Capítulo 21 Maratona


De repente, percebeu que não podia lhe contar coisa nenhuma. Seus beijos e carícias a faziam sair desse mundo e ingressar em outro de sensações e prazeres infinitos. Com um gemido, deixou a cabeça pender para trás e se deliciou com os lábios dele sobre seus mamilos recobertos pelo tecido do topA menos que o detivesse nesse exato momento, estaria perdida de novo.  
— Demetria... — sussurrou ele, com seu hálito quente. — Não precisa mais se negar nada... A menos que honestamente não me queira...  
Era a sua grande chance. Demi relembrou os dias de verão e calor. O que a impedia de gozar tudo isso de novo? A experiência ainda estava fresca em sua memória.   
E, dessa vez, seria ainda melhor. Seria a esposa de e Joseph, vivendo no lar de sua família e em meio a tudo que interessava a ele. Se fosse aceita no seu lar, poderia lutar para entrar em sua vida de maneira definitiva. Poderia começar tentando recuperar a breve felicidade que haviam usufruído no verão...  
Entretanto, a fria e dura realidade fez ruir essa fantasia.  
Joe estava lhe oferecendo uma existência de despesas pagas e, em troca, queria fazer parte da vida de seu filho. Isso era tudo... Nenhuma promessa de amor ou romance. Ela ficaria reduzida à categoria de mulher mantida e dependente. A vida na Inglaterra fora dura, porém Demi descobrira sua independência. Agora Joe tomara o controle determinando onde ela moraria e o que comeria. Demi começou a sentir pânico. Perderia tudo e seria absorvida pela personalidade dele. Ficaria totalmente dependente de Joe para tudo.  
Nesse momento, ele a acariciava de uma maneira que sabia ser irresistível.   
Desesperada, Demi soube que precisava detê-lo antes que seu corpo começasse a ceder e sufocasse o bom senso que ainda lhe restava.  
— Não... Pare Joseph. Não posso fazer isso. — Apertando com as mãos as costas largas, ela o afastou com um safanão. Foi mais rude do que pretendera, mas precisava ser decidida. Se traísse as próprias emoções, daria muito poder a Joe.  
— Não posso me casar sem amor, Joseph.  
— Por que não?  
Ele parou de acariciá-la, e a fitou intensamente.  
— Não seria certo! — exclamou Demi, surpresa por ver como ele não compreendia seu ponto de vista.  
— Tolice! É a única opção. O casamento irá tornar nosso bebê legítimo, assegurar o futuro da empresa e garantir que esta maravilhosa mansão antiga perpetue nosso nome por mais uma geração.  
Demi o fitou com olhos diferentes. Não havia dúvida sobre a sinceridade das palavras de Joe. A tradição era algo muito importante para ele, e seu orgulho era imenso. Se ela se recusasse a se casar, Joe iria afastá-la totalmente de sua vida.  
Demi pensou em seu pobre e inocente bebê, sofrendo no mundo por causa de seus escrúpulos, e tomou uma decisão.  
— Suponho que os Jonas fazem esse tipo de casamento há séculos, não? — disse, com a voz lenta. — Escolher esposas movidas por razões práticas e sem amor?  
Satisfeito, Joe aquiesceu com um gesto de cabeça.  
— Certo. Pode pensar em algo mais racional para se, fazer? Você viverá aqui como minha mulher, e cuidará de nossos filhos. Todos ficarão felizes.  
Algo no raciocínio ousado e confiante dele a fez pensar.  
— Então... Pretende ter mais filhos? — Demi acariciou o ventre de maneira pensativa. — Ainda nem tive este. Filhos dão trabalho.  
— Não se preocupe... Não precisará fazer nada, na verdade. Para isso existem os criados — murmurou Joe. — O que importa é sua presença na Villa Jonas. Será a senhora de meu lar... Quero-a aqui vinte e quatro horas por dia.  
— E o que você fará enquanto eu estiver exercendo meu papel de Abelha Rainha da colmeia?  
Ele inclinou a cabeça para fitá-la como se sua pergunta tivesse sido uma piada.  
— Estarei trabalhando, é claro. Já lhe disse que não passo muito tempo aqui.  
— E ficará nos escritórios de Florença? — perguntou Demi  
Joe pareceu confuso.  
— Pode ser... Ás vezes. Viajo pelo mudo todo. Onde quer que a House of Jonas exija minha presença, lá estarei.  
— Mas... Nem sempre estará em casa?   
Joe franziu a testa diante de tanta insistência.  
— Raramente. — Deu de ombros. — É assim que será nosso relacionamento. A distância poderá nos unir mais.  
— Verdade? — questionou ela. — Quem disse isso?   
Ele fez um gesto vago com a mão.  
— Oh, acho que li em algum lugar.  
— Uma criança precisa da presença do pai e da mãe — replicou Demi.  
— Sim... Um trabalhando para ganhar o sustento e o outro em casa para cuidar dele.  
