Capítulo 7


Se falhasse, o pai nunca a perdoaria. Mais uma vez perguntou a si mesma por que se dava ao trabalho de tentar agradá-lo, por que queria o que nunca tivera... o calor de sua aprovação.  
Enrugando o belo nariz, colocando o relacionamento com o pai no fundo de sua mente, ela endireitou as costas, colocou um sorriso no rosto e entrou no escritório.  
E ele estava lá, apoiado na borda da mesa de Arthur Clayton, as pernas longas e imaculadamente vestidas cruzadas na altura dos tornozelos, os olhos negros frios e duros focalizados no rosto dela.  
Seu estômago veio à boca com o choque.  
— Deve haver algum engano.  
Sua voz parecia ecoar através do zumbido nos ouvidos. Ela deu um passo para trás, uma das mãos esticadas procurando a porta. Ter estado face a face com Joseph Jonas na noite anterior, trazendo lembranças dolorosas à tona, já fora bem ruim. Mas aqui... passando-se por um grande anunciante...  
— Engano nenhum. Eu posso garantir. Sente-se, srta. Lovato 
Ele se levantou por inteiro, pés separados, mãos com dedos longos apoiados nos quadris estreitos, o blazer entreaberto revelando um colete colado ao seu poderoso tórax. O retrato da elegância sartorial — nem vestígio daquele amante espanhol ligeiramente desgrenhado, casualmente vestido e superdescolado que partira o seu coração.  
A formalidade do seu tratamento ajudou-a a se recompor. Fazia muito tempo. Tempo demais para permitir que lembranças permanecessem vivas, infectando as regiões mais escuras, e raramente visitadas, de sua mente. Se ele tinha mudado — e bastava olhar para aquele rosto duro e classicamente belo para saber que sim —, ela também tinha.  
Observou-o sentar-se na cadeira giratória de Arthur atrás da mesa, com o coração batendo na garganta. Ele ainda se movia com a graça nata de sempre, e ela não pôde deixar de se lembrar de como adorara observá-lo.  
Demi sentou-se na cadeira à sua frente, com as mãos entrelaçadas no colo. Procurando defesa numa fachada de compostura, a voz com uma calma digna de louvor, perguntou:  
— Então você trabalha para a Trading International agora?  
Suprimiu o comentário maldoso de que era um grande avanço para um mero garçom. Para o bem de todos não podia se dar ao luxo de antagonizá-lo, embora ainda quisesse torcer-lhe o pescoço pelo que fizera a ela.  
— Desde que meu pai se aposentou, eu sou a Trading  
International 
Ele colocou os cotovelos nos braços da poltrona em que estava sentado, juntando as pontas dos dedos e encostando-as levemente na boca larga e sensual. Seus olhos estreitados observavam a incredulidade e depois o óbvio choque estampados no rosto dela.  
A face de um anjo. O sorriso de uma sereia. E a sensibilidade e os valores morais de um gato de rua!  
Ela era mais bonita do que ele se lembrava, o corpo delicado e perfeito ainda era inacreditavelmente sexy.  
Há cinco anos ele poderia ter tido aquele corpo para si, precisava apenas ter pedido. Estreitou os olhos, o negro transparecendo através do movimento pesado e enigmático dos cílios. Cinco anos atrás se negara ao prazer sensual da posse suprema da tentação enfeitiçante que ela era. Agora, de uma forma ou outra, iria tê-la. Ter o que ele quisesse pelo tempo que quisesse, aprender os segredos daquele corpo deleitável, e depois jogá-lo de volta ao lugar a que pertencia.  
Abaixando as mãos, ele se afundou na cadeira, considerando o prazer de retirar o prendedor que mantinha a curva sofisticada do cabelo dela e de ver aquela massa sedosa e dourada cair até a pele cremosa dos ombros expostos e até a curva convidativa e suave dos seios. Seu sotaque estava ligeiramente mais acentuado, seu tom tão suave como creme, quando disse:  
— Eu tenho uma proposta para você, srta. Lovato...  
você não pode estar falando sério!  
Era estarrecedora, totalmente insana! Foi a proposta mais inacreditável que já ouvira — devia ter entendido errado ou Joseph Jonas tinha surtado de vez.  
As emoções turbulentas levaram embora os últimos vestígios frágeis de compostura, e Demi pôs-se de pé, depois desejou não tê-lo feito. Seu corpo tremia tanto que ela oscilava nos saltos baixos. A respiração se acelerou e os olhos azuis escuros se arregalaram, ficando negros, enquanto ela o observava levantar-se e contornar a mesa para ficar de pé ao seu lado.  
Suas narinas se dilataram quando ela sentiu o perfume, o calor do corpo dele. A boca ficou seca e o coração bateu forte enquanto encarava seu rosto magro e forte, observando a linha sensual de sua boca, quando ele afirmou:  
— Com cada palavra que eu disse.  
Demi caiu de volta na cadeira da qual se levantara, pois os joelhos perderam as forças para sustentá-la.  
— Por quê? — Sua voz ficou rouca, enquanto sua mente repassava tudo o que ele dissera. Era impossível manter algum pensamento racional ou resoluto na sua cabeça por mais do que um microssegundo.  
— Porque você me deve isso. Há cinco anos você estava mais do que disposta. Mas, por respeito à sua juventude e pelo que eu então acreditava ser a sua inexperiência, eu me contive. Você se mostrou indigna do respeito de qualquer homem.  
O rosto duro e bonito estava marcado pelo despeito.  
— Eu a amava, mas você desprezou meus sentimentos. Essa foi a recompensa pela minha consideração. Está na hora de pagar o que me deve. Seis meses, ou talvez apenas três, devem ser o suficiente para tirá-la da minha cabeça.  
Havia um brilho nos olhos dele, uma insinuação nos lábios, que fez com que uma cachoeira de gelo descesse pelas costas de Demi, quando ele falou arrastadamente:  
— Quando se fere o orgulho espanhol, pode relaxar e aguardar a vingança inevitável.  
Demi estremeceu sentindo o estômago quase sair pela garganta. Levou a mão trêmula à boca, esforçando-se para entender o que ele exigia dela. Lutando para tirar algum sentido da situação, agarrou-se a um fato concreto e acusou:  
— Você disse que era apenas um garçom. E o tempo todo você era podre de rico. Você mentiu!  
Ele afastou-se dela com os lábios cerrados.  
— Eu não menti. Você simplesmente tirou as suas próprias conclusões. Estava mais do que contente em se divertir com alguém que pensava ser um garanhão pobretão. Estava à toa e procurando um romance de férias barato. Queria sexo. Eu não fiz a sua vontade e você resolveu aliviar as frustrações dormindo com o homem que agora eu sei ser Ben Clayton.  
— Pelo amor de Deus! — Ficou ruborizada. — Eu estava apenas dançando. Como se atreve?  
Retomando o seu assento no outro lado da mesa, ele ergueu a mão imperiosamente, interrompendo qualquer outra palavra de justificativa.  
— Você estava se atirando para cima dele, beijando-o. E caso não se lembre do que me disse, eu lembro.  

4 comentários:

  1. puta merda tá tenho imaginação qual foi essa proposta,mas já To vendo que tudo que aconteceu foi falta de comunicação, To amando Lary

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  2. Concerteza ele quer usá-la mas sabe que a ama e faz essa proposta achando que está na vantagem kkkk perfeito

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  3. To tentando imaginar qual foi a proposta. Meu o Joe é foda ❤

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Espero que tenham gostado do capítulo :*