Capítulo 22


— Você devia focar sua atenção um pouco mais em seu companheiro — prosseguiu o médico, abordando um tema obviamente recorrente num período pós-parto, fazendo Demi corar, embaraçada. 
Será que ele não havia compreendido que Joe não era seu companheiro? Que eles eram apenas os pais das crianças e nada mais? 
— Obrigada, doutor — disse ela asperamente. O médico virou a Joe. 
— Você me garante que ela vai descansar? Joe sorriu. 
— Oh, sim, doutor. Pode ter certeza disso. 
Naquela noite, logo depois de os gêmeos estarem devidamente alimentados, banhados e colocados no berço, Joe obrigou Demi a se sentar e comer a refeição preparada por Betty. 
— Tome um pouco de vinho — disse ele. — Uma tacinha só não lhe fará mal. 
Ela obedeceu. 
— Agora coma. 
Demi começou a relaxar. Quanto tempo fazia desde que ela não relaxava de verdade? 
— Você vai me dar uma estrelinha se eu comer tudo? — perguntou ela, petulante. 
— Veremos. 
Joe tomou um gole da própria taça com os olhos fechados. Pensou então na noite daquela festa e na maneira como a havia tomado nos braços. Será que ela já havia se esquecido daquilo, ou tinha simplesmente colocado tudo de lado por culpa ou por ter reconhecido que o sexo só deixaria o relacionamento deles ainda mais complicado? Aquele beijo havia sido pleno de raiva e ciúme. Era fácil beijar uma mulher naquela situação, mas talvez não tivesse sido justo com Demi. Não agora. Não depois de tudo o que havia acontecido entre eles. 
Joe não tinha dúvida de que poderia fazê-la desejá-lo, mas sabia também que aquilo só propiciaria um alívio rápido. 
Após o jantar, depois de ela ter insistido em comprovar mais uma vez se os gêmeos estavam bem, sob os sorrisos indulgentes das duas babás, Joe seguiu com ela até seu quarto. Se não estivesse tão ansioso por tê-la nos braços novamente, ele até poderia ter se divertido com seu comportamento tão cavalheiresco, pela primeira vez na vida. 
— Boa noite, Demi — disse Joe suavemente. 
Os antigos temores de Demi reapareceram. Ela engoliu em seco, olhando para o belo rosto dele. Como ele havia sido delicado, pensou com o coração apertado. 
O que ele diria se ela lhe dissesse que ainda o amava? Será que seu interesse ia dar lugar àquela antiga expressão dura como pedra que sempre a deixava com os nervos à flor da pele? 
— Boa noite, Joe — sussurrou ela. Demi se despiu e colocou a camisola. Nunca mais dormira nua depois que dera à luz. Depois então desligou as luzes e se deitou. Mesmo depois do vinho, da conversa com o médico e de ter ido ao quarto das crianças, porém, o sono não veio. Ela ficou se mexendo de um lado para o outro na cama, virando o travesseiro de modo que o lado frio tocasse sua bochecha quente até se dar conta do feixe de luz vindo da porta que havia sido silenciosamente aberta, e da figura alta de Joe em seu limiar. Demi virou a cabeça para fitá-lo e sentiu o coração saltar dentro do peito. Ela sentou na cama. 
— Aconteceu alguma coisa? 
— Não, não há nada de errado — disse ele, caminhando pelo quarto escuro. — Eu estava trabalhando e resolvi checar se você já tinha adormecido, mas pelo que vejo... 
— Eu não consigo dormir. 
Ela olhou esperançosa para a luz tênue que brilhava nos olhos de ébano, como se Joe pudesse agitar uma varinha mágica e aliviá-la de sua tensão. A calada da noite podia ser o lugar mais assustador e solitário do mundo. Não era nenhum pecado querer ter alguém por perto numa situação dessas. 
— Fique aqui para me fazer um pouco de companhia — disse ela. 
Sua linguagem corporal deixava claro que ela não pretendia atacá-lo. Seu pedido inocente, porém, era muito perigoso. Será que Demi tinha noção do que estava lhe pedindo? 
Ele sabia que as mulheres eram capazes de disfarçar seu desejo de uma maneira praticamente impossível para os homens, mas notou o tom de medo na voz de Demi e sentou na ponta da cama, ciente do calor emanado pelo corpo dela, à distância de apenas um braço, e suspirou. Aquilo ia ser uma verdadeira tortura. 
— E agora, o que é que nós vamos fazer? — perguntou ele, embora ela parecesse não ter percebido a ironia de sua pergunta. 
— Converse comigo. Fale-me sobre seu irmão e por que vocês não se falam mais. 
Ele sorriu em meio à escuridão. Se havia alguma coisa capaz de acabar com qualquer desejo, essa alguma coisa eram antigas desavenças. Ele já não pensava, ou não se permitia mais pensar naquilo há anos. 
— Foi coisa de homem — disse ele lentamente, percebendo que conseguia encarar os fatos com alguma distância, talvez pela primeira vez em sua vida. 
Seria por causa da distância e do tempo passado ou pelo modo de Demi perguntar, como se quisesse apenas saber o que era importante e não para adquirir algum conhecimento a respeito dele para poder fazer uso no futuro? 
— Nós vivíamos numa ilha que era pequena demais para duas personalidades como as nossas. Minha família tinha um negócio que só precisava de um filho para gerenciá-lo. Nós lutamos para provar qual de nós dois obteria o controle, assim como em todas as outras questões de nossas vidas. 
Uma luta da qual Joe havia se cansado, e estava satisfeito que tivesse sido assim, ele compreendeu repentinamente. 
