Capítulo 2 - Bound By Honor - Segunda Temporada


No dia seguinte já era hora de arrumar as malas logo cedo, para então embarcar rumo a Outfit. O noivado de Gianna com Nick estava marcado, não seria diferente do meu é claro, um jantar intimista. Assim que termino de colocar as coisas necessárias nas malas Joe e Romero descem com elas três no total, pode se dizer que uma são somente itens de sobrevivência, no caso: armas. Me pergunto como ele passaria pelo detector de metais no aeroporto. 
_Está pronta? _Joe pergunta calmamente a minhas costas. 
_Sim._Respondo entre um suspiro me virando de encontro a ele. 
_O que foi? Parece preocupada. _Envolve suas mãos em minha cintura roubando um beijo em seguida. 
_Esse noivado. Nick não é você, ele não vai saber esperá-la, não vai se importar se ela irá querer ou não a noite de núpcias nem deixará de dormir com outras mulheres. 
_Ou talvez não, ele pode surpreender você. Ele também não é bom Demi, é um mafioso, mas Gianna é importante para ele de certa forma. Talvez ele aprenda a amar, como eu. –Ele me beija de novo e eu sorrio. 
_Talvez. Agora vamos ou perderemos o voo. 
Descemos de encontro a Nick que já esperava ansioso no hall do prédio, se não os conhecesse bem, diria que é apenas um noivo ansioso por encontrar sua amada. Mas não, eu sei bem a realidade, é apenas um caçador, mostrando o seu poder, de que quando quer alguma coisa simplesmente a tem, mostrando o quanto gosta de desafios e é capaz de vencê-los, custe a quem custar. Entramos no carro sem dar uma fala. Andamos um pouco até eu perceber que o caminho não segue para o aeroporto, mas guardo minhas duvidas. Vamos para um lugar distante, o carro para e entramos em uma espécie de galpão, não parece ser velho. Em cada canto há um homem armado e a espreita. Entramos e vejo mais homens, todos fazem sinal de respeito a Joe, então avisto uma pista de pouso e nela um helicóptero pronto para decolar, é ai que me dou conta. Obvio que o Capo não arriscaria uma viajem em um avião comum, sendo que há uma máfia contra nós por ai. Pobres mortais correriam esse risco Joe Vitielo, não. 
_Não sabia que iríamos nele. _Joe nada responde, apenas sorri, provavelmente da minha cara de surpresa. 
_Tenho certeza de que irá gostar. Além disso, é seguro. 
Aceno positivamente. Assim que as malas são colocadas entramos e esperamos a decolagem, que não demora. A sensação é totalmente diferente de voar de avião, confesso que é melhor. Rapidamente sobrevoamos a cidade de destino, o 
helicóptero pousa em uma nova pista reservada, entramos em outro carro e seguimos finalmente para minha antiga casa. Ao parar em frente ao local, um turbilhão de lembranças invadem minha mente, desde coisas boas e felizes até péssimas e tristes. Sinto saudades, mas fico feliz, afinal meu casamento está dando certo. Ao entrar já sou recebida por mamãe, Lily e Fabi, este corre para me abraçar forte. Logo Lily e minha mãe também vem me abraçar. Um turbilhão de perguntas caem sobre mim, respondo calmamente apesar de atordoada e sentir falta de Gianna. Meu pai aparece finalmente e me dá um abraço seco. 
_Vejo que chegaram um pouco mais cedo. _Diz em direção a Joe e Nick. 
Ambos se distanciam para conversar sobre negócios e o bendito noivado. 
_Presentes? _Fabi e Lily perguntam em uníssono me fazendo rir. 
_Estão na mala. –Dou uma piscadela e viro a atenção para mim mãe. _Gianna? 
_No quarto. 
Subo as escadas quase correndo de ansiedade. Bato de leve na porta do quarto de Gianna e não obtenho resposta, entro devagar e a vejo deitada na cama, ainda mais magra que antes. Está arrumada, mas totalmente desanimada. Ao me ver abre um sorriso pequeno, corro em sua direção para lhe dar um abraço apertado na moça já sentada. 
Ver Gianna naquele estado estava me magoando profundamente, ela estava bem mais magra do que a última vez e seus olhos não tinham mais o brilho de antes, aquela não era a Gianna que eu conhecia, que tinha sempre uma resposta na ponta da língua para dar para as pessoas que ela não gostava. 
_Senti tanto a sua falta. 
Me sento ao seu lado, observando cada traço que perdi enquanto estávamos separadas. 
_Também senti a sua. _Diz baixinho, está evidentemente fraca. 
