A qualquer minuto agora! Esse foi o pensamento de Demi enquanto o Arcadia seguia com a proa apontada para o cabo de St. Valere. Esperara por isso. Mesmo assim, concedeu-se um momento para admirar o enorme iate de seu patrão, o senhor Bartlett, enquanto a embarcação de recreio formava uma cauda de espuma branca nas águas azuis do Mediterrâneo.
Seria um grande problema quando esse emprego temporário terminasse... Se é que trabalhar como governanta da Villa Jolie Fleur pudesse ser chamada de “emprego”. Essa oferta fora um presente dos deuses, embora o fim de seu contrato pendesse no horizonte como uma grande nuvem negra.
E bem nesse instante, observava uma nuvem carregada de chuva se aproximar de verdade.
No dia anterior, a assistente de seu patrão telefonara para Demi do iate.
Parecendo tensa e exasperada, a mulher a alertara que um hóspede inesperado ficaria na Villa, e não no iate.
Logo Demi descobrira por quê. A visita ilustre do patrão que estava para chegar e que não gostava da vida no mar. Demi achara graça, pensando em enjoo marítimo.
Porém a verdade era mais complicada.
O bilionário negociante de arte, Joseph Jonas, não podia ficar confinado no oceano em um iate cheio de outros convidados. Esperava-se que tirasse algumas semanas de completo descanso e privacidade, dissera a funcionária, porém seu tom de voz revelara mais para Demi do que suas palavras. Imaginara então o que a esperava, pois já tivera que lidar com hóspedes complicados e difíceis.
Joseph Jonas sem dúvida era um homem obstinado, que deixava seus empregados loucos. Era, segundo dissera a outra, "o homem mais bonito que costumava aparecer nas revistas!", porém Demi sabia que era preciso mais do que beleza para manter um empresário no topo.
Fazer faxina em escritórios no centro de Londres â ensinara há compreender um pouco o lado brutal do mundo dos negócios. Portanto, quando a outra acrescentara alguns mexericos, Demi ouvira com reservas, não acreditando em tudo. A mulher dissera que esse homem recentemente assumira a empresa do pai e despedira quase todos os funcionários. E, como se isso já não fosse ruim o suficiente, ela acrescentara em voz baixa que eram todos seus tios, tias e primos!
Que tipo de pessoa mandava embora os próprios parentes? Nem mesmo a mãe de Demi fizera tal coisa! Lembrou-se da vida que abandonara com alegria alguns meses antes. Trabalhar para a mãe fora um inferno. A senhora Lovato era uma perfeccionista. As duas, mãe e filha, que formavam a Lovato & Cia, haviam obtido a reputação de fornecerem serviço doméstico rápido e discreto em qualquer ponto do centro de Londres. A senhora Lovato dava as ordens. Demi fora a parte "& Cia" do negócio. A ela cabia todo o trabalho pesado.
Mas agora estou no comando da minha vida!
Pensando assim, apesar do nervosismo, permitiu-se sorrir de leve enquanto aguardava para saudar o famoso hóspede.
Por pior que fosse, Joseph Jonas não podia ser mais tirano que sua mãe.
Demi sempre mantinha Jolie Fleur impecável, portanto essa visita inesperada não lhe daria trabalho. Qual a pior coisa que um homem exigente poderia fazer? Providenciar para que fosse despedida? De qualquer modo, só lhe restavam algumas semanas de contrato nesse cargo. Ele podia ser uma bomba prestes a detonar, mas Demi confiava totalmente na própria capacidade. Sabia que, se trabalhasse com afinco e se mantivesse longe dele, não haveria razão para ele perder a paciência... Pelo menos não com ela.
Um homem que despede os próprios parentes não hesitará em me dar um pontapé, e não estou pronta para partir! Seu aguçado senso de autopreservação a fizera sobreviver até esse momento. Agora que escapara da Inglaterra, estava curiosa para ver até onde chegaria.
Um helicóptero surgiu nos céus. Certamente acabara de pegar o hóspede no iate para trazê-lo á terra. Michelle protegeu os olhos com a mão.
Era sempre excitante ver um helicóptero sobrevoar o céu azul como se fosse uma gaivota graciosa. Ficou tanto tempo olhando para o alto que quase se esqueceu de que precisava recepcionar o visitante. Deu a volta até a entrada da Villa, examinando tudo com seus olhos experientes. Os vidros nas janelas reluziam. Dentro da casa tudo estava pronto.
O proprietário do bufê e o jardineiro eram os únicos que permaneciam na época de férias, mas não estavam presentes no momento.
Com um gesto nervoso, Michelle verificou as próprias unhas e o uniforme. Tudo limpo, como sempre. Manter-se ocupada era a maneira de lidar com o mundo. Sem nada com que se preocupar, pensou no que faria quando o hóspede inesperado aterrissasse.
Vou recebê-lo com um sorriso e um cumprimento leve de cabeça, pensou. Depois vou apertar sua mão, dizer que toque a campainha se precisar de alguma coisa, e desaparecerei.
Não parecia muito difícil. Demi adorava esse emprego porque tinha muito tempo
livre.
As pessoas em geral á deixavam nervosa. A perspectiva de conhecer um homem que quase nunca era fotografado duas vezes com o mesmo modelo... Fosse uma mulher ou carro... Á apavorava.
O barulho do helicóptero aumentou. Demi sentia as mãos suadas. Distraída, passou-as sobre o tecido preto da saia do uniforme, mas logo parou. Uma anfitriã francesa educada nunca faria isso!
