Capítulo 20 Maratona


Prazer era tudo em que Joe pensara nesse dia. A notícia da gravidez de Demi acabara com tal pensamento, focalizando-o na necessidade de legitimar a criança.   
Esse era seu dever. Então, onde entrava o prazer agora?  
A resposta era Demi. A curva de seu pescoço, as ondulações de seus cabelos... Tudo nela clamava pelo toque de Joe. Quando ela se deixara cair na poltrona, toda vulnerável e pálida, ele soubera que não precisava mais se conter.  
Segurá-la nos braços do modo como fazia nesse momento parecia ser a coisa mais natural do mundo.  
Tentou beijá-la com vagar, mas seu desejo por ela estivera sufocado durante meses.   
Mal podia ser contido agora. O corpo de Demi tremia sob seus dedos.  
Fazia tanto tempo... Tempo demais. Podia senti-la queimando de paixão por baixo do tecido leve de algodão do top que usava. Era maravilhoso.  
Cobriu seu rosto com beijos, arrancando gemidos de satisfação, enquanto Demi fechava os olhos, usufruindo do momento. O problema de ser famoso era que a pessoa se tornava desconfiada. Cada vez que uma mulher sorria para Joe ou tentava se aproximar, ele ficava desconfiado. Culpava os pais por isso, por causa de seu comportamento egoísta, libertino e fútil quando ele ainda fora criança. Com frequência, no passado as pessoas se aproximavam dele na esperança de aparecer nos jornais. Se forem mulheres, queriam ter um romance ou algo assim, apenas para se promover. Mas Joe conseguia derrubar todos os seus esquemas. Tivera sucesso em reparar o prejuízo que a imagem de sua mãe, pai e demais parentes provocara na House of Jonas. Agora Demi entrara em sua vida, tudo bem, mas não tiraria sua paz de espírito. Ficaria com ela... Mas sob suas próprias condições. Casando-se com Demi asseguraria o futuro de seu filho, e os dois fariam sexo sem envolvimentos emocionais.   
Romance era coisa de adolescente.  
Porém, sexo era para adultos como eles dois. Sorriu enquanto continuava a beijá-la.  
Sussurrou ao seu ouvido:  
— Já lhe disse que não me canso de olhá-la desde o instante em que desci daquele helicóptero?  
— Não. Diga agora...  
Era a voz de uma estranha, tão rouca e sensual, que Demi mal pôde acreditar que fora ela mesma quem falara.  
Joe ficou muito excitado. Demi estava se revelando uma verdadeira mulher.  
Ela era sua. Não havia dúvidas a esse respeito. Por alguns segundos, permitiu-se se concentrar totalmente nas sensações que percorriam seu corpo musculoso.  
Nada mais importava para ele. O passado e o futuro dos dois eram irrelevantes.   
Apenas o presente o interessava e consumia.  
Quanto a Demi, podia ouvir Joe sussurrando, porém mal compreendia as palavras. Era impossível não responder aos seus beijos, e sentia todos os membros moles.  
— Você não é o Joseph que conheci.  
— Não? — Ele soltou um risinho junto a sua orelha. — Mas você é exatamente como me lembrava!  
Não é verdade, pensou consigo mesmo. No verão, se entregou completamente.   
Hoje... Não sei dizer que tipo de mulher é. Uma que está sempre procurando a próxima oportunidade para tirar tudo de um homem ou a jovem inocente, pura e ingênua que tive nos braços?  
Porém, acabou decidindo que conhecia o modo de Demi agir, e que ela nunca mais o enganaria. Essa noite pretendia tomar tudo que pudesse lhe oferecer, mas isso não faria a menor diferença para o futuro. Iria se casar com ela, garantindo que seu filho pudesse ficar são e salvo vivendo na VillaDemi não poderia afetar sua vida de outras maneiras. Como todas as mulheres, em breve se cansaria de fingir ser correta, e procuraria outros caminhos para se divertir. Por sua vez, Joe pretendia ser o pai perfeito, fornecendo tudo que seu filho pudesse precisar ou desejar. O que Demi escolhesse fazer não seria problema seu... Contanto que procedesse como a mãe e esposa perfeita em público.  
Sua mãe agira mal em público, porém Joe estava determinado a não deixar sua vida particular ser enxovalhada nas páginas dos jornais.  
As prioridades para Joe eram dar uma boa educação para o filho logo de início e torná-lo o herdeiro legítimo de sua empresa. Nada mais importava.  
Entretanto, de vez em quando Demi o fazia pensar que era realmente uma pessoa honesta... A mulher que idealizara. Mas era perigoso dar asas à imaginação.  
O perfume dela o fez retornar ao momento presente.  
— Joseph — ouviu-a murmurar.  
Alguma coisa estava acontecendo com ele... Estava gostando de todos os pequenos detalhes que separavam Demi de todas as outras que conhecera. Seu corpo curvilíneo e os sorrisos tímidos contrastavam com as magrelas de expressão aguada que conhecera antes.  
— Não sou fiel — disse em voz alta, para que ela não tivesse ilusões a seu respeito. — Já disse isso para você no verão.  
