Capítulo Um - Bound By Honor

Três anos antes 

Eu estava enrolada na espreguiçadeira na nossa biblioteca, lendo, quando uma batida soou na porta. A cabeça de Liliana descansava no meu colo e ela nem sequer se mexeu quando a porta de madeira escura abriu e nossa mãe entrou, seu cabelo loiro escuro puxado para trás em um coque. Mamãe estava pálida, e seu rosto demonstrava preocupação.  
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei.  
Ela sorriu, mas era o seu sorriso falso. 
 — Seu pai quer falar com você no escritório.  
Segurei cuidadosamente a cabeça de Lily e a coloquei com cuidado na chaise. Ela puxou as pernas para cima e acomodou contra o seu corpo. Ela era pequena para os seus 11 anos de idade, mas eu não era exatamente alta com meus 1,65m. Nenhuma das mulheres da nossa família era. Mamãe evitou meus olhos enquanto eu caminhava em direção a ela.  
— Estou em apuros? — Não sabia o que eu poderia ter feito de errado. Normalmente Lily e eu éramos obedientes; era Gianna quem sempre quebrava as regras e era punida. 
 — Depressa. Não deixe seu pai esperando — mamãe disse simplesmente.  
Meu estômago estava atado em nós quando eu cheguei na frente do escritório de meu pai. Depois de um momento para acalmar os nervos, bati.  
— Entre. Entrei e fui andando cuidadosamente em direção a ele. 
 Papai estava sentado atrás de sua mesa de mogno em uma poltrona de couro preta larga; atrás dele havia prateleiras de mogno cheias de livros que ele nunca tinha lido, mas elas escondiam uma entrada secreta para o porão e um corredor que levava para fora das instalações. Ele desviou os olhos da sua pilha de papeis e os levantou para mim, seus cabelos grisalhos penteados para trás.  
— Sente-se. 
 Eu me afundei em uma das cadeiras em frente à sua mesa e cruzei as mãos no meu colo, tentando não roer meu lábio inferior. Meu pa odiava isso. Esperei ele começar a falar. Ele tinha uma expressão estranha em seu rosto enquanto me examinava.  
— A Bratva e a Triad estão tentando reivindicar nossos territórios. 
Eles estão ficando mais ousados a cada dia. Temos mais sorte do que a Família de Las Vegas, que também tem de lidar com os mexicanos, mas não podemos ignorar por mais tempo a ameaça que os russos e os taiwaneses representam. Fiquei confusa. Papai nunca falava sobre negócios conosco. Meninas não precisavam saber sobre os detalhes dos negócios. Mas eu sabia que não devia interrompê-lo. 
— Temos que colocar nossa rivalidade com a Família de Nova York de lado e juntar forças, se quisermos lutar com a Bratva e a Triad.  
— Paz com a Família? 
Papai e todos os outros membros do Chicago Outfit 1 odiavam a Família 2 . Eles estiveram matando uns aos outros por décadas e só recentemente decidiram ignorar essa luta em favor de matar os membros de outras organizações criminosas, como a Bratva e a Triad. 
 — Não há nenhum vínculo mais forte que o sangue. Pelo menos a Família é uma certeza.  
Eu fiz uma careta. 
 — Nascido no sangue. Juramentado no sangue. Esse é o lema.  
Concordei com a cabeça, mas minha confusão só aumentava. 
 — Eu me encontrei com Salvatore Vitiello ontem. — Papai se encontrou com o Capo dei Capi 3 , o chefe da máfia de Nova York? Uma reunião entre Nova York e Chicago não acontecia há dez anos e a última vez não acabou bem. Foi chamada de Quinta-Feira Sangrenta. E meu pai nem era o chefe. Ele era apenas o Consigliere, o assessor de Fiore Cavallaro, que controlava o Chicago Outfit e o crime no Centro-Oeste.  
— Nós concordamos que, para que a paz seja uma opção, tínhamos que nos tornar uma família, — os olhos de papai me perfuraram e de repente eu não queria ouvir mais o que ele tinha a dizer. — Cavallaro e eu concordamos que você vai se casar com seu filho mais velho, Joe, o futuro Capo dei Capi da Família.  
Eu senti como se estivesse caindo. 
 — Por que eu?  
— Vitiello e Fiore falaram ao telefone várias vezes nas últimas semanas, e Vitiello queria a garota mais bonita para seu filho. É claro, não poderíamos lhe dar a filha de um dos nossos soldados. Fiore não tem filhas, então ele disse que você era a garota mais bonita disponível. — Gianna era tão bonita quanto eu, mas ela era mais jovem. Isso provavelmente a salvou.  
