Capítulo 2 - Bônus do fds


O sorriso dele alargou-se de maneira provocante.  
— Você tem um papai rico que pode pagar as passagens aéreas.  
Ela afastou as mãos e passou o resto do dia emburrada. Se ele a amasse tanto quanto ela o amava, não ia querer esperar. Casar com ela naquele instante não seria cedo o suficiente!  
Mas, ao passar aquela noite acordada, ela formulou o plano perfeito. Voltaria para a Inglaterra ao final das férias como planejado, acertaria tudo com o pai, que era ausente o suficiente para não se importar com o que ela fazia, desde que não o incomodasse, e passaria o restante do seu ano de intervalo escolar aqui com Joe. E ao final do ano estariam tão unidos, tão apaixonados, que ele não suportaria deixá-la partir.  
— Nada a dizer em sua defesa? — A pergunta de Ben a trouxe de volta para a cozinha da fazenda naquele dia, há quase quatro semanas. Ele aceitou a caneca de café que ela lhe servira. — Presumo que tenha lhe dito quem você é.  
— É claro que ele sabe quem eu sou!  
O comentário de Ben não fez sentido algum até que ele explicou:  
— Que o seu pai é um dos proprietários de uma publicação mensal, que nós publicamos Lifestyle, além de outras revistas mais baratas, que nossas famílias são abastadas.  
— É o contador falando! — zombou gentilmente Demi.   
Ben acabara de completar um curso de contabilidade e, ao retornar para a Inglaterra ao final das férias, se juntaria ao departamento de contabilidade da Lifestyle 
— Não — respondeu suavemente Ben. — Quem está falando é um velho amigo preocupado com sua felicidade. Marbella é ponto focal para a fortuna; ela atrai vigaristas e aproveitadores que nem moscas. Homens que se envolvem com mulheres ricas apenas para ver o que podem tirar delas. Por acaso o seu garçom espanhol já conseguiu arrancar-lhe alguma coisa?  
— É claro que não! — Mas Demi sabia que suas faces ardiam de culpa. Ele não a havia engabelado para conseguir aquele relógio, defendeu-se mentalmente. Longe disso. Ele perdera o seu. Quando olhou para o pulso para verificar se já estava na hora de voltarem da praia erma para qual a levara, notou que seu relógio sumira. Joeexplicou que a correia devia ter partido sem que ele percebesse.  
Naquela noite, quando Sophie e Ben ficaram admirando os iates de milhões de dólares na marina, ela escapulira e comprara um substituto sabendo que Joenão tinha muito dinheiro para desperdiçar. O salário de um garçom não dava para gastos excessivos e ele precisava de um relógio.  
— E Joenão gosta de Marbella — mudou de assunto espertamente. — Nós nunca vamos lá. Ele diz que é muito ostentoso, não representa a Espanha verdadeira. Nós exploramos pequenas vilas nas colinas e praias escondidas.  
Amava Ben como a um irmão, mas estava quase odiando-o por sugerir que o único interesse do seu amado Joeera o quanto poderia conseguir tirar dela. De jeito algum ela ia dar explicações sobre o presente do relógio de ouro.  
— E quando é que vamos conhecê-lo? — Perguntou Sophie, a pacificadora, sentando-se à mesa com um pãozinho e o pote de mel.  
Não houve resposta, porque ela não tinha nenhuma a oferecer. Uma vez sugeriu um programa a quatro — queria que ele conhecesse os seus melhores amigos — mas Jo einsistiu que era um homem egoísta e que a queria todinha para si.  
E agora estavam finalmente a caminho para conhecê-lo — a sugestão partira dele próprio. O comentário de Ben foi bastante seco:  
— Ele escolheu o lugar mais caro que pôde encontrar. Quem será que vai acabar pagando pelas bebidas e pela comida?  
Estavam se aproximando do local, o hotel branco futurístico localizado na curva da praia coberta de palmeiras. O coração de Demi mal lhe cabia no peito. Tudo daria certo; tinha que dar! Ben voltaria atrás em todas as suas insinuações ofensivas quando percebesse que cara legaL era Joe 
De certa forma, entendia as suas ressalvas. Desde crianças, ele sempre tomara conta dela. Ainda o fazia, e isso provavelmente tinha a ver com sua estatura pequena — um metro e cinqüenta e oito, miúda, esbelta e de olhos grandes. Se ela tivesse um corpo semelhante ao de Sophie — alta e generosa nos seios e nos quadris — ele talvez tivesse mais confiança na sua capacidade de cuidar de si mesma.  
Não que a opinião de Ben fosse fazer alguma diferença no modo como se sentia em relação ao homem com quem pretendia se casar.  
Mas ela não queria discutir com ele; gostava demais de Ben.  
— Ei, pessoal, vem dar uma olhada nisso! — gritou Sophie.  Estivera praticando o seu passatempo preferido, olhar vitrines, e estava vários metros atrás deles, com o nariz colado à vidraça de uma butique luxuosa. — Será que o meu traseiro ficaria muito grande nisso?  
Sempre disposto a agradar à sua gêmea, Ben refez o caminho até a irmã, sorrindo, e Demi permaneceu onde estava, agitada demais para ficar embevecida com o que quer que fosse que Sophie estivesse cobiçando.  
