— Poderia ter sido honesta comigo e dito, semanas atrás, que não se protegia e poderia engravidar. Então nada disso estaria acontecendo.
Como ele podia jogar na lama o momento que fora o mais importante na vida dela?
— Lamento — murmurou Demi com secura.
— É claro que lamenta. — Ele começou a tamborilar com os dedos sobre o joelho e olhou pela janela do carro. — Mas está arrependida por desejar que isso nunca tivesse acontecido? Ou porque cheguei para controlar a situação quando pensou que obteria tudo do seu jeito?
Demi não pôde responder. Fitou as próprias mãos, que se tornaram borrões enquanto lágrimas embaçavam sua visão. Rezava para que Joe não estivesse pensando em aborto.
A ideia passara pela sua cabeça por um breve instante de loucura e desespero, assim que descobrira estar grávida, porém jamais teria tomado tal providência terrível. E como é que Joe , um homem acostumado a andar pelas ruas em um carro luxuoso como aquele, poderia saber o que era o desespero?
Demi fechou os olhos e se enterrou no assento de couro. Acordara nessa manhã pensando que nada poderia ser pior do que um futuro solitário e de trabalho duro. Agora pensava de outra maneira.
O percurso até o aeroporto foi tenso e silencioso.
Joe só tornou a lhe dirigir a palavra quando seus funcionários os fizeram passar depressa pelas formalidades, e os instalaram no jato particular. Conhecendo o patrão quando estava de mau humor, a equipe tratou de desaparecer assim que possível.
— Presumo que você esteja de fato carregando meu filho?
A voz de Joe pareceu cortá-la ao meio.
Demi ergueu a cabeça e percebeu que ele devia estar se preparando há muito tempo para fazer essa pergunta; respirava com dificuldade e mordiscava os lábios enquanto aguardava por sua resposta.
— É claro que sim. Não mentiria para você, Joseph.
— Segundo minha experiência, nada "é claro" quando se trata dessas coisas... Não no que diz respeito às mulheres.
Mostrar-se amargo com ela era uma coisa. Mas falar com tanto cinismo e ser ofensivo quando mal a conhecia para julgar sua moral foi demais para Demi. De repente ficou tão fria quanto ele.
— Como ousa duvidar de mim sem ter provas, Joseph? Talvez sejam as pessoas com quem está acostumando a conviver. Tenho certeza de que a deslealdade é comum e as palavras podem ser torcidas quando há muito dinheiro envolvido. Então talvez eu deva ter pena de você e tentar compreender como se sente...
— Não poderia — interrompeu-o, com brusquidão.
— Então, como pode esperar que me case com você dessa maneira? Não acha que o casamento deve ser baseado na compreensão mútua?
Joe balançou a cabeça.
— Preciso me casar com você. Não há alternativa. Não permitirei que meu filho nasça ilegítimo. E, se não houver casamento, darei abertura para a imprensa conseguir exatamente o que andava esperando. Um grande escândalo. Tenho tentado me manter longe da terrível reputação de minha família, mas a mídia prefere monstros. — Respirou fundo e prosseguiu: — No ano passado, me acusaram de manter um caso, baseados apenas em algumas fotos ordinárias tiradas em um restaurante. Fui fotografado jantando com a esposa de um concorrente. Sabendo como o marido cobiçava a House of Jonas, ela desejava comprar minha empresa para ele. Discutimos a respeito algumas vezes em reuniões secretas. Senti-me tentado a vender, mas no final decidi que não. Fomos fotografados durante uma dessas reuniões, e um jornal inventou um caso de amor que não existia. O escândalo quase acabou com a vida dela... E com seu casamento. Processei o tabloide mentiroso, e consegui uma retratação pela matéria publicada, mas a imprensa nunca esquece uma coisa assim. — Fitou Demi de maneira determinada. — A notícia de uma mulher abandonada e um filho bastardo iria lhes dar a munição que esperavam para me atacar.
Fitou-a com seriedade, os olhos brilhando de acusações.
— Então? Conte a verdade, Demi. Se eu não tivesse vindo buscá-la, iria se incomodar de me dizer sobre o bebê, antes de contar para eles?
Logo no início, Demi pensara em manter segredo sobre o bebê. Ao receber o resultado do teste de gravidez, seu primeiro impulso fora fugir e se esconder. E, após tentativas frustradas para entrar em contato com Joe, se conformara em viver sozinha com seu filho... E suas lembranças. Seria o preço a pagar pelos poucos dias de sonho que tivera na França. Abandonara o orgulho e aceitara o que ele lhe dera. Tinha seu chalé e seu negócio, porém isso não compensaria o resto da vida longe de Joe.
