Capítulo 1 - Bônus do fds


Uma mistura muito desconcertante de nervos desgastados e  
tórrida agitação estava fazendo com que Demi Lovato se sentisse decididamente nauseada.  
Seus longos dedos remexeram na bolsa, procurando um lenço para enxugar o suor do rosto, pois parecia um operário metalúrgico. Tentou se convencer que era devido ao calor da noite espanhola e forçou-se a tomar jeito. Acabaria parecendo um pinto molhado se não se controlasse. E isso não podia acontecer.  
Mesmo que fosse apenas para equilibrar a reação de Ben, ela tinha de estar com boa aparência, e parecer calma e controlada. Resolveu partir para a ação e pegou a bolsa de maquiagem. A base cremosa ocultou um pouco o bronzeado que adquirira nas últimas oito semanas, enquanto a sombra prateada valorizava o formato e o tamanho dos olhos azuis, e o batom escarlate completou o quadro, proporcionando-lhe uma ilusão de coragem.  
Durante todo o feriado usara shorts e tops de algodão frescos, mas esta noite estava usando um vestido de seda verde prateado, elegante e sofisticado. Não podia ser vista no hotel mais novo e requintado de toda Marbella usando qualquer trapo velho.  
No dia seguinte, ela, Ben e Sophie estariam voltando para a Inglaterra. Até lá todo mundo estaria sabendo quais eram as intenções de Joe. Ela estremeceu, sobrepujada por uma nova onda de tensão nervosa.  
Joe. Como ela o amava — não conseguia descrever o quanto! Nas últimas sete semanas ele se tomara tudo no mundo para ela, o foco de todo pensamento, a sua razão de respirar. E ele a amava; tinha certeza de que ele a amava. Esta sensação era pura magia. Esta noite ele exporia as suas intenções. Por que outro motivo sugeriria encontrar-se com ela e seus companheiros de férias na discoteca do hotel? Ele sabia que Ben e Sophie eram íntimos dela, filhos gêmeos do sócio de seu pai. Os três sempre foram companheiros, especialmente depois da morte da mãe dela há quatro anos, quando a acolheram sob a sua proteção amorosa.  
Demi cruzou os dedos, torcendo para que a reunião corresse sem atropelos, para que Ben não viesse com alguma palavra ou gesto impróprio que o orgulho espanhol de Joe jamais perdoaria. Seria insuportável se as três pessoas que ela mais amava no mundo não se suportassem.  
Ajeitando os ombros, sentindo o balanço dos sedosos e longos cabelos louro-prateados nas costas, ela arriscou uma olhadela pelo canto do olho. Ben, que caminhava ao seu lado, estava aparentemente entretido em observar os carros luxuosos que passavam pelo elegante caminho à beira-mar. Ele não estava olhando em sua direção, mas ela sabia que suas feições másculas estariam cerradas de desgosto se ele se voltasse para ela.  
Aos vinte anos de idade, ele era apenas dois anos mais velho do  
que ela, às vezes agia como se fosse o seu avô! Demi suspirou ao lembrar dos comentários maldosos quando, para explicar por que passara tão pouco tempo com ele e Sophie, teve de confessar que conhecera alguém.  
Ruborizada com a idéia de ter encontrado o amor de sua vida aqui na Espanha quando ela nem mesmo queria vir, quando planejava passar o ano de intervalo escolar cruzando a Europa com uma mochila nas costas, ela deu o seu nome:  
— Joseph Jonas — acrescentando desnecessariamente: — Ele é espanhol.  
Omitia, com o coração batendo freneticamente, o fato de ele ser a criatura mais linda que já fora posta no planeta.  
Ben lançara-lhe aquele olhar que antecedia um sermão.  
— Quantos anos tem este sujeito? E, já que vocês têm passado todos os dias juntos, suponho que ele esteja desempregado?  
— Está supondo errado! — Demi disse, com o queixo erguido defensivamente. — Joe trabalha, a maior parte das noites, no restaurante de um hotel em Marbella. É por isso que ele está livre para passar os dias comigo! E, se você estiver realmente interessado, ele tem vinte e dois anos.  
Apenas quatro anos mais velho do que ela e tão lindo, tão esbelto e fisicamente tão perfeito, que seu coração doía só de olhar para ele.  
