Mini - Fic AMBITIOUS - Capítulo Catorze - Último

TUDO Em sua casa era pavoroso. Feio e vulgar, uma louvação ao dinheiro. Que nada significava quando a casa estava vazia de tudo, menos daquela arte horrível. Estivera tentando esquecer por cinco dias. Eram duas da madrugada e ele estava quase bêbado, mas não conseguia esquecer. 
Ela o assombrava. Sua cama era fria, o coração gelado. Um frio que o atingia no fundo de si mesmo. Nenhuma noite na rua tinha sido tão horrível. Nenhuma humilhação na cama de uma mulher que desprezava, o deixara tão nauseado. Perder Demi revelou que tudo o que havia feito de sua vida, era uma fachada falsa. Não mudara, ainda era aquele menino apavorado que não tinha nada nem ninguém O dinheiro não mudara isso e não mudaria. 
A única coisa que poderia mudar seria ele mesmo, e até pensar a respeito o apavorava. Porque, caso se abrisse, poderia se lembrar. Poderia ter que lidar com toda a força de seus sentimentos, os mesmos sentimentos que bloqueara pelos últimos 12 anos. Para evitar a dor. Mas sem a dor, jamais seria o que era. Sem emoção, jamais teria alegria. 
Olhou em torno, para todas as coisas feias e malditas penduradas em sua parede. Sobre pedestais. Um ambiente de riqueza e luxo que não significava nada. Odiava tudo. O que representava. O tipo de homem em que havia se tornado. Vendera a alma por mármore e gesso, por telas e pinturas. Por dinheiro. E agora estava vazio por dentro, enquanto sua casa e sua conta bancária estavam cheias. De nada. Uma péssima transação comercial. Sem Demi, o que tudo aquilo valia? 
Deixou-se cair de joelhos, a dor o cegando. Abaixou a cabeça e comprimiu as palmas sobre os olhos. E sentiu tudo o invadir. A escuridão, a vergonha, o ódio. Por si mesmo, pelas mulheres que o haviam usado. 
Mas existia um ponto de luz em sua mente. Um raio de sol: Demi. Estendia a mão para ele, oferecendo-se para puxá-lo para cima, libertá-lo. E ele a havia afastado. Maldição, tinha expulsado a própria salvação. 
* * * 
Demi saiu do banheiro do escritório e deitou a cabeça na escrivaninha. As cólicas que sentira o dia todo, agora estavam explicadas pela chegada da menstruação. O que era ótimo, já que significava que não estava grávida. No entanto, não se sentia nem um pouco feliz. Apenas confirmava que seu relacionamento com Joe, tinha terminado. Não haveria nenhum laço entre eles. Nenhuma evidência do tempo que passaram juntos. Exceto, talvez, por seu GPS para Barrows. Se o negócio desse certo. Contudo, havia mais. Ele lhe mostrara que ela podia ser ela mesma, que podia ter orgulho da geek que era, de seu sucesso como mulher de negócios. Seria sempre grata a ele por isso. 
Tinha sucesso exatamente por ser quem era, por seu entusiasmo, inteligência e criatividade. Por ser diferente das pessoas normais, comuns, por ter se destacado da multidão e construído um império tecnológico e financeiro. Joe a havia ajudado a ver tudo aquilo, a se sentir orgulhosa de si mesma. E nunca mais se esconderia nem fingiria ser o que não era. 
Seu interfone tocou e a voz de Thad surgiu. 
— Demi, ele está a caminho. 
Demi ergueu os olhos, quando Joe entrou em seu escritório. 
— O que está fazendo aqui? 
Não fizera a barba. Ela nunca o vira assim 
— Tive notícias de Barrows. 
— E? 
— Eles fecharam contrato com Hamlin. 
— Ah. — Não conseguia acreditar. — Não é possível que o tenham escolhido, depois daquela exibição barata sobre valores familiares. E seu produto é tão inferior ao nosso. 
— Eu ameacei a vida do homem diante de todos eles, nossas chances não eram boas. 
— Nosso GPS era melhor. — Resolvi abrir logo o jogo. — E não estou grávida. Achei que precisava saber, já que nossa associação chegou ao fim completamente. 
— Não está grávida? — A expressão era estranha, velada. 
— Não. Não espero o herdeiro de seu império tecnológico. Lamento. 
— Demi. 