Olhando para o seu relógio Jaeger-Le-Coultre de platina, um presente dado peLo pai ao completar dezoito anos — ele acreditava que coisas materiais compensavam a falta de qualquer sinal de afeição paterna — notou que ainda faltavam trinta minutos para a hora do encontro com Joe. Parecia uma eternidade.  
A cidade começava a se preparar para a noite. Havia mais pessoas caminhando pelas calçadas, querendo ver e serem vistas e mais carros chamativos passeando pelas ruas. Um carro em especial chamou a sua atenção. Um carro esporte vermelho vibrante, conduzido por uma criatura deslumbrante que parecia ter acabado de se materializar do interior de uma revista de alta costura. Mas foi no passageiro que seus olhos arregalados se concentraram. Joe? Não podia ser!  
Joe. Os fartos cabelos escuros pareciam muito bem cuidados, e, ao invés do short surrado e dos coletes com que estava acostumada a vê-lo, usava uma calça de algodão simples e uma camisa sem manga aberta no peito, de uma cor de pedra que acentuava o tom azeitonado de sua pele. O carro esporte chiou ao parar, estacionando ilegalmente do lado de fora de uma joalheria onde a atmosfera seria rarefeita demais para meros mortais respirarem. Joe saiu do carro.  
Ele obviamente se produzira para o encontro no hotel, e estava tão gostoso que dava vontade de devorá-lo. Como eles, estava meia hora adiantado. A mulher sofisticada deve ter lhe dado uma carona.  
Provavelmente era hóspede do hotel onde ele trabalhava, o reconheceu como o garçom que atendia a sua mesa regularmente e oferecera-lhe a carona.  
As explicações vieram-lhe à cabeça com uma velocidade reconfortante, embora a idéia de que a mulher “o pegara” tivesse conotações desconfortáveis, graças a Ben.  
Prestes a gritar o seu nome, acenar para chamar a sua atenção, ficou morbidamente grata de não tê-lo feito quando ele caminhou até o outro lado do carro, abriu a porta do motorista e ajudou a criatura deslumbrante a sair, segurando-lhe as mãos até chegarem à joalheria.  
Ela era magnífica. Com saltos altos agulha, era apenas um centímetro mais baixa do que o metro e oitenta e cinco de Joe. A bainha do seu vestido preto de seda era bem acima do joelho, o tecido caro aderindo a cada curva do seu corpo estonteante, os braços expostos brilhando com o que parecia ser meia tonelada de pulseiras de ouro.  
Mãos adornadas de jóias deslizaram dos dedos de Joe e se esgueiraram até o rosto dele. Quando inclinou-se na direção dela e sussurrou alguma coisa, os lábios se curvaram num sorriso provocante tão familiar a Demi. Seu coração parou de bater quando a mulher se inclinou na direção dele, dando beijos em uma das faces esbeltas e depois na outra, antes de jogar para trás a cabeça, rindo e depois conduzindo-o pela mão até o interior exclusivo da loja.  
Quando seu coração voltou a funcionar. Demi sentiu calor por todo o corpo, depois frio. Um frio glacial. Com a respiração errática, começou a se sentir tonta. Tinha de haver uma explicação perfeitamente lógica para o que ela acabara de testemunhar e seu cérebro atordoado procurou encontrar qualquer resposta.  
Foi com rancor que entendeu que clientes sofisticados não saíam por aí distribuindo beijos para os garçons, a não ser que houvesse um grau de intimidade muito grande entre eles. Depois lembrou a descrença e o desapontamento que sentira quando, no dia anterior, Joelhe dissera que não poderia vê-la na manhã seguinte.  
— Coisas para fazer — ele dissera. — Mas nos encontraremos à noite.  
Se tivesse sido há poucos anos, teria feito uma cena. No entanto, encarara como adulta o fato de ser privada de sua companhia, justamente no que ele acreditava ser o último dia dela na Espanha. Na verdade, Demi queria surpreendê-lo quando retornasse, depois de convencer o pai a deixá-la passar todo o ano de intervalo escolar em Marbella. De modo que apenas acenara afirmativamente:  
— Vejo você lá — como se o fato de não vê-lo durante o dia não a incomodasse.  
Será que “coisas para fazer” significava encontrar a sua substituta? Se fosse assim, ele havia tirado a sorte grande! 

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Eu não to entendendo muito bem onde que tá a fic, a Demi já rejeitou ele ou ainda vai rejeitar? Quem é Diego e Lisa? E por que exatamente o Joe tava com essa mulher? Por enquanto ta bem confuso

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    1. Provavelmente são os nomes reais dos personagens já que a fic é adaptada de um livro. Eu também fiquei confusa principalmente com o primeiro capítulo que tive reler para entender melhor.

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  3. Larissa os capítulos estão ficando um pouco confuso pela troca de nomes dos personagens.

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  4. Quem é essa mulher que ta com o Joe ? e eu tenho um leve impressão que ele não é pobre.

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Espero que tenham gostado do capítulo :*