Capítulo 4 – Michael Payne


Era noite, eu estava sentada no quintal olhando as estrelas quando o Nick apareceu com uma expressão meio preocupada... Minha paz estava prestes a acabar.

_Marcus quer te ver_ ele disse.
_O que ele quer?_ eu perguntei preocupada com a expressão em seu rosto.
_Vem comigo e veja você mesma_ ele pediu.
Eu poderia entrar na mente dele e descobrir qual era o problema, mas eu sabia que não ia gostar de saber seja lá o que for que estava preocupando ele.
_Ta bem_ eu levantei.

Nós corremos até o escritório do meu pai e eu parei antes que ele abrisse a porta.

_Ele ta ai não ta?_ eu perguntei.
_Você o viu?
_Não, mais eu posso sentir o cheiro a distancia_ eu afirmei.
_Você consegue_ ele encorajou.
_Eu sei que sim_ eu respirei uma ultima vez e prendi a respiração.

Engoli minha covardia e entrei na sala.

Narrado pelo Joe

Nós estávamos esperando, Marcus se recusou a acertar qualquer detalhe que fosse antes que sua filha chegasse. Eu estava estranhamente impaciente e curioso. Qual o motivo de tudo isso? Por que não acabar logo com essa agonia? Pra que tanto segredo? Eu tinha uma enorme vontade de sair correndo dali, tudo era desagradável, estava me sufocando. Então a porta abriu, o Nick e ela entraram e pararam cada um de um lado do Marcus. Ela me encarou.

_Mandou me chamar?_ ela perguntou.
_Sim querida, preciso que me faça um favor_ ele disse.

Ela estava tão encantadora como na noite passada, usando seu short, sua bota e uma regata azul escura. Seus cabelos estavam soltos, jogados pelos ombros e ela também usava luvas.

_Que favor?
_Lembra do acordo que mencionei?
_Lembro_ ela afirmou.
_E você lembra da cobrança que eu mandei você fazer ontem?
_Michael Payne.
_Exatamente, o acordo foi que metade do dinheiro seria dos cavalheiros ali_ ele apontou pra nós.
_E o que o senhor quer que eu faça?
_Eu quero que você termine o que começou ontem.
_Tudo bem, eu trago o dinheiro.
_Mas tem um porém_ ele disse.
_O que foi?
_Eu quero supervisionar a operação_ meu pai respondeu.
_Você quer ir junto?_ ela ergueu a sobrancelha.
_Não, mais vou enviar um dos meus... Eu não confio em você_ ele afirmou.
_Parece justo_ ela concordou.
_Você não se incomoda?_ Marcus perguntou.
_Contanto que não me atrapalhe... Eu não vou parar pra esperar ninguém_ ela disse.
_Não se preocupe_ meu pai sorriu_ Nós também temos nossos truques.
_Ótimo_ ela sorriu de volta.
_Então quem vai ser?_ Marcus perguntou.
_Meu filho Joe.
_Como é?_ Nós dois perguntamos ao mesmo tempo.
_Você ta brincando né?_ Marcus perguntou.
_Não, meu filho é o único em quem eu confio pra esse trabalho_ ele afirmou.

_Pai talvez... _ eu tentei argumentar mais ele não deixou.
_Quieto Joe, é você e ponto. É o acordo, eu escolho quem eu quizer.
_Você não sabe o que esta fazendo_ Marcus disse zangado.
_Meu filho sabe se cuidar.
_Eu não estou preocupado com seu filho, a vida dele não me importa assim como a de minha filha também não vale nada pra você, eu só não quero que ela sinta dor_ ele cuspiu as palavras.
_Tudo bem_ ela interveio antes que uma briga começasse_ eu faço, ta tudo bem.
_Filha...
_Fui eu que comecei, e eu vou terminar_ ela garantiu_ Não vai ser ele que vai me impedir de fazer meu trabalho.
_Você tem certeza?

