Capítulo Doze

Ela levou algum tempo para se, recompor. Joseph fez chá e vários telefonemas no celular, falando rapidamente em italiano. Quando Demi  se sentiu em forma o suficiente para sair do escritório dos fundos e entrar na galeria, havia meia dúzia de fotógrafos do lado de fora.  
— Nunca estão muito longe — comentou Joe  com ironia. Costwold está repleta de residências reais e esconderijos de artistas famosos, e os paparazzi ficam por perto para conseguir flagrantes e fotos indiscretas.  
— E eles abandonaram tudo isso para tirar uma foto de você? — perguntou ela, com cautela.  
— Não posso evitar. Nunca quis ser uma figura pública, mas preciso viver com isso e, como você, devo fazer o melhor possível. Na verdade, só o que me interessa é minha empresa, a House of Jonas.  Ela lhe deu um sorriso amarelo, incapaz de refutar essa verdade, pois parecia que Joseph  só se importava com o trabalho.  
Ele deixara muito claro que não haveria futuro para eles dois. Mas, na época, não fora o suficiente para fazê-la deixar de fantasiar sobre viver a vida simples de esposa de um artista. No momento, seus sonhos do passado e do presente haviam se transformado em cinzas sob o olhar atento e predador da mídia mundial.  
Sabia que meu romance de férias era bom demais para durar, pensou Demi com tristeza, dizendo em voz alta:  
— Bem, creio que devo agradecê-lo por sua ajuda. Mas poderia passar muito bem sem seu exército de fãs.  
Ele balançou a cabeça, refutando o que Demi acabara de dizer.  
— Tenho um plano de socorro, Demetria. Estou lhe oferecendo um meio de fugir, se assim desejar.  
Demi percebeu que, fosse lá qual fosse sua oferta, exigiria muito sacrifício de Joseph. Relembrou como se entregara a ele naquela noite gloriosa no Mediterrâneo.  
— Você me abandonou, Joseph — repetiu, com uma calma aterradora.  
— Agora sabe por quê. — Ele fez um gesto para as lentes das câmeras, prontas a funcionar no momento que os dois deixassem a galeria. O queixo firme e orgulhoso de Joseph ainda deixava os joelhos de Demi parecendo geleia, mas, no momento, estava erguido de pura raiva.  
Todas as noites de espera, angústia e tristeza pareceram se transformar em um rio que transbordava.  
Não, não sei! Não sei de nada, Joseph, pensou. Não sei por que deixou a Villa com tanta pressa, não sei por que meu local de trabalho está sendo cercado por fotógrafos às oito horas da manhã, e o pior de tudo... Ela tentou lutar contras as lágrimas de confusão.   
Ele sempre fora um mistério maravilhoso na época de Jolie Fleurmas essa tela em branco agora era amedrontadora.  
Fitando-o, murmurou:  
— O que aconteceu com o artista engraçado e romântico que conheci na França?  
— É a vida. Foi isso que aconteceu — replicou ele com brusquidão. — É o que acontece por trás do cenário quando um homem ocupado se diverte e relaxa. Agora me dê á chave de sua casa. Suas malas precisam ser feitas.  
Tonta de cansaço e sem conseguir raciocinar direito, Demi quase gargalhou.  
— Espere! Volte um pouco... Está indo depressa demais! Como poderei voltar para Rose Cottage passando por tantos fotógrafos? Será que me deixarão passar? — A cada minuto, mais paparazzi chegavam. — Não posso enfrentá-los me sentindo assim...  
Ele respirou fundo, enquanto Demi estudava seu rosto, buscando desesperadamente por pistas sobre o que sentia. Foi em vão. Os olhos escuros estavam mais misteriosos do que nunca.  
— Não vai precisar Demetria. Meu pessoal irá ajudá-la. Assim serão as coisas de hoje em diante — falou, devagar e de modo compassado, como se ela fosse uma criança e ele, um pai furioso.  
— Aqui ou na Itália? — perguntou ela, juntando os fragmentos da informação que Joe lhe dera antes.  
— Em minha casa, é claro. Não pode ficar aqui. — Apontou com a cabeça para a multidão do lado de fora. — Não tenho a intenção de deixar você e meu filho aqui nem mais um minuto. Se ficar sozinha, será perigoso. E eu arriscarei meu negócio também — terminou com secura.  
— É verdade que despediu seus próprios parentes da House of Jonas? — perguntou Demi, sem conseguir conter a pergunta terrível.  
— Não esperava que você desse ouvidos aos boatos — retrucou-o, com uma voz tão áspera que a fez ranger os dentes. — Pensei que estivesse acima dessas coisas. Mas, pelo menos, isso acaba com a última ilusão que poderíamos ter. Nada sabemos um do outro, portanto poderemos começar nossas novas vidas juntos do zero.  