Entretanto, a realidade era dura.
Estava encurralada no assento do jato de Joe como se fosse uma testemunha em um processo. Retornou ao momento presente quando ele respirou de maneira exasperada, e, perguntou:
— Por que não me contou logo?
Demi desviou o olhar para fora da janela. À medida que o jato particular alçava voo, seu humor decaía.
— Como poderia ter contado? — murmurou por fim, vendo suas lágrimas refletidas no vidro. Cruzavam a costa e ela poderia encher um oceano com seu choro. — Você desapareceu, Joseph! No dia seguinte, fui diretamente para o ateliê, mas estava vazio. Esperei que você voltasse, porém isso nunca aconteceu. O que deveria pensar quando soube que estava grávida? Que um homem que tratara de sumir logo após uma noite de amor seria um bom pai para meu filho? Não penso assim!
Cravou os olhos angustiados em seu acusador, porém fora a vez de Joseph afastar o rosto, os lábios fechados. A frustração de Demetria eclodiu em um gemido rouco.
Tinha apenas seu bebê para proteger, e nada mais a perder. Por mais furioso que Joe estivesse já não se importava com isso. Talvez, no entender dele, estivesse, sendo seu protetor, mas esse não era o conto de fadas com que Demi sonhara. Assim pensando, tornou a fitá-lo, mas uma estranha mudança se operara nas feições másculas.
Os músculos do rosto haviam relaxado e ele balançava a cabeça de um lado para o outro. De modo distraído, pegara um guardanapo e desenhava... Mantendo as mãos ocupadas enquanto pensava.
— Si... Capisco... Compreendo. Mas agora estou aqui — falou sem gritar. — Chegou a pensar em aborto?
Ela aquiesceu com um gesto de cabeça, lutando contra as lágrimas que apertavam sua garganta e dificultavam a fala.
— Não consegui — murmurou.
— Mas pensou a respeito?
— Sim, por um segundo — replicou Demi , com um fio de voz. Passando um risco no desenho que fazia, ele despejou uma torrente de palavras em italiano, pressionando um dedo sobre os lábios.
Por favor, não diga nada que possa fazê-lo se arrepender depois, pensou Demi com tristeza. A luz do sol invadia o avião, formando um halo luminoso à volta de Joe. Quando por fim ele decidiu colocar em palavras seus pensamentos, parecia um anjo vingador envolto em luz.
— Por que não ligou para o número que lhe dei Demetria?
Ela corou de raiva. Era inútil ficar se lembrando do gentil cavalheiro encantador que conhecera na ensolarada Villa francesa. Ele já não existia... Se é que existira algum dia. O tempo todo em que Joe fizera o papel de homem comum estivera fingindo. O grande executivo sentado do lado oposto no avião nada tinha a ver com o rapaz simples e encantador que a seduzira com tanta facilidade.
— Se eu não tivesse decidido visitá-la quando estava nas proximidades, creio que a primeira vez que ouviria sobre esse caso seria quando você chegasse a minha porta com a criança nos braços, pronta a discutir um acordo, não é?
Melancólica, Demi custou a responder:
— Não! Isso era a última coisa que tinha em mente! — Chamar sua gravidez de "esse caso" mostrava claramente como Joseph se sentia. Ela não aguentava mais, e mal conseguiu formular algumas frases para explicar. — Desde o momento em que soube estar grávida, decidi contar para você, Joseph. E tentei. Mas você não facilitou as coisas, certo?
As coisas estavam saindo errado, pensou Demi, pressionando as mãos no rosto em um gesto de desespero. A solidão, o mal-estar, a incerteza e o terror que vivenciara nos últimos meses por fim emergiram com fúria.
Apesar das boas intenções, sucumbiu bem ali, na frente dele.
Com um suspirou, Joe retirou um lenço do bolso do paletó e o estendeu para ela. Olhando de propósito pela janela enquanto Demi enxugava as lágrimas e se recompunha, balançou a cabeça em negativa quando ela lhe devolveu o lenço.
— Sinto muito por tudo isso, Joseph.
— Tenho certeza de que sente. Mas não tanto quanto ficará se nosso filho crescer sem pai. Já bastará a tortura de viver sob os olhares de suspeitas de todos a respeito de nosso casamento feito às pressas. As pessoas não hesitarão em lhe dizer palavras cruéis e maliciosas sempre que tiverem oportunidade.
