Demi estava tão cheia de energia que não conseguia ficar imóvel.
— Não fique nervosa — aconselhou Joe.
— Não estou. Apenas excitada. Todos logo estarão aqui e vamos apresentar uma ideia, e é tudo tão fabuloso.
— Hamlin estará aqui também
— Ele vai apresentar seu projeto na mesma reunião? Oh, maravilha.
— Também não é o que queria. Só soube quando me ligaram pouco antes de eu sair do escritório.
— Pelo menos ligaram para você. Não ligaram para mim.
— Sou o líder do projeto. — O sorriso tinha aquele charme fácil, mas desta vez a provocação era sincera.
— Com os diabos, bilionário, isto é tão meu quanto seu. — Ela estendeu a mão sob a mesa, segurou a dele e a apertou. Ele congelou e se afastou.
Demi estava prestes a dizer alguma coisa quando a porta se abriu e os diretores da Barrows, seus executivos e Scott Hamlin entraram. Hamlin estava claramente usando a técnica de “puxa-saco”. Sua mão estava nas costas do presidente da empresa, Carl Weston, a risada era alta demais ao se dirigirem para seus lugares. Depois das apresentações, Scott se levantou para fazer a primeira apresentação.
A confiança de Demi aumentava, à medida que Hamlin falava sobre seu produto. Nem chegava perto do deles em tecnologia e facilidade de uso. Estava se sentindo entediada quando ele chegou às palavras finais.
— Em resumo, meu produto é exatamente o que querem. O custo é baixo e a manutenção fácil. E ainda mais importante, minha empresa não manchará a reputação de Barrows. Na Hamlin Tech adotamos os valores familiares. Ao contrário do tipo de valores que meus oponentes parecem ter. Mas então, vamos ser honestos, todos sabem que o Sr. Jonas é um sedutor profissional. E ao contrário da Sra. Lovato, ninguém na Hamlin vendeu o corpo para a competição a fim de crescer. — Abaixou o olhar para Demi quando disse as últimas palavras.
Houve um silêncio mortal na sala, quando ele se sentou, e Demi esperou que alguém, qualquer um, o repreendesse. Mas ninguém fez nada. Ela olhou para Joe e viu um brilho letal no olhar dele. Debruçou-se.
— Vamos apenas fazer nossa apresentação. Ele não tem importância.
Eles se levantaram e ela começou. Felizmente sabia tudo sem precisar usar todo o cérebro, mais da metade dele fervendo com a humilhação. Então foi a vez de Joe falar sobre as especificações técnicas, o que ele fez com rapidez e aspereza. Então se virou para Scott Hamlin.
— Não sei bem quais são os valores familiares que você defende — dirigia-se diretamente ao homem — Mas pelo que sei, perseguição sexual de funcionárias não é um valor familiar. Além disso, não me importo com o que pensa sobre mim. Sou tudo o que dizem e ainda mais. O que tive que fazer para sobreviver nas ruas é uma história longa e feia, e é a minha história. Mas se ousar insinuar de novo que Demi conseguiu chegar aonde está, por qualquer meio a não ser trabalho duro e brilhantismo, eu lhe mostrarei alguns truques de sobrevivência que aprendi. E posso lhe garantir que não conseguirá se levantar de novo depois da demonstração.
O silêncio no salão agora era absoluto. Demi pôde apenas olhar, o rosto vermelho. De raiva, humilhação e adrenalina. Estava orgulhosa de Joe. Queria matar Joe. Não conseguia acreditar no que havia acabado de acontecer.
Ele lhe tomou o braço e começou a sair do salão com ela.
— Joe.
— Telefonem para nos dar sua decisão — disse Joe sobre o ombro enquanto saíam para o corredor.
— Joe! Você provavelmente matou o negócio.
— Eles não deviam ter permitido que ele dissesse aquilo. — Joe lhe soltou o braço e andou a frente dela para o elevador. — Não deviam ter deixado que dissesse aquelas coisas sobre você. Alguém deveria ter reclamado.
— Mas podia parecer que eu com você...
— Por que você precisaria? Precisei de você tanto quanto você de mim. Insinuar outra coisa é insultuoso para você como pessoa e como mulher de negócios, e não permitirei.
