Mini - Fic AMBITIUOS - Capítulo doze



Pela quarta noite seguida, quando Joe chegou em casa depois do trabalho, Demi estava lá. E pela quarta noite seguida ele disse ao chef que mandasse o jantar para seu quarto em uma hora. Também pela quarta noite seguida, ele tomou Demi nos braços e subiu com ela para fazer o melhor uso possível daquela hora. Nus na cama. Então abria a porta do quarto de roupão, fechava-a, livrava-se da roupa e servia o jantar para os dois na cama, sem nada entre eles. 
Os últimos quatro dias tinham sido uma experiência inédita em sua vida. Uma mulher que queria, na sua casa, na sua cama, atendendo a todos os seus anseios e desejos. Era um arranjo tão maravilhoso, que desejava ter feito um daqueles anos atrás. Mas a mulher não teria sido Demi. E não queria nenhuma outra a não ser ela. 
Mas era apenas porque era sua amante. Era normal, tinha certeza, sentir certo fascínio por ela com a exclusão de todas as outras. Imaginava, não sabia, porque nunca tivera uma amante antes de Demi. Sua confissão no escritório sobre a tentativa de estupro, o fez se sentir protetor de uma forma inédita, o fez ansiar por violência. Se sentir conectado. Era tão estranho. Mas, então, todo o relacionamento era. 
— Está uma noite linda. — Demi saiu da cama e foi até a janela que se debruçava sobre o oceano. Estava nua, sem constrangimento. Joe adorava vê-la assim, à vontade com ele, com ou sem roupas. 
— Está. Gosta das estrelas? 
Não sabia por que se sentia compelido a partilhar com ela aquela parte de si mesmo, quando nunca partilhara nada com ninguém Mas Demi. A maravilhosa Demi, com sua excitação pela vida, partilhava seu sorriso com ele. Sua felicidade e alegria. E ele queria lhe dar também alguma coisa pessoal, real. 
— Uma geek da sci-fi. Adoro. 
— Bem, também adoro, embora meu sentimento não tenha relação com a sci-fi. Gostaria de subir ao telhado e vê-las pelo meu telescópio? 
— Telescópio, hein? Está tentando me seduzir, Sr. Jonas? Porque não precisa. 
Ele cruzou o quarto até ela, tomou-a nos braços e a beijou. 
— Não prometi que não faria charme com você? 
— Prometeu, mas tenho que confessar, eu estou encantada. 
Queria dizer a ela que não ficasse. Mas também queria que continuasse a olhar para ele daquela maneira. Ela voltou para a cama e pegou um cobertor. 
— Acho que isto será suficiente. — Enrolou-se nele e abriu a porta do quarto. — Depois de você. 
Ele vestiu uma sunga e saiu. 
— Por aqui. — E estendeu a mão. Ela a tomou e enlaçou os dedos nos dele. Era outra coisa que nunca fizera, a não ser por exibição. Mas queria tocá-la, sentir a pele dela na dele. 
Subiram à estreita e curva escada que levava ao telhado, onde havia um pequeno jardim. A vista do céu e do oceano era totalmente aberta e maravilhosa. Longe da cidade, não havia poluição luminosa e as estrelas eram enormes e visíveis a olho nu. Joe a acomodou no sofá de couro que mantinha lá, o lugar perfeito para ele observar tudo o que havia conquistado. Mas não era aquilo que queria lhe mostrar, queria que ela visse alguma coisa sobre ele. 
— Sempre fui fascinado pelo céu noturno. Passava muito tempo observando-o quando dormia nas ruas. E quando precisava fugir depressa no escuro, usava a estrela do Norte para me indicar o caminho. 
— Você sempre foi inteligente. — A voz era suave, os dedos lhe acariciavam de leve o peito nu. 
— Foi o que me salvou. — Fez uma pausa, hesitou. — Quando comecei a ganhar dinheiro de verdade, comprei um telescópio e comecei a estudar as estrelas. Era excitante. Como encontrar um amigo pela primeira vez, se isso faz sentido. Mas fui muito solitário, Demi, por toda a minha vida. Meu ambiente era meu companheiro e meu inimigo. 
— Nem consigo imaginar, Joe, mas tento. 
— Sei que tenta. — A garganta apertou. O que Demi fazia por ele era mais do que qualquer pessoa já fizera. 