— Prefiro que nós dois cuidemos de nosso filho... Juntos.  
— Nem você nem ele passarão necessidades nunca — afirmou Alessandro.  
— Não estou falando de dinheiro ou coisas materiais. Fique com tudo isso, Joe, e ficarei com meu bebê.  
— Obrigado por ser tão compreensiva — murmurou ele, inclinando a cabeça em um gesto sarcástico.  
— Não estou com vontade de ser compreensiva. Sinto-me triste e desconfortável. — Demi fitou as próprias mãos e suspirou. Tentou esfregá-las na calça, mas ele logo lhe estendeu um lenço imaculadamente branco. Com um gesto resignado, ela aceitou e ergueu o rosto para olhá-lo. Havia um sorriso débil nos lábios de Joe.  
— No meu entender, você está ótima.  
— Não. Devo estar com o rosto vermelho, as feições tensas, e isso não é nada bom para a gravidez — insistiu ela.  
Mas Joe não tinha tempo para ouvir suas lamentações. Com uma mão, apertou seu ombro e, com a outra, ergueu seu rosto.  
— Está falando tolices, caríssima. Pare com isso... E alce voo.   
Demi fechou os olhos, recordando seu primeiro e último ato de amor. Dera tudo para esse homem vibrante, sexy e poderoso, e o vira destruir seus sonhos transformando os em uma transação. Agora ele voltava a acionar seu charme, e era tão tentador...  
— Oh, como gostaria de poder confiar em você, Joseph  
— Um Jonas jamais quebra suas promessas — respondeu ele, com seriedade. — Cuidarei de você enquanto for á mãe de meu filho.  
A lembrança do que ele significara em sua vida a dominou. Demi desejava viver de novo a sensação de completa felicidade que ele lhe dera. Sem dúvida, viver como sua esposa, mesmo sobre condições tão estranhas, lhe daria a oportunidade de fazer amor com Joe mais uma vez, certo?  
Ou duas...? Ou ainda mais vezes...?  
Ele dera a entender que haveria mais filhos.. 
Demi tornou a tomar uma decisão. Se for isso que precisava fazer para ficar ao lado dele, então faria.  
Caso voltasse para a Inglaterra, talvez nunca mais o visse. Pelo menos Joe dissera que visitava a Villa Jonas de vez em quando. Já era alguma coisa. Teria que se conformar.  
— Está bem. Quero me casar com você, Joseph.  
Preparou-se para ouvir uma exclamação de alívio, uma risada... Qualquer coisa, mas não se preparou para o que de fato aconteceu. Um profundo e longo silêncio. Depois o ouviu dizer em voz baixa:  
— Farei de tudo para que nunca se arrependa disso, Demi. Deixe-me lhe mostrar...  
Abraçou-a com força.  
Nós dois nos encaixamos tão bem um nos braços do outro. Como se nossos corpos fossem feitos um para o outro, pensou Demi. E estamos ambos concentrados no bebê também, mas, além disso, o que temos? Afastou-se um pouco, imaginando se ainda teria forças para resistir. Será que meu desejo físico por ele irá compensar os momentos ruins do casamento? Quando não souber onde ele está, mas adivinhar o que estará fazendo...   
Talvez com outra mulher?  
A resposta surgiu de imediato em sua mente. Não sei.  
— Posso não estar lhe oferecendo amor, Demetria. Mas, pelo menos, estou sendo honesto a respeito do nosso casamento — murmurou Joe na sua orelha. — Somos adultos. Você precisa de mim e eu de você. E o bebê vem na frente de tudo. Será uma união perfeita, todos obterão o que desejam. Você terá uma vida de luxo aqui, e nosso filho será sempre a prioridade de minha vida. A qualquer tempo e lugar, meu herdeiro terá a preferência, pois lá estarei — finalizou, com tanta ênfase que Demi acreditou.  
Chegara o momento da decisão. Até então Joe só a seduzira em sonhos, agora estava acontecendo de verdade. Ele a beijava e acariciava, fazendo-a perder a noção de tudo a não ser da paixão. Demi não conseguiu resistir. Uma série de alarmes soava em sua cabeça, mas foram abafados. Não podia mais pensar em nada a não ser nos braços que a prendiam.  
Ela o fitou ciente de que um homem como Joe jamais ficaria preso a uma só mulher. Sabia que estava se preparando para mais tristezas e desilusões. Mas, afinal, tratou de se lembrar, já estou acostumada a essas coisas. Pelo menos podia se, agarrar a esses instantes de alegria, quem sabe algumas horas de prazer, e usufruir da presença de Joe sem ter arrependimento.  
Quando ele perguntou de novo, só foi possível dar uma resposta. Com um sorriso ao mesmo tempo triste e doce, ela murmurou quase sem fôlego:  
— Sim... Quero ser sua; de novo Joseph. Por favor... Como da primeira vez. 

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