Capítulo 19

Joe levantou-se com calma e se posicionou atrás dela. Demi ficou dura quando os dedos ágeis do espanhol removeram a gargantilha. Todos os seus sentidos ficavam insuportavelmente aguçados quando ele estava perto. Estava ciente do calor do corpo dele, da própria respiração, de cada batida do coração acelerado. Um leve tremor invadiu seu corpo e ela reprimiu o soluçar quando, a tarefa concluída, o colar jogado na mesa, as mão dele agarraram os seus ombros e a viraram de modo a encará-lo, o olhar de superioridade rapidamente se transformando em uma carranca cortante.   
— Não era a minha intenção fazê-la chorar.   
Demi viu o peito largo inflar-se quando ele inspirou fundo. Mordeu o lábio inferior trêmulo quando ele limpou-lhe as lágrimas com os dedos. Dedos gentis, gentis demais. Pode sentir uma nova leva de lágrimas vergonhosas se acumulando por trás dos olhos.   
Estava com raiva dele, furiosa por relegá-la ao mesmo nível de um bando de caça-dotes gananciosas, não estava? Então por que tinha vontade de afundar o rosto naquele peito largo e se acabar de chorar?   
— Por favor, não faça isso — Joe murmurou, ao encostar o dedo sobre os lábios apertados dela. Deixou escapar um gemido forte quando a boca de Demi, instintivamente, relaxou em inevitável resposta, entreabrindo-se num descontrole arquejante à medida que seus olhos brilhantes se fundiam com o olhar dele, cuja severidade se dissipava, e absorvia as mensagens que ele estava enviando.   
— Beije-me!   
Aquela súplica seca partira dela ou dele? Demi não sabia e nem se importava. A cabeça escura inclinou-se, a boca comprida e sensual de Joecobriu a sua com uma doçura que a estava deixando tonta, fazendo com que os joelhos ficassem bambos. Agarrada a ele, passou as mãos pelos ombros largos e se apertou contra todo o comprimento gracioso de seu corpo.   
Isso era o que ela estava ansiando. O alívio da tensão dos últimos dias manifestou-se rapidamente, com uma sensação envolvente de segurança, de voltar para casa, que era o seu lugar, depois de anos no exílio.   
Ele aprofundou o beijo, seu corpo rijo e exigente entorpecendo-a com uma técnica erótica que se harmonizava com o calor ardente da noite. Debaixo das mãos curiosas. Demi sentiu o corpo dele contorcer-se e, ao mesmo tempo em que os lábios devassavam a umidade desejosa da sua boca, as mãos dele retiraram de cima dos ombros femininos as alças estreitas do vestido, depois deslizaram, com impaciência trêmula e mal-contida, até os seios desnudos.   
O desejo, exposto e sem vergonha, tomou conta dela como uma maré selvagem e quente.   
— Beije-me!   
Desta vez sabia que a ordem adocicada tinha vindo dela. Conheceu a intoxicação de pura alegria incandescente quando ele curvou-se para tomar entre os lábios um dos mamilos rijos, e depois o outro. As costas curvadas de êxtase, a cabeça jogada para trás, os dedos fincados no crânio dele, através da cabeleira escura. Demi o apertava contra si.   
Com palavras quentes murmuradas no próprio idioma, Joe achou o ziper delicado nas costas do vestido. A gaze sedosa fez barulho ao deslizar para os pés. Com as mãos de cada lado da cintura fina dela, ele ergueu a cabeça e a segurou à sua frente, admirando o seu encanto.   
Uma minúscula calcinha branca escondia o sexo de Demi. Sua pele brilhava como madrepérola sob o luar. Os olhos, ofuscados pelo desejo que pulsava neles, brilharam para Joe  
Só para ele...   
Ele tinha de acreditar nisso...   
Com um gemido reprimido, retirou os braços pálidos e delgados do redor de seu pescoço, pegou-a no colo, apertou-a junto do coração acelerado e carregou-a até a sua cama, onde era o lugar dela.   