— Então me mostre seus lugares favoritos. — Fez um gesto em direção ao telescópio. 
Ele ajeitou o equipamento e procurou. 
— Lá — mostrou. — É a nebulosa de Orion. Foi uma enorme alegria vê-la depois que comprei o telescópio. 
— Coisas novas se abriram para você. 
— Sim — Ela se levantou e deixou cair o cobertor. Ele voltou para o sofá enquanto ela se debruçava e olhava pelo telescópio. — Que fantasia, Demi. Uma mulher nua que aprecia ver as estrelas. Isto é uma coisa muito rara para um homem possuir. 
Ela se virou para ele. 
— E tenho um homem quase nu, que entende a total beleza de um processador eight core. Também é digno de uma fantasia. 
— Adoro quando usa linguagem nerd comigo. 
Ela riu, juntou-se a ele no sofá e puxou o cobertor sobre os dois. 
— É lindo. 
— O quê? 
— A nebulosa. Tudo isto. Este lugar. O que fez com sua vida, Joe, não é pouca coisa. Quando li sua biografia... 
— Aquele livro maldito. 
— Eu sei. Mas quando o li achei que não podia ser verdade. Porque não parecia possível que um garoto sem educação, que havia passado por tudo que você passou, transcendesse e chegasse aonde chegou. Você é realmente impressionante, e agora que não o vejo mais como inimigo; percebo isso. 
— Quando tudo acabar, voltaremos a competir. Tudo vai voltar a ser como era. É parte do nosso acordo. 
Alguma coisa brilhou nos olhos dela. Tristeza. Profunda. 
— Eu sei. Mas você nunca mais será meu inimigo, mesmo se eu a for sua. 
Ele colocou a mão no rosto dela, sentiu-lhe a pele suave sob a dele. Queria lhe fazer promessas, encontrar um meio de unir as peças de si mesmo, como logo depois de terem feito amor no escritório dele. E queria demais. Para começar a compreender o que queria dizer, o que devia dizer. Mas não tinha nada. Assim, debruçou-se e a beijou, porque era tudo o que sabia fazer. 
Ela o beijou de volta, doce, generosa. Com uma generosidade que ele não tinha esperança de ter. Deitou-a de costas, beijou-lhe o pescoço, os ombros, a curva dos seios. Afastou o cobertor para ver o corpo dela banhado pelo luar. 
— Você é a coisa mais linda que já vi sob o céu noturno. — Abaixou a cabeça, passou a língua pelo mamilo de Demi e observou enquanto endurecia no ar frio. 
— Sem dúvida nenhuma. 
Ela levou as mãos ao rosto de Joe, os olhos nos dele. 
— Você é um homem maravilhoso, Joe, o mais maravilhoso que já conheci. Se pudesse fazer você sentir o que sinto, se pudesse lhe dar os sentimentos que tenho por você, daria. Assim saberia como é incrível. 
O olhar dela, honesto, direto, o fez se sentir exposto demais, como se estivesse nu pela primeira vez diante dela. Sim, estivera nu muitas vezes nos últimos dias e, antes disso, com outras mulheres. Mas nunca assim. Abaixou a cabeça, beijou-lhe o pescoço e inalou o doce perfume da pele de Demi. 
— Joe. 
Ele a calou com um beijo, levou a mão para o meio das coxas dela e começou a acariciar a carne úmida, até as palavras se transformarem em suspiros de prazer. Observou-lhe o rosto enquanto a penetrava com um dedo profundamente e lhe roçava o clitóris com o polegar. Podia fazer aquilo. Podia fazer sexo. Podia lhe dar prazer, sentir prazer. Eram as palavras que lhe causavam aquela pressão insuportável no peito. Não haveria mais palavras. 
— Por favor — choramingou Demi. — Por favor. 
Ele tirou a sunga, testou-a e mergulhou nela lentamente, tão lentamente que achou que o desejo o mataria antes que chegasse em casa. Então se perdeu nela. No corpo daquela mulher, sua respiração lhe aquecendo o pescoço, as unhas lhe ferindo os ombros. Perdeu-se em Demi e queria que aquilo nunca mais acabasse. Ali, com ela, a vida fazia sentido e ele se sentia em paz, inteiro, simplesmente sentia. 
