Capítulo 2 – O trato


Eu fazia a ronda na cidade como de costume, todas as noites a mesma chatice. Meu pai me pagaria algum dia por me obrigar a isso, e o Kevin também, por incentivar... Até que tudo parecia calmo, pra uma noite como essa! Geralmente a rua ficava cheia de pessoas, bêbados imbecis e crianças que não tem o que fazer. Mais assim era melhor, eu poderia voltar pra casa mais rápido. Então algo esbarrou em mim... Uma mulher, saída do nada, ela me encarou por um segundo com ódio transparecendo em sua face. Então desapareceu... Eu olhei pros lados confuso, então ouvi um grito agonizante vindo da noite escura... Eu corri na direção do som e vi um homem jogado no chão, ele estava morto. Então eu resolvi que chamar o meu pai era o melhor, ele saberia o que fazer.

_Vampiro_ ele afirmou depois de uma rápida analisada no copo do homem.
_Vampiros? Tem certeza?_ eu perguntei intrigado.
_Ta vendo a marca no pescoço? Dentes de vampiro.
_Vampiro não_ eu discordei_ vampira.
_Você a viu?
_Ela esbarrou em mim e depois sumiu como um fantasma.
_Se você a visse de novo acha que reconheceria?_ ele perguntou parecendo mais animado.
_Sim, eu nunca ia esquecer aquele rosto.
_Ótimo, vamos fazer uma visita às sanguessugas hoje, vamos mostrar aquelas criaturas desprezíveis que com os lobisomens não se brinca.
_Se eles são assim tão desprezíveis então porque fazemos negócios com eles?
_Pelo dinheiro Joe, tem pessoas que preferem à proteção deles a nossa, e tem outras que preferem favores de nós dois, não pergunte por que, mais é um negocio lucrativo.

_Porque pessoas precisariam da proteção de um bando de monstros?
_Nós não somos monstros Joe...
_Claro que não, nós somos a evolução, o futuro_ eu ironizei as antigas palavras dele.
_Depois nós discutimos sobre como você se odeia, agora não é hora pra isso, nós temos um assunto pra resolver.
_Ta bem, o que nós vamos fazer na casa dos sanguessugas?
_Vamos queimar a desgraçada que fez isso_ ele sorriu_ eles quebraram nosso trato, agora vão ter que pagar. Vai ser um show incrível, você vai adorar.
_Queimar? Isso é mesmo necessário? Quer dizer...
_Filho, uma vez você me perguntou por que eu acho os vampiros desprezíveis, os odeio tanto e como eles são. Bom ta ai o porque_ ele apontou pro defunto_ e você vai saber hoje como eles são e onde moram.
_Ta bem_ eu concordei_ Vamos nessa então.

Narrado pela Demi

Eu cheguei em casa desesperada, empurrei o portão com toda a força que pude ignorando a cara que os dois seguranças na porta fizeram quando me viram e corri pro meu quarto. Me ajoelhei no chão, o desespero foi tomando conta, eu não conseguia acreditar na besteira que havia feito. Não demorou muito pra que minha mãe aparecesse no quarto preocupada, ela se ajoelhou na minha frente e me abraçou.

_Demi querida o que houve?_ ela perguntou preocupada.
_Eu o matei_ foi só o que consegui dizer.
_Matou? Quem?_ ela insistiu.
_Eu o matei, eu o matei.
A Selena apareceu dentro do quarto como um furacão.
_Qual o problema dela?
_Chama o Marcus_ ela ordenou.
_Mas...
_AGORA_ ela gritou e a Selena sumiu pela porta. 

Ela continuou tentando me acalmar e descobrir o que houve até que o meu pai entrou feito um louco pela porta e se abaixou ao nosso lado.

_Demi fala comigo, o que houve?
_Eu o matei.
_Ela não responde, só fica repetindo isso o tempo todo, faz alguma coisa_ minha mãe começou a se desesperar.

Ele segurou meus braços com força, me obrigando a olhá-lo nos olhos, e voltou a me perguntar o que houve. É o meu pai, eu pensei, posso confiar nele, eu forcei minha voz a sair e expliquei a ele tudo que houve, a agonia voltou quando a imagem daquele homem veio a minha mente.

