— De que tipo de casa você gostaria, Demi? — perguntou Joe impacientemente, na sala de estar que mais parecia um misto de sauna e lavanderia.
Quem poderia imaginar que a essa altura de sua vida ele estivesse dormindo no sofá da sala de uma mulher, num espaço tão diminuto? Olhou taciturnamente para os folhetos que ela havia rejeitado. — Alguma coisa específica? Demi se esforçou para se concentrar nos detalhes da casa e não na sua expressão severa.
Ela descobrira que escolher um lugar para morar quando não havia nenhuma limitação financeira era uma decisão muito difícil. Teria sido muito mais fácil descartar algumas opções por não ter como pagar por elas. Qualquer coisa, porém, seria melhor do que ter Joe acampado em sua sala, despertando sentimentos que ela sabia que não deveriam vir à tona.
— Bem, eu não quero morar numa dessas coberturas frias que mais parecem uma espécie de laboratório.
Joe riu, pensando no que o seu colega que havia ganhado um prêmio por aquele projeto pensaria daquele comentário.
— Pode me dizer, então, o que você considera importante numa casa? — disse ele, forçando-se a tratá-la como se ela fosse uma cliente. — O que não poderia faltar na sua casa ideal? Isso era fácil.
— Um jardim — disse ela imediatamente.
— Isso é tudo? — perguntou Joe sorrindo.
Por ironia do destino, aquilo que ela queria era mais difícil do que qualquer outro projeto. Será que Demi tinha noção do que estava pedindo?
— Encontrar uma casa com jardim em Londres é como ganhar na loteria, mas eu conheço algumas pessoas aqui que podem me ajudar.
Demi passou as mãos pelos seus cabelos despenteados. Ele só precisava estalar os dedos para ter todo um séquito a seu dispor. Será que ele não compreendia que não era assim tão fácil para ela escolher uma casa nova sem contar com o tipo de coisa que mães de primeira viagem costumavam ter como, por exemplo, a possibilidade de compartilhar suas expectativas com o marido? Tudo o que tinha a seu dispor era Joe falando nas pessoas que ele conhecia, daquela maneira fria e indiferente.
— Fantástico — disse ela, sarcasticamente. Joe tomou aquilo como uma bofetada em seu orgulho grego machista, sentindo um início de raiva e de algo mais arder dentro dele. Algo que vinha crescendo, apesar de sua insistência em dizer a si mesmo que aquilo não era mais apropriado.
— Que reação mais violenta, agape — murmurou ele. — Achei que você podia ao menos se mostrar um pouco agradecida.
— Achou mesmo?
Quantas expectativas mais ele teria em relação a ela? Demi havia permitido que ele escolhesse o nome dos bebês, dormisse em seu sofá e agora estava deixando que ele mudasse o rumo de sua vida. Quando é que aquilo ia acabar?
Demi olhou para ele, endurecendo diante da visão de Joe apoiado no peitoril da janela. A calça preta moldava suas coxas e uma malha escura de cassimira aderia às linhas firmes de seu tronco.
Seu cabelo preto estava despenteado e seus olhos de ébano brilhavam cheios de vitalidade. Havia também uma sombra escura ao redor do maxilar. Aquele era Joe na sua versão mais casual e sexy. Deus do céu, como ela o desejava! Será que era normal uma mulher sentir tanto desejo por um homem tão pouco tempo depois de dar à luz? Talvez aquilo estivesse acontecendo apenas porque se tratava de Joe, um homem a quem ela havia amado e com quem tinha desfrutado de inúmeros prazeres.
Olhando para a pele morena dele, e lembrando como era senti-la em contato com o próprio corpo nu, era fácil esquecer de toda a história turbulenta pela qual eles haviam passado e ainda mais fácil esquecer o único motivo pelo qual Joe estava ali. Ele só está aqui por causa dos bebês. Ela disse a si mesma que aquilo não deveria doer tanto assim, mas o fato é que doía, e ela se flagrou tendo vontade de magoá-lo também.
Quis mostrar a ele que ela não ia agir como um cachorrinho faminto agradecido por qualquer naco de comida que ele jogasse na sua direção.
— A minha falta de gratidão o irrita, Joe? Você gostaria que eu me jogasse servilmente aos seus pés?
Ele pôde perceber a nota de desafio no tom de voz de Demi e começou a sentir a vitória borbulhar em suas veias. Por fim! Ele estava esperando pela ironia. Pelo fim daquelas boas maneiras. Pelo sinal verde para que pudesse fazer o que mais desejava. Joe se moveu na direção dela como uma pantera negra, silenciosamente, vendo os olhos violeta dela escurecerem e seus lábios se entreabrirem.
— O que você acha que eu gostaria que você fizesse, agape?
Ela não estava conseguindo pensar muito, ainda mais assim tão próxima dele, a ponto de poder reconhecer o cheiro masculino característico da loção de barba, que estava começando a atiçar seus sentidos e seu desejo. Já era tarde demais quando se deu conta do perigo daquela proximidade e do feitiço que ele estava lançando sobre ela. Por mais estranho que parecesse, porém, Demi não estava ressentida, pois aquilo era um sinal de que ele ainda a achava desejável.
— Joe? — disse ela arfante. — O que é isso?
— Oh, Demi. Não acha um desperdício fazer uma pergunta dessas quando você já sabe a resposta? — provocou ele, tomando-a nos braços.
— Não...