O orgasmo a tomou como um maremoto e ela arqueou contra ele, chorando de alívio enquanto Joe também atingia o clímax. Quando tudo terminou, apertou-a contra o peito, acariciou-lhe os cabelos. E se perguntou se seu coração algum dia bateria mais devagar. 
Demi pegou o cobertor e cobriu os dois. 
— Devemos entrar — sugeriu Joe. 
— Não quero, estou com sono demais. 
— A alternativa é dormirmos aqui. 
— E o que há de errado com isso? É uma linda noite e podemos olhar as estrelas. 
O terror apertou o peito de Joe e afastou o bem-estar de apenas um segundo antes. 
— Não gosto de sentir frio. 
— Eu o manterei aquecido. 
— Demi — ele sentou-se. — Não passei uma só noite fora de casa, desde que consegui colocar um teto sobre minha cabeça. 
— Mas você não está mais lá, Joe, não é a mesma coisa. Você não está em Roma, nas ruas. E não está sozinho. — Sentou-se e passou os braços pela cintura dele, os seios lhe apertando as costas. — Prometo que não o deixarei sentir frio. 
Joe relaxou e se deixou puxar por Demi para o sofá. Ficou deitado de costas e olhou as estrelas. Demi descansava a cabeça no peito dele, o calor do corpo dela aquecendo-o. Afastando o frio e o medo. E ele dormiu. 
Apenas no dia seguinte, no escritório, percebeu o que havia feito. Estivera tão desesperado para fazer Demi se calar, para impedi-la de fazê-lo sentir, para estar dentro dela, que se esquecera do preservativo. Aquilo jamais lhe acontecera. Nunca. Era a coisa mais importante em seus encontros sexuais como prostituto. Dio, como odiava aquela palavra, que ainda tinha o poder de feri-lo tão profundamente, de fazê-lo se sentir menos do que humano. No entanto, era a verdade, uma verdade que estava tentando ignorar ao substituir aquelas lembranças pelas que construía com Demi. 
Temia, porém, que ao contrário, estivesse levando sua sujeira para ela. Não importava o que ela havia dito. Gostaria que pudesse ver como você é maravilhoso, ela dissera. Não, estava enganada. Era apenas egoísta e sem consciência e fazia o que quer que fosse para chegar aonde queria. E agora a levara com ele, comprometera-a. Depois de tudo o que havia acontecido com ela. Ele também a magoaria? 
Maldição. A reunião com Barrows era naquele dia. Levantou-se e saiu do escritório. 
— Ninguém fala comigo hoje — rosnou ao assistente enquanto passava e entrava em contato com o motorista pelo celular. 
O carro já esperava quando desceu. 
— Para o escritório de Demi. 
A corrida pelo centro no trânsito pesado da tarde, foi insuportável. Longa demais, e não podia esperar. Quando o carro chegou a um quarteirão de distância, ele desceu e fez o resto do caminho a pé, sem ver ninguém, sem prestar atenção a nada. Entrou no edifício de Demi e subiu até seu escritório. 
— Não pode entrar, ela está se preparando para uma reunião. Oh, Sr. Jonas. — O assistente de Demi lhe sorriu. 
— Preciso vê-la. E você não vai me impedir. 
O homem sorriu de novo e apertou o interfone. 
— Joe Jonas para vê-la, querida. 
Demi se levantou de um pulo quando ele entrou. 
— Joe. — Deu a volta na escrivaninha, abraçou-o e o beijou. Um gesto tão natural e tão estranho para ele. — Não estava esperando você, ainda é cedo. 
— Isto é pessoal, não negócios. 
— Oh, mesmo? — O olhar se tornou sugestivo. 
— Não. — A voz era áspera. — Não é isto. 
— Oh. — Viu que estava magoada e que a culpa era dele. 
— Precisava lhe dizer, percebi que não usei um preservativo na noite passada. 
Ela ficou ruborizada. 
— Oh. 
— Você está segura em termos de saúde. Sempre fui cuidadoso com minhas clientes e não fiz sexo em 12 anos. E me cuidei, fiz todos os exames. Minha preocupação é com uma gravidez. 
— Ah. Oh, isso. Não, não será um problema. 
— Não será? 
— É uma época segura do mês. Do meu ciclo. 