_Não queria que tivéssemos que nos ver nestas circunstâncias, mas estou feliz em voltar. Como está se sentindo? 
_Como eu poderia? Vou me casar a força com aquele idiota Demi. 
_Mas... 
_Mas nada, eu não sou você. Não vou aceitar isso tão fácil. 
_O que você está pensando em fazer Gianna? 
_Nada. _Desvia o olhar. 
_Não faça nenhuma besteira 
Ela abaixa a cabeça e respira fundo. Me dói tanto vê-la assim. Sem o espírito alegre e impotente. 
_Podemos não falar sobre isso agora? Estou com saudades de você. 
_Tudo bem. Há muita coisa para lhe falar. 
Praticamente me deito ao seu lado e conversamos sobre como tem sido a vida em Nova York, lugares que frequentei e que me lembrei dela, de como ela gostaria e que claro iríamos conhecer quando ela finalmente se mudasse para lá. Ficamos de conversa até mamãe bater na porta e ordenar que nos arrumássemos devidamente. 
*** 
Assim que o pai de Demi apareceu na sala e nos levou para o seu escritório o que nós conversamos ali foi sobre o ocorrido em Nova Iorque com a Bratva e também sobre o noivado de Gianna com Nick. Nivk assim como eu teria que esperar para se casar com Gianna e até lá o seu pai não poderia colocar um dedo se quer em Gianna, agora ela pertencia a Nick e ele não queria sua esposa com nenhuma marca. 
_Como você pode ter esse deslize e deixar a Bratva encontrar meus filhos Joe_ meu sogro disse já alterado. 
_Eu não sei como aconteceu, eu estava de olho neles a meses e eles nao davam nenhum sinal de que iriam atacar e nem nada do tipo, não sei como isso foi acontecer. 
_Toma cuidado da próxima vez, nao quero que nada aconteça a Demi 
_Minha esposa não é nada sua mais, Demi agora é minha prioridade e você não tem que me dizer o que devo ou não fazer com ela. Você não tem que se meter em mais nada que envolva ela. 
_Olha como você fala comigo garoto, você esta dentro da minha casa, para eu acabar com você agora não custa nada. 
_Gente vamos deixar as brigas para depois, vamos falar sobre o meu noivado e de como a minha noiva é gostosa_ Nick logo entrou na frente dos dois para apaziguar a situação 
Eu só sei que me levantei, olhei bem nos olhos do meu sogro e sai daquele escritório não iria conseguir ficar ali olhando para a cara de cínico dele. Com quem ele achava que estava falando, ela não tinha o direito de me dizer o que eu deveria fazer com a vida da minha esposa. 
E também viajar com Demi havia sido uma boa escolha, assim nós conseguiríamos despistar um pouco a Bratva já que eles não sabiam do nosso paradeiro. Bom assim que esperava, a Bratva nunca dormia em serviço e eu também não. Caso ela resolvesse atacar enquanto eu estivesse aqui eles iriam ter um bom problema, já estava tudo organizado, estávamos somente esperando eles atacarem. 

Capítulo 11


Demi não prestou atenção na incrível opulência do quarto de  hotel de Joe. Mal adentrou um metro da porta quando esta foi aberta por ele, em resposta a suas batidas hesitantes. Não sorriu e certamente não conseguia falar.  
Não olhou para ele, mantendo os olhos grudados num pedaço do tapete cor de creme diretamente à frente dos pés. Mas estava tão dolorosamente ciente da presença dele que sua cabeça girava, e seu coração batia descompassadamente. Manteve os dentes fortemente cerrados. Se relaxasse, eles começariam a bater de nervosismo.  
Estaria o espanhol esperando que fosse para cama com ele hoje à noite? Esta era sua parte no acordo, não era? Em resposta a este pensamento, seu estômago começou a percorrer uma montanha-russa dentro de si, e ela soltou um gemido baixinho.  
— Endireite-se!  
A imposição, com um ligeiro sotaque, a trouxe de volta à realidade. Não era para ela estar lhe tratando com a mesma frieza com que ele a tratava, em vez de agir como vítima encolhida esperando o machado descer?  
Levantou lentamente a cabeça, injetando gelo nos olhos azuis escuros. Era uma verdadeira luta para manter uma expressão de indiferença quando olhava para aquele rosto magro e belo e admitia que bastava que ele dissesse uma palavra gentil para que ela se derretesse como um floco de neve numa brasa.  
Esticando o queixo um pouco mais, à medida que a avaliação fria dos olhos estreitados de Joe fazia com que sua pulsação disparasse, ignorou as reviravoltas do estômago e disse, o mais desprovido de emoção que pôde:  
— Meu pai me contou que você já agilizou a sua parte do acordo.  