As portas do elevador se fecharam e Demi se inclinou na parede, de repente muito cansada.
— Já fui insultada mais de uma vez, Joe. É por isso que tenho esta imagem de alegre Demi. É por isso que não falo sobre meu trabalho em reuniões sociais. Mas esta é definitivamente a primeira vez, que sou acusada de usar meu corpo para conseguir o que quero.
— É errado.
— Mas estou bem. Ficaria bem se você apenas mantivesse a boca fechada e fizesse a apresentação.
Ele se virou para ela, os olhos escuros brilhantes.
— Mas não podia ficar. — Apertou o botão do celular para chamar o motorista.
Quando as portas do elevador se abriram, Joe já estava um pouco mais calmo. Saíram para o sol da tarde.
— Talvez deva ficar em sua casa esta noite, Demi.
— Está bem. Se for o que você quer.
Gostaria de dizer a Joe que preferia ficar com ele aquele dia, depois de tudo, mas ele não a queria.
— Acho que... — Então percebeu que não tinham mais motivos para se encontrar. — Acho que o vejo por aí.
Ele acenou e se dirigiu para o carro. Demi pegou o celular para chamar o próprio motorista e decidiu lhe mandar uma mensagem em vez de falar. Não queria falar com ninguém. Cinco minutos depois de Joe ter partido, o carro dela chegou.
— Para a casa do Sr. Jonas?
— Não. Minha casa.
— A apresentação correu bem, Sra. Lovato?
— Não, não correu nada bem.
Em casa, decidiu que tinha o direito de ficar amuada. Vestiu um moletom, tirou os sapatos, serviu-se de um copo de vinho, ligou o som num jazz suave e se preparou para uma noite de dor de cotovelo. Era uma bilionária, podia ir sofrer em Paris se quisesse. E não estava sofrendo por causa de um homem, estava triste pela perda do negócio. Grande mentira.
Sentou-se no sofá e ergueu os joelhos para o peito. Então ouviu o som de um motor no portão e a campainha do alarme. Ligou a tela do circuito interno de televisão e viu um carro esporte escuro, mas não o motorista. Ligou o interfone.
— Posso ajudá-lo?
— Espero que possa.
O som da voz de Joe fez seu coração pular.
— Espero poder. Suba. — E apertou o botão para abrir o portão.
O que ele estava fazendo ali? Não a havia dispensado? Mas queria vê-lo, apesar de estar furiosa com ele. Lembrou-se de que usava um moletom velho, mas não pretendia mudar a roupa. E então ele estava batendo à porta. Abriu-a com as mãos nos quadris.
— O que veio fazer aqui?
Joe olhou para Demi e quase caiu de joelhos de alívio. Só vê-la o ajudava tanto. Pensar nela o mantivera acordado, expulsara-o da cama no meio da noite para estar perto dela.
— Não conseguia dormir. — E entrou. Joe deixou a maleta do computador no chão e passou para a sala de estar. Parecida com o escritório dela. Não a refletia, era o que a casa de uma mulher de negócios devia ser. Totalmente diferente da dele. Mais normal, em tons de bege e azul. Tranquila e cara. Mas não Demi.
Era uma pena que qualquer coisa ou pessoa a fizesse se esconder tanto. Queria dizer aquilo, mas não conseguia falar.
Ela o olhou, o desafio brilhando nos olhos castanhos.
— Está me culpando por sua insônia ou apenas quer partilhar sua infelicidade?
—Estou culpando você. Nunca tive problemas com frustração sexual e, acredite Demi, sete anos de celibato, significa que tive uma boa parcela.
Ela o encarou; perplexa.
— Presumi que não queria sexo durante todo esse tempo.
— Não queria aslembranças, senti falta dosorgasmos. Mas não se trata disso agora. Sinto falta de você, do seu cheiro, da sensação da sua pele na minha, do modo como me toca. Você arruinou tudo. — A voz era baixa, crua, dolorida.
— Puxa, bem, obrigada.
— Quero você. Agora. — Necessidade, tão maior que desejo.
— Eu. — Por um momento, pareceu que ela diria não e ele não suportaria. Tremia por dentro com a necessidade, com nem mesmo sabia o que era.
