Capítulo 17


Mas um beijo podia ser enganador. Podia fazer com que se imaginasse alguma coisa que na verdade não existia, e Demi não podia se arriscar a se magoar novamente. Não agora, quando tinha de ser forte para cuidar dos meninos. Joe não a amava e ela não tinha nada a ganhar pensando que ele algum dia viria a amá-la. 
Temendo inflamá-lo ainda mais, ou a si mesma, ela deu um passo para trás. Em breve ele voltaria para a sua torre reluzente em Nova York, e a última coisa de que ela precisava agora era se ligar a ele mais intensamente. 
— Sim, o sexo sempre foi muito bom, mas isso não é mais relevante, Joe. 
— Você acha que não? — perguntou ele zombeteiramente. 
— Eu sei que não. O nosso relacionamento acabou. Nós não podemos fingir que nada aconteceu só porque ainda sentimos desejo um pelo outro. Não é justo com nenhum de nós. 
Ele a olhou nos olhos, forçando-se a acalmar seu desejo ao perceber que ela estava falando sério. Por mais estranho que parecesse, ele nunca a havia respeitado tanto quanto agora, com seu cabelo maltratado, sua expressão desafiadora e sua declaração arrojada. Quando fora a última vez que uma mulher havia encarado os fatos daquela maneira e imposto um limite aos seus desejos? 
— Muito bem. Eu vou me concentrar naquilo que precisa ser feito. Você quer um jardim, e vai ter um. Nós vamos conseguir uma casa até o final dessa semana — prometeu ele. 
Houve um silêncio. Nós. Demi tinha certeza de que aquilo fora apenas um lapso. Tinha de ser. Ela sorriu nervosamente. 
— E você vai voltar logo para os Estados Unidos, eu espero. Afinal, você tem seus negócios para conduzir. 
Joe percebeu a esperança em sua voz, embora ela estivesse fazendo de tudo para disfarçar. Naquele momento, algo dentro dele mudou. 
Até agora, ele havia se concentrado apenas em tirar a ela e aos seus filhos daquele pardieiro. As palavras de Demi, porém, o forçaram a olhar para um futuro mais longínquo, que incluía aqueles dois bebês que carregavam seus genes e que se transformariam em rapazes, e depois em homens. 
E depois disso? 
Precisaria imprimir a sua presença em suas mentes, se ligar a eles firmemente desde cedo para que eles soubessem que ele era seu pai. Afinal, quem poderia saber o que a mãe deles estava planejando fazer depois de ter se dado conta de que ele não pretendia casar com ela? Quem garantiria que ela não ficaria entediada com o trabalho diário de cuidar das crianças e não começaria a ansiar por algum tipo de excitação que a afastaria deles, como sua própria mãe havia feito? E quem melhor do que ele para assumir a sua criação, caso isso acontecesse? 
Mas isso só seria possível se eles o conhecessem. 
Ele lhe lançou um sorriso duro. 
— Eu não me lembro de ter dito nada a respeito de voltar para os Estados Unidos — disse ele. 
Demi teve a nítida sensação de sentir uma mão fria e úmida agarrá-la pela nuca. 
— Mas eu pensei... 
— O que foi que você pensou, DemiNão deixe que ele a intimide. Se você demonstrar alguma fraqueza, estará perdida. 
— Bem, você é um homem ocupado que certamente não tem tempo para ficar vagabundeando por aqui. 
— Não tenho? — Ele cravou seus olhos negros nela, parecendo se divertir. O que ela achava que ele ia fazer? Pagar para que vivesse no luxo e então se afastar como alguma espécie de tolo? 
__Eu posso fazer o que bem entender, Demi, e o que quero nesse exato momento é ficar perto dos meus filhos. Quero estar por perto quando eles acordarem de manhã e apagar a luz à noite quando forem dormir. 
Ela levou alguns segundos para compreender o que ele havia dito e, quando o fez, chegou a ficar um pouco tonta. 
