voz fez a mulher prostrada ao seu lado e os outros soldados no cômodo estremecerem, Joseph foi o único que permaneceu inalterado__ ele é como uma barata, não importa o que eu faça, quantas vezes pise nele, o desgraçado sempre consegue se safar. 
__Foi um infeliz episodio Alteza__ Joseph murmurou__, mas tenho algo que talvez o deixe o satisfeito. 
__Se não for à cabeça daquele bastardo em uma bandeja não quero saber.
__É algo que pode certamente ajudá-lo a conseguir isso Alteza__ Joseph sorriu__ posso mostrar?
__Vá em frente__ o Rei disse interessado. 
__Tragam-na aqui__ Joseph ordenou aos soldados que esperavam do lado de fora. 
As portas da sala do Trono se abriram e dois guardas entraram arrastando Demetria pelos braços. O Rei ajeitou a postura e esperou impaciente que Joseph lhe explicasse do que se tratava aquilo. Assim que os dois guardas largaram à princesa, Joseph a segurou pra se certificar que ela não faria nenhuma besteira.
__O que é isso?__ Klaus questionou analisando a princesa dos pés a cabeça. O olhar profundo dele fez Demetria estremecer e não de um jeito bom, ela apertou mais os braços em volta do próprio corpo pra se proteger. 
__Senhor, nós perdemos o Rei Robert, mas conseguimos capturar Demetria Lovato, filha do Rei e princesa de Severac. 
__Princesa de Severac?__ o Rei ergueu a sobrancelha__ o que aconteceu com ela?
__Um imprevisto no caminho senhor, mas consegui resolver__ disse simplesmente.
__Claro que sim__ ele sorriu__ você é sempre muito eficiente. 
O Rei se levantou de seu trono e Demetria pode ver melhor como era alto e forte. Era um homem muito bonito obviamente, mas algo em seu olhar era perturbador, assim como o olhar do cavaleiro das sombras, que lhe atravessava de forma nada discreta. Mas ao invés de parecer imaginar como matá-la, ele parecia ponderar como se divertiria as suas custas. Ele parou a alguns centímetros dela e Demetria instintivamente tentou se afastar e se esconder, mas o comandante agarrou seus braços, os puxando pra trás do corpo e prendendo com uma das mãos e com a outra segurou o rosto dela, a obrigando a encarar os olhos verdes do Rei e a deixando exposta.
__Ouvi histórias sobre a princesa de Severac__ o Rei sussurrou e parecia devorá-la com os olhos, seu olhar era ainda mais intenso e pervertido do que o do homem que tentara estuprá-la na outra noite, tinha algo de selvagem nele que deixou Demetria nervosa__ ouvi dizer que não há em todo o país mulher mais linda. 
Ele ergueu lentamente a mão e com a ponta dos dedos acariciou gentilmente os seios descobertos da jovem. Ela se retesou tentando se afastar do toque, mas as mãos firmes do comandante a impediram. 
__Me parece que as histórias eram verdadeiras__ ele sorriu__ mesmo suja e descabelada continua tentadora. 
Demetria queria responder de forma mal educada, mas a mão do comandante, apertando seu rosto a impedia de falar.
__Fez muito bem em trazê-la até mim Joseph__ era a primeira vez que a princesa ouvia o nome do tal cavaleiro das sombras, parecia normal demais para um homem como ele__ ela será extremamente útil. 
__O que devo fazer com ela Alteza?
__Leve-a até as meninas do La Luna__ deu as costas e caminhou lentamente de volta ao trono__ ordene que dêem um trato na princesa, quero-a apresentável e renovada em meus aposentos ao cair da noite. Teremos muitos assuntos para tratar. 
__Como quiser Alteza__ Joseph concordou__ com sua licença.
Então ele deu meia volta e arrastou Demetria consigo pra fora do Palácio.