— Não, o quê, agape? Não quer que eu faça o que seus olhos estão implorando que eu faça, embora sua mente não esteja bem certa se deve permiti-lo ou não?
A percepção de Joe a perturbava quase tanto quanto a proximidade. A respiração quente dele fez os pelos de sua nuca se arrepiarem quando ele sussurrou contra seu pescoço. Demi começou a tremer, odiando a precisão das palavras de Joe e o repentino desejo que crescia dentro de seu corpo. Às mãos fortes a estavam agarrando com firmeza pela cintura. Parecia que havia se passado toda uma vida desde que ele a tocara assim pela última vez.
— Joe...
— O quê?
— Pare.
— Mas você não quer mesmo que eu pare, quer?
Ele começou a traçar uma linha sobre seu pescoço com a ponta do polegar e pôde senti-la tremer sob o toque.
— Hum... O seu cheiro é delicioso. O seu corpo é delicioso.
— Eu estou cheirando a leite.
— Eu sei. E isso é delicioso. Você é deliciosa. Demi sentiu o coração acelerar. Ele parecia não se importar com o fato de ela ainda estar um pouco gorda depois de ter dado à luz, ou por ter deixado de lavar os cabelos por dois dias. Seus dedos estavam avançando para tocar a maciez de sua barriga numa intimidade chocante, fazendo-a ansiar para que descessem ainda mais e lhe proporcionassem um prazer rápido e fácil como já havia feito tantas vezes antes.
— Joe! — disse ela arfando.
— Você gosta disso?
Ela provocou, apoiando-se nas palavras dele.
— Não acha um desperdício fazer uma pergunta dessas quando você já sabe a resposta?
Ele riu, porém com um misto de raiva e frustração e mais alguma coisa na qual ele não quis se deter.
— Então vamos deixar de perguntas para que eu possa beijá-la.
Joe ergueu o rosto de Demi e olhou fundo nos seus olhos arregalados antes de colar os lábios nos dela. Ela estava com sabor de pasta de dente e café e tinha um cheirinho de bebê, uma mistura que ele jamais imaginou ser tão afrodisíaca.
— Demi — disse ele num gemido, contra seus lábios. — Oh, Demi.
— Joe — sussurrou ela também, como se eles tivessem acabado de ser apresentados um ao outro.
Os braços de Demi agarraram os ombros largos de Joe como um cipó. Ela pôde sentir seu corpo amolecendo e reagindo ao dele. Aquele era o beijo mais doce de que Demi podia se lembrar, embora fizesse muito tempo que não beijava alguém. Ela abriu os lábios para recebê-lo e reteve um pequeno gemido ao se entregar àquele imenso prazer.
Joe se conteve, roçando os lábios nos dela como se estivesse tentando descobrir a boca de Demi apenas pelo seu toque.
— Eu quero levá-la para a cama — disse ele hesitante —, mas não sei se ainda é cedo demais.
Ela também queria, mas não achava que aquilo era certo — e não porque havia acabado de dar à luz gêmeos. Um alarme soou em sua mente. O relacionamento deles era coisa do passado e Joe estava apenas querendo assumir o comando, insistindo para que ela se mudasse para uma casa maior pela qual ele ia pagar. Ceder e fazer sexo com ele naquelas condições pareceria imoral, como se ela estivesse se vendendo em troca de favores. Mais um pouco e ele contrataria um advogado por uma fortuna para provar que ela era moralmente inadequada para cuidar das crianças.
Ela não o havia esquecido. Mais que isso, ainda gostava dele. Tentar deixar de amar alguém não era uma tarefa fácil. Era como nadar num mar de águas imprevisíveis, sendo volta e meia tragado por uma onda quando menos se espera. Uma delas, muito forte, por sinal, estava tentando arrastá-la agora mesmo.
Apesar de seus seios estarem latejando e o sangue bombeando com força em todas suas zonas erógenas, Demi empurrou o peito firme de Joe, resistindo bravamente à tentação de avançar por baixo de sua camisa e brincar com os pelos de seu peito. Quanto da reação que se tinha a alguém poderia se dever à força do hábito e ao condicionamento? A dor em seu coração, porém, não tinha nada a ver com um nem com outro.
— Nós temos de parar com isso agora mesmo, Joe — disse ela. — Isso está errado! Você sabe disso!
Errado?
Ele teve de lutar contra todos seus instintos para permitir que ela se desvencilhasse do seu abraço. Deixou que ela se afastasse um pouco, enquanto tentava acalmar a respiração e o calor de seu desejo.
— Não — disse ele com voz rouca, olhando para os olhos escurecidos dela, suas bochechas em chamas e os seus lábios trêmulos. — Você está muito enganada, minha linda. Dentre tudo o que diz respeito a essa situação, com exceção de nossos dois lindos filhos, isso... isso... — disse ele acariciando arrogantemente seus seios, sentindo os mamilos enrijecerem contra sua mão — é a única coisa remotamente certa que há entre nós. — Seus olhos negros a varreram de cima a baixo. — E você teria de ser muito hipócrita para negar isso, não só a mim, mas também e principalmente a si mesma.
O que ela mais queria na vida era puxar a cabeça escura dele na sua direção e continuar a se perder em mais um beijo doce e inebriante.
esses dois...tá na cara que se amam !!
ResponderExcluirtá tudo maravilhosoooo ❤️❤️❤️
quero mais, posta logo viu beijos
A Demi tem q deixar o Joe querendo um pouquinho. Só acho
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