 O luar puro banhava o lindo corpo de Demi em ondas prateadas quando ele a colocou na cama, a coberta escura acentuando o tom de marfim dos braços e o dourado do cabelo, aqueles cachos longos e sedosos esparramados ao redor dela.   
Com o coração acelerado, Joe empertigou-se, os dedos movendo-se até os botões da sua camisa. As mãos estavam tremendo. O corpo ansiando por ela. Apenas ela. Sempre fora apenas ela. Seu anjo pálido e glorioso.   
Esperara tanto tempo. Tempo demais!   
Uma brisa suave, vinda de uma das muitas janelas abertas enfileiradas nas paredes de pedra antiga, acariciou sua pele quando deixou cair a camisa no chão. Os olhos nunca abandonando os poços profundos que eram os dela.   
O luar a transformava num mistério. Respirou fundo. Estava prestes a desvendar aquele mistério.   
Ela era dele!   
Um breve arquejar o alertou para o fato de que Demi rompera o seu domínio hipnótico sobre ela, e estava admirando a sua nudez parcial, observando com dolorosa lentidão desde a largura dos seus ombros até a rigidez do abdome liso. Ficou com o maxilar retesado quando ela ergueu os braços delgados e pálidos para ele, os lábios se entreabrindo ao inspirar.   
Sem pensar, pegou as mãos estendidas e alisou com os lábios as costas dos dedos, virando-os para dar beijos longos nas palmas macias, da mesma maneira como costumava fazer quando a cumprimentava havia muito tempo, quando o amor fora jovem e infinitamente precioso, a coisa mais preciosa do mundo para ele.   
— Joe...   
Apenas o seu nome emergindo dos lábios dela em um suspiro que poderia ser o apelo desesperado que estivera esperando. Com o coração estufado no peito, Joe ficou sem fôlego à medida que suas mãos impacientes e trêmulas alcançaram a cintura das calças e se encarregaram sumariamente do zíper.   
Madre de Dios! Será que ela sabia o que os olhos estavam dizendo para ele ao se erguerem, piscinas escuras límpidas cheias de desejo ardente, para se encontrar com os dele novamente?   
Debruçando-se por cima dela, encostou nos lábios macios com a ponta dos dedos e ela os entreabriu em resposta imediata, os cílios longos se aproximando, até se fecharem por sobre os lindos olhos ardentes.   
Deitou o corpo rijo e vibrante na cama ao lado dela, prazer quente e másculo fluindo por ele como se fosse uma onda tempestuosa e inevitável quando ela se virou para Joe, os braços delicados esticando-se em sua direção, abraçando-o, envolvendo-lhe o corpo, as pernas entrelaçadas com as dele, sua boca gloriosamente sexy indo ao encontro da dele.   
Ele queria se perder naquela boca, naquele corpo magnífico. A necessidade era bruta e primitiva, mas murmurou baixinho:   
— Devagar, meu anjo.   
Precisava saborear o momento, o percussor do clímax que assombrara sua mente por tempo demasiado. Saborear este momento eterno antes do alívio abençoado dos pesadelos particulares de raiva e frustração.   
Mesmo assim, não conseguia mais impedir que as mãos deslizassem pelo corpo dela, retirando a calcinha pequena, a última barreira entre eles.   
Escutou uma inspiração profunda, sentiu o corpo dela estremecer  com leves tremores à medida que o curvar instintivo dos quadris de Demi encontrou a sua ereção total, e ele soube que a pontada do desejo estava crescendo dentro dela, liberta, quente e gananciosa, encontrando a dele.   
As mãos na curva sedutora dos quadris pressionaram-na para a si, e a eletricidade percorreu a sua virilha à medida que ela se dirigia a ele, sua boca doce cobrindo o pescoço do espanhol com beijos ardentes.   
Joe respirou fundo. Era isso que queria, não era? O corpo audaciosamente disposto de Demi na sua cama, dando-lhe prazer, eliminando os anos de raiva e amargura.   
