Capítulo 21


Com a mão esguia e bronzeada indicou a roupa que colocara na cama, respirando fundo para dar continuidade ao que estava falando.  
— E isso é para você vestir depois que tiver tomado uma chuveirada.  
Olhou para Demi inquisitivamente.  
— Café da manhã em meia hora?  
Quando ela acenou silenciosamente, ele deixou a cabeça cair para frente e aproximou-se dela com as mãos enfiadas nos bolsos. Os pés de Demi enraizaram-se no piso de madeira encerado.  
— Eu sei — Joe disse, em tom baixo e compreensivo. — Mas se eu encostar em você, nunca mais deixaremos esta cama. E eu tenho planos para hoje. Existe uma enseada que eu conheço, a pouco mais de uma hora de carro daqui. Ninguém nunca vai lá. Seremos só nós dois.  
Queria tomá-la em seus braços, sentir aquele corpo lindo tremendo de encontro ao seu próprio, beijá-la até que os dois se esquecessem em que planeta estavam. Queria tanto isso que não soube dizer onde arrumou forças para sair do quarto.  
Mas como poderia conversar racionalmente com ela quando, nua e totalmente desejável como ela se apresentava, estavam prestes a fazer amor? E era o que aconteceria se permanecesse na intimidade do quarto de dormir com ela.  
Nunca daria certo.  
Na praia secreta e prateada, só os dois e com todo o tempo do mundo nas mãos, poderia se abrir para ela. Poderiam esquecer todo o passado e planejar o futuro. Um futuro próspero e feliz juntos. Se ela o aceitasse, se pudesse se apaixonar por ele novamente.  
E se ela estivesse tendo problemas neste campo, ele faria com que o que aconteceu com ele se repetisse com ela, decidiu, com uma onda de possessão espanhola, antes de voltar a sua mente para assuntos mais práticos, como procurar Rosa para pedir uma farta cesta de piquenique.  
  
Com um sorriso caloroso no rosto. Demi não conseguiu mover-se por algum tempo. Iriam passar o dia juntos. Não como o dia anterior, quando ele caminhara com um rosto parecido com o trovão, gastando dinheiro com ela como se fosse um dever desagradável, mas necessário. Também não como os dias anteriores, quando apenas se encontraram brevemente, nas refeições. Mas juntos, realmente juntos, e apaixonados também. Bem, tinha quase certeza disso.  
Quase.  
Com uma exclamação de culpa, ao perceber que o tempo estava passando, tomou uma chuveirada no banheiro dele e correu de volta para o quarto para pegar as roupas que lhe trouxera de maneira tão prestativa.  
Roupas de baixo de gaze fina, apenas a calcinha, sem sutiã. Seu rosto iluminou-se com um delicioso prazer lascivo porque a blusa que ele trouxera era provocante, mesmo. Algodão fino, muito parecido com a cor dos seus olhos, sem mangas, cortada para revelar os ombros com um decote em V e pequenos botões na frente. Podia imaginá-lo abrindo-os, lentamente, um por um.  
Antes que estas imagens pudessem tomar conta dela, vestiu a esvoaçante saia cor de creme e enfiou a bainha da blusa para dentro da linha da cintura estreita, depois usou o pente de Joe para restaurar a cascata de cabelos ao seu estado normal, sedoso e abaixo dos ombros.  
Estava tão nervosa quanto uma gatinha frente a frente com um pastor-alemão, admitiu, ao calçar as sandálias de alças que completavam o conjunto, assustada com o que o futuro poderia trazer.  
E se Joe enxergasse o futuro como algumas semanas ou apenas meros dias, antes de voltar para a sua ocupada vida de trabalho? Nada mais do que um interlúdio roubado de sexo fabuloso com uma mulher muito disposta? E depois, adeus, foi bom vê-la novamente, até a próxima. Talvez.  
Respirou fundo para se acalmar, afinal devia deixar de ser tão paranóica. Ela realmente significava algo para ele, não?  
É claro que sim!  
Para impedir-se de ficar explorando inutilmente a pior hipótese, decidiu passar os poucos minutos antes do café da manhã  o quarto dele à luz do dia.  
Diferente das acomodações que recebera, o quarto era quase austero, dominado pela cama enorme. Tábuas corridas bem lustradas, sem tapetes coloridos para quebrar o ambiente. Um guarda-roupa cavernoso, excessivamente entalhado com o que pareciam ser frutas exóticas e folhas de videiras, e uma escrivaninha solitária encostada na parede entre duas janelas altas.  
Caminhando na direção dela, notou a lâmpada angular, as canetas no porta-canetas de chifre, sugerindo que, quando estava aqui, ele às vezes escrevia cartas ou anotava memorandos para os subordinados, antes de se recolher à noite.  
Uma fotografia em uma armação de prata de lei. Um belo casal de meia-idade. Seus pais? Passando os dedos pela armação, Demi imaginou se algum dia os conheceria, e tentou bloquear a lembrança do deboche de Joe: “Existem mulheres que um homem adoraria apresentar aos pais. Obviamente, você não é uma delas.”  
Isso fora antes de fazerem amor e terem se descoberto novamente. As coisas eram diferentes agora. É claro que eram, reforçou com veemência.  
Uma armação menor estava meio escondida atrás da fotografia do casal de meia-idade sorridente. Curiosa, Demi a puxou para a luz. E seu coração literalmente parou. Depois disparou. Nunca mais se esqueceria daquele rosto fascinante e sensual, O rosto da mulher com quem o vira, anos atrás. Sentindo-se nauseada, voltou a colocar a foto meio escondida.  
Ele não manteria a sua foto perto da cama se ela fosse meramente um flerte de juventude, parte da época do seu ritual de passagem, parte de um passado promíscuo que preferia esquecer. Devia ser alguém realmente especial para ele. A noção deixou Demi se sentindo com frio e medo. Entendera tudo errado? Seu coração seria despedaçado novamente? Como poderia sobreviver a isso?  
Será que ele se casara com aquela criatura vibrante e adorável? Será que era por isso que mantinha sua fotografia ao lado da dos pais, como parte de uma família? Será que estava sendo infiel à sua esposa, tratando Demi como nada mais do que parte de um assunto inacabado?  
Estava acostumado a trair mulheres, não estava? Sabia disso por experiência própria. Deveria ter se lembrado disso.  
A mão foi até a boca para reprimir um grito de dor, a suspeita se assentando, rápida e profunda. E por que, em nome de tudo que era sagrado, não pensou em lhe perguntar, ainda em Londres, se era casado?  
Voou para fora do quarto. Era uma omissão que estava prestes a remediar. Da última vez, quando confrontada por evidências da sua deslealdade, eliminara-o brutalmente da própria vida sem nem lhe dizer por quê.  
Desta vez, seria diferente.

2 comentários:

  1. Meu Deus Demi para de ser paranoica e vai pergunta logo pro Joe quem é a mulher, depois você tira conclusão, por favor para de tirar conclusão precipitada.

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  2. NAO sei PRA QUE SERVE A BOCA DA DEMI PQ ELA N PERGUNTA DE ONDE É E QUEM É ESSA MULHER GENTE TO QUASE MATANDO A DEMI DE RAIVA

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Espero que tenham gostado do capítulo :*