Demi se sentia completamente chocada. Não sabia como tinha esquecido. Estupidez. Irresponsabilidade. No entanto, não estava com medo. E não tinha mesmo certeza se aquela era uma época fértil ou não do período. Nunca tinha prestado atenção, já que até recentemente não fora sexualmente ativa. Mas parecia a coisa certa a dizer. Exceto que mentir era errado. 
— Eu. Eu realmente não sei se é uma ocasião segura. Mas... Mas não quero tomar nada. Pílulas ou outra coisa para impedir. Apenas não quero. 
Ele acenou. 
— Compreendo. 
— Compreende? 
— Sim. 
— Tenho dinheiro para cuidar de um bebê, você não precisará fazer nada. 
— Acha que é isso que quero? 
— Você entrou aqui cheio de pânico. 
— Não quero que fique grávida. Não quero criar um bebê com você nem com ninguém, mas se houver uma criança não me afastarei dela. 
— Isso. Bem, é loucura. 
— Por quê? Você quer estar grávida?  
Com o pai em potencial olhando-a como se ela fosse o inimigo público número um? Não, não queria. 
— Não. 
— Mas, e se estiver? 
— Amarei meu bebê, cuidarei dele. 
— Então não estou louco. 
— Escute, não vamos nos precipitar. Provavelmente não estou grávida. Vamos esfriar a cabeça. 
— Esse tipo de erro é inaceitável, 
Demi. 
— Então seremos mais responsáveis. 
— Nunca deveria ter acontecido. 
Demi começou a sentir raiva. 
— Certo. Tudo bem. Não acontecerá de novo, seremos mais cuidadosos. 
— Por que... 
— Pare! Pare de repetir como seria horrível ter um bebê comigo! Já entendi seu horror. 
— Isso não é sobre suas inseguranças, Demi, é maior que elas. 
— Lamento, é difícil esquecer minhas inseguranças, já que você sabe como são terríveis. 
— É sobre uma criança. Acha que posso criar um filho? Que eu daria um bom pai? Que lições de vida eu tenho para ensinar? “Se está em dificuldades, não desista, venda-se pelo preço mais alto”? 
— Mas você não deixaria um filho passar dificuldades. 
— E eu ainda serei o que sou. De certa forma, é uma bênção eu não ter família, ninguém para me amar. Porque ficariam horrorizados pelo homem que tive que me transformar para chegar onde estou agora. Bem, eu a verei dentro de duas horas no Barrows. Prepare-se para fazer a apresentação de sua vida. 
Ela acenou e o observou sair do escritório. Alguma coisa queimava no peito. Lutou para reconhecer e chegou à verdade inegável. É aí que está enganado, Joe. Alguém ama você. Segurou o ventre e esperou a onda de náusea passar. Sim, fizera uma coisa realmente estúpida. Apaixonara-se pelo seu primeiro amante. Amava Joe. O relacionamento deles lhe dera tanto, ensinara-lhe tanto sobre si mesma. Ajudara-a a se libertar de sua armadura e a descobrir que não precisava mais dela. E não só o amava como confiava nele. 
Mas não fizera a mesma coisa por ele. Ainda era o mesmo, ainda estava onde haviam começado. E, não importava o que dizia a si mesma, dormir com ele sob as estrelas não tinha significado nada para Joe, apenas para ela. 
Este acordo é que significa tudo. Barrows significa tudo. Sim, era verdade. E, quando a apresentação terminasse, o contrato assinado, não haveria mais motivo para Joe continuar com ela. E não estava preparada para suportar aquilo.

Continua ...
Divulgação: Histórias Jemi Blog da Brunna Gabriela. leiam, sigam, divulguem e comentem :)

2 comentários:

  1. OH LARISSA, sua quenga! Como pode parar ....?
    Oh, Demi, tadinha descobriu que está amando. Gente, que lindo isso. Pena que o Joe é todo problemático e sistemático!
    Eu estou ansiosa sobre o fim e cansei de fazer hipóteses. Eu quero lê-lo!
    Portanto, minha querida Larissa, poste o mais rápido que puder, hein Lindinha!

    Beijos. Poste!

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  2. Aí Deus esse capítulo me matou!! Eles vão começar a brigar de novo? Ela tá grávida? Acho que sim sei lá ... Bom continua por que estou amando cada vez mais :)
    Fabíola Barboza :*

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Espero que tenham gostado do capítulo :*