Um ligeiro dar de ombros resignado. Será que ela conseguiria aparentar sofisticação e indiferença? Não tinha idéia, mas tentaria.  
— É melhor acabarmos com a minha parte também.   
Este comentário pouco entusiástico deveria lhe dizer que ela encarava o acordo deles como algo puramente comercial, sem o envolvimento de emoções.  
— Se isso foi um convite, eu não me sinto tomado pelo entusiasmo.  
  
A bela boca de Joe endureceu. Por Dios, ela era um osso duro  
de roer! Mas ele estava esperando isso, não estava? Ela não hesitou em usar sexo como um artigo de barganha. Cinco anos atrás ele caíra para valer por aquele anjo doce e inocente. Que fingida que ela era!  
Porém, ainda era encantadora. Talvez ainda mais do que antes. Os olhos ainda conseguiam fazer com que sua alma estremecesse, e o corpo ardesse de desejo. E ele a teria, mas nas suas condições e não nas dela. Ele a faria implorar...  
Dando um passo para trás, indicou com um ligeiro gesto uma mesa posta defronte a uma enorme janela que oferecia uma vista resplandecente da cidade vibrante, toda iluminada.  
— Prefiro que nosso relacionamento seja civilizado, de modo que começaremos como pretendemos continuar — anunciou calmamente. — Com este propósito em vista, o jantar já foi pedido, e enquanto jantamos discutiremos as futuras providências.  
Encerrando aquela declaração de intenções fria, Joe colocou a mão suavemente na parte inferior das costas dela, e a encorajou a caminhar na direção da mesa posta com elegância. O carrinho do serviço de quarto chegou, puxado por um garçom impassível.  
Ele reconheceu o vestido que Demi estava usando como sendo o mesmo que usara na noite do evento de caridade. Sexy. De seda. Um desenho discreto que sugeria de modo provocante as curvas delicadas e reentrâncias intrigantes de seu corpo divino. Podia sentir o calor dela nas suas palmas, o modo como a seda deslizava pelo corpo de Demi conforme ela se movia, e sua virilha latejou ferozmente. Se estivessem sozinhos, teria tomado-a nos braços...  
E estragado o seu plano de fazê-la implorar, cair de joelhos e implorar até que ficasse sem fôlego, e só então...  
A regra era não tocar. Ainda não. Retirando a mão rapidamente, deu um passo à frente e puxou a cadeira para ela, e depois acomodou-se no próprio assento do outro lado da mesa, furioso porque o controle de sua libido era limitado no que dizia respeito a Demi 
  
Observando-o do jeito mais impassível que podia, levando em consideração o modo como o toque dele a afetava, Demi invejou sua cortesia quando ele aprovou o vinho que tinha pedido para acompanhar o que quer que o garçom servira no seu prato. Joe estava usando um terno cinza claro muito bem talhado e uma camisa com listras cinzas finas que acentuava o tom azeitonado escuro de sua pele. No rosto, o despontar vespertino da barba cerrada que sempre fez com que Demi quisesse acariciá-lo.  
Ainda fazia! Levantando o seu garfo quando o garçom abandonou o recinto — não estava com a mínima fome, mas empurrar de um lado para o outro a comida, que sem dúvida devia estar deliciosa, dava-lhe algo para fazer — ela desafiou:  
— Acredito que você queira discutir a minha condição temporária como sua amante.  
Esperava que o tom profissional o fizesse se sentir tão desejado quanto uma lesma preta gigantesca num prato de salada.  
Mas o único efeito foi um leve levantar da sobrancelha negra.  
Com pouco caso, ele disse:  
— A condição de amante está bem acima do que eu tenho em mente para você.  
Joe levantou o copo de vinho.  
— Presumo que o seu passaporte esteja em ordem.  
O fora a devastou. Ele realmente a desprezava, não é? Mas sua voz foi tão fria quanto gelo quebrado quando lhe respondeu:  
— É claro, por quê?  
— Partiremos para uma das minhas casas no fim da semana. Neste interim, estarei envolvido com os meus advogados, resolvendo os detalhes para colocar o meu homem de confiança em condições de reinventar a Lifestyle para o século vinte e um. Não nos encontraremos mais até sexta-feira de manhã cedo, quando a apanharei a caminho do aeroporto.  
