Capítulo 61 Maratona 2/5



Romero empurrou a arma para mim. Peguei com força e saí correndo para o lado de fora. O sangue de Umberto cobriu o piso de pedra, mas eu não olhei para o seu corpo. Corri encosta abaixo, em direção ao mar, quando notei a vibração do meu telefone. Puxei para fora do bolso e apertei contra meu ouvido enquanto fazia a varredura da praia, procurando por Gianna. 
— Demi? — a voz preocupada de Joe soou. — Você está segura? 
— Eles mataram Umberto — foi a primeira coisa que saiu da minha boca. 
— Onde você está? 
— Procurando Gianna. 
— Demi, onde está Romero? Por que ele não está levando você para a sala de pânico? 
— Eu tenho que encontrar Gianna. 
— Demi — Joe parecia desesperado. — A Bratva está aí. Entre na sala de pânico. Estou mandando o helicóptero. Eu estarei aí em vinte minutos. Eu já estou a caminho. 
Joe precisaria de mais de 20 minutos, mesmo com um helicóptero, e ele não seria capaz de trazer muitos de seus homens com ele, por isso não havia como dizer quanto tempo ele iria levar para chegar na mansão. Havia a possibilidade de tudo isso falhar. 
Gianna veio correndo em minha direção com os olhos arregalados. 
— Eu não posso falar mais, — eu sussurrei. 
— Demi... 
— O que está acontecendo? — perguntou Gianna, quando ela tropeçou contra mim. 
— A Bratva. — Puxei-a em direção ao cais onde o barco estava ancorado. Seria mais seguro se esconder lá do que voltar para dentro e achar o quarto do pânico. O piso da doca gemia sob o nosso peso enquanto caminhávamos em direção ao barco. Mas, então, o grito de Lily perfurou a noite e eu congelei. Gianna e eu trocamos um olhar. Sem dizer uma palavra, corremos de volta para a casa. 
Meu coração batia forte quando chegamos na varanda. A sala estava deserta. Ajoelhei ao lado de Umberto e peguei as suas facas ao mesmo tempo em que estremeci. Entreguei uma para Gianna e coloquei o canivete no meu bolso de trás. 
— Vamos lá, — eu sussurrei. Eu não tinha certeza do que Gianna e eu íamos fazer uma vez que entrássemos na casa. Eu tinha disparado uma arma uma vez, e tinha segurado uma faca só quando lutei com Joe, o que não serviria de nada em uma luta contra mafiosos russos. No entanto, eu sabia que não seria capaz de viver comigo mesma se eu não encontrasse Lily e Fabi. 
Gianna e eu rastejamos para dentro. Estava escuro. Alguém deve ter apagado as luzes da casa. Prendi a respiração, e ficamos terrivelmente silenciosas. Me aproximei da porta que dava para o saguão quando um braço disparou em volta da minha cintura. Eu gritei, lutei, tentei mirar a arma em direção ao meu atacante, mas ele torceu o meu pulso. A dor atravessou meu braço e a arma caiu dos meus dedos. Gianna engasgou atrás de mim. Eu me retorci em seus braços. Uma voz profunda rosnou para mim em russo. Oh Deus. Meu pé colidiu com a canela. Ele me empurrou, mas antes que eu pudesse me equilibrar, seu punho colidiu com meus lábios. Minha visão ficou preta e eu caí de joelhos quando o sangue encheu minha boca e escorreu pelo meu queixo, um gosto salgado e quente que fez a bile subir na minha garganta. 
Uma mão torceu o meu cabelo e eu fui levantada em meus pés, gritando pela dor no meu couro cabeludo. Meu atacante não se importou. Ele me arrastou para o lobby pelos cabelos. Eu podia ver Gianna nos braços de outro homem alto. Ela estava inconsciente, uma contusão já se formando em sua testa. 
Eu fui jogada no chão em frente a pernas vestidas com jeans, e rapidamente olhei para cima, para ver um rosto cheio de marcas e frio olhos azuis. — Qual é o seu nome, vadia? — ele perguntou em inglês com forte sotaque. Ele não me reconheceu? Eu acho que eu estava diferente com sangue por todo o meu rosto. Eu o encarei desafiadoramente. Ele me chutou no estômago e eu tombei, ofegante. — Qual o seu nome? 
Meus olhos dispararam para um corpo à minha direita. Cesare. Ele estava fazendo ruídos guturais, agarrando-se a uma ferida sangrando em seu estômago. Eu não via Lily, Fabi ou Romero em qualquer lugar e esperava que eles tivessem ido para a sala de pânico. Pelo menos eles sobreviveriam. 
Uma mão segurou meu queixo e puxou minha cabeça para cima. — Você vai me dizer o seu nome ou eu tenho que dizer a Igor para machucá-la? — ele acenou com a cabeça na direção de Gianna, que estava deitada de lado no chão de mármore, piscando. 
— Demi, — eu disse em voz baixa. 
— Demi Vitiello? — o homem perguntou com um sorriso cruel. 
Eu balancei a cabeça. Não havia como negar isso. Ele disse alguma coisa em russo e os homens gargalharam. Minha pele se arrepiou devido à forma como eles estavam olhando para mim. 
— Onde estão os outros? Seu sombra e as crianças? 
Levei um momento para perceber o que ele quis dizer com “meu sombra”. — Não sei, — eu disse. 
Igor chutou Gianna. Ela gritou. Seus olhos encontraram os meus e eu pude ver que ela queria me dizer alguma coisa, mas como eu poderia ficar ali assistindo enquanto eles a machucavam? 
Vozes e tiros vieram até nós do lado de fora. O líder dos russos me agarrou e me puxou contra seu peito antes de pressionar a lâmina contra a minha garganta. 
O medo paralisou meu corpo quando eu ouvi o som de luta. Fui arrastada para trás, mais perto da sala de estar. Igor puxou Gianna pelo cabelo. Ela não parecia capaz de ficar em pé. 
Outro mafioso russo foi arremessado para trás quando uma bala atravessou sua garganta. — Temos a sua esposa, Vitiello. Se você quiser vê-la inteira é melhor parar de lutar e soltar as armas. 
Joe entrou, uma arma em cada mão. Nick estava um passo atrás dele. 
— Então esta é a sua esposa, Vitiello? — disse o homem com seu hálito quente contra o meu pescoço. Eu me contorci, mas ele me segurou em um aperto de morte. A lâmina cortou em minha pele e eu fiquei imóvel.

2 comentários:

Espero que tenham gostado do capítulo :*