Capítulo 4


Seus caminhos jamais deveriam ter se cruzado. 
Garotas normais como Demi não costumavam esbarrar em bilionários da alta sociedade como Joe JonasDemi, porém, trabalhava como aeromoça para uma pequena linha aérea particular altamente exclusiva, através da qual entrava em contato com o tipo de pessoas sobre as quais os meros mortais apenas liam nos jornais. 
A companhia aérea Evolo tinha sua sede perto de Londres e transportava clientes extremamente ricos pelo mundo a preços astronômicos. O salário de Demi era mais alto do que o que ela poderia receber em qualquer outra companhia aérea, mas, em compensação, ela precisava estar sempre disponível, sendo avisada com muito pouca antecedência e, acima de tudo, tinha de ser discreta. Estrelas do rock, atores de Hollywood, reis e rainhas e até mesmo milionários normais frequentavam os voos regados a champanhe que haviam tido início com uma piloto loira e ambiciosa chamada Vanessa Gilmour. 
Toda vez que havia um vôo agendado, Vanessa passava a lista dos passageiros para Demi. Certo dia, ela recebeu uma dessas listas em que constava um nome que ela não reconheceu. Um nome muito bonito. 
— Quem é esse? 
— Joseph Jonas? — Vanessa fez uma careta. — Você não lê os jornais? 
— Às vezes. — Demi ajeitou o cabelo sob o quepe do uniforme e sorriu. — Mas prefiro livros. 
— Ele é arquiteto — explicou Vanessa, com um gesto impaciente. — Ou melhor, starquitetocomo a imprensa gosta de chamá-lo. Um grego que mora em Nova York. Está projetando um novo banco perto da London Bridge. Eu o conheci numa festa e o convenci de que a Evolo podia responder às suas necessidades. É a primeira vez que ele voa conosco e eu não quero que seja a última. Portanto seja amável com ele, mas não demais, está bem? 
Demi percebeu o tom de advertência na voz de sua chefe, mas achava que aquilo era desnecessário. Ela sabia muito bem que era proibido namorar qualquer um dos usuários do serviço. 
— Como ele é? — perguntou educadamente já que, como parte da tripulação, ela deveria conhecer os gostos dos passageiros. 
Houve uma pausa. 
— Difícil — admitiu Vanessa suavemente. — Muito difícil. 
Seus olhos brilharam então de uma maneira que Demi nunca havia visto antes e sua voz se transformou num quase sussurro. 
— E absolutamente deslumbrante. 
Se difícil tinha sido um eufemismo, deslumbrante certamente o fora também, pensou Demi quando o encontrou mais tarde, naquele mesmo dia. Ela ficou impressionada tanto com o imenso carisma daquele homem, quanto com sua encantadora aparência. Se alguém lhe tivesse pedido para escolher o homem mais atraente do mundo, ela certamente teria escolhido Joseph Jonas. Alto, moreno, indecentemente bonito e com certa frieza irresistível. 
O grego era lacônico até quase beirar a rudeza e funcionava na velocidade da luz. A equipe que o seguia tinha de praticamente correr para manter o passo com o dele. Demi notou também que todas as mulheres que trabalhavam no prédio haviam inventado algum pretexto para vir dar uma olhada nele. Seu trabalho, porém, não incluía desmaiar aos pés dos fregueses. Tinha de manter uma atitude cortês e respeitosa. Ela não tentou puxar nenhum assunto, restringindo-se apenas a atender os seus pedidos e responder gentilmente as suas perguntas. 
Ele começou a usar a Evolo regularmente para suas viagens pela Europa, por conta de seus trabalhos pelo mundo afora. Demi tentava não ficar muito excitada com sua presença, mas aquilo era praticamente impossível. Algo começou a se impor entre eles, como uma espécie de química à qual era impossível fugir, por mais que ela tentasse. 
Os olhos negros de Joe se estreitavam pensativamente sempre que ele a via, e o coração de Demi saltava dentro do peito cada vez que ele a presenteava com um de seus raros sorrisos. Ela, porém, se forçava a lembrar das palavras de Vanessa quanto à discrição e aos limites impostos pela empresa e rapidamente se afastava dele. 
Mesmo que não fosse proibido namorar os passageiros, será que ela era o tipo de mulher que interessaria a Joe? 
Mas sua aparente falta de interesse parecia estar inflamando Joe. Ele fazia de tudo para puxar assunto com ela, fazendo-a correr o risco de ser descortês se não correspondesse. 
— O que você vai fazer depois de aterrissarmos? — perguntou ele, certa vez, numa noite estrelada, quando o avião pousou em Madri. 
— Vou dormir cedo — respondeu ela. 
— Ah! 