— E ainda não consigo acreditar que escolheram Hamlin! Nós vencemos. Nós vencemos. O nosso produto era muito melhor. 
— Isso não importa mais, eles o escolheram. — Começou a andar de um lado para o outro. — A culpa é sua, sabia? 
— Minha culpa? Como pode ter sido minha culpa? Foi você que estragou a apresentação! 
— Porque ele a insultou. E não pude impedir. Perdi o controle e isso nunca me aconteceu. Foi você. Você é a única coisa diferente. Você me mudou. E não consigo voltar a ser o que era antes. Seis dias, Demi, seis dias e não consigo comer, não consigo dormir. Não penso em mais nada a não ser em você. Sinto que meu coração saiu do peito e está andando em torno de mim. Sabe como é horrível esta sensação? 
— Sim, sei por que é assim que me sinto. Como se meu coração estivesse fora do meu corpo, e você... Você é o meu coração. Quando foi embora, levou-o com você. É tudo é horrível. Não me importo com o GPS, com o negócio, Joe, tudo o que quero é você. 
Ele andou até a escrivaninha, puxou-a para seus braços e a beijou com força, com desespero. Quando ela se afastou e olhou nos olhos dele, viu que estava tudo lá. Finalmente. 
A emoção emanava dele, a paixão. E não havia controle. Beijou-a de novo com tudo o que havia nele, tudo o que escondera dela. Demi sabia que era tudo o que existia escondido, nos últimos 34 anos da vida de Joe. 
Quando se separaram, nenhum deles conseguiu recuperar o fôlego. Ele passou o polegar pelo rosto dela, limpou as lágrimas, que ela nem percebera que estava derramando. 
— Você estava certa sobre mim. Fui um covarde. Aprendi cedo que quanto mais precisa, mais tiram de você. Quanto mais se importa, mais poder dá a outras pessoas. Tive que me obrigar a parar de sentir, quando fiz as escolhas que fiz para conseguir suportar. E quando acabou tinha medo, que se começasse a sentir de novo, precisaria enfrentar o horror total do que eu havia me tornado, para continuar com a minha vida. 
— Você faz parecer que foi tudo por capricho. Joe, você estava lutando para sobreviver. Para ter alimento e abrigo. Coisas que tive a vida inteira, sem nem pensar a respeito. 
— Eu sei. Mas não muda o fato de que destruiu alguma coisa em mim O modo como encarava o sexo. O modo como via relacionamentos. Não apenas que tinha dificuldade em ligar sexo a emoções, mas que me parecia uma impossibilidade. Esforcei-me tanto para separar meu corpo dos meus desejos, de minhas emoções, que achei que jamais conseguiria uni-los de novo. E não queria, porque a dor seria grande demais, o custo alto demais. Mas enfrentei, Demi. Olhei para as áreas mais sombrias de mim mesmo e vi a dor, a destruição. — Beijou-lhe o canto da boca. — E então lá estava você. Pensei que podia atender aos desejos do meu corpo e manter minhas emoções separadas. Não consegui, não levei você em consideração. Você e sua alegria. Sua inocência, seu entusiasmo. É tudo o que foi tirado de mim. Você me trouxe tudo de volta. Você me mostrou uma parte da vida que nunca tive, e quero me agarrar a ela, a você, para sempre. 
— Você, Joe. Você me fez orgulhosa de quem sou, me fez me sentir especial. Menos...  Menos quando me deixou. Aquilo doeu, partiu meu coração. 
— Partiu o meu também Demi, e nem sabia que tinha um coração para ser partido. Foi uma descoberta chocante. Ainda mais chocante foi você me fazer querer sentir. Pensei que se chegasse a certa posição na vida, nada poderia me atingir, me ferir. Não haveria mais vergonha ou medo, mas tudo estava sempre lá. O dinheiro, as coisas não consertaram nada. Tinha bilhões de dólares e continuava com medo de dormir ao relento, porque poderia sentir frio. Mas você me fez enfrentar meu medo, você e os sentimentos que tenho por você. A resposta nunca esteve no dinheiro, no status. Essas coisas não me mudaram. 
— Também não me mudaram 