— Nos nossos termos originais. Dou as ordens e você diz sim.
O controle ajudaria, era disso que precisava. Para fazer aquilo tudo ter sentido.
Demi olhou nos olhos de Joe e viu a expressão assombrada de um homem ferido. Desesperado. Exigia o controle porque era a única coisa que o manteria intacto.
— Sim — concordou. Não devia, mas precisava tanto quanto ele.
— Tire a blusa.
— Aqui? — Olhou em volta, as janelas voltadas para a praia. Era privativa, mas mesmo assim...
— Pudor na mulher que foi ver as estrelas, nua no meu telhado? Isto não é um pedido, Demi, é uma ordem. Tire a blusa ou vou embora.
E então ela percebeu que o controle dele era uma farsa. Percebeu qual era o motivo por trás da ordem, da atitude dominante. Pegou a barra da blusa e a tirou pela cabeça. Ele lhe estudou os seios, cobertos por um sutiã preto, e sorriu.
— Agora a calça.
Ela obedeceu de imediato, o jogo a excitando além da medida.
— Agora, quero que suba a escada na minha frente. Não olhe para trás.
Ela se virou e obedeceu. Sentiu-se totalmente exposta. Poderosa e vulnerável, fraca e forte ao mesmo tempo. Segura e aterrorizada. Feliz e apavorada. Mas tinha medo apenas da perda. Continuou a andar, os pés nus no mármore frio da escadaria, os passos pesados de Joe atrás dela.
Abriu a porta do quarto e esperou a ordem seguinte, o coração batendo com força.
— Deite-se na cama e olhe apenas para frente.
Ela obedeceu.
— Vá para o centro da cama e fique de joelhos.
Ela fez o que ele mandou, as mãos trêmulas. Ouviu os passos de Joe, percebeu o colchão afundar quando ele subiu na cama, sentiu-o beijar-lhe o ombro por trás e estremeceu de prazer. Começou a se virar.
— Não, olhe para frente.
Ela inspirou com força e tentou manter o olhar nas cortinas fechadas.
— Elas abrem com controle remoto?
Demi acenou.
— Onde?
— Lá.
Apontou para um botão na mesinha de cabeceira e Joe o pressionou. As cortinas se abriram e mostrou o oceano, a lua brilhando nas ondas.
— Pronto, agora você tem uma vista para mantê-la ocupada.
Ele lhe beijou o ombro, depois substituiu a boca por um dedo e traçou uma linha pelo centro de suas costas, parando bem junto ao cós da calcinha. Ela sentiu que morreria com a tortura lenta e erótica.
— Você tem costas lindas, Demi. A primeira vez em que senti atração por você, foi na première, quando exibiu toda esta pele. Não reconheci o que era. Passei anos demais ignorando as sensações para identificá-las. Mas foi atração por suas lindas costas.
Correu a ponta do dedo pelas costas de Demi. Então desabotoou o sutiã, que caiu pelos braços dela e Demi o afastou. Ele estendeu as mãos e empalmou os seios, provocando-lhe os mamilos até ela respirar com dificuldade. Ela manteve os olhos na lua, impedindo-se de se virar e beijá-lo.
— Perfeita. Você é perfeita. Agora quero que se segure na cabeceira da cama. Pode fazer isso para mim?
— Sim.
Apertou as mãos na cabeceira, o coração disparado. Queria olhar para ele, tocá-lo, conectar-se. Era tudo maravilhoso, mas queria vê-lo, conhecer suas emoções. E ele não permitia. Então parou de pensar, porque Joe lhe tirou a calcinha e a deixou acima dos joelhos. Segurou-lhe os quadris e a puxou para ele, pressionou um beijo íntimo na carne úmida, a língua lhe acariciando as dobras. Então a penetrou com um dedo.
— Está pronta para mim?
— Sim.
— Ótimo.
Ouviu-o abrir um pacote de preservativo, desabotoar o cinto e descer o zíper. Um segundo de silêncio. Então ele a penetrou numa investida profunda, preenchendo-a ao ponto do desconforto por um segundo, antes de seu corpo se acostumar à invasão e a dor ser substituída pelo prazer.