Ela afirmou com a cabeça então andou na nossa direção e parou entre mim e o meu pai. Ela virou o rosto pra ele.

_Eu não vou te dar esse gostinho_ ela disse_ Vou provar que você esta errado.
_Veremos_ ele disse.
_Espera pra ver_ ela falou e saiu da sala.

Eu a segui pra fora do escritório, do lado de fora estava a vampira que conversava com ela ontem, ela tinha uma enorme capa e um pacote na mão.

_Boa sorte amiga_ ela deu a capa pra ela.
_Hora de fazer o caloteiro pagar_ ela pegou a capa e colocou.
_Você vai ficar bem?_ ela lançou um rápido olhar na minha direção.
_Eu vou sobreviver_ ela pegou o pacote e continuou andando.

Ela não parou até estarmos do lado de fora, ela se virou e falou comigo pela primeira vez.

_Você consegue me acompanhar?
_Claro, só preciso de um minuto_ eu garanti.

Narrado pela Demi

Ele se enfiou entre as árvores e desapareceu, uns segundos depois eu ouvi um som vindo daquela direção e então ele estava de volta, porém transformado. Era um lobo enorme, com os pelos de um marrom bem escuro, seus olhos negros me encararam.

_Legal_ eu sorri e ele uivou pra mim.

Então eu comecei a correr, o vento batendo no meu rosto ajudou a me acalmar. Ele corria muito rápido, quase tão rápido quanto eu. Eu não o vi, mais podia ouvir o som leve dos seus passos atrás de mim. Eles estavam brincando comigo, testando meu autocontrole e eu não tinha certeza se era tão bom assim, eu não sabia se queria resistir, não sabia se valia à pena toda essa agonia que eu sentia. Eu espantei os pensamentos da minha cabeça, eu precisava me concentrar na missão, quanto mais rápido eu fizesse isso, mais rápido eu poderia ir pra casa e ficar longe do seu delicioso cheiro. Eu parei quando chegamos perto da loja, ainda no meio das arvores, ele apareceu um pouco depois, na sua forma humana, ajeitando os cabelos bagunçados.

Narrado pelo Joe

_Você corre bem rápido_ eu disse.
Ela tacou o pacote que levava com ela na minha mão_ Veste isso.
_Pra que?
_Você não vai entrar lá vestido desse jeito.
_Desculpa se eu não sou tão chique quanto você_ eu zombei.
_Veste logo_ ela ordenou impaciente.
_Ta, não precisa estressar.

Eu abri o pacote, tinha uma capa preta enorme igual a que ela estava usando, eu vesti.

_Satisfeita?
_Esta melhor.
_Não faz o meu estilo, mais... Pelo menos estamos combinando_ eu brinquei.
_Isso não é uma coisa pra se comemorar_ ela disse áspera.
_Tem razão, por que eu ia querer parecer com uma sanguessuga?_ eu disse irritado pela sua grosseria.
_É, porque você gostaria de ser um monstro nojento? Nem eu gosto de ser assim_ ela falou, sua voz estava entristecida.
Por essa eu não esperava, porque ela diria algo assim? Eu fiquei sem saber o que dizer, o que pensar, sua resposta me pegou de surpresa. Bom, mais isso não importava, ela era uma sanguessuga como todos os outros... Um monstro... Um monstro encantador... Mais um monstro.

_Anda, não temos a noite toda_ ela disse interrompendo meus pensamentos.
_Vamos_ eu concordei.

Ela colocou o capuz e eu fiz o mesmo. Nós andamos pela rua vazia e silenciosa até a loja de Michael Payne, a porta era de vidro e ele estava parado de frente pra nós com a cabeça baixa, fechando a loja. Ela bateu na porta.

_Estamos fechados_ ele disse sem olhar pra cima.
Ela bateu de novo.
_Eu já disse que estamos... _ ele parou de falar quando nos viu_ Fe... Chados.