— Há tantas meninas bonitas, — eu engasguei. Não conseguia respirar. 
 Papai olhou para mim como se eu fosse seu bem mais precioso.  
— Não há muitas garotas italianas com o cabelo como o seu. Fiore descreveu como ouro. — Papai gargalhou. — Você é a nossa porta de entrada para a Família de Nova York.  
— Mas, pai, eu tenho quinze anos. Não posso me casar. Ele fez um gesto de desprezo.  
— Se eu concordasse, você poderia. Você acha que nós nos importamos com leis? Segurei os braços da poltrona com tanta força que meus dedos estavam ficando brancos, mas eu não sentia dor. A dormência estava fazendo o seu caminho através do meu corpo. — Mas eu disse a Salvatore que o casamento teria de esperar até você completar dezoito anos. Sua mãe foi inflexível sobre você ser maior de idade e terminar a escola.  
Fiore ouviu seus apelos. Assim, o Chefe tinha dito ao meu pai que o casamento ia esperar. Meu próprio pai teria me jogado nos braços de meu futuro marido agora. Meu marido. Uma onda de horror caiu sobre mim. Eu sabia apenas duas coisas sobre Joe Vitiello; ele se tornaria o chefe da máfia de Nova York uma vez que seu pai se aposentasse ou morresse, e seu apelido era “O Imoral”, por esmagar a garganta de um homem com as próprias mãos. Eu não sabia quantos anos ele tinha. Minha prima Bibiana teve que se casar com um homem 30 anos mais velho que ela. Joe não poderia ser tão velho, se seu pai ainda não tinha se aposentado. Pelo menos isso é o que eu esperava. Ele era cruel? Ele tinha esmagado garganta de um homem. Ele ia ser o chefe da máfia de Nova York. 
— Pai, — eu sussurrei. — Por favor, não me obrigue a casar com esse homem.  
A expressão do meu pai se fechou  
— Você vai se casar com Joe Vitiello. Acertei tudo com seu pai Salvatore. Você será uma boa esposa para Joe, e quando você encontrá-lo na festa de noivado  vai agir como uma dama obediente. 
 — Festa de noivado? — Eu repeti. Minha voz soou distante, como se um véu de névoa cobrisse meus ouvidos. 
 — Claro. É uma boa maneira de estabelecer ligações entre as nossas famílias, e isso vai dar a Joe a chance de ver o que ele está levando nesse acordo. Nós não queremos decepcioná-lo. 
 — Quando? — Eu limpei minha garganta, mas o caroço permaneceu. — Quando é a festa de noivado?  
— Agosto. Não definimos uma data ainda.  
Isso seria em dois meses. Balancei a cabeça atordoada. Eu adorava ler romances e sempre que os casais se casavam, eu imaginava como seria o meu casamento. Eu sempre imaginei que seria preenchido com entusiasmo e amor. Sonhos vazios de uma garota estúpida.  
— Então, eu estou autorizada a continuar frequentando a escola? — O que importaria se eu me formasse? Eu nunca iria para a faculdade, nunca deixariam. Tudo o que eu tinha permissão para fazer era aquecer a cama do meu marido. Minha garganta se apertou ainda mais e lágrimas teimavam em sair dos meus olhos, mas eu as forcei para não cair. Papai odiava quando eu perdia o controle. 
 — Sim. Eu disse a Vitiello que você frequenta uma escola católica para meninas, o que pareceu agradá-lo. — É claro que sim. Ele não podia arriscar me colocar em uma escola que tivesse meninos. 
 — Isso é tudo? 
 — Por enquanto.  
Saí do escritório como se estivesse em transe. Eu tinha feito quinze anos quatro meses atrás. Meu aniversário tinha sido como um grande passo em direção ao futuro, e eu estava excitada. Pobre de mim. Minha vida acabou antes mesmo de começar. Tudo já tinha sido decidido. 
Continua ...

2 comentários:

  1. Adoreiiiii...
    Passado da Demi tenso...
    Ansiosa para saber mais ❤️
    Posta logoooo
    Beijos

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  2. Eu ameei meu Deus
    tadinha da Demi,foi obrigada a casar,nossa se fosse eu teria feito um escandalo
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    Xoxo

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Espero que tenham gostado do capítulo :*