Capítulo 5


Seus olhos se arregalaram.  
— Nós podemos ter um casamento duplo! Isso seria fantástico. Ben poderia se mudar para cá com você. Já está na hora dele tomar jeito e sair da casa do papai.  
Era uma possibilidade, considerou Demi enquanto escutava Sophie falar de vestidos de noiva, madrinhas e opções para a lua-demel 
Ben havia mencionado um intervalo de um ano após a oficialização do noivado, no dia seguinte. E ele dividia a casa da família em Holland Park por razões estritamente práticas. O dinheiro economizado do aluguel vinha fazendo muito bem as suas finanças. Mas depois que Sophie se mudasse, Demi ainda teria que pagar o aluguel do apartamento, de modo que seria prático e inteligente que Ben dividisse o aluguel como sua mulher.  
Depois do segundo copo de champanha Demi esqueceu de praticidades e de repente disse:  
— Ele estava na festa de caridade hoje. Do jeito que eu me lembrava dele, mas diferente.  
— Quem? — Sophie, no meio de conjecturas sobre a lista de convidados encheu novamente as taças.  
— Joe 
Com que facilidade o nome que não mais mencionara desde aquela noite horrível escorregou de sua língua. Com que facilidade este som trouxe tudo de volta à tona — a dor, a raiva, o sofrimento profundo, todas as emoções que há muito pensava mortas e enterradas.  
Incentivada pelo olhar perplexo de Sophie e uma dose de álcool à  
qual não estava acostumada, afirmou:  
— Espanha. Lembra? Aquelas férias que você e o Ben insistiram em me dar.  
— É claro! — Sophie atingiu o lado da cabeça com a palma da mão. — O garçom bonitão por quem você pensou estar perdidamente apaixonada, o que lhe deu o fora na última noite. O safado! Que mundo pequeno! E o que ele estava fazendo metido com aquela gente?  
— Não tenho a mínima idéia 
Demi colocou o copo na mesa, sem realmente saber por que tinha puxado o assunto, lutando para descobrir por que precisava falar sobre ele. Uma catarse talvez? Uma válvula de escape emocional, libertando-a da dor da traição que estava enterrada no fundo do seu ser?  
— Ele parecia tão bem. Parecia alguém que consideraria um milhão de dólares mixaria. Presumo que sua carreira de alpinista social rendeu muitos frutos.  
Tinha de dizê-lo. Marretar no seu cérebro o que ele realmente era, pintá-lo de forma que ela nunca mais... Nunca mais o quê? Ainda se lembraria, ainda o desejaria, ainda sonharia com ele?  
— Maldito gigolô! — Sophie resmungou. — Espero que você tenha lhe dito poucas e boas.  
— Não nos falamos.  
Apenas uma única palavra. O nome dele saindo dos lábios dela.  
— Melhor assim — Sophie admitiu. — No seu lugar, eu provavelmente teria lhe acertado uma e causado grande constrangimento a todos. Agora esqueçamos aquele miserável e falemos de algo agradável. O que está pretendendo usar para a sua festa? Eu pensei em usar aquele vestido de cetim verde. James o acha excitante...  
  
A casa em Holland Park exibia sua melhor forma festiva. A maioria dos convidados já aguardava quando Demi chegou. Havia flores por toda parte, preenchendo os recintos elegantes com o aroma da primavera. Até a morte de sua mãe, seus pais moraram numa casa semelhante, a menos de cinco minutos de caminhada dali. Ela não tinha completado quatorze anos quando recebeu a triste notícia no internato em que estudava.  
Foi só depois do enterro, quando seu pai friamente anunciou que estaria vendendo a casa e se mudando para um apartamento adequado para um homem sozinho, que entendeu a enormidade de sua perda. Sua mãe a amava e agora a mulher doce e gentil, que sempre fora completamente dominada pela personalidade mais forte do marido, se fora. Sem pensar direito, acreditara ingenuamente que ela e o pai se aproximariam devido à perda mútua. Mas ele se distanciava cada vez mais, se é que isso era possível, devido a um fato que ela entendeu quando ele lhe disse:  
— Os Claytons sugeriram que você passasse as férias escolares com eles. Você sempre se deu bem com os gêmeos, e Ben e Sophie serão uma companhia bem melhor do que eu.  
Demi fechou os olhos por um instante, tentando expulsar a indesejável tristeza das lembranças. Esta era uma ocasião alegre, pelo amor de Deus! Exibindo um sorriso, entregou seu agasalho para uma empregada que devia ter sido contratada para a noite, e foi procurar Ben.  
Os aposentos estavam apenas confortavelmente cheios. Mesmo assim, era-lhe difícil atravessá-los, pois a cada passo era abordada por amigos, colegas e por perfeitos desconhecidos — provavelmente convidados pelos pais de Ben, supôs — que lhe ofereciam congratulações.  
Móveis foram empurrados para o canto dos recintos ou retirados destes, e um suntuoso bufê adornava a mesa de jantar comprida, servido por garçons elegantemente vestidos. Ben e seus pais estavam agrupados perto de uma das grandes janelas, aparentemente tendo uma conversa particular e séria, interrompida abruptamente quando Demi alcançou Ben e tocou na manga do seu blazer para chamar-lhe a atenção.  
— Alguma coisa errada? — perguntou, as sobrancelhas sedosas se aproximando.  
Os três pareciam inusitadamente preocupados, mas Honor Clayton negou imediatamente:  
— É claro que não! Você está muito bonita, querida. Não está, Ben? Sophie veio com você? É típico de vocês duas se atrasarem.  
— Ela está esperando o James. Ele vai apanhá-la no apartamento e trazê-la. Ela queria que os dois chegassem juntos

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