O sol banhou a escrivaninha de Joe. Ele pousou o lápis e estendeu os braços acima da cabeça. Estivera trabalhando desde as primeiras horas da manhã em seu grande estúdio vazio e descobrira que podia ser extraordinariamente produtivo na tranqüilidade daquela casa, no início do dia.
Joe se recostou na cadeira, feliz com os primeiros esboços do projeto para a sala de concertos parisiense. Ele trabalhava para o mundo inteiro e aquela base em Londres facilitava em muito suas viagens pela Europa.
Ele gostava do seu trabalho. Jamais sabia se um projeto ia realmente funcionar ou não, por mais cuidadosamente que o tivesse planejado. Quando se projetava algo tão grandioso quanto o enorme centro de pesquisas que ele havia recentemente concluído em Denver, não havia como prever o modo como o sol do meio-dia ia refletir nas suas diversas janelas, tornando-o eternamente conhecido como O Diamante. Era mais ou menos como viver ali, com Demi e seus filhos. Por mais que a natureza do seu trabalho o fizesse visualizar tijolos e argamassa transformando-se em coisas belas, ele jamais havia imaginado que isso poderia acontecer com crianças também.
Que o seu desenvolvimento diário pudesse ser tão surpreendente quanto o dos prédios altos que ele concebia e que pareciam desafiar a própria lei da gravidade. Joe jamais havia parado para pensar naquilo antes. Mas por que deveria? Afinal, nunca fizera nenhum plano para se tornar pai até ser obrigado a isso pela força das circunstâncias.
Mas agora ele havia entrado numa rotina, deixando seu trabalho na hora do almoço e dando um passeio com Demi e os meninos. Seus colegas nos Estados Unidos teriam ficado perplexos ao vê-lo tirando uma hora do dia para passear ao redor de um parque numa carruagem. Para falar a verdade, até ele estava perplexo.
O leve som de um choro no andar debaixo significava que um dos bebês estava acordando e que o outro logo o seguiria. Ele desceu para fazer um café antes de a governanta chegar.
Depois ele procuraria por Demi, que certamente estaria fazendo algo com um dos bebês, usando um jeans gasto, com seus longos cabelos amarrados com uma fita, mais bela do que qualquer mulher tinha o direito de ser.
A imagem que eles passavam para o mundo externo de um casal feliz não tinha nenhuma consistência. Era como uma daquelas pinturas que criavam uma ilusão de ótica, fazendo o observador acreditar que estava olhando para uma paisagem verdadeira quando, na verdade, se tratava apenas de um quadro bidimensional.
Ele fez café, ouviu algumas mensagens na secretária eletrônica e foi até Demi, no quarto das crianças, onde ela estava secando um dos bebês. Sua blusa molhada estava colada aos seios. Seus belos seios.
— Havia outra mensagem daquela mulher — disse ele.
Demi desviou o olhar do bebê, pensando em como eles eram perfeitos, com sua pele morena como a do pai, e os mesmos cabelos e olhos cor de azeviche. Até agora, ela não havia conseguido reconhecer nada de si mesma neles.
Ela franziu a testa.
— Que mulher?
— A loira aqui do lado. Aquela que está sempre de saia, ou melhor, sem saia.
Demi se conteve.
Ah, sim. Aquela.
Ela baixou os olhos para endireitar a colcha sobre a qual o bebê estava deitado.
É claro que Joe havia notado as roupas impróprias e as longas pernas de sua vizinha. Ele era livre para passar o tempo que quisesse avaliando-as. O fato de que ela não gostava daquilo não tinha a menor importância. Fora ela quem escolhera viver vidas separadas. Tenha cuidado com o que você deseja.
— O que ela quer dessa vez?
— Disse que já deixou várias mensagens. Ela vai dar uma festa amanhã e quer que nós compareçamos.
Demi fez uma careta.
— Você vai. Eu fico aqui.