— Bom? — A voz de Joe era áspera, os movimentos lentos.
Sua única resposta foi um gemido, enquanto ela abaixava a cabeça e se segurava à cabeceira da cama com toda a força.
Penetrou-a com mais força, uma das mãos sob os seios, a outra no quadril enquanto ajustava o ritmo. Ela sentiu o momento em que o controle dele começou a desaparecer, quando cada investida o fazia gemer, os movimentos se tornando mais desesperados, mais duros, mais rápidos.
E então ela teve que olhar. Teve que tocar. Teve que provar. Virou a cabeça e lhe capturou a boca com a dela. Quando terminou o beijo, olhou dentro dos olhos dele, vazios, desesperados. Um homem assombrado, possuído. Ele moveu uma das mãos para lhe empalmar os seios, a outra para lhe acariciar o botão do prazer.
E então Demi não pôde mais pensar, apenas sentir. O orgasmo se construía, a tensão lhe apertando tanto o corpo, que teve medo de se quebrar. Mas quando atingiu o limite, ele também se entregou, um grunhido áspero lhe escapando dos lábios.
Deixou-se cair deitado sobre ela, mantendo-a de costas para ele. Segurou-a com força sem dizer nada, o coração batendo com tanta intensidade, que ela o sentia ecoar no próprio corpo. Ele ainda estava vestido, a camisa lhe roçando as costas, a fivela do cinto lhe machucando as nádegas.
— Por que não tira a roupa? — Ela se virou e o beijou, mas ele não correspondeu. — Joe?
Ele se sentou, removeu o preservativo e enquanto se dirigia para o banheiro, fechou a fivela.
— O que está fazendo?
— Vou embora.
O pânico ameaçou dominá-la, ela o controlou. Não mostraria dor, preocupação. Compreendeu o significado profundo daquela simples declaração. E viu a expressão dos olhos dele. Distante, sem foco. Nem mesmo olhava para ela.
— Joe, não faça isso.
— Não fazer o quê, Demi?
— Sabe o que está fazendo, não finja. Está tentando abrir distância entre nós.
— Não preciso tentar, é tudo o que há entre nós. Nossos corpos estiveram próximos, mas nós não.
— Não é verdade.
— É. Lamento se a verdade não lhe agrada, Demi, mas é.
— Você é um covarde tão grande! — Agora ela gritava, não conseguia acreditar no que ele estava fazendo.
Todo vestido e pronto para partir como se nada tivesse acontecido, e ela nua e totalmente abalada pelo que havia se passado entre eles.
— Um covarde, Demi? É o que pensa? Está me atribuindo emoções que não sinto, cara mia.
— Você se esconde tão bem Joe, que consegue se esconder de si mesmo. Mas não pode se esconder de mim, conheço você.
— Acha que me conhece porque contei algumas histórias sobre meu passado? Porque dormimos juntos?
— Não, acho que o conheço porque compreendo como essas coisas o fizeram se sentir. Compreendo que você não é nada blasé sobre seu passado. Sei que fere. Sei que não se permite seguir em frente porque se sente sujo. Porque tem tanto medo. Não sei do quê, mas você se agarra a seu passado como se precisasse dele para protegê-lo.
— Olhe só, você fingindo que sabe de tudo. Você também está se escondendo, Demi.
— Estava, tem razão. Mas não estou mais. Agora não posso mais. Tinha medo de confiar. De mostrar que sou vulnerável. Quase fui estuprada por um cara que minha mãe pagou para sair comigo. É claro que tinha problemas com isso. É claro que me escondia. Mas você me mostrou como é maravilhoso sair do esconderijo e ser eu mesma. Confio em você. Com tudo. Com minha vida, com tudo o que sou. Amo você, Joe. Ambos merecemos mais do que temos nos dado. Quem se importa com o que os outros pensam? Quem se importa com o passado? Temos um presente, um futuro, por que permitir que o passado governe?
— Você não me ama, Demi. Apenas acabou de conhecer o sexo e acha que um orgasmo é a mesma coisa que sentimentos.
Doeu. Mais uma vez, ela se mostrara, toda ela, e tinha sido rejeitada. De novo.