— Você quer dizer... que está planejando vir morar conosco? 
Ele a viu empalidecer e seus olhos ficarem nebulosos de apreensão, mas se conteve. 
— Claro que sim. Pensou mesmo que eu ia lhe comprar uma casa grande e então desaparecer da vida dos meus filhos? Você realmente achou que eu era o tipo de homem que aceitava pagar todas as contas e então ser posto de lado, Demi? 
Ela abriu a boca para protestar e lhe dizer que fora ele quem insistira para que se mudasse para uma casa maior e agora estava distorcendo as coisas para fazê-la parecer uma golpista! Será que Joe era tão rico a ponto de não ter notado que ela não havia tocado em um centavo do dinheiro que ele havia lhe enviado? 
— E se eu lhe dissesse que preferia permanecer nesse lugar apertado do que dividir um palácio com você? 
Seu sorriso era falso, e o fogo da batalha estava aquecendo seu sangue. 
— Você estaria me dando motivo para abrir um processo contra você para obter a guarda das crianças. 
— Você não faria isso! 
— Oh, eu faria, sim, Demi, pode acreditar. 
— Você não ia conseguir! Sabe que não! 
— Talvez não a guarda total — disse ele —, já que a Justiça ainda tende a favorecer as mães nesses casos. Mas eu não vejo motivo para não conseguir uma guarda compartilhada. Como você se sentiria se eu começasse a levar Andreas e Alexius para Nova York em semanas alternadas? 
Para seu horror, ela viu uma nova luz brilhar nos olhos negros de Joe, como se, ao desafiá-lo, ela o tivesse feito lembrar de uma opção que ele não tinha pensado antes. 
Sabia que ele poderia muito bem estabelecer uma vida com os gêmeos que a excluiria gradualmente. Que criança não ia querer desfrutar do tipo de vida que Joe poderia lhe proporcionar? O que ela poderia lhes oferecer em contrapartida? 
Demi enterrou as unhas ferozmente nas palmas das mãos. Poderia lhes oferecer algo que eles jamais conseguiriam obter de outra pessoa — o amor de mãe! 
Sua cabeça estava girando. Ela estava encurralada e ele sabia disso também. 
Aja com tranqüilidade. Não permita que ele perceba como você está assustada. Faça uma cara de corajosa e enfrente-o, se não por você, ao menos pelos meninos. 
— Muito bem — disse ela lentamente. — Já que se mudar conosco é a sua condição para dar aos nossos filhos o espaço e o conforto que eles merecem, que assim seja. — Ela respirou fundo. — Mas acho melhor você ouvir as minhas condições também, Joe. 
— Neeu ficaria encantado em saber do que se trata, agape — provocou ele, inclinando a cabeça. — Ou será que eu devo adivinhar? Hum? Será que você vai me dizer para não beijá-la mais como eu acabei de fazer, nem tocá-la para lhe proporcionar toda a sorte de prazeres que nós conhecemos tão bem? É isso, Demi? Mesmo quando eu posso ver seu rosto afogueado como já vi tantas vezes quando você gritou em meus braços? 
Demi se conteve para não reagir à provocação sensual contida em suas palavras. 
— É isso mesmo — disse ela, tranqüila. — Se formos morar sob o mesmo teto, terá de ser separadamente. 
— Separadamente — repetiu ele, pensativo, com um sorriso de predador. Será que ela realmente acreditava que um homem com o seu apetite sexual se satisfaria com isso? 
E o que dizer do apetite dela, então? Demi havia acabado de demonstrar o quanto ainda o desejava. 
— Vamos ver quanto tempo você suporta viver dessa maneira, preciosa — disse ele suavemente. 

Continua...
Amores vocês não estão gostando da fic? Não estão comentando nos capítulos 


Um comentário:

  1. Eoooooooo nossa qndo ele chama ela bde preciosa até eu estremeço. EU TO AMANDO A FIC. COMENTENTEM PESSOAL

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Espero que tenham gostado do capítulo :*