Precisava repetir isso, correndo o risco de se tornar antipático, para que ela não construísse ilusões. E tentasse se aproximar demais.  
Afinal, provavelmente ela o enganara no sul da França. Engravidara de propósito.   
Ou não?  
Por um breve momento, a lembrança de tirar sua virgindade foi como uma bofetada em seu rosto. Hesitou, mas logo recuperou o controle. Sim, partira enquanto ela dormia, para evitar se comprometer.  
Joe só desejara um breve romance de verão e permanecer por mais tempo em Jolie Fleur apenas iria prolongar o momento que em que partiria o coração dela. Pensou que assim procedia com bondade e fizera de tudo para compensá-la, dando-lhe o chalé de seus sonhos e tornando-a dona de seu próprio negócio, por meio de sua fundação que ajudava jovens empreendedores. Depois ela parecera ter sumido de sua vida para sempre, e presumira que desejava esquecer o que acontecerá entre os dois.  
Entretanto, agora sabendo da gravidez, o casamento selaria o acordo. Iria proibi-la de usar a criança como ferramenta para extorquir mais dinheiro. E ela receberia uma renda regular por toda a vida... Enquanto ela se comportasse e obedecesse a regras dele. Segundo Joe, o dinheiro era o verme que vivia dentro de toda maçã. Assim, controlava tudo do modo como desejava...  
Provou de novo os lábios polpudos e cor-de-rosa de Demi. O dia inteiro sua beleza discreta o tentara com visões de como poderia ser o futuro entre os dois. Agora iria redescobrir os encantos de seu corpo como se fosse á primeira vez.  
— Você me deseja. Sempre desejou. Deixe-me possuí-la — murmurou, com a voz rouca.  
Era uma declaração ousada, mas, apesar da vontade de possuí-la ali mesmo, na frente da lareira, Joe queria que Demi decidisse. Da primeira vez, fora impetuoso demais, então tratou de se conter nesse instante, obrigando-a a tomar uma decisão. Se quisesse mudar de ideia e se afastar, tudo bem. Entenderia.  
— Nós dois sabemos como foi bom o sexo — disse ele, cheio de insinuações na voz.  
A resposta de Demi foi rápida e desesperada. Afastou-se dele com um repelão e o fitou em cheio com expressão de dúvida.  
— Não posso. Não devemos. Senti-me zonza demais para afastá-lo naquela noite em Jolie Fleur, porém preciso me opor hoje. Entenda que não sou a mulher que você imagina. Não tentei enredá-lo com uma gravidez. Simplesmente aconteceu. E é por isso que não posso ceder de novo antes do nosso casamento. Não é do meu feitio. — Seus olhos brilhavam de um modo que o deixava constrangido. — Se deseja de fato se casar comigo, não irá se importar em esperar um pouco mais.  
Joe também se afastou com um repelão. Soltando uma exclamação de surpresa, passou a mão nos cabelos de maneira irritada.  
— Passei muito tempo sofrendo as consequências da má reputação de meu pai — disse. — De jeito nenhum a trouxe aqui com outra intenção a não ser a de me casar com você. É claro que me casarei com você. O que acha que sou? — finalizou, de modo sombrio.  
A resposta deDemi foi imediata:  
— O tipo de homem que roubou minha virgindade e me abandonou.  
— Fiz o que achei melhor na ocasião. Foi minha culpa você ter cedido com tanta facilidade?  
— Fiquei envergonhada por ter sido tão fraca, Joseph. Com vergonha porque sempre quis me conservar virgem até o dia de meu casamento... E por que... — Fitou o chão depressa, corando diante do tumulto que a possuía. — Porque gostei. Se o tivesse encontrado de novo no dia seguinte, não tenho certeza se conseguiria olhá-lo nos olhos...  
Aos poucos, a expressão de Joe se suavizou, até que um pálido sorriso surgiu em seus lábios.  
— Fique tranquila, que hoje conseguiu se controlar muito bem.  
Ela ergueu o rosto e ambos trocaram sorrisos tímidos.  
— Nossa situação é fora do comum, não é? Talvez... Bem, talvez nós dois tenhamos cometido erros — prosseguiu Joe com dificuldade, acrescentando depressa. — Não seja dura consigo mesma, Carina.  
Vencendo a distância entre os dois, ele depositou um beijo carinhoso na ponta do nariz de Demi. Segurou sua cabeça com uma das mãos e seus dedos acariciaram os cabelos macios.  
— Nós dois temos passado por maus bocados, mas isso já passou. Disse a você no verão... É bom aproveitar a vida, Demi. Relaxe e se permita viver.  
Ela devolveu o sorriso com hesitação. Quando a viu ceder um pouco, Joe cobriu seu pescoço com rápidos beijos. Demi sempre pensara que era impossível para ela desfrutar a vida. A culpa a rondava constantemente, e hoje mais do que nunca.  
Estava grávida e desesperada para acreditar nas palavras de um homem que já a abandonara uma vez.  
O que mamãe diria? Tal pensamento a torturava. Fazia com que se afastasse dos braços de Joe. Mas não podia lhe dizer isso.

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