— Não ouse me dizer o que sinto. — A raiva lhe manteve a firmeza. — Amo você.
— Maldição, mulher, não tem nenhum senso de autopreservação? Estava melhor quando usava sua armadura. Agora mostra suas emoções ao mundo, para serem usadas contra você. Sabe como é fácil destruí-la?
— Minhas emoções lhe causam tanto medo? — Ele ficou calado e ela continuou: — Lamento que minha paixão, meu entusiasmo, minha emoção humana deixe você desconfortável. Lamento mesmo. — Percebeu que ainda guardava coisas demais para agradar aos outros. Nunca mais a partir de agora. — Não, sabe de uma coisa? Não lamento. Cansei de pedir desculpas por ser eu mesma. Sou uma geek. E dou risadas altas demais, porque quando acho uma coisa engraçada eu rio. E quando gosto de um jogo ou um filme, realmente gosto. Jamais vou me encaixar. Jamais serei normal. E quando amo, amo com tudo que tenho e sou. E com tudo que sou, Joe, amo você. Se o incomoda, problema seu. Não vou parar e não vou sublimar nem fingir que está tudo bem. Vou gritar para todo mundo ouvir, sentir e viver este amor; ninguém vai me dizer que não posso, que é errado ou constrangedor. Sim, nunca mais pedirei desculpas. Não vou me esconder. Amo você. Não lamento. Portanto, é a sua vez agora. Tem que dizer o que quer, mas não pode me dizer que não sei do que estou falando, que não sei o que estou sentindo como se não fosse real. Se vai me rejeitar, então tem que saber o que está rejeitando.
Agora que terminara, estava respirando com força, no entanto, se sentia mais viva, mais ela mesma do que nunca. Se a rejeitasse, tinha que rejeitar o que ela era, não uma versão pálida dela mesma.
— Este foi um arranjo muito agradável para mim. — A voz era monótona. — Odeio vê-lo terminar. No entanto, é evidente que precisa.
Ela queria gritar com ele. Uma lágrima desceu pelo rosto. Ele ainda estava se escondendo.
— Você sabe que não podemos voltar. Fomos idiotas, Joe. Pensamos que poderíamos controlar as coisas, mas nós é que fomos controlados.
— Eu voltarei a ser como era, como se isto nunca tivesse acontecido, cara. Porque é o que faço. Sexo não significa nada para mim. Nada.
— Não está falando sério, não comigo.
— Como foi uma amante tão boa, gostaria de aumentar seu pagamento. — Outra lágrima caiu e ela balançou a cabeça, implorando-lhe em silêncio para não fazer aquilo. Ele se abaixou, pegou a caixa do computador e tirou uma pasta.
— Tudo o que descobri sobre sua empresa nos últimos cinco anos. Algumas coisas nem mesmo li. Pretendia usar mais tarde, depois que nosso tempo de trégua terminasse. Mas vou entregar tudo a você com a promessa de que nunca farei uma tentativa de derrubar a Anfalas. Está segura contra mim
Estendeu a pasta como se esperasse que ela a pegasse e lhe agradecesse.
— Não a quero.
— Não é assim que funciona, Demi. Você me deu sexo, estou pagando.
— Eu lhe dei minha maldita alma, Joe. Não pode comprá-la.
— Mas não pedi sua alma, querida. — A palavra carinhosa, pela primeira vez não em italiano. — Só pedi seu corpo; assim, é por ele que pagarei.
— Você tem que desvalorizar o que tivemos, não tem? Assim poderá colocá-lo junto das outras coisas de sua vida de que se envergonha. Porque gosta da vergonha, não gosta? Ela o mantém isolado, impede-o de continuar sua vida. Protege-o de seus sentimentos.
— Não tenho sentimentos, Demi. Não por você nem por ninguém.
— Diga que não me ama. Diga e eu receberei seu “pagamento”, o deixarei partir.
— Não amo você.
Outra lágrima rolou.
— Ótimo. Então realmente acabou. — Ela pegou a pasta e a apertou contra os seios nus, precisando cobri-los. Envergonhada de sua nudez. Limpou uma lágrima e lhe fez a saudação vulcana. — Vida longa e próspera. E saia da minha casa.
