Capítulo 6


— Eu sou grego — respondeu ele suavemente. — Nós gregos não acreditamos que a natureza humana possa mudar. Acho impossível que um homem e uma mulher sejam apenas amigos. Especialmente com uma mulher como você, Demi. —A boca dele se curvou num sorriso deslumbrante. — Mas eu acredito que você não tenha intenção de ir para a cama com nenhum outro homem além de mim. 
Por que ela teria, se ele era o melhor amante que uma mulher poderia desejar? 
Joe percebeu que ela estava esperando algo mais, e isso o preocupou, pois ele jamais fornecia garantias a mulher alguma. 
Seus relacionamentos seguiam um determinado ciclo, como uma febre, e seu caso com Demi já havia passado pela maioria dos estágios. Ele a tinha perseguido e seduzido. Deleitara-se fazendo amor com ela diversas vezes. Mais um pouco e o relacionamento acabaria caindo num padrão enfadonho e previsível, e Joe não a toleraria mais por muito tempo. Talvez o melhor fosse terminar enquanto eles ainda estavam no auge. Deixá-los com as lembranças dos momentos especiais antes que tudo se deteriorasse e caísse na apatia. 
Apesar de ter a impressão de que seu tempo com ela já estava se esgotando, chegando ao fim, algo dentro dele cedeu. 
Ele só queria um pouco mais. Por algum estranho e raro motivo, ela ainda não havia saído de seu sistema nervoso, e ele ainda precisava de mais algum tempo para libertar seu corpo e sua mente daquela doce tentação. 
Joe se sentiu tomado de desejo. 
— Devo estar de volta no dia 10 — sussurrou ele. — Por que não planeja algo especial para nós nesse dia? Reserve em algum lugar que você realmente queira. Pode mandar a conta para mim. 
Demi se contorceu. Um dos telefones de Joe tocou e ele nem se deu conta de como a havia ferido com aquelas palavras. Ele beijou suavemente a ponta de seu nariz, já às voltas com os compromissos que teria pela frente. 
— Eu ligo para você — prometeu ele ao atender a chamada, e depois, fazendo apenas o movimento com os lábios, acrescentou: — Logo. 
Depois começou a falar rapidamente em grego, dirigindo-se para o banheiro. 
Demi voltou para casa sentindo uma espécie de mágoa, daquelas que persistiam em fogo brando sem desaparecer totalmente. Ela costumava se ofertar chocolates, relaxantes banhos de espuma ou um livro novo quando Joe ia embora — pequenos prazeres que ajudavam a diminuir o impacto de sua partida. Hoje, porém, ela não estava animada a comprar nada, nem inclinada a dormir cedo, o que seria o mais sensato depois de uma noite de tão pouco sono e um vôo no dia seguinte logo de manhã cedo. 
Planeje alguma coisa, dissera ele. Mande a conta para mim. Será que Joe achava que ela não era capaz de pagar por algo realmente interessante? Claro, seu salário como comissária de bordo era apenas uma mera gota d'água comparado ao oceano de sua riqueza, mas ela sabia viver bem. 
Demi fechou a porta de casa e olhou ao redor. Ela ainda não o havia recebido devidamente em seu apartamento. 
Nunca tinha feito uma refeição lá, nem passado a noite com ela em sua cama, pequena apenas se comparada à dele, como tudo mais. 
Ela pôs água na chaleira para preparar um café, e ficou olhando pela janela para os primeiros brotos que despontavam nos galhos das árvores. 
A primavera costumava trazer consigo muita luminosidade depois da longa escuridão do inverno. Talvez fosse hora de encarar os fatos. 
Sentia-se cada vez mais apaixonada por Joe, mas o controle da relação estava completamente nas mãos dele. Ela estava com medo de que tudo terminasse, sabendo que uma relação tão unilateral não tinha como se sustentar. 
Joe estava acostumado a ter todos os seus caprichos atendidos. Seu apetite acabaria inevitavelmente desaparecendo se fosse sempre saciado. 
A boca de Demi se curvou num sorriso. Ela certamente ia planejar alguma coisa! 
Só não ia, de maneira alguma, enviar a fatura a ele. Ia lhe dar uma pequena prova de como era a sua vida! Nada como uma comidinha caseira e um toque de vida comum. 
Ela decidiu preparar uma torta de frango, sua escolha preferida desde a infância, algo que ele provavelmente nunca encontraria nos restaurantes sofisticados que freqüentava. 
Foi até a loja de vinhos de sua rua e comprou uma garrafa de um tinto a um bom preço que lhe fora muito bem recomendada pelo dono. 
Depois fez uma bela faxina em seu apartamento. Como era bom tirar os móveis do lugar e lustrá-los até deixá-los brilhando. Demi teve a sensação de estar tirando a poeira dos cantos escuros de sua própria mente. 
Joe não tinha ligado, mas ela não se deixou abalar. Não ia bancar a dependente quando sabia que ele estava ocupado. Ele havia dito que estaria de volta no dia 10, e era para esse dia que ela estava se preparando. 
Lavou seus lençóis de linho e os passou com o entusiasmo de uma protagonista de comercial de sabão em pó, mas sentiu uma nuvem de desânimo pairar sobre sua cabeça. Só porque estava planejando entreter Joe no seu território, isso não significava que ela teria de se transformar em alguma espécie de dona de casa perfeita. Ao se dar conta de quanto tempo já fazia desde a última vez em que tinha falado com ele, Demi começou a ficar preocupada. 
Ficou grudada ao lado do telefone olhando com desânimo para os vasos repletos de flores frescas que havia comprado no mercado. E se elas murchassem antes de ele voltar? E se toda a poeira voltasse a se acumular sobre os móveis? 