Kalfera o teria engolido se ele não tivesse escolhido outro rumo. Além disso, seu caráter era muito mais adequado para viver uma vida fora da ilha. Ele gostava de cidades — de criá-las e de viver nelas. 
Demi se virou para olhar para seu perfil em meio às sombras. 
— Espero que nossos filhos não se separem quando crescerem. 
— Isso é algo que está fora do nosso controle — disse ele suavemente, tocando-lhe os cabelos sedosos. — Você precisa dormir agora, Demi. 
— Hum. 
Ela sentiu suas pálpebras pesarem, como se alguém lhe tivesse administrado um narcótico. Seria a ausência de temor, a taça de vinho ou o fato de Joe estar afagando seus cabelos de uma maneira tranquilizadora e ritmada o que a estava fazendo se sentir tão segura? 
— Isso é bom — murmurou ela. 
— É mesmo? 
Era loucura sua ou ela estava sendo um pouco menos inocente do que ele havia imaginado inicialmente? 
— Hum... 
Ela se contorceu instintivamente, na direção dele, chocando-se com o calor de seu corpo. Oh, céus! Como ela podia ter esquecido como aquilo era bom? O seu cheiro, seu sabor... 
— Demi? 
— Hum? 
— Durma. 
— Se eu dormir, você vai embora. Houve uma pausa. 
— Se eu ficar, você pode acabar tendo mais do que está pedindo — disse ele suavemente. 
Ela abriu os olhos e os voltou na direção dele. Joe estava tão próximo. Seu coração acelerou. 
— Como o quê? 
— Como isso. 
Ele estendeu a mão e tocou os lábios dela com a ponta de seu dedo, traçando a linha da curva tão suavemente que ela mal pôde senti-lo. 
Ela respirou profundamente. 
— Mas eu gosto disso. 
— É mesmo? 
— Hum. 
— Quer mais? 
Joe começou a afagar a pele sedosa de seu pescoço, fazendo-a estremecer ao toque. 
— E de que mais você gosta, Demi? 
Seu coração batia acelerado como a chuva violenta batendo contra um telhado. 
— De beijos — disse ela. 
— Ah, beijos. 
Seus beijos eram diferentes, pensou ele, enquanto se aproximava de Demi na cama e baixava sua boca sobre a dela. Ao menos aquele era. Lento e inebriante, sensual e quase inocente. Era como beijar pela primeira vez. Nunca havia sido assim antes. Com ninguém. 
A sensação de estar se afogando numa doçura tão intensa fez com que ele tivesse vontade de gritar. 
Percebeu que ela havia se aproximado ainda mais dele e estava enterrando os dedos em seus cabelos. Num impulso, Joe tomou o rosto dela em suas mãos e fitou os olhos escuros e arregalados e os lábios partidos. 
— Demi — disse ele simplesmente. 
Havia uma pergunta e uma resposta embutidas naquela simples palavra. Ela começou a desabotoar a camisa dele, roçando os lábios em seu peito, afastando o tecido de seus ombros largos. Ele gemeu quando ela começou a desafivelar seu cinto, passando a ponta dos dedos suavemente sobre seu membro enrijecido. Joe perdeu completamente o controle quando ela começou a baixar-lhe o jeans. Com um pequeno gemido de prazer, ele tirou a camisola dela. Ambos ficaram nus. Jamais haviam compartilhado uma intimidade tão intensa. A sensação sedosa da pele quente de Demi sob seus dedos era ao mesmo tempo uma gloriosa volta para casa e uma incrível descoberta. As mãos dela estavam tremendo, assim como o corpo quando ele começou a explorar-lhe os contornos macios. Os novos contornos. Os da mãe de seus filhos. 
Joe queria que aquele momento durasse para sempre, ao mesmo tempo em que ansiava que ele passasse logo, para aliviá-lo daquela sensação que estava ameaçando engoli-lo, arrastá-lo junto com sentimentos que deveriam ser contidos. Subitamente, ele avançou sobre ela, sabendo que não poderia esperar mais. 
— Joe! 
Ele a havia acalmado com palavras suaves e uma ternura desconhecida, mas o choque de senti-lo entrar em seu corpo depois de tanto tempo era algo incomparável. Era como encontrar água potável no meio de um deserto implacável. Ela gritou de dor, mas também de felicidade, por saber que, ao contrário do que poderia acontecer num deserto, aquilo não era uma alucinação. 
Ele se deteve. 
— Eu a machuquei? 
— Não! 
Pelo menos não como ele imaginava. Seu corpo não tinha nenhuma dificuldade em acomodar aquele grego viril e orgulhoso, embora o coração fosse feito de um material bem menos elástico. 
— Não, você não me machucou, Joe. 
— Ah! 
Os lábios retornaram aos seus seios e cabelos. Joe seguiu sussurrando palavras doces enquanto lhe explorava pescoço e ombros, inalando seu perfume. Movendo-se lentamente, ele foi aumentando cada vez mais a intensidade das investidas e o prazer proporcionado por elas. Demi se moveu embaixo dele, cada vez mais excitada e impaciente, até, por fim, começar a soltar um longo e suave gemido que ele silenciou com um beijo, ciente de que eles não estavam sozinhos naquela casa. Foi só então que ele se deixou levar e deu vazão a todo seu desejo, soltando um longo suspiro. 
Depois, adormeceu profundamente, como sempre acontecia depois que ele fazia sexo, embora daquela vez fosse diferente. 
Demi achou que um momento como aquele seria vivido como uma imensa vitória, por isso não conseguia entender por que estava se sentindo tão vazia. Ficou olhando para o teto enquanto sentia a respiração lenta e ritmada de Joe aquecer seu pescoço. As perguntas que ela havia deixado em suspenso durante tanto tempo despontaram em sua mente, exigindo respostas. 