Demi não deveria estar arrasada com o pronunciamento, mas estava. Durante a reunião com o pai, naquela manhã, ficara tão surpresa com a velocidade com que Joe estava pondo as coisas em movimento, com o modo como ele interferira com a sua mudança de idéia, sim, porque ela não podia correr o risco de perder o que nunca antes tivera (a aprovação do pai), que não absorvera por completo o significado de... “o seu acordo de passarem algum tempo juntos em Andaluzia”. O fato de que ele pedira para ela esvaziar a sua mesa também não havia feito com que percebesse exatamente a situação. Se eles estavam para contratar editores descolados, ninguém ia querer Demi por perto, porque ela seria como um peixe fora d’água.  
Agora seu estômago brindava-a com uma das piruetas que haviam se tornado tão comuns desde que Joseph Jonas entrara em sua vida novamente. Aqui no início frio da primavera londrina, podia manter uma fachada de indiferença. E só isso já exigia um esforço supremo. Mas voltar à Espanha com ele, onde tudo começara. Não conseguiria suportar a dor acre-doce que isso lhe causaria. Abaixando o garfo, seus olhos encontraram os dele. Foi preciso apenas um instante para recuperar o controle das cordas vocais retesadas e comentar:  
— Corrija-me se eu estiver errada, mas você não me disse nada sobre a minha ida com você para a Espanha. Eu pensei...  
— Pensou que algumas trepadas enquanto eu estivesse aqui na Inglaterra cancelariam a dívida? — Joe interrompeu secamente, seus longos dedos apertando a delicada haste do copo de vinho. — Não mesmo. Quando você me recompensar pela maneira como se portou há cinco anos, será numa hora e num lugar de minha escolha.  
E a pequena sirigaita não estaria se comportando como se fazer amor com ele fosse uma tarefa mundana e necessária como, por exemplo, separar a roupa para lavar. Estaria tão ansiosa e disposta como estava cinco anos atrás, seus lábios doces arquejando pela satisfação de que ele a privara, porque a amara de verdade. E quando ela estivesse prestes a se desintegrar, ele a tomaria nos braços, e tiraria da cabeça a frustração e a raiva que, por tempo demais, vinham sendo os seus demônios interiores. E a dispensaria. Faria com que ela soubesse, de uma vez por todas, qual era a dor da rejeição.  
Notando a repentina cor escura que cobria as faces magras, o brilho sombrio dos olhos detrás dos cílios espessos, Demi tentou afastar da cabeça as imagens dela própria sendo usada como um brinquedo sexual barato, e decidiu que chegara a hora de esclarecer tudo. Depois disso, ele certamente reconsideraria, e a deixaria ir embora. Talvez com um pedido de desculpas e uma promessa de não retirar a oferta de investimento na revista.  
Mas será que era realmente isso que ela queria? — Comentou um lado de si que secretamente desprezava. — Ela ainda não o desejava, apesar de fingir o contrário? Não tinha uma esperança infantil e perversa de que ele acabaria se apaixonando por ela? Realmente se apaixonando, desta vez, e não fazendo hora com uma adolescente bobinha, falando o que ela queria escutar, porque se divertia em vê-la cair sob o seu encanto. Sem estar realmente falando a sério, já que ele passava todas as noites, não trabalhando como alegava, mas se divertindo com uma mulher deslumbrante e sofisticada, de sua própria classe social, que realmente sabia satisfazer o seu homem. Não, era seu dever tentar escapar deste acordo traiçoeiro, se assim o conseguisse. Para isso, devia contar com o que restava de seu autocontrole e sua dignidade, desejando fervorosamente que pudesse acreditar em si mesma. Agarrando a base do copo de vinho até agora negligenciado, perguntou:  
— Não acha que devíamos conversar a respeito?  
O leve levantar de uma das sobrancelhas escuras foi a única expressão daquele rosto magro e perigosamente belo; — Pensei que estávamos fazendo isso.  
— Não, não isso. Não os termos e condições — explicou, por demais consciente da cor quente que tomava conta de sua pele quando a lembrança do que exatamente ele esperava dela surgiu na sua cabeça, com a força de uma explosão nuclear. — Mas o porquê de você ainda estar tão zangado comigo pelo que aconteceu naquela noite, anos atrás. É um bocado de tempo para se carregar rancor, Joe— falou gentilmente, querendo que ele escutasse, ou que pelo menos entendesse que a culpa não fora exclusivamente dela. — Eu sei que agi como uma idiota, mas...  
— Basta! Não tenho nenhuma vontade de escutar as mentiras que você teve tempo de inventar!  
Os olhos negros brilhavam de desprezo.  
— Você pode parecer um anjo, mas mente como o diabo! — ele a informou, com uma intensidade mortal. — Eu vi o que vi, escutei o que escutei! Perdición 
Ele se pôs de pé, afastando a cadeira e avultando-se diante da moça.