Chapter Twenty Three

Joseph Narrando
Estávamos sentados na minha cama lado a lado e sem silencio, dei um tempo pra que ela pensasse no que havia acontecido e não falei nada, esperei que ela tomasse a iniciativa. Também aproveitei pra pensar um pouco, absorvendo o que acabara de acontecer, eu perdera a chance de uma bolsa estudos em Stanford, eu joguei o meu futuro na lixeira, e faltava tão pouco, mas não era isso que estava me incomodando agora.
__O que eu faço agora?__ ela finalmente perguntou, olhando pra mim com tristeza.
__Vai ficar tudo bem Demi, vamos dar um jeito__ tentei confortá-la.
__Eu só queria que ele me entendesse__ ela suspirou__ mas aparentemente é impossível, eu vou ter que deixar pra lá. Vou ligar pra Selena e pra Miley amanhã cedo, ver se posso ficar na casa de uma delas.
__Você pode ficar aqui o tempo que precisar Demi.
__Eu sei__ ela sorriu sem graça__ é que... A sua casa é pequena, elas vão poder me abrigar melhor e...
__Tudo bem, eu entendo.
__Não fique chateado, eu adoro a sua casa, é que...
__Eu não estou com raiva__ sorri, não era mentira__ eu entendo, sério.

__Você é incrível__ ela deitou a cabeça no meu ombro__ desculpe ter feito você perder a bolsa de estudos.
__Não tem problema, eu sou nerd... Vou dar meu jeito.
__Eu estou com medo__ ela sussurrou.
__Hey__ segurei seu rosto delicadamente e fiz com que ela olhasse pra mim__ vai ficar tudo bem, logo seu pai vai te aceitar de volta, e mesmo que não o fizesse eu sei que você pode se virar, você não estaria sozinha, eu estou do seu lado pro que precisar.
Ela apenas sorriu e me beijou.
Aquela noite dormimos na minha cama abraçados, era uma cama pequena, mas o que menos queríamos agora era ficar separados, então pareceu perfeito. Eu não estava preocupado com Demi, o pai dela logo mudaria de ideia, Daiana o faria mudar e ela poderia voltar pra sua casa e sua vida, já eu não sabia exatamente o que faria agora que a bolsa estava fora de cogitação. Parece que eu teria de trabalhar mais um pouco e esperar mais um ano pra entrar na faculdade, não estava nos meus planos, mas eu ia sobreviver.

Demetria Narrando



Assim que amanheceu liguei pra Miley e Selena, pedindo abrigo pra uma das duas e recebi minha primeira surpresa. Elas queriam muito me ajudar, mas aparentemente meu pai havia ligado pros pais delas e proibido eles de me ajudar, ou seja, eu só podia contar com o Joe agora.
__Não acredito que ele fez isso__ resmunguei zangada__ ele me odeia.
__Calma Demi por favor__ Joe pediu__ ele quer te dar um susto, é só isso, acha que isso vai fazer você mudar de ideia.
__Eu não vou desistir__ prometi__ ele está enganado se pensa que vou voltar pra casa correndo como um cachorrinho com o rabo entre as pernas, eu vou mostrar a ele do que sou capaz.
__Isso, é assim que se fala__ ele sorriu satisfeito__ o semestre está quase acabando, vamos nos formar e as coisas vão se ajeitar você vai ver. Eu vou te ajudar a estudar pras provas finais, e te ajudar com a sua peça também, eu tenho tempo agora.
__Continuo me sentindo mal por ter estragado a sua chance, você esta me ajudando tanto.
__Não se preocupe, vou pedir meu emprego de volta pro Max se ele ainda me aceitar, e vou achar outra coisa pra fazer, a faculdade pode esperar um pouco mais.
__Não sei o que eu faria sem você__ sorri e o abracei.
__Vai dar certo__ ele garantiu__ vamos mostrar pro seu pai que você é capaz, ele vai entender.
__Tomara que esteja certo.
Então esse era o plano, me esforçar ao máximo pra terminar o colegial e me formar, continuar ensaiando pra peça e mostrar pro meu pai que meu sonho não era uma besteira, eu precisava ser forte, não ia desistir fácil. Ele ia precisar fazer mais se quisesse me ver desistir.