La Luna

Demetria não sabia exatamente para onde estava sendo levada, mas estava extremamente cansada e simplesmente se deixou levar pelo cavaleiro das sombras. Atravessaram a cidade em direção a um local pouco movimentado e Joseph a empurrou pra dentro de uma casa, a principio Demetria não entendera que lugar era aquele, tão bem arrumado, isso até ver duas garotas saindo de um quarto com um homem asqueroso, pelo menos a seu ver. As meninas usavam uns vestidos bem reveladores e carregavam sorrisos maliciosos no rosto... Aquilo era um Bordel. Joseph caminhou até uma das mulheres.
__Onde está Paola?__ ele questionou.
__Lá em cima querido__ e olhou Demetria dos pés a cabeça__ eu te mostro o caminho. 
A mulher subiu um lance de escadas, com Joseph e Demetria logo atrás, sem nunca dizer nenhuma palavra, caminharam por um longo corredor com várias portas de onde a princesa podia ouvir gritos, gemidos e coisas obscenas, sentiu o estomago embrulhar quando pararam diante de uma porta e sem se anunciar Joseph a abriu e a empurrou para dentro, entrando logo depois. 
__Paola__ Joseph chamou.
Do outro lado da sala, olhando pela janela estava uma mulher, ela se virou ao ouvir seu nome ser chamado. Devia ter pouco mais de trinta anos, longos cabelos ruivos lhe caindo em cachos pelas costas, pele clara e sedosa, olhos verdes e um sorriso malicioso. Usava um belo e longo vestido vermelho, com um decote nada discreto, deixando as costas desnudas, revelando um corpo sensual e cheio de belas curvas que enlouqueceria o mais são dos homens. Ela pareceu satisfeita ao vislumbrar o comandante.
__Joseph, meu querido__ ela abriu os braços e se aproximou com um largo sorriso__ não o esperava aqui tão cedo, pensei que estava em guerra.
__E estava__ ele sorriu amavelmente para mulher, sendo gentil com alguém pela primeira vez desde que Demetria o encontrara e não parecia estar fingindo__, mas já vencemos, não foi muito difícil como deve imaginar.
__Claro que não__ ela concordou__ e o que trouxe para mim?__ os olhos verdes analisaram Demetria dos pés a cabeça.
__Demetria Lovato, princesa de Severac__ ele explicou__ o Rei ordenou que a trouxesse para que você e suas meninas a fizessem parecer mais apresentável, ele a quer renovada até o cair da noite. Acha que pode dar conta?
__Hum, é uma jovem bonita, não há de dar muito trabalho__ garantiu com um sorriso__ o que você fez com ela Joseph?
__Eu não fiz nada Paola__ garantiu__ seria bom se começasse logo. 
__Cláudia, Vitória, Luiza__ ela chamou e duas jovens entraram pela porta__ quero que vocês preparem um banho quente, e que arrumem roupas limpas e bonitas, vamos preparar nossa princesa para o Rei Klaus. Andem logo, que não tenho o dia todo. 
As jovens se retiraram para fazer o que lhes foi mandado, apenas uma ficou, parada no canto do quarto caso sua senhora precisasse de mais alguma coisa. Joseph finalmente largou Demetria, que passou a mão pelo próprio braço onde a marca da mão do comandante ficara. Paola se aproximou.
__Vamos querida, você precisa de um banho, está horrorosa__ ela murmurou__ tire esses trapos. 
Demetria estava certa que de nada adiantaria discutir, e nem queria, realmente precisava de um banho, sentia-se suja, nojenta e estava com mau cheiro também, pelos dias de viagem e pelos maus bocados que passara. Mas quando estava prestes a obedecer a ordem, olhou para o comandante que continuava ali parado de braços cruzados a observando.
__Ele tem mesmo que ficar aqui?__ falou pela primeira vez, deixando claro seu desgosto com a presença do homem.
Joseph ergueu a sobracelha e sua expressão dizia que não estava disposto a se afastar, Paola apenas lançou um olhar sugestivo a moça no canto do quarto que se aproximou sorrateiramente e deslizou sem o menor pudor a mão pelo peito do comandante até sua calça, se inclinando para sussurrar em seu ouvido.
__Não quer uma massagem comandante?__ ela perguntou sensualmente__ parece tenso, me deixe ajudar... Isso pode demorar.
__Deixe que Luiza cuide de você__ Paola ofereceu__ enquanto eu cuido da princesa, ficar aqui só vai atrapalhar. 
__Tudo bem__ ele concordou depois de um breve minuto__ vou estar no quarto ao lado, grite se precisar ou a princesinha tentar aprontar alguma. Se alguma coisa lhe acontecer ou ela fugir, vou ser obrigado a cortar sua garganta, sabe disso não é?
__Suas ameaças não me impressionam querido__ Paola revirou os olhos__ sei como fazer meu trabalho, agora desapareça. 
__Venha__ Luiza chamou com um sorriso malicioso no rosto, mordendo o lábio inferior. 
Relutante, Joseph agarrou a moça pelo braço e saiu com ela em direção ao quarto ao lado. Demetria sentiu-se aliviada quando ele partiu e viu-se livre daquele olhar penetrante e vazio. As outras jovens sobre o comandando de Paola retornaram já tendo feito suas tarefas e foram ajudar Paola a cuidar de Demetria.
Demetria deixou que lhe tirassem o vestido esfarrapado e suspirou ao entrar na banheira de água quente, sentindo-se incrivelmente bem. Uma das moças tratou de lavar seus cabelos e a Paola mexia em uma muda de roupas, concentrada.
__Diga-me princesa__ ela murmurou distraidamente__ você é virgem?
Demetria a olhou espantada, que tipo de pergunta era aquela? Deixou bem claro seu desgosto através do olhar de repulsa, ia contra seus princípios deixar-se ser cuidada por um bando de prostitutas, mais era uma prisioneira ali, o que não mudava sua opinião sobre aquelas mulheres que se vendiam a qualquer um. 
__Não me olhe desse jeito, é uma pergunta bem simples, apenas responda.
__Isso não é da sua conta__ responde grosseiramente.
__Suponho que isso seja um sim, você tem um rostinho de criança inocente__ Paola disse__ quantos anos tem?
__Vinte e dois__ disse secamente.
__A noite seria mais fácil se não fosse mais uma donzela__ aproximou-se da banheira e com um gesto indicou as meninas que a ajudassem a se levantar e se secar__ sabe que o Rei Klaus não a mandou preparar apenas para uma boa noite de conversa não é mesmo? É uma jovem bonita e filha do maior inimigo dele, será um grande prazer para ele tomá-la.
__Ele não tocará em mim__ Demetria praticamente gritou enquanto uma das moças lhe secava o corpo.
__Não é como se você tivesse escolha criança__ Paola revirou os olhos__ se quer um conselho, não resista... Vai doer menos. 
Demetria não soube o que responder, mas sentiu um nó se formar na garganta. Não se deixaria ser levada como prisioneira e ainda servir como uma prostituta para um homem tão desprezível quanto o Rei Klaus, preferia morrer. Tentou se acalmar com o pensamento de que logo seu pai chegaria ali com um exercito e a salvaria das garras daqueles bárbaros e deixou que as mulheres fizessem seu trabalho sem reclamar. 
Depois que a secaram, Cláudia, uma “cortesã”, como preferia ser chamada ao invés de prostituta, uma jovem loira de olhos claros passou óleos com perfume de flores por seu corpo, até que estivesse cheirosa e com a pele extremamente macia. Vitória, uma menina que parecia ainda mais jovem e morena, escovou seus cabelos por um bom tempo até que estivessem bem lisos e brilhantes e depois elas lhe ajudaram a se vestir.