_Era um lobisomem_ ele disse, sua voz estava nervosa, preocupada.
_O que?_ eu me espantei.
_Droga Demi, esse homem que você descreveu. Em quem você esbarrou... É um lobisomem, você acabou de quebrar o nosso trato, agora eles vão vir até nós e vão querer vingança.
_Eu... Eu sinto muito... Eu...
Ele percebeu meu desespero aumentar ao perceber que arrumei problemas pra família_ Ta tudo bem, até o mais forte de nós comete erros, só vá se limpar e se recompor_ ele levantou_ vamos ter visitas.
_Eles vão vir aqui?
_E é bom você estar pronta pra explicar o que houve_ ele me encarou e em seguida saiu do quarto.
_Mãe... Ele vai vir aqui?_ a agonia aumentou mais quando pensei que teria que sentir seu cheiro outra vez.
_Vai, e é bom você se controlar, ou vamos ter uma guerra aqui. 
_Eu sou um monstro.
_Não querida, nós não somos monstros, pare com isso.
_Eu matei uma pessoa_ eu a olhei indignada.
_Você não queria fazer.
_Mas fiz, eu sou uma assassina, e ainda trouxe problemas pra família, eu queria sumir.
_Para com isso_ ela ordenou_ levanta desse chão, vá se limpar, se recompor e se preparar pra encarar a situação de frente. Todos cometem erros, não seria diferente com você.
_Diz isso porque é minha mãe_ eu acusei.
_Não, eu digo pois já estive em seu lugar. Ande, não temos a noite toda, se arrume.
_Ta bem.
_Ótimo_ ela se levantou e saiu do quarto, me deixando sozinha.

A Selena veio em seguida, entrou no quarto e me ajudou a me recompor enquanto eu repetia o que havia acontecido pra ela. Quando estava pronta, fui até o salão, mas meu pai não me deixou entrar, pediu que eu esperasse do lado de fora até que ele me chamasse. Todos estavam me olhando torto, principalmente minha irmãzinha, Taylor, que não me suporta e adora quando tem uma oportunidade de me esculachar, que não são muitas. Mas dessa vez o seu olhar maldoso doeu como nunca antes, desta vez ela estava certa.

Narrado pelo Joe

Depois de limparmos a sujeira no beco pra que nenhum humano visse, chamamos mais alguns lobisomens pra nos acompanhar até a fortaleza dos vampiros. Era um enorme castelo, antigo, porém muito bonito. No portão, esperando por nós haviam dois vampiros, eles nos acompanharam até um enorme salão, tinha vampiros pra todo lado, era extremamente desconfortável. Sentado em uma enorme poltrona no fundo da sala estava o que parecia ser o líder deles e parado atrás dele havia uma mulher que tinha uma mão pousada sobre o ombro dele, sua expressão era de preocupação.

_Marcus _ meu pai disse.
_Paul_ ele fez um gesto com a cabeça.
_Bom, vamos direto ao assunto. Um dos seus matou um humano, quebrou nosso trato, eu quero a cabeça dela_ meu pai deu um sorriso convencido.
_Acho que precisamos conversar primeiro, o que houve foi um acidente, um mal entendido.
_Não, eu entendi muito bem, vocês são todos uns monstros desprezíveis e eu não quero ouvir suas desculpas.
_Por favor, apenas ouça_ a mulher ao lado dele pediu com sua expressão martirizada.
Meu pai suspirou_ Tudo bem, vamos ver qual é a desculpa_ ele concordou.
_Obrigada, ela vai explicar o que houve.

Ele virou o rosto pro lado na direção de uma porta e fez um gesto com a mão, convidando alguém a entrar. Ela foi andando calmamente e parou ao lado dele, estava usando uma enorme capa preta com um capuz que cobria seu rosto.

_Explique a eles o que aconteceu filha_ Marcus ordenou.

Meu pai ergueu a sobrancelha ao ouvi-lo chamá-la de filha, como se ele já a conhecesse, soubesse quem é antes mesmo de ver seu rosto. Ele fez uma careta e sacudiu a cabeça negativamente, o problema parecia maior do que eu pensava. Ele com certeza não havia me contado toda a história, meu pai tinha esse pequeno problema, omitir detalhes que não considere de vital importância que você saiba, irritante.

5 comentários:

Espero que tenham gostado do capítulo :*