Ele foi se afastando da porta sem tirar os olhos de nós, ele ficou assustado ao ver duas figuras de preto paradas em sua porta. “Estamos fechados” ele repetiu. Ela perdeu a paciência e deu um chute com força na porta, fazendo o vidro se quebrar. Nós entramos pelo buraco que ficou.

_Vão embora_ ele gritou.
_Depois que você pagar o que deve_ ela disse.
_Eu não sei do que você ta falando_ ele gaguejou.
Ela abaixou o capuz e ele quase teve um troço ao olhar nos olhos dela_ Olha aqui, eu não to pra brincadeira, paga logo o que você deve e nós vamos embora.
Eu abaixei o capuz também_ É melhor fazer o que ela manda.
_Você não é um deles_ ele disse ao notar a diferença entre nós dois_ Quem é você?
_Ele é meu cãozinho de estimação_ ela sorriu_ e se você não obedecer eu solto ele em cima de você.
_Não importa quem eu sou_ eu ignorei a piadinha dela_ mais eu não sou tão amigável quanto pareço. Então paga logo antes que eu perca a paciência.
_Tudo bem_ ele disse.

Ele deu a volta na mesa e deu as costas pra nós, pegando alguma coisa dentro de uma gaveta. Ele se virou com um movimento rápido e tacou alguma coisa na direção dela. Quando eu olhei, ela estava segurando uma faca na mão pela lamina que estava a apenas alguns centímetros de seu rosto.

_Essa era minha luva favorita_ ela disse observando o corte na luva.
_Meu Deus_ ele arregalou os olhos.

Ele foi chegando pra trás até parar na parede, não tinha pra onde correr. Ela pegou a faca pela ponta e tacou de volta, ela ficou presa na parede, um centímetro de distancia do rosto dele.

_Eu to perdendo a paciência_ ela falou_ da próxima vez eu taco pra matar.
_Tudo bem, tudo bem, eu pago_ ele implorou_ não me machuca.
_Anda logo_ ela ordenou.

Ele pegou uma maleta e colocou sobre a mesa.

_Ta tudo ai_ ele afirmou.
_É melhor conferir_ eu disse_ não confio nele.
_Ta tudo aqui_ ela disse.
_Como você sabe?_ eu perguntei curioso.
_Eu sou mais confiável que sua matemática, acredite_ ela pegou a maleta_ agora vamos.

Nós saímos da loja e paramos no meio das árvores. Ela se virou pra mim.

_Anda, se transforma pra gente poder ir_ ela mandou.
_Você não vai me dizer como tem tanta certeza que esse dinheiro ta certo?
_Eu não te devo satisfações, agora anda logo_ sua voz estava áspera, fria como gelo.
_Olha eu sei que nós não somos os melhores amigos do mundo, nem nascemos pra nos dar bem, mais você não precisa ser tão ignorante, eu tenho direito de saber_ eu acusei.
_Olha aqui vira-lata, o meu problema com você não é por você ser um lobisomem, eu nem sei o motivo da briga entre nossas famílias.
_Então por quê?
_Por que eu quero ir pra minha casa logo e ficar o mais longe possível de você e do seu cheiro insuportavelmente tentador_ ela disse rapidamente_ por que assim é melhor, e por que eu não quero te matar. Agora será que nós podemos ir?
_Claro_ eu tirei a capa e entreguei a ela.

Me transformei e nós corremos de volta a fortaleza dos vampiros. Quando chegamos estavam todos parados no lugar onde deixamos, um silencio mortal.

_Aqui esta_ ela pôs a maleta na mesa.
_Perfeito, obrigada filha_ ele agradeceu.
_Eu posso ir?_ ela pediu.
_Claro.

Ela se virou e saiu da sala sem me olhar. Marcus dividiu o dinheiro e entregou a metade ao meu pai. Então nós fomos embora pra casa.

Um comentário:

Espero que tenham gostado do capítulo :*