Seus olhos negros brilharam ao achar que finalmente compreendia sua inexplicável resolução de não flertar com ele. 
Primeiro ficou decepcionado, mas depois se sentiu impelido pelo sabor do desafio — não havia rival que não pudesse ser facilmente vencido quando Joe queria alguma coisa. 
— E quem é o homem de sorte? Demi se sentiu corar. 
— Sr. Jonas! 
— Nepreciosao que foi? 
Por que ele a havia chamado assim? Aquilo não queria dizer "querida" ou algo parecido em grego? 
— Isso é tudo? 
— Ochi — disse ele, ao perceber que ela ficara ruborizada... algo raro numa mulher hoje em dia. 
 Não. Eu quero que você jante comigo. Aliás, exijo. 
Tudo talvez acabasse mais rápido se ela tivesse aceitado aquele convite. Demi, porém, fez algo que poucas mulheres faziam — disse não a ele. 
Um homem que tinha tudo na vida, sempre desejava o que não podia ter, e Joe desejava Demi. Ele a desejou como não desejava mulher alguma há anos, e foi forçado a persegui-la, algo completamente estranho para ele. Mesmo quando chegara a Nova York, com apenas 18 anos, sem nenhum refinamento, as mulheres já se lançavam avidamente em seus braços. 
— Que mal pode fazer um jantar? — provocou Joe na vez seguinte em que eles voaram juntos. 
Já era fim de tarde quando o avião começou a aterrissar no aeroporto de Paris. O céu estava lindamente tingido por um pôr-do-sol incandescente. 
— Não se preocupe. — Sua voz aveludada mostrava certa ironia. — Você já me rejeitou o suficiente para me impressionar, preciosaAgora que já deixou clara sua boa reputação, não há razão alguma para não desfrutarmos da companhia um do outro. 
Aquilo soou insuportavelmente tentador. Demi ajeitou o seu uniforme. 
— Eu não devo me envolver com os fregueses, Sr. Jonas — disse ela. 
— Quem disse? 
— A minha chefe. 
— Vanessa? — perguntou ele, apertando os olhos. 
— Isso mesmo. 
Ele assentiu, parecendo satisfeito. 
— Vanessa tem seus próprios compromissos __ disse ele lentamente. — E eu não estou propondo que andemos de mãos dadas ao pôr-do-sol — acrescentou ele com sarcasmo. — Só achei que Paris não era uma cidade em que se devia estar sozinho. Pensei que seria agradável ter um pouco de companhia. Hum? O que pode haver de errado nisso? 
Os olhos negros brilhavam, questionadores. Lá no fundo do seu coração, Demi sabia que ele não estava sendo sincero. Suspeitava de que tivesse um caderninho com os telefones de belas mulheres disponíveis em todas as cidades do mundo. Ela já havia conseguido conter seus sentimentos por ele por muito tempo, mas agora estava se sentindo completamente indefesa contra o poder do charme de Joe. 
— Só jantar? — perguntou ela arfante. 
— Se é só isso o que você quer — respondeu Joe, com um sorriso negligente. 
Não fora "só" um jantar, é claro. Como seria possível não deixar que um homem como Joe a beijasse depois de ter ansiado por isso desde a primeira vez em que pusera os olhos nele? Sua batalha passara a ser então mais contra si mesma do que contra ele. Sua noção do que era certo ou errado competindo com os sentimentos do seu coração e os desejos do seu corpo. 
Ela perdera a batalha e terminara a noite com ele, na cama, é claro. Joe era um homem viril e poderoso que jamais se satisfaria com um beijo casto ao final de um primeiro encontro, e, pela primeira vez em sua vida, ela também não. 
Demi nunca havia se sentido tão fisicamente vulnerável às carícias de um homem quanto se sentira com Joe. Ela se odiou por ter capitulado tão rápido naquela noite, mas simplesmente não pôde se conter. A necessidade de seu corpo faminto se sobrepôs a tudo, silenciando a voz no fundo de sua mente, que se perguntava constantemente se ele a respeitaria depois daquilo. 
— Ninguém do trabalho pode saber — fora a sua única e urgente objeção quando a mão dele começou o seu inevitável passeio pela parte interna de sua coxa. 
— E por que deveriam? — disse ele ofegante, tirando-lhe a calcinha com um gemido de deleite. 
— Porque... oh... oh... JoePorque as pessoas... — Ela fechou os olhos e engoliu em seco. — Porque as pessoas comentam — conseguiu ela finalmente sussurrar. 
— Então nós não lhes daremos nada para tecer comentários — assegurou ele, com voz macia, enquanto os dedos avançavam implacáveis sobre sua carne excitada, sentindo-a ceder lenta e gradativamente a ele. — Ninguém vai saber de nada. Nós vamos manter isso em segredo, será o nosso segredinho... 