Joe ficou admirando a sua destreza ao vestir o bebê. Era incrível como as coisas podiam mudar tanto assim. Ele se lembrou de como costumava ligar para ela na última hora para convidá-la para jantar, quando ela largava tudo para ir encontrá-lo. Ela sempre se ajustava aos seus planos e fingia não ligar se ele cancelava tudo na última hora.
E não tinha sido exatamente por isso que ele a havia desprezado, assim como a todas as outras mulheres que facilitavam demais as coisas para ele?
Demi, porém, não estava mais fazendo isso, e, a certa altura do campeonato, ele também deixara de pensar que aquilo se tratava de alguma espécie de jogo de sua parte.
Quando ela lhe dissera pela primeira vez que queria dormir em quartos separados, Joe pensou que ela estava arquitetando um plano, desejando puni-lo, talvez, antes de recebê-lo novamente em seus braços e na sua cama. Afinal, como ela poderia resistir a ele, se nenhuma mulher havia conseguido fazê-lo? Tinha até mesmo se permitido saborear a expectativa do inevitável, pois sabia que ela ainda o desejava. Podia ver facilmente os sinais que Demi lhe enviava, embora ela fizesse de tudo para escondê-los. Ela não tinha como disfarçar o modo como seus olhos escureciam quando ele se aproximava ou como seus lábios se entreabriam levemente como se ela quisesse beijá-lo.
Apesar disso, ela se comportava com ele como uma verdadeira professorinha, numa atitude gentil, porém distante. Quando eles estavam lidando com os gêmeos, Demi era doce e cooperativa. E olha que ele estava ajudando até mesmo na hora do banho! Em algum momento, Porém, ela erguia uma barreira invisível em torno de si e algo o impedia de tentar desarmá-la. Será que ela estava investindo deliberadamente na sua imagem de Madonna intocável? Será que sabia que ele estava ficando louco? Que ficava acordado à noite, atormentado de desejo, imaginando-a no andar debaixo, numa cama grande demais para ela? Talvez Demi estivesse tendo algum prazer em imaginar a sua frustração. Talvez já estivesse na hora de fazer alguma coisa a esse respeito...
— Você vai — repetiu Demi, interrompendo seus pensamentos eróticos.
Ele foi até ela.
Os cabelos cor de mel estavam presos num rabo-de-cavalo alto que deixava o pescoço à mostra. Joe teve vontade de correr seus lábios ao longo dele.
— Ela quer que nós dois vamos — disse ele.
— Não sei por que, mas eu duvido muito. Acho que ela não ia ficar nem um pouco triste se você aparecesse sozinho por lá.
— O que você está querendo dizer?
Ela desejou que ele não tivesse se aproximado tanto assim.
— Ora, vamos, Joe, você sabe exatamente do que é que eu estou falando! — Ela ajeitou uma mecha de cabelo para trás da orelha. — E impossível que você não tenha notado que aquela mulher o acha atraente.
Ele percebeu que a atitude dela estava tendo um efeito perigoso sobre sua pressão arterial. Se Demi tivesse bancado a ciumenta ou pegajosa, ele talvez tivesse tido vontade de escapar para a casa ao lado, mas aquela possibilidade não o atraía de maneira alguma.
— Acho que você deveria vir também. Aliás, eu insisto. Isso vai lhe fazer bem. Há quanto tempo você não sai à noite?
Desde os primeiros dias de sua gravidez, mas Demi era orgulhosa demais para admitir isso para ele.
— Há muito tempo, mas isso é bem comum entre mães com filhos pequenos.
— De repente, você virou uma especialista nisso, não é? Eu queria muito que você fosse. Encare como uma espécie de exercício de relações públicas em nome dos nossos filhos, para que possamos fazer amizade com os pais de outras crianças.
— Que provinciano — murmurou ela. Ele riu.
— Você está acusando a mim de ser provinciano, preciosa!. Isso é ultrajante.
Preciosa... Ele já ta ficando incomodado , ela ta se saindo mt bem kkkkkkkkk POSTA
ResponderExcluiradoreiiii ❤️❤️❤️❤️
ResponderExcluirapaixonada !!
já quero mais kkk
beijos