6 comentários:

  1. eles fizeram ❤️❤️❤️
    que emocionante....ansiosa para mais!! beijos amoré 😘

    ResponderExcluir
  2. Miga sua loka, que fic mara é essa menina?!?

    .gente, serio no começo eu peguei odio do Joe, com esse jeito dele de ser hsushsu mas depois dos bebes ate que ele tava fofo, e agr eu acho que to me apaixonando de novo por ele shsushu.
    .e man, a tesao desses dois tava palpavel demais. Ele com ciume do pianista, ele achando ela sexy e ela achando ele sexy. Nossa senhora, muita tesao acumulado.
    . Eu fiquei com dó da Demi nesse final, pq ela ainda acha que ele nao vai amar ela 😭😭.
    . Mas sabe, ela devia fazer ele sofrer mais, pq fala serio, ele super usou ela coitada.. Nao pode ter ela de volta facil nao shussu 😈😈

    . Jovem, to amando essa fic, ent pls posta logo o proximo capitulo, pq estou curiosa shsushu bjs!!!

    ResponderExcluir
  3. Miga sua loka, que fic mara é essa menina?!?

    .gente, serio no começo eu peguei odio do Joe, com esse jeito dele de ser hsushsu mas depois dos bebes ate que ele tava fofo, e agr eu acho que to me apaixonando de novo por ele shsushu.
    .e man, a tesao desses dois tava palpavel demais. Ele com ciume do pianista, ele achando ela sexy e ela achando ele sexy. Nossa senhora, muita tesao acumulado.
    . Eu fiquei com dó da Demi nesse final, pq ela ainda acha que ele nao vai amar ela 😭😭.
    . Mas sabe, ela devia fazer ele sofrer mais, pq fala serio, ele super usou ela coitada.. Nao pode ter ela de volta facil nao shussu 😈😈

    . Jovem, to amando essa fic, ent pls posta logo o proximo capitulo, pq estou curiosa shsushu bjs!!!

    ResponderExcluir

Espero que tenham gostado do capítulo :*