Joe acenou em silêncio, saiu e fechou a porta. Demi se deixou cair na cama, às pernas trêmulas, o estômago embrulhado. Engoliu com força, apertou a pasta contra o peito e chorou.
Joe saiu da casa de Demi, entrou no carro, girou a chave e saiu a toda velocidade. Estava feito. Fizera o que precisava fazer. Não podia continuar com ela. A mulher era destrutiva demais para ele. Conseguia penetrar todas as camadas de proteção e obrigá-lo a sentir coisas. Podia lhe atingir a alma. E o que fizera com seu controle, era inaceitável. Sexo desprotegido primeiro, então aquela explosão na reunião de negócios. E esta noite viera a casa dela provar que ainda tinha o poder no relacionamento. Que não estava à mercê de uma loura magrinha que o enlouquecia.
Então ela o beijara com todo o coração, a emoção emanando em ondas, obrigando-o a sentir, e soubera que estava perdido. E aí usara seu plano de contingência. Tornou o relacionamento uma transação comercial. Para mostrar que ela não era diferente, que não era essencial. E ela havia chorado. Suas lágrimas eram como ácido dentro dele e lhe queimavam a proteção.
Sentia-se horrivelmente mal. Havia traído Demi, como todas as outras pessoas de sua vida. Nunca se detestara tanto. Nem mesmo quando se despia para uma mulher que não queria e obedecia a todas as ordens dela.
Desceu a estrada sinuosa depressa demais. Precisava esquecer, descobrir uma forma de arrancar a emoção de si mesmo como já havia feito. Separar de novo seus desejos de suas necessidades, a mente do corpo. Mas o cheiro de Demi estava em suas roupas, sua pele. E mais profundamente. Ela deixara sua marca nele e não seria fácil removê-la. Mas precisava, porque disso dependia sua própria sobrevivência.
De repente, a dor no peito foi tão intensa, que precisou parar o carro no acostamento. Ficou sentado lá e esperou, tentando respirar, que a dor da perda e a sensação de vazio passassem. Mas não passaram, apenas cresceram, onda após onda e com elas, surgiram às imagens de Demi, excitada pelo projeto. Demi falando sobre um jogo. Demi enquanto faziam amor. Demi chorando.
Levou um momento para perceber que seu rosto estava molhado, como o de Demi em sua mente. Não se lembrava da última vez em que a emoção o dominara tanto, a última vez em que os pedaços de si mesmo haviam parecido tão unidos, todos eles chorando pela perda daquela mulher.
E era sua culpa. Ele a havia afastado. Porque tinha medo daquilo, daquela dor, da perda de sua proteção. Quando tudo era fragmentado, parecia fácil lidar, mas desde Demi, tudo lhe fugira do controle e era um caos dentro de si mesmo. Exatamente como as pessoas normais. Então era assim que as pessoas normais se sentiam. Bateu com força no volante, esperando que a dor na mão diminuísse a do peito. Não funcionou.
Ela estava certa sobre ele. Era um covarde. Agarrava-se ao passado para se proteger do que poderia acontecer no futuro. Mas ela lhe tirara a escolha. Estava despido agora. Tarde demais para se proteger, tarde demais para se impedir de sentir. Mas reconstruiria suas barreiras, protegeria seu coração de novo. Apenas precisava de algum tempo longe dela. E então as coisas voltariam a ser o que eram antes. Tudo o que precisava era esquecer.
Continua ..
Então gente a mini fic ta chegando ao final :'(
Se vocês comentarem eu termino de postar hoje mesmo. Espero que gostem do capítulo
Comentei ^^ haha'
ResponderExcluirGostei muito dessa história ^^
Saudação vulcana, daora!!
Beijos~
Muitoooooooo deeeeeezzzz essa mini fic..posta logoooooooooooooooooooo pleaseeeeeeeeee
ResponderExcluirAi meus Deus. Que capitulo perfeito . Posta logo.
ResponderExcluirPosta mais por favor
ResponderExcluirAmo demais essa mini-fic, pena que está acabando :'(
Lari posta mais
ResponderExcluirpor favor!!!!!!!!!!