Demi andara profundamente mergulhada nos próprios problemas para pensar tão adiante. Quando Joe colocou as coisas nesse pé, ela pareceu recuperar o ânimo.
— Não! Farei qualquer coisa para salvar meu bebê dessas mágoas!
— Tenho certeza de que sim — murmurou ele. Contrastando com os soluços secos de Demi, sua voz era irritantemente calma. Desafivelando o cinto de seu assento, cruzou a distância entre os dois e se sentou ao lado dela. Um artista de mãos suaves a fizera perder o juízo. Nesse momento, um empresário muito alto e amedrontador parecia ser o senhor de seu destino e dono de todos os objetos de desejo que o dinheiro podia pagar... Jato executivo, relógio de ouro, roupas de grife.
Enquanto ele ajeitava os punhos da camisa, um dos atendentes de bordo surgiu carregando uma bandeja de prata.
Sobre ela havia apenas um copo com champanhe gelada e outro com água mineral.
— Deve estar com sede. — Joe se recostou para deixar o rapaz ajeitar a bandeja. Demi agradeceu com um sorriso tímido. As bebidas só fizeram enfatizar o quanto estava longe de seu romance de férias. Em Jolie Fleur, Joe chegara a preparar seu café da manhã sozinho, espremendo o sumo de laranjas frescas em cima de cubos de gelo para que ela bebesse. Agora um garçom uniformizado abria uma garrafa de água mineral e a servia com formalidade.
Quanta coisa acontecera em poucos meses. Quando Joe a deixara na França, ela se sentira completamente traída. Ele a abandonara depois de terem compartilhado um mundo de carinho. Nesse dia, Joe retornara à sua vida, cheio de acusações e a imprensa os rondavam. Se ele a deixara quando tudo parecia tão bonito e bom, como ela poderia confiar em Joseph Jonas agora, quando o cenário era tão sombrio?
Continua ...
Hey amores, como vocês estão? Estou pensando em postar outra fic nos dias que Encontro na Toscana não for postado. então essa nova fic seria postada terça, quinta e domingo. O que vocês acham? A fic também seria uma adaptação. Vou deixar aqui embaixo a sinopse da fic e vocês me digam nos comentários se querem ou não a fic ok?
Beijos amores e até sexta com o próximo capítulo de Encontro na Toscana
Continua ...
Hey amores, como vocês estão? Estou pensando em postar outra fic nos dias que Encontro na Toscana não for postado. então essa nova fic seria postada terça, quinta e domingo. O que vocês acham? A fic também seria uma adaptação. Vou deixar aqui embaixo a sinopse da fic e vocês me digam nos comentários se querem ou não a fic ok?
Beijos amores e até sexta com o próximo capítulo de Encontro na Toscana
Bound By Honor
SINOPSE
Nascida no seio de uma das mais importantes família da máfia de Chicago, Demetria Lovato luta para encontrar seu próprio caminho num mundo onde opções não são oferecidas. Demi tinha apenas quinze anos quando seus pais a prometeram a Joe – O Cruel – Jonas, o mais velho dos filhos do chefe da Cosa Nostra em Nova York, para garantir a paz entre as duas famílias. Agora, aos dezoito anos, o dia pelo qual Demi esteve temendo por anos está se aproximando perigosamente: seu casamento com Joe. Demi está aterrorizada de se casar com um homem que mal conhece, especialmente alguém como Joe, que conseguiu seu apelido, “O Cruel”, esmagando a garganta de um homem apenas com as mãos. Joe pode ser um dos homens mais cobiçados de Nova York por sua boa aparência, riqueza e carisma predador, mas as garotas da sociedade nova-iorquina que se jogam em cima dele não sabem o que Demi sabe: que a aura de bad boy não é apenas um jogo; sangue e morte se escondem sob os impressionando olhos cinzentos e sorriso arrogante de Joe. No mundo dela, um exterior bonito geralmente esconde um monstro; um monstro que pode facilmente tanto matar quanto beijar você. O único jeito de escapar do casamento com Joe seria fugir e deixar tudo que ela já conheceu para trás, mas Demi não pode suportar o pensamento de nunca mais ver sua família outra vez. Apesar do seu medo, ela decide ir em frente com o casamento; Demi cresceu entre predadores como Joe, e ela sabe que até mesmo os bastardos com o coração mais frio possuem um coração, e ela tem toda a intenção de trabalhar o seu caminho até o de Joe.
Duas fic ❤️❤️❤️
ResponderExcluirVou adorar ❤️❤️❤️
Ansiosa para mais
Beijos
Posta tudooooo
ResponderExcluir