— Nossas novas vidas? — repetiu ela, confusa.  
— Foi o que acabei de dizer. Agora, vamos embora. Os paparazzi ficarão sentados lá fora durante dias, esperando pelo que desejam. Sua paciência é infinita. A minha não. — Fitou-a com olhar crítico. — Está com a sua chave?  
— Sim — respondeu Demi.  
— Mostre-me.  
Distraída pelo aparecimento de um homem grande com um terno escuro do lado de fora da galeria, Demi mexeu na bolsa. Nada encontrou e, enquanto Joe demonstrava impaciência, ela procurou em cada bolso. Aliviada, informou:  
— Enfim, encontrei.  
— Agora podemos ir — murmurou Joe, apressando-a. — Deixe que eu responda qualquer pergunta — disse o sotaque acentuado pelo nervosismo.  
Sem dúvida o gigante no terno escuro era seu empregado, pois abriu a porta da galeria para deixá-los passar. Sem uma palavra, Joe lhe entregou a chave de Rose Cottage.  
Demetria ia protestar, mas a mão pesada de Joseph  caiu sobre seu ombro.  
— Esse é Max. Ele providenciará suas malas, e um carro nos aguarda... Fique perto de mim e não diga nada.  
Ela aquiesceu com um gesto de cabeça, meio zonza, e então notou o lindo carro azul que vira antes rondando a rua. Estava no estacionamento mais perto da galeria.  
— É o nosso transporte para o aeroporto?   
Joseph acenou que sim.  
— Quando parte nosso avião?  
— É o meu jato particular, e partiremos no momento que chegarmos lá. E agora... Silencio perfavore! — Segurou o braço de Demi com determinação. — Precisamos sorrir para as câmeras, Demetria.  
Ela obedeceu sem questionar.  
A turba avançou para eles com os clarões dos flashes espocando. Em vez de afastá-la correndo deles como Demi esperara, Joseph parou e ergueu a mão.  
— Por favor, senhoras e senhores! Lembre-se de nosso acordo. Demetria e eu lhes daremos uma foto, conforme o prometido. Depois nos deixarão em paz, certo?   
Demi não pôde dizer o que os paparazzi pensaram disso, porque no mesmo instante Joe arrebatou toda a sua capacidade de raciocinar, tomando-a nos braços e beijando-a com tanta intensidade que o universo pareceu explodir ao seu redor. Sua boca pressionou a dela com tanta força que Demi só conseguiu pensar na paixão que haviam compartilhado uma noite. Ergueu as mãos, desesperada para sentir a força dos músculos viris que lhe davam tanta segurança. Seu perfume, os ombros largos e perfeitos sob as roupas de grife, traziam de volta todas as emoções de antes. Apenas uma coisa estava faltando. Quando Joe a procurara no jardim naquela noite em Jolie Fleur, seus olhos estavam vivos. No momento, eram magnéticos, frios e insensíveis apesar do calor de seu corpo contra o dela. Os dedos fortes se enterraram nos ombros delicados de Demi, mas era um ato de posse, não de carinho.  
Sentindo o conflito íntimo de Joseph , ela se agarrou a ele, louca para ser encorajada. Porém, ele recuou o suficiente para que a sua voz sussurrada fosse ouvida apenas por ela ao dizer:  
— É isso aí. — As palavras soaram frias como diamantes. Sorriu para as câmeras. 
 — Se os fotógrafos não tiverem sido rápidos, peggioperte... Pior para você! Não haverá outra foto.  
— Parece muito seguro disso, Joseph!  
Demi falou com agressividade, mas a reação dele a fez se calar. Joe lançou um olhar tão venenoso para ela que a fez recuar. Aconteceu em uma fração de segundo, e só ela viu, mas seria um olhar que jamais esqueceria.  
Dando de ombros para o resto da plateia, Joe começou a empurrar Demi para o carro. Apesar de ele estar sorrindo, exibindo os dentes muito brancos, ela só via a linha dura do queixo.  
O choque diante dessa expressão se transformou em pavor quando as perguntas começaram a surgir de todos os cantos.  
A equipe de Joe fizera um bom trabalho ao avisar a mídia. Mais vans chegavam, em um movimento incessante. A animação era contagiante.  
Louca para ser orientada em meio a essa confusão desconhecida, Demi chamou Joe.  
Foi um erro. Na privacidade de seu escritório, ele estivera imobilizado pela raiva, porém a total falta de emoção com que a fitou nesse momento foi ainda pior. Com um sorriso gelado que nada fez para acalmá-la, ele se virou com seu profissionalismo frio para responder as perguntas. Estavam cercados por todos os lados. Apesar de sentir medo desse novo e desconhecido Joseph , Demi se viu procurando sua proteção. Ele segurava sua mão com uma força cruel que a machucava, e a expressão de seu rosto era pálida, mas usava de todo o seu charme para conversar com seus torturadores.  