Toda aquela preocupação fez com que ela percebesse que ainda estava se comportando como um cão faminto à espera que seu dono lhe jogasse um resto de seu prato. 
Por que estava esperando que ele ligasse? Tinha o telefone dele. Já havia dormido com ele. Por que então não poderia ligar para ele para confirmar seus planos? 
Por mais que tentasse racionalizar e se justificar, a verdade era que as suas mãos estavam tremendo ao teclar o número dele, e seu coração batia aceleradamente. 
Demi ouviu um repentino clique do outro lado da linha seguida de uma mensagem gravada avisando que a ligação estava sendo transferida, e então mais um som e a instrução de que ela deveria deixar sua mensagem. 
Ela não havia se preparado para aquilo. Conseguiu apenas gaguejar algo como: 
— Oh, olá, Joe, sou eu. Demi. Eu só estava querendo saber... 
Querendo saber o quê? A que horas ela deveria colocar a torta no forno? Realmente muito sedutor. — Só liguei para dar um oi — prosseguiu ela firmemente. — Você pode me dar uma ligada quando tiver uma chance? 
Ela havia soado como a recepcionista de um consultório dentário querendo confirmar uma consulta. 
Percebeu então que havia outro número de Joe anotado em sua agenda. Uma mulher atendeu. O coração de Demi bateu dolorosamente no peito. 
Quem é você? 
— Eh... Joe está, por favor? 
— Ele não se encontra no momento — disse a voz arrastada. — Quem deseja? 
A namorada dele! 
— Pode lhe dizer, por favor, que Demi ligou? 
— Claro. 
O telefone dela voltou à vida cerca de uma hora depois. 
— Você ligou? — perguntou Joe distraidamente. 
Ela quis perguntar quem era a mulher que a atendera. Quis lhe perguntar por que ele nunca ligava quando prometia fazê-lo. Em vez disso, porém, disse apenas: 
— Eu o perturbei? Houve uma pausa. 
— Eu estava numa reunião. O que posso fazer por você, Demi? 
Seria apenas imaginação sua, ou ele a estava tratando com indiferença? Era por isso que ela sempre esperava que ele ligasse? Algum instinto de preservação daquela frieza arrogante tão contrastante com a paixão ardente que ele exibia na cama? 
Joe era um homem que gostava de estar sempre no controle da situação, e ela estava querendo que as coisas saíssem um pouco daquela rota para voltar a ser a mulher animada que costumava ser. 
— Só queria me certificar de que você vem mesmo na sexta. 
Joe examinou a agenda sobre a sua mesa. 
— Isso mesmo. Mas se esse acordo demorar a sair, eu talvez tenha de pegar outro vôo. — Sua voz suavizou um pouco ao se lembrar de como ela sempre o recebia quando ele chegava. — O que acha de eu lhe telefonar assim que aterrissar para que você possa vir me encontrar, agapel! Posso fazer ainda melhor. Avisarei a equipe do hotel para que você possa esperar por mim lá. 
Avisar a equipe do hotel? 
voz rouca de Joe não deixava nenhuma dúvida de como ele gostaria de ser recebido. Provavelmente usando um sutiã de seda bem apertado e uma calcinha mínima. 
Ela pensou na torta de frango, no apartamento brilhando de tão limpo, e na violeta que ela havia colocado perto da cama. 
— Eu preferiria que você viesse à minha casa, Joe. 
Outra pausa. 
— A sua casa? 
— Sim. Vou preparar o jantar para nós aqui no meu apartamento, para variar um pouco. 
Joe franziu a testa e conteve um suspiro. Ele não queria que ela cozinhasse para ele. Queria-a como ela sempre estivera — disponível. 
— Por que perder um tempo precioso na cozinha quando há tantas outras maneiras melhores de aproveitá-lo? 
Demi, porém, estava determinada a não se deixar mais usar simplesmente como um objeto sexual eternamente disponível. De agora em diante eles iam se manter em condições de igualdade, porque era assim que funcionavam os relacionamentos. 
— Porque eu quero — disse ela teimosamente. Oh, é mesmo? 
— Então quem sou eu para me opor? Irei diretamente do aeroporto para a sua casa e telefonarei quando estiver a caminho. Satisfeita agora? 
Satisfação, porém, foi a última coisa que Demi sentiu ao desligar. O tom que Joe usara para falar com ela a deixara com a estranha sensação de que ela havia fechado as cortinas antes de o último ato chegar ao fim. 

4 comentários:

  1. se eu fosse a demi já tinha dado na cara do Joe e mandado ele vazar,mesmo que doesse muito por gostar dele,ele tá merecendo uns tapa para ver se acorda para vida e parar de tratar ele como uma mercadoria,e para ele aprender ia pra balada e pega uns cara só para ver a cara dele,tá arrasando com essa fic Lary

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  2. Se o fosse a Demi ja tinha dado um basta nisso. Será que ela não percebe que ele só usa ela para o sexo nada mais que isso? Provavelmente ele se envolve com outras mulheres já que eles não namoram de verdade, enquanto ele espera que ela não se envolva com ninguém so com ele. Me poupe. Enfim to adorando a fic espero que o Joe sofra muito e mude, mas para isso acontecer quem tem que mudar é a Demi.

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  3. Demi ta se apaixonando pelo Joe ta fudida hein miga
    Nem sei mas o q dizer só quero mais meu Deus ta mt perfeita
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    Xoxo

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  4. eita Lele...Demi, tem que tomar cuidado....cê bem...que está na cara que o Joe gosta da Demi kkkk...enfim..maravilhoso !!
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    beijos

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Espero que tenham gostado do capítulo :*