Joseph Narrando



Eu pedi meu emprego na lanchonete de volta pro Max, ele me aceitou sem fazer perguntas, sempre sorrindo e disposto a ajudar, mas me expliquei a ele mesmo assim. Ele ficou triste por mim, por ter perdido a bolsa, e disse que se precisasse de alguma, tanto eu quanto Demi só precisamos pedir e ele faria na hora. O dinheiro que eu ganhara com as aulas particulares faria falta, mas seria como antes e eu já tinha bastante dinheiro guardado no banco, eu nunca fui de esbanjar e se precisasse podia vender meu carro, eu não tinha problema em andar de ônibus, só não queria fazer isso pois fora um presente do Max e era importante pra mim.
Eu e Demi fomos a escola no dia seguinte, ela deixara seu carro na casa do pai então fomos no meu e as coisas estavam um pouco estranhas, ela estava triste e eu não gostava de vê-la assim, o sorriso dela me fazia falta. A tarde ela foi pro seu ensaio como sempre e eu fui trabalhar. A mãe da Demi apareceu por lá quando estava anoitecendo, disse que conversou com Patrick mas nada o fazia mudar de ideia, ele estava completamente irritado e fora de si. Ela disse que se precisássemos de alguma coisa poderíamos falar com ela e ela faria possível pra resolver sem envolver o marido e me agradeceu por cuidar da filha, mas eu fazia com gosto. Demi era a coisa mais importante que eu tinha agora

A noite estudamos um pouco pras provas que se aproximavam, ela tinha mais facilidade em entender a matéria mas aquele dia foi difícil de manter a concentração, ela se distraia muito fácil e perdia a paciência consigo mesma, mas levei numa boa, ela precisava de tempo. Depois ela me pediu que passasse o texto da peça com ela, e ensaiamos juntos as falas. Eu era o Lucas, o par romântico dela, e ela a Mel, uma doce e pobre dançarina. Também não foi muito fácil dizer as falas, não pela doença dela, mas pelo conteúdo do texto, não dava pra deixar de notar a semelhança da história com a vida real, só que nossos papéis eram trocados.
__Eu sabia que não daria certo__ ela disse me olhando fixamente__ sabia que eles não me aceitariam, somos diferentes demais.
__Não me importa o que eles pensam__ respondi__ são um bando de hipócritas Mel, o que importa é que te amo.
A cena que ensaiávamos acontecia depois que Mel conhecia os pais de Lucas e... Não acabava bem.
__Viu o jeito que seu pai me olhou? Como se eu tivesse algum tipo de doença contagiosa... Talvez ele esteja certo, talvez deva encontrar alguém da sua classe social, alguém do seu nível.
__Não me compare com ele Mel, essas coisas não me importam, você sabe que não. Eu te amo pelo que você é, tenha dinheiro ou não, ele vai entender... Ele tem que entender que te amo e que vou ficar com você custe o que custar.
__Ele vai deserdar você.

__Dinheiro nenhum no mundo pode pagar ou substituir o que sinto por você... Será que não entende isso?
A cena a seguir seria de um beijo, mas ela ficou parada me encarando com os olhos cheios de água, ela queria chorar mais estava lutando contra isso. Desviou os olhos dos meus envergonhada.
__Obrigada por ensaiar comigo__ ela deu um meio sorriso.
__É um prazer__ respondi__ quer continuar ou quer comer alguma coisa?
__Eu vou... Vou tomar um banho e já te encontro na cozinha__ ela disse.
__Tudo bem, eu te espero lá.
Dei um beijo na sua bochecha e sai do quarto pra deixá-la em paz um momento. Ela era mais forte do que eu pensava, eu podia ver isso agora, quando a conheci não imaginei que ela fosse capaz de desafiar o pai ou abrir dos luxos que tinha pelo seu sonho, ou por mim, mas era óbvio que eu estava enganado, ela me surpreendia cada dia mais.

Demetria Narrando



Não achei que fosse aguentar tantos dias, achei que aquilo passaria logo, mas estava errada, três semanas se passaram e meu pai não mudou de ideia, nem ao menos tentou falar comigo de novo, ele não se importava. Minha mãe me ligou todos os dias, e veio algumas vezes me ver, trouxe mais algumas coisas minhas que deixei na mansão e implorou que eu pedisse desculpas ao meu pai, mas eu não podia fazer o que ela queria, eu tinha que aguentar firme.
Fizemos as provas finais na escola, o resultado sairia em alguns dias e nos formaríamos... Também faltava pouco pra estréia da peça, pouco mais de um mês, eu tinha melhorado minha dança, ainda tinha que lutar contra algumas dificuldade, mas estava sobrevivendo, viver com Joe não era tão ruim, agente se divertia junto e apesar de a casa ser pequena era aconchegante, eu gostava de estar com ele, de ajudar, ele fazia tanto por mim. Estudava de manhã, trabalhava a tarde e a noite me ajudava, el não tinha tempo pra descanso e embora ele dissesse que não se importava eu sabia que ele estava triste por perder a bolsa e em nenhum momento consegui deixar de me sentir culpada por estragar o futuro brilhante dele. As coisas deviam ter sido diferentes.
Eu o ajudei na lanchonete, foi estranho trabalhar, e meus amigos da escola que passavam por lá me zoaram por isso, mas não me importei com o que eles pensavam, estava ocupada demais pensando num jeito de concertar tudo isso sem prejudicar mais ninguém.

CONTINUA..
6 COMENTARIOS PARA O PROXIMO

15 comentários:

Espero que tenham gostado do capítulo :*