— Por favor, não empurrem minha noiva, cavalheiros.  
Quando se aproximaram mais do carro, o motorista uniformizado abriu a porta de trás para Demi, que, estupefata, parou. Joe a soltou, mas sem deixar de observá-la. Depois, deslizou os dedos pela sua nuca e a fez entrar no interior escuro do carro. Sua presença alta como uma torre bloqueava a passagem, portanto não havia como ela correr de volta para o santuário e a proteção de sua galeria de arte. O motorista e a porta aberta do carro impediam qualquer tipo de fuga.  
Demi lançou um olhar desesperado para o outro lado.  
Acrescida pela presença de praticamente todos os habitantes do vilarejo, a turba aumentara e avançava. Se corresse, para onde Demi iria?  
Gritos animados saíam da multidão.  
Ouvia-se o clique de esferográficas e o rumor de folhas de blocos sendo viradas.  
— Noiva! Mas nunca nos falou sobre noivado, Jonas! — Havia um tom de acusação no comentário anônimo, e o resto da multidão tratou de reforçar.  
Joseph ria sem parar.  
— Pela primeira vez os surpreendi senhores — disse com afabilidade, mas Demi notou a máscara cair um pouco quando ele acrescentou: — E, por favor, Jonas era o nome de meu pai. Não abreviem o meu nome. Eu sou Joseph ... Exceto pela genética, eu e meu falecido pai nada tínhamos em comum, certo?  
— Nada? E o modo como tratam as garotas bonitas? — disse alguém.  
Joe voltou a sorrir, porém apenas Demi, que estava muito perto dele, viu o rubor em suas faces, que eram de raiva, e não de constrangimento.  
— Ninguém que me conhece de verdade diria tal coisa — replicou ele com displicência, porém seus olhos eram duas brasas frias sobre Demi.  
— Mas a história parece se repetir, não acha? Como seu pai e sua mãe. Um noivado repentino com uma anônima moça que trabalha em uma loja? Tem alguma coisa para esconder? — disse outra voz estridente.  
A turba parecia clamar por sangue. A excitação era algo vivo ali.  
— O que os outros membros da House of Jonas pensam a respeito? — perguntou uma terceira jornalista, berrando a plenos pulmões para se, fazer ouvir.  
— Sem comentários — replicou Joe, enquanto continuava a ocultar Demi com seu corpo, procurando a segurança do carro.  
Mesmo quando a porta bateu, separando-a dos membros da imprensa, parecia que a multidão a cercava, deixando-a com falta de ar. Joe entrou no veículo pelo outro lado, e ergueu os vidros opacos. Todos os rostos risonhos do lado de fora se transformaram em silhuetas quando o motorista se acomodou no assento. Joe deu algumas instruções rápidas em italiano. Depois, ergueu uma cortina eletrônica separando o banco de trás do resto do mundo.  
Demi lutou para controlar o pânico. Não fazia ideia do que Joseph estivera pensando quando surgira de improviso na galeria, mas sabia qual era o problema agora.   
Ela era a causadora de toda a comoção. Sua vida fugira ao controle e as coisas só poderiam ir de mal a pior.  
Joe  afivelou o cinto de segurança.  
— Vamos.  
Demi se armou de coragem para manter a voz serena diante de seus sonhos desfeitos e da fúria contida de Joe.  
— Por que me chamou de sua noiva minutos atrás?  
— Porque é isso que você deve ser.  
Ele girou os olhos negros como carvões em brasa na sua direção. Não havia sinal da ternura romântica de antes, e Demi estremeceu de medo; as palavras que ansiara por ouvir haviam se distorcido e soavam como uma ameaça.  
— Não tenho que dar minha opinião sobre isso, Joseph?   

Continua ...
Hey amores, demorou mais saiu o capítulo. Agora os dias das postagens será segunda, quarta e sexta como vocês decidiram.
O capítulo de quarta já está programado aqui no blog, vai sair as 9:00 horas ta manhã ok?
Beijos amores, espero que gostem :)
Ate quarta 

3 comentários:

  1. Nossa... Nem tô c raivinha do Joe, mas ok

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  2. Ta lindoo! Gostaria muito caso você pudesse divulgar meu blog de Jemi! acabei de começar! http://jemimorethanjustadream.blogspot.com

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Espero que tenham gostado do capítulo :*