Puseram-na num lindo vestido azul claro com detalhes dourados, de tecido bem fino, macio e levemente transparente. Tinha um decote que he ressaltava os seios fartos, um cinto dourado bem desenhado abaixo do busto que parecia feito de ouro e as alças do vestido eram do mesmo material. Mas tecido lhe caia pelas costas como uma capa. Deixaram seus cabelos soltos, e lhe puseram algumas jóias, pulseiras douradas e um cordão comprido que lhe caia entre os seios, chamando atenção. 
__Sua princesa está pronta__ Paola disse satisfeita quando Joseph entrou novamente pela porta do quarto, ajeitando a camisa e os cabelos negros que agora estavam bagunçados. 
Ele a analisou longamente dos pés a cabeça, e seus olhos gostaram do que viram, a princesa estava ainda mais bonita do que quando a encontraram no castelo. O vestido lhe caíra perfeitamente e despertava em quem olhasse o desejo de arrancá-lo fora e descobrir os segredos que haveria por baixo. Não importava quão impertinente ela fosse, as histórias eram realmente verdadeiras, não havia em todo o país mulher mais bonita.

__O Rei aprovará o trabalho de vocês__ foi tudo que disse. 
__Assim espero__ Paola murmurou.
__Acertarei o pagamento pelos trabalhos depois__ ele disse e olhou de lado para a moça que esteve no outro quarto com ele.
__Sabe que não é um trabalho para minhas meninas comandante, é pura diversão... Fica por conta da casa__ Paola ofereceu.
__Como preferir__ concordou e voltou a fitar Demetria__ vamos princesa, o Rei está a sua espera. 
A princesa congelou no lugar, tomada de repente por um medo infantil. Se o Rei quisesse mesmo tomá-la, não haveria ninguém naquele lugar para salvá-la e ela não poderia se defender. O coração disparou e se achou então apavorada.
__Não tenho a noite toda garota__ Joseph reclamou__ ande logo.
__Resistir não vai adiantar de nada__ Paola sussurrou ao seu ouvido__ só tornará as coisas piores, acredite princesa, sei do que estou falando. Vá com ele de bom grado ou seja arrastada, a escolha é totalmente sua. 
Engolindo o medo e a covardia, Demetria se pôs a caminhar. Joseph a segurou pelo braço e sem mais demora a arrastou para fora do bordel em direção ao castelo. Aquela seria uma longa noite. 

Fim do Capítulo

Um comentário:

  1. obg pela maratona..obg mm :D
    eu amo essa fic meu deus...ta perfeita dmais...
    posta logo flor :)
    bejuu grande pa vc :)

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Espero que tenham gostado do capítulo :*