Capítulo 11


Pela primeira vez na vida, Joseph Jonas se deu conta de que estava errado. Achara que Demi ia usar a gravidez para ter acesso a ele e se tornar uma presença constante em sua vida como tantas outras mulheres já haviam feito no passado, mas não foi isso o que aconteceu, embora ela tivesse uma razão muito mais forte para fazê-lo do que qualquer uma delas. Dois bebês. Dois bebês que deviam nascer dali a algumas poucas semanas, de acordo com o calendário pendurado em sua cozinha. 
Joe terminou de dar o nó na gravata de seda e se olhou no espelho. Seus olhos estavam nebulosos e não havia um sorriso em seu rosto. Lá fora, uma Nova York coberta de neve se preparava para as festas de fim de ano como nenhuma outra cidade era capaz de fazer. 
A árvore de Natal gigante no Rockefeller Center brilhava com luzes coloridas. O rinque de patinação estava lotado. As vitrines das lojas exibiam imagens extraídas de antigos livros infantis. Qual seria o jogo de Demi, afinal? Joe tinha esperado que ela retirasse a enorme quantia que ele havia depositado para ela imediatamente, mas errara. 
Tinha aguardado  notícias  regulares  de  sua parte a respeito da gravidez, numa tentativa de envolvê-lo no processo todo com um excesso de detalhes, mas errara outra vez. 
Ela não havia retirado nem um centavo sequer da sua conta e a única notícia efetiva que havia obtido sobre a gravidez tinham sido as ultrassonografias que ela lhe enviara. 
As imagens haviam chegado num envelope de papel pardo onde se podia ler: "Particular e Confidencial". Joe passara muito tempo olhando para elas. 
Ele estava acostumado a avaliar imagens. A ver algo crescer a partir de um projeto e se transformar em algo real, mas aquilo era completamente diferente. 
No início, seus olhos inexperientes mal conseguiram distinguir os elementos do ultrassom. Com o tempo, porém, as imagens foram ficando cada vez mais claras. Mesmo assim, ainda era difícil acreditar na importância daquilo que ele estava vendo. Aquelas formas minúsculas como girinos eram realmente as de seres humanos em potencial? 
Apesar de toda sua determinação em não pensar naquilo, ele sentiu um misto de deslumbramento e dor, e num impulso raro pegou o telefone e ligou para Demi, na Inglaterra. 
— Alô? — Sua voz parecia hesitante. 
— Sou eu, Joe. Eu sei que é você, pensou Demi, respirando fundo. 
— Olá, Joe. 
Aquela não foi exatamente a recepção mais entusiasmada do mundo. 
Joe fitou o céu de Nova York, apertando os lábios. 
— Liguei para saber como você está. Atenha-se aos fatos, disse Demi a si mesma. 
Apenas os fatos — isso é tudo o que ele quer. 
— Oh, os médicos estão satisfeitos com meu progresso. A gravidez está exatamente dentro do esperado, e os bebês... — Como era estranho discutir coisas tão íntimas com um homem que havia se transformado quase num estranho. — Os bebês estão bem pelo que eles podem ver nas ultrassonografias. Você recebeu as imagens que eu lhe enviei? 
Apesar de sua determinação de não esboçar qualquer reação, Joe sentiu o coração acelerar. Ouvi-la dizer a palavra "bebês" daquele jeito suave, com seu sotaque inglês, fez tudo parecer assustadoramente real, embora ridiculamente distante. 
— Recebi. O que você vai fazer no Natal? 
Demi havia dito a si mesma para não esperar nada dele, mas não conseguira controlar um rasgo de esperança. Sabia que se lhe dissesse a verdade — que pretendia se encher de chocolate e assistir a filmes até adormecer — acabaria parecendo uma pobre vítima à espera que seu príncipe encantado viesse salvá-la montado num cavalo branco. 
Bem, Joe não era um príncipe encantado, e nem ela, uma vítima. 
— Oh, eu tenho estado muito preguiçosa — disse ela, tentando parecer o mais satisfeita possível. — E você? 
Ele pensou em todas as festas para as quais havia sido convidado e nas pessoas que estariam presentes, especialmente nas mulheres ávidas por agradá-lo e ir para a cama com ele. Nas matronas da Park Avenue, tão ansiosas por casar suas filhas com um bom partido. Sua atenção, porém, voltou-se completamente para a voz satisfeita de Demi. Aquela não era a resposta que ele havia esperado. Não deveria haver uma nota melancólica em sua voz devido a um desejo de que as coisas tivessem se desenrolado de uma maneira diferente entre eles? Como se tudo o que ela realmente quisesse, naquele momento, fosse se aninhar a ele em frente à lareira? 