— Então um garçom espanhol pegou você — Ben disse secamente. — Mas que clichê!  
Imperdoavelmente, Demi riu porque, tecnicamente, Ben acertara na mosca. Ela relembrou aquele dia, três semanas atrás. Passara a primeira semana acompanhando zelosamente os amigos. Descendo das montanhas onde ficava a casa de férias alugada, no carro alugado de tração nas quatro rodas. Fazendo tudo que Ben e Sophie gostavam: jogando golfe, olhando vitrines, bebendo nos cafés da moda, explorando o que eles podiam da área exclusiva e altamente chique perto de Puerto Banus 
Naquele dia em especial protestou, pois todo aquele glamour já estava começando a ficar desinteressante. Preferiu, então, passar algum tempo a pé, explorando a região montanhosa ao redor. Sentia-se confortável usando um short, uma camiseta amarela e um par de tênis. O barulho de uma lambreta — uma Vespa, como Joea chamou — foi um aviso que veio tarde demais. Eles se encontraram numa curva da trilha estreita e íngreme. Demi caiu para trás num tapete de ervas selvagens e o belo jovem espanhol freou a lambreta com uma guinada lateral que fez o cascalho voar.  
Cruzando a área estreita, ele gentilmente a ajudou a se levantar. Então, sim, ele literalmente me pegou! Olhando os olhos negros preocupados, as orgulhosas feições de aparência aristocrática, aquele macho sensacionalmente esculpido, alto, bronzeado e perfeito, usando apenas um jeans remendado que marcava a saliência rija dos seus quadris, e uma camisa preta, que, de tão desbotada, parecia cinza, ela ficou totalmente petrificada, o coração pulando até a garganta e depois despencando para criar o caos no estômago.  
Seus olhos se encontraram enquanto ele se assegurava de que ela  
não se machucara — suas perguntas foram feitas em um inglês suave e com um ligeiro sotaque e seus olhos negros e lustrosos de cílios espessos dardejavam mensagens silenciosas e ardentes para os olhos azuis escuros. As mãos fortes e firmes que deslizavam ao redor dos seus ombros magros transmitiam uma sensação que era uma dor lenta e inacreditavelmente doce dentro dela.  
Foi assim que tudo começou. E ela nunca mais faria pouco caso da noção de amor à primeira vista.  
Ben soltou um suspiro preocupado, observando-a enquanto ela preparava o café da manhã, e Sophie, colocando pêssegos recém colhidos em um prato precisamente no centro da mesa do café, disse com suavidade:  
— Toda garota tem direito a um romance de férias uma vez na vida, desde que as coisas não fujam ao controle.  
— E isso não aconteceu, aconteceu? — Ben acrescentou rapidamente, franzindo ainda mais a testa.  
Como se ela fosse contar para ele! E não, não aconteceu. Os beijos e carícias de Joe a incendiaram, o desejo era um doce tormento selvagem dentro dela, mas ele sempre recuara no momento crítico, sua voz parecia macia e ardente quando explicou:  
— Você é jovem demais, corazón. Um dia você vai ser a minha esposa. Até lá, meu anjo, eu considero a sua pureza acima de tudo.  
— Isso é um pedido de casamento?  
A voz dela estava trêmula de paixão, a garganta travada. Ele era tudo o que ela sempre quis: parecia um conto de fadas.  
— Mas é claro, corazón. Você é o meu anjo. Eu amo você de verdade.  
Um dedo carinhoso traçou o contorno dos lábios sensuais, fazendo com que ela tremesse. Mal podia falar diante da onda de felicidade, mas conseguiu proferir um arquejante:  
— Quando?  
— Quando for a hora certa, amor — ele respondeu suavemente. — Quando você se formar na universidade...  
— Mas ainda faltam anos! — ela exclamou, livrando-se do seu abraço. Ele oferecera-lhe o céu e agora ela podia ver isso escapar-lhe, como água descendo pelo ralo.  
Ele pegou nas suas mãos:  
— Não existe limites para o nosso amor; o tempo não vai mudar nada.  
Os olhos escuros e carinhosos sorriram para os dela.  
— Também tenho muito a fazer. Prometo que o tempo vai passar bem rápido. Você vai tirar férias e eu vou avisá-la onde estou para você vir ao meu encontro. 

2 comentários:

Espero que tenham gostado do capítulo :*