My Guardian Angel Capítulo 2

Debora: Demetria, venha fazer o jantar, agora, que eu estou cansada!!!

Demi: Já vou mãe –Eu realmente não estou afim de discutir com ela hoje e apesar de tudo, eu a amo...

Debora: Eu disse AGORA Demetria! –Ela apareceu na porta do meu quarto, furiosa, e eu percebi que o pior estava por vir...- 

Demi:Eu já tava indo mãe, só estava terminando de arrumar meu quarto –Eu direcionei meu olhar para o dela com muito medo quando os dois se encontraram eu comecei a andar pra trás. Ela parecia com muita raiva para descontar, normalmente, a noite os meus pais já haviam discutido durante o dia, então os dois estavam mais bravos.

Debora: Além de não arrumar a casa direito, não ajudar com almoço ainda é lerda Demetria, assim não da né? –Ela falou mexendo em seu cabelo negro nervosamente.

Demi: Por favor, mãe, não me bate eu juro que eu já estava descendo pra fazer a comi... – Não deu tempo de terminar, eu só senti a forte pancada de sua mão que não era leve em meu rosto, e depois outra e outra, me fazendo baixar a cabeça para tentar me defender. Isso ia deixar uns roxos beeem grandes amanhã.

Debora: Eu estou pouco me fodendo pro que você estava fazendo, na hora que eu chamar é pra você me obedecer e descer na hora Demetria, ESTA ME OUVINDO??

Demi: Para mãe por favor não me bate mais – Dizia, eu estava aos prantos, mas não adiantava falar , ela não parava de me bater –Mãe, por favor, as pessoas vão notar isso –Olhei para ela, e por alguns segundos ela parou de me bater como se estivesse pensando o que faria a seguir.

Eu achei que ela ia parar por hoje e deixar o resto da surra para o papai, como ela sempre faz,  mas este sentimento se dissipou e eu percebi isso em seus olhos quando comecei a andar para trás, com medo, me afastando.

Debora: VOLTA AQUI DEMETRIA, EU AINDA NÃO ACABEI –Ela começou a tirar o cinto de couro preto, que estava usando, e esse era mais um motivo para que eu preferisse apanhar depois de jantar: Ela já estaria de pijama e provavelmente menos irritada com meu pai, pois teria tomado um banho longo.

Demi: NÃO MÃE, sério, não, por favor, eu imploro –Acho que a essa hora, já estava ajoelhada em frente dela, humilhada. Minha mãe nem mesmo olhava em meus olhos, eu não tinha escolha.

Debora: Demi, tira a camisa –Ela falou com uma voz calma, detendo a raiva em seu interior por algum tempo. Só o suficiente para que eu retirasse minha camiseta e aparecessem várias cicatrizes: nos braços, costelas e coluna, principalmente. Marcas de surras com cintos, chinelos, tapas, chutes e queimaduras. Além de algumas cicatrizes de cortes. –De costas! –Ela ordenou com uma voz áspera, mas calma.

Eu virei e me surpreendi, em vez de começar a me bater direto, ela parou e observou meu corpo, com... Raiva do que via, então eu me perguntava: Por que ela olhava as cicatrizes com este olhar, não era pena nem compaixão, então eu me senti momentaneamente mais fraca do que de costume e veio a primeira pancada. Eu urrei de dor, os cortes começaram a se abrir, lentamente. Senti o sangue escorrendo por minha coluna, até o cós da minha calça.

Depois de seis golpes contados, ela parou, pegou uma toalha no banheiro, umedeceu e entregou na minha mão.

-Obrigada –Falei com um pouco de dificuldade, ela pareceu não ligar.

Debora:Desça para fazer o jantar em quinze minutos –Minha mãe estava muito mais calma e parecia não ligar para sua filha que estava atirada em cima de sua cama com uma superficial camada de sangue em sua coluna –Não me faça subir aqui de novo! –Sua voz agora estava fria como gelo. Eu não podia continuar naquela casa mais uma noite!!!

Desci as escadas com a falta de humor habitual. A casa estava bem arrumada, os moveis escuros, escondiam algumas marcas que existem, quando temos visitas. Eu até achava o ambiente agradável enquanto os meus pais não chegavam, era uma casa linda com uma família nem tão linda. Fiz a janta, só macarrão com atum. Lavei a louça até deixá-la brilhante e subi para o meu quarto. Não ouvi meus pais discutindo, provavelmente não teria mais visitantes no meu quarto hoje. Aproveitei para pensar na minha vida e fiz uma relação de coisas que eu gostaria de mudar:

- Queria pais que me amassem ou pelo menos fingissem algum sentimento por mim;

Acho que no fim é isso que eu realmente quero, continuei

- Queria amigos para todas as horas;

Essa é uma coisa que sinto muita falta, não ter ninguém é difícil aos 16. Tipo, você se sente um ET quando esta com outras pessoas quando o normal é uma adolescente sair, ir a festas, namorar...

- Queria que os meus pais não me agredissem tanto;

Tudo bem um pouco, mas todo dia, toda hora, por qualquer motivo. Fora que não me relaciono com ninguém só por causa disso

- Queria amar alguém que me amasse;

Eu tenho lagrimas nos olhos, embora não tenha escutado nada lá em baixo, eu simplesmente não podia continuar naquela casa e deixar todos meus sonhos e vontades morrerem simplesmente porque meus pais não me querem como nada além de uma empregada fixa e uma pessoa em quem eles podem descontar a sua raiva. Comecei a arrumar uma mochila com duas mudas de roupa, alguns objetos de higiene pessoal e um pouco de dinheiro.

Esperei todo mundo ir dormir, então saí pela janela do meu quarto, desci por uma “escada” de plantas e quando cheguei ao chão saí correndo em direção a parada de ônibus que ficava na esquina da minha rua, mas antes...

* Continua

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