Mas manter aquilo em segredo não era errado? Não significava que ele queria esconder seu envolvimento com ela de todos como algo furtivo de que ele se envergonhava? 
Demi tentou se afastar, mas o abraço dele era por demais envolvente e a suave carícia da ponta de seus dedos excessivamente intensa. 
— Joe? — tentou ela ainda uma última vez. 
— Ochi — disse ele ferozmente. — Não diga nada! Não faça nada além de permanecer aqui em meus braços. Você sabe que é isso o que nós dois queremos! 
Ele a beijou intensamente, fazendo com que ela se rendesse, afinal. 
Mesmo no auge do seu primeiro orgasmo, porém, Demi sentiu uma pontada de dor no coração. Teve a sensação de que aquela rendição poderia ser o seu fim, e que ela estava se arriscando a perder tudo, principalmente o seu coração. Um homem como Joe não tinha lugar em sua vida, mas a simples idéia de um futuro sem ele, depois de ter provado todos os prazeres que ele lhe proporcionara, lhe parecia desoladora. Se já sabia de tudo isso desde o início, por que então ela não o detivera? Por que se deixara tragar por algo fadado a fracassar já de antemão? Porque a natureza era assim. Fazia as pessoas desejarem o inalcançável. 
Demi despertou de seu devaneio e olhou para o luxo que a cercava. Ela se abaixou para pegar um dos sapatos que havia descartado quando tirara a roupa para o seu amante grego e suspirou. Não adiantava ficar remoendo o acontecido. 
Ela não podia fazer nada para mudar o passado, mas podia, isso sim, cuidar do seu presente. 
O presente, porém, não era muito reconfortante. 
Lá estava ela, na suíte de Joe, prestes a sair com ele para um jantar ao qual nenhum dos dois queria realmente ir. Depois disso, ele viajaria para Nova York, e ela não sabia quando o veria novamente. 
— Demi? 
A voz sedosa, de sotaque grego, flutuou no ar. Demi aproveitou o fato de ter de afivelar seus sapatos para se recompor e poder olhar para ele. Seus olhos negros pareciam duas pedras preciosas incrustadas em seu rosto de pele cor de oliva. O coração de Demi se encheu de amor e desejo. Se ao menos ele não fosse tão lindo... 
Ela tirou uma escova da bolsa e começou a pentear os cabelos desgrenhados depois da batalha de amor com Joe. 
— Sim, Joe? — perguntou ela tranqüilamente. 
Ele gostava de vê-la pentear os cabelos. Da primeira vez em que ela os soltara para ele, Joe havia lhe dito que eles eram da cor do mel da Grécia, mais escuro e mais saboroso do que qualquer outro no mundo. 
— O carro está esperando lá embaixo, preciosa— Seus olhos se estreitaram, olhando-a interrogativamente. — Ainda quer ir comer? 
O que ele faria se ela lhe dissesse a verdade — que o que realmente queria era saber o que ele sentia por ela? Se ele estava realmente se cansando dela ou se aquilo era apenas fruto de sua imaginação hiperativa. 
Algo em seu íntimo, porém, lhe dizia que um homem como Joe desprezaria uma mulher que precisasse daquele tipo de garantias. 
— Comer? Achei que você não fosse perguntar nunca — disse ela casualmente, virando a cabeça de modo que seu cabelo recém-escovado caísse como uma cortina perfumada em torno de suas bochechas coradas. 
Ela conseguiu até lhe lançar um olhar zombeteiro. 
— Eu não sei por que, mas fiquei com um enorme apetite! 
Joe fez um meneio de cabeça quase imperceptível ao ajudá-la a vestir o casaco, observando-lhe os movimentos sinuosos para colocá-lo. Demi havia usado um tom exato de distância e indiferença para responder a ele, mas sua serenidade aparente estava fazendo o desejo de Joe acender outra vez. Um nervo saltou em sua têmpora ao perceber que queria puxá-la de volta para si e tomá-la nos braços. 
Dar um fim àquilo ia ser bem mais difícil do que ele havia imaginado. 

Continua ...
Amores me desculpem por esses dois dias sem capítulo. Não tinha programado nenhum capítulo pro blog e eu estava sem tempo. Por isso deixei um capítulo bem grande para vocês. Espero que gostem ;)

4 comentários:

  1. aaaah gostei, gosteiii
    ja pode postar o proximoo

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  2. adoreiiiii tudo !!
    esses dois...Joe é bem do tipo que destrói corações kkkk...está lindo !!
    posta logoo
    beijos

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  3. Aí meu Deus,demi já apaixonada e Joe em duvida,gosto assim,demi esnobando um pouco e eu acho que ela tem que lidar um pouquinho nele para depois ceder hahaha,To amando

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Espero que tenham gostado do capítulo :*