Talvez tenha sorte e ele fique a maior parte do tempo na cidade, pensou, tentando desesperadamente ficar à vontade. Nesse caso, será um homem que gosta da noite, então mal o verei. Fazer com que passe um tempo tranquilo aqui será o suficiente.
Todas as portas e janelas da Villa estavam escancaradas, permitindo que uma brisa suave penetrasse nos cômodos. Demi se postou no seu lugar em frente à porta principal da residência já aberta, e esperou o helicóptero descer no heliporto.
Esperou e esperou, mas ele não desceu. Continuava no ar. Algo estava errado.
Gaston, o piloto, em geral estava sempre ansioso para retornar ao jogo de pôquer no iate, e não costumava demorar a aterrissar. Muitas sebes e flores haviam sido amassadas por causa disso, quando ele resolvia descer no gramado.
Demi presumiu que era um novo piloto nesse dia. Gaston nunca demoraria tanto.
Entretanto, quando o helicóptero fez uma volta brusca e circundou a casa, procurando a melhor posição para descer, ela viu de relance o rosto do piloto era o velho e bom Gaston... Mas, diante de sua expressão furiosa, um perfeccionista o instruía na arte de aterrissar.
Quando por fim o helicóptero desceu, estava perfeitamente alinhado com a letra "H" em branco, pintada no gramado central de Jolie Fleur. O barulho era ensurdecedor.
Enquanto Demi tentava pôr em ordem os cabelos despenteados pela ventania causada pelo movimento furioso das hélices, o desastre aconteceu. A porta em frente à qual se encostava bateu com força, prendendo a saia de seu uniforme.
Ela deu um puxão frenético para se libertar, mas foi em vão.
Desesperada, esperando por um milagre, girou a maçaneta, mas a porta não cedeu.
Seu anjo da guarda devia estar de folga nesse dia.
O coração de Demi batia desordenadamente. O que faria agora?
Acenar pedindo socorro para a figura alta que nesse instante saía do helicóptero?
Pedir socorro a um hóspede, quando deveria ser o exemplo da eficiência? Alguém que dava aulas para um piloto experiente não devia ter paciência com empregadas estabanadas que cometiam erros ou deixavam as saias prender em portas.
Com gesto frenético, Demi tentou puxar o tecido devagarzinho pela fenda da porta, mas nada conseguiu. A alternativa era se livrar tirando a saia. Mas isso não era uma opção. Uma governanta descuidada era uma coisa. Uma governanta seminua era outra coisa, imperdoável... E inesquecível.
Sentiu-se a vítima pronta para um sacrifício humano.
Joseph Jonas estava de pé no gramado de costas para ela, enquanto aguardava que suas malas de grife fossem retiradas do helicóptero. Demi observou, sentindo a pele queimar de vergonha. Longos e agonizantes segundos se passaram. Ficou tensa, pronta a dar milhões de explicações.
Segurando uma pasta e um laptop, o hóspede deixou Gastou para lidar com outras coisas. Marchou em direção á casa, cobrindo a distância com passadas gigantescas.
Não era um senhor idoso como Demi esperara, porém pensar que um homem tão jovem já fosse uma figura obrigatória nos jornais piorava ainda mais sua situação.
Ele pegou um caminho mais longo em meio a canteiros de tomilho e erva-cidreira, aumentando a agonia de Demi. A natureza ao redor parecia não influenciar esse homem nem relaxá-lo. Ele era muito centrado.
Sem olhar para a direita nem para a esquerda, a fim de observar o panorama, rumou diretamente para a porta principal da casa.
Se Demi não estivesse tão nervosa, teria admirado sua beleza máscula. As ondas naturais nos cabelos negros, os olhos castanhos e inteligentes.
Porém, estava muda de vergonha. Com as mãos nas costas, continuou a tentar puxar a saia. Não deu certo.
Quanto mais o visitante se aproximava, mas ansiosa ela ficava. Sentia os dedos dormentes de tanto puxar. Os pulsos também. E estava tão quente. Parecia uma borboleta se debatendo contra a vidraça de uma janela. Estava encurralada. E, como se isso não fosse suficientemente ruim, começava a perceber por que esse visitante em particular não se enquadrava no iate do senhor Bartlett. O iate fora projetado para férias e diversão.
Joseph Jonas parecia não conhecer o significado dessas palavras. Apesar do calor, usava um terno muito elegante e caro, e uma camisa feita à mão.
Suas únicas concessões para o clima do Mediterrâneo eram ã calça e o paletó de linho cor de marfim, o botão do colarinho aberto e a gravata cor de vinho que guardara no bolso.
Demi engoliu em seco. Dessa vez, as boas-vindas que ensaiara não iriam ser ditas.
Continua ...
Espero que gostem amores, o capítulo dois já está programado no blog, sai na quinta as 8:00 horas.
Beijos
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Scor já to amando
ResponderExcluirQue babado
Quero mais scoorrr
Ameeeei
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Xoxo
Heeeeeeeeeeeeeeeey to adorando já
ResponderExcluirEu já pronto para fazer cirurgia no coração kkkkk
ResponderExcluirArrasou u.u
ResponderExcluirEstou ansiosa para chegar amanhã ❤️
Está tudo perfeito ❤️❤️❤️❤️
To ansiosa para saber o que a demi vai fazer kkk...
beijos !!