— Oh, as festas de sempre — disse ele. — Na verdade, fui convidado a mais festas do que posso realmente comparecer, sabe como é. 
Ela não sabia, mas Joe não tinha ciência disso, nem ela queria que ele soubesse o quanto ela estava isolada de tudo e de todos. Aquela talvez fosse a maneira que a natureza havia encontrado de assegurar que ela tivesse todo o repouso de que necessitava. 
Demi tinha sido bem-aceita no seu curso pré-natal, apesar de ser a única mãe solteira do grupo. Gerava muita curiosidade pelo fato de estar esperando gêmeos, mas um instinto de proteção a fizera desviar sucessivamente das perguntas mais íntimas. 
O que ela poderia lhes dizer? Eu me apaixonei por um bilionário grego e, depois que nós terminamos, descobri que estava grávida? 
— Há algo mais que você queira me dizer, Joe? Eu realmente tenho que desligar. 
Joe estreitou os olhos. 
— Você está sozinha? 
— Como? 
— Está acompanhada de um homem, por acaso? 
Demi agarrou o fone. Se não estivesse tão estupefata com seu atrevimento, ela teria rido de sua arrogância. 
— Não sei se você já viu uma mulher nos últimos meses de uma gravidez de gêmeos — disse ela. — Eu devia até ficar lisonjeada por você me considerar atraente para conquistar um homem nessas condições, se isso fosse da sua conta, mas o fato é que não é. Eu sou uma mulher livre, Joe. Você não tem qualquer direito sobre mim. Agora, se isso é tudo, eu vou desligar. — Ela respirou fundo. — Oh, e não se preocupe. Eu lhe enviarei uma mensagem para avisar quando será o parto. Adeus. 
Joe ainda levou algum tempo para compreender que ela realmente havia cumprido sua ameaça de dar fim à conversa e processar tudo o que ela havia lhe dito — que ele não tinha nenhum direito sobre ela, com a impaciência típica de uma mulher que queria se ver livre de um homem. 
Ele nunca a havia ouvido falar daquela maneira antes. Ela iria "enviar uma mensagem" avisando sobre o nascimento dos bebês? Mensagem! 
Desde quando se tratava desse tipo de notícia de uma maneira tão casual?  
Ele trabalhou até tarde e depois foi a um jantar, somente porque o lugar ficava a uma esquina de seu escritório. A festa era numa cobertura toda iluminada por velas e decorada com flores brancas perfumadas. Havia uma árvore de Natal preta toda enfeitada de branco no centro. Tudo combinando. A festa mais parecia um set de filmagem, ou o cenário de um anúncio retratando a vida dos milionários. 
Um pianista tocava num piano de cauda branco e a anfitriã, recém-divorciada e suficientemente jovem para considerar Joe uma possibilidade concreta, usava um vestido branco e brilhante colado a cada uma das curvas sensuais de seu corpo. 
— Olá, Joseph — disse ela. — Você está tão exausto que eu poderia mandá-lo diretamente para a cama. — Depois, baixando o tom de voz, prosseguiu: — E se você tiver muita sorte, talvez eu vá lhe fazer companhia. 
— Eu já estava indo embora—disse ele abruptamente. 
— Oh! Ela pousou as unhas pintadas sobre seu terno quando ele recusou uma taça de champanhe. 
Joe imaginou aquelas unhas tocando sua pele nua e estremeceu de repugnância, perguntando-se por que tinha ido até lá. Para esquecer o fato de que ele em breve seria pai e ninguém sabia disso. Era tudo tão bizarro que ele mesmo estava tendo dificuldade em acreditar. 
A mensagem chegou no meio da noite, um dia depois do Natal. Dizia simplesmente: 
— Em trabalho de parto. Avisarei sobre o que acontecer.

2 comentários:

  1. Eitaaaaaaaaaaaaa poderia ter outro cap a noite mas td bem. Ele já ta se incomodando c a frieza dela BEM FEITO. Ta maravilhoso posta mais

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  2. kkk...Demi sambou na cara dele !!
    bem feito kkkk...
    espero que tudo esteja indo bem com a Demi em trabalho de parto.
    enfim...pelo menos o Joe se preocupou.
    tá lindoooo
    beijosss

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Espero que tenham gostado do capítulo :*