No entanto, queria mais. Muito mais do que apenas o ato primordial de acasalamento. Não tinha idéia de onde a súbita necessidade surgira, mas sua força representava uma batida incessante em sua cabeça.   
Sentir a pele dela contra a sua, a urgência ardente que os estava fundindo, dois corpos num só, provocara uma mudança nele, uma variação nas suas emoções fundamentais. Esta coisa — a trilha da vingança à qual dera início — estava degradando os dois.   
Sabendo que poderia ser um eterno perdedor, dedicando-se a necessidades frustradas, sem a chance da redenção em vida, Joe se apoiou em um dos cotovelos, os olhos estreitados focalizando solenemente o rosto de Demi  
Com voz inalterada pela certeza do que estava por fazer, embora com o resultado incerto, ele disse:   
— O jogo acabou, Demi. Você cumpriu com a sua parte do acordo desprezível que eu impus. Você veio de vontade própria para a minha cama, de modo que eu vou cumprir com a minha parte.   
Ele ajeitou-se um pouco na cama, colocando uma ligeira distância entre eles, apesar de odiar isso. Queria a intimidade suprema que agora poderia ser impossível.   
— A revista está salva. Seu pai não terá oportunidade de mudar de opinião a respeito da recente estima que tem por você. — Respirou fundo. — E você está livre para voltar para o seu quarto, se é isso que realmente deseja fazer, e voltar para Londres assim que providenciarmos um vôo. Basta pedir.   
O choque paralisou o corpo de Demi, comprometendo as cordas vocais. Ele não a queria! Estava se oferecendo, e ele dizia, não obrigado! Sua única intenção sempre fora humilhá-la.   
Lutando impotentemente para entender o que estava acontecendo, vasculhou o rosto sombrio com os olhos do desespero, mas não encontrou nenhuma resposta, somente um enigma. Ele mudava de humor mais rápido do que um adolescente. Assim foi em Marbella, naquela manhã, e agora isto.   
Assim que provara para si mesmo que podia levá-la ao ponto de se contorcer na sua cama, nua e ansiosa para fazer amor, estava descartando-a como a um objeto inútil que decidira que ela era!   
— Você é um ser humano desprezível! Sabia disso? — exclamou, em meio a uma tormenta de desprezo por ele. Extremidades descontroladas, humilhação explodindo dentro de si, Demi esforçou-se para sair da cama, e afastar-se o máximo que podia daquele monstro.   
— Tranqüilo  
Duas mãos carinhosas e determinadas acomodaram-se ao redor dos seus ombros, apertando-a de encontro aos travesseiros. Um sorriso adoçou a voz dele.   
— Permita que o ser humano desprezível termine.    
Diante do ruído de indignação e resistência inútil que ela emitiu, o sorriso desapareceu, deixando apenas a voz áspera.   
— Eu quero que você fique. Pode acreditar em mim, quero isso mais do que qualquer coisa. Mas só se for o que você quiser também. Sem ameaças pairando sobre a sua cabeça, Demi. Você não me deve nada, e se decidir ficar comigo tem que ser de sua livre e espontânea vontade. Do contrário, não significará nada quando fizermos amor. Entende o que estou dizendo?   
Sem palavras, Demi ergueu as mãos para acariciar o rosto do amado. Seu coração parecia prestes a explodir. Ele queria que ficassem juntos. Afirmara isso, com uma sinceridade que fazia o seu coração doer. Queria fazer amor com ela, e não apenas sexo. E queria que tudo isso significasse alguma coisa!  

2 comentários:

  1. MEU DEUS QNTAS REVIRAVOLTAS EM UM CAP SO

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  2. Eu juro que eu fui do ódio ao amor com o Joe em menos de 10 segundos.
    OMG que capitulo lacrador ❤

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Espero que tenham gostado do capítulo :*