— Não. O que me mudou foi você. Amar você. Você me tornou inteiro de novo. E se puder me ter. Um homem que esteve onde estive, que fez o que fiz, se puder me amar, então realmente poderei esquecer tudo. Se puder me perdoar, então também poderei. 
Ela o beijou com força, com tudo o que era. 
— Não há nada a perdoar. Nada em sua vida me faz sentir envergonhada de você. Estou orgulhosa. Orgulhosa de conhecer você, de amar você. Por sua causa estou até mesmo orgulhosa de mim mesma. 
— Amo você Demi. Nunca senti esta emoção, nunca disse estas palavras. 
— Estou honrada por ser sua primeira amante. Seu primeiro amor. Oh, e tenho uma coisa para você. — Abriu uma gaveta, tirou uma pasta, a que ele lhe dera, e a entregou. — Para você. Para fazer o que quiser com ela. 
Ele levou a pasta para o picador de papéis, então voltou para ela. 
— Que tal isto? 
— Espero que não esteja planejando me comprar de novo. 
— Não. Mas nunca vou tentar destruir a Anfalas, porque você preenche um espaço que a Datasphere não consegue. O mundo precisa de você, de sua criatividade e paixão. Exatamente como eu. 
— Esta é a coisa mais doce que alguém já me disse. 
— Você merecia ouvir a muito tempo. 
— Prefiro assim, que você tenha sido a pessoa a dizer. Você é a primeira pessoa que me faz sentir que vale a pena ser quem eu sou. A primeira a me fazer sentir que não há nada de errado comigo. 
— Seus pais. Aquele garoto da sua escola. Queriam que você fosse uma flor de jardim, Demi. Queriam colocá-la num lugar onde poderiam compreendê-la e manipulá-la. Você, porém, é alguma coisa muito mais linda e rara. E eles não a viam pelo que é, o que é problema deles. Sentiam-se ameaçados por sua força, por uma beleza que não pode ser domada. É um crime que aquelas pessoas tenham lhe roubado as cores, que a tenham feito sentir que precisava esconder o que é. Que foi feita para brilhar. 
— Está vendo, você diz essas coisas e eu acredito. 
— Que bom que acredita. Talvez não possamos mostrar um ao outro o que pensamos um do outro. Mas podemos continuar a dizer. 
— Não tenho problemas com isso. — Parou, uma ideia surgindo. — Ei, Joe, o que acha de uma sociedade? 
— Em quê? 
— Já pensou em expandir seus negócios para a indústria automobilística? 
— Indústria automobilística? 
— Nosso maravilhoso GPS precisa de carros para ser instalado. Parece um negócio bem legal. E a página JulErro tem 50 mil afiliados agora. Assim parece que podemos fazer um bom negócio. 
Demi se soltou e com grandes gestos e olhos brilhantes, enquanto Joe apenas a observava enlevado, explicou com detalhes como transformariam um sonho em realidade. A emoção explodiu em Joe e ele a aceitou, abraçando completamente o amor que tinha pela mulher diante dele. Então a puxou para seus braços. 
— Adoro quando fica excitada sobre um projeto. 
— Não o estou entediando? 
— Nunca. Você me faz sentir que a vida é uma grande aventura. 
— Quem, eu? Não pareço exatamente uma geek? 
Ele a beijou. 
— Demi Lovato, você parece perfeita para mim. E nunca será nada menos do que perfeita, porque você é você. 

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Aguardem que ainda tem o Epilogo em. Comentem que eu posto hoje mesmo. Espero que gostem meninas :)

5 comentários:

  1. Comentando ao som de Neon Lights vindo da sala haha'
    Quero o Epílogo :3
    Beijos~

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  2. Que momento fofo. Nao acredito que ja acabou a mini fic. Posta logo o epilogo..

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  3. Ai, que lindo!!!!!

    Posta o epílogo, por favor??????????

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  4. Ameeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiii..postaaaaaaaaaaaaaaaaaaa logoooooooooooooooooooooooooooooooooo pleaseeeeeeeeee

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  5. Posta logo o epílogo por favor

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Espero que tenham gostado do capítulo :*