Capítulo 20


Ele realmente gostava dela. Isso era óbvio, não? O ar vagou-lhe os pulmões na forma de um soluçar emotivo. Mexeu-se para frente, reconquistando a pequena distância insuportável que Joe colocara entre eles. Talvez estivesse lembrando-se da época mágica que compartilharam anos atrás, e estava arrependido de como se portara, uma garota para o dia, outra para a noite. Talvez...  
Soltando um gemido, Demi puxou a cabeça de Joe em direção à sua e o beijou com uma voracidade selvagem que obteve uma resposta apaixonada. Só quando a necessidade de respirar tornou-se imperativa, foi capaz de lhe contar o que estava se passando no coração, a sua voz não passava de um sussurro quando confessou:  
— Eu quero ficar. Eu quero você, Joe, eu quero que tudo seja como antes.  
— Isso não pode acontecer, meu anjo — Joe negou de maneira seca, uma das mãos acariciando os ombros magros dela. — O passado não pode ser resgatado, não importa o quanto desejemos que isso aconteça. Estamos ambos mais velhos e, espero, mais sábios. Tudo que podemos fazer é nos concentrar no presente.  
A mão deslizou mais para baixo, repousando de modo possessivo na ponta latejante de um dos seios e depois deslizando até o outro. O prazer ardente era quase maior do que ele podia suportar, e seu corpo inteiro foi invadido por um desejo tão intenso que expulsou o ar dos seus pulmões.  
— Você é tão linda. Eu quero você tanto, que dói!  
A voz dele era áspera de emoção, mais carregada no sotaque do que o normal.  
— Tenho sonhado com isso — confessou.   
O toque das mãos era lento e sensual conforme explorava o corpo desejoso de Demi, tirando-a de si, fazendo com que ela se contorcesse, com respiração alterada e arquejante. Então o espanhol segurou ambas as mãos dela acima da cabeça e murmurou suavemente:  
— Paciência, meu anjo. Sou um homem possessivo e vou lhe dar mais prazer do que você jamais teve. — Os olhos negros ardiam com uma intenção máscula. — Depois desta noite, não haverá espaço para nenhum outro homem.  
Nunca houvera outro homem. Demi pensou atordoada e questionou-se se deveria dizer-lhe isso, depois desistiu de todas as funções cerebrais à medida que os lábios eróticos de Joe percorreram o caminho já desbravado por suas mãos.  
  
Ela era virgem! Tinha certeza disso. Pode ser que ela tivesse sido uma paqueradora e uma provocadora, mas nunca fora promíscua. Nem dormira com Ben Clayton. Apostaria a vida nisso.  
Olhando para o seu corpo frágil e magro enquanto ela enfim dormia, o coração de Joe se encheu de uma emoção que não sabia como chamar. O triunfo da posse masculina? A liberação dos demônios do passado? Amor?  
Amor. Sua boca apertou-se, cansada. Outrora a amara, a adorara, colocara o seu anjo num pedestal de ouro. E olhe o que aconteceu com ele! Os seus dias de romantizar mulheres imperfeitas havia muito já se passavam.  
Contudo, ela era inexplicavelmente especial. Era honesto demais para negá-lo.  
Carinhosamente, tomando cuidado para não acordá-la, cobriu-lhe o corpo com o lençol de seda. Demi era tão graciosa dormindo quanto acordada. Lentamente, saiu da cama. As primeiras luzes da manhã se esgueiravam para dentro do quarto. Cada clímax fora mais atordoante do que o que o precedera. Nunca sentira nada igual, mas, a despeito da sobrecarga sensorial, estava explodindo de vitalidade.  
Uma longa caminhada cairia bem. Algo para cansar o corpo e deixar a mente livre para trabalhar as emoções, deixá-lo ver o futuro com mais clareza. Se é que poderia haver um futuro para os dois, completou.  
Demi acordou com a invasão da luz do sol. Podia escutar os pombos arrulhando no pátio abaixo, um som doce e suave que combinava perfeitamente com o seu humor. Soltando-se do emaranhado de lençóis de seda, virou-se e encarou o lugar vazio ao seu lado.  
Joe  havia se levantado. Não importava que a houvesse deixado dormir sozinha. Soltou um suspiro. Ele podia mudar de humor tão rápido quanto mudava de meias, e isso também não teria nenhum problema.  
Sabia o que sabia.  
O que ele sentia por ela ia muito além de luxúria masculina. Tinha certeza de que sim. Não oferecera deixar que ela se fosse antes que as coisas fossem mais longe? Não admitira que queria que ela ficasse, mas só se assim o quisesse? E durante aquela noite longa e extasiante, fizera amor com ela com uma suavidade apaixonada, como se ela fosse a jóia mais preciosa no mundo!  
Não havia como ficar melhor, nem como ele ser mais revelador a respeito de seus verdadeiros sentimentos, havia?  
Saindo da cama, abraçou o corpo com os próprios braços. Contorcia-se de felicidade. Sentia-se intoxicada por ela. Apesar do que o espanhol dissera, poderiam recuperar o passado. E se ele continuasse a negar a possibilidade, teria de convencê-lo a mudar de idéia 
O problema constrangedor de voltar aos próprios aposentos nua, sem encontrar Rosa ou Manuel, foi solucionado quando Joe entrou no quarto, poucos instantes depois. Ele estava trazendo algo por cima do braço. Ela não registrou o que era porque só tinha olhos para ele, para a sua beleza de partir o coração.  
Os olhos negros eram intimamente calorosos, e o modo como o algodão fino da camiseta sem manga se ajustava à largura dos seus ombros, e as pernas compridas vestindo um jeans justo cor de areia, fizeram com que as pernas dela ficassem bambas, a barriga apertada com uma necessidade física intensa.  
Sentindo os mamilos se enrijecendo e formigando, sua pele pálida enrubesceu à medida que os olhos dele deram um passeio por cada centímetro desnudo à mostra.  
As suas pálpebras baixaram-se, ela mal podia mantê-las abertas e a respiração estava arquejante. Amava-o tanto, desejava-o até sentir-se fraca da ponta dos pés até a extremidade da cabeça.  
Joe caminhou na sua direção e passou por ela sem nem mesmo tocá-la. O rosto de Demi foi ao chão, mas sua aflição foi rapidamente esquecida quando ele colocou na cama roupas que mal reconheceu das compras do dia anterior, e virou-se para ela sorrindo maliciosamente por cima dos ombros.  
— Estive catando o que descartamos de modo tão descuidado ontem à noite.  
Endireitou-se, os pés afastados firmemente plantados, a cabeleira negra macia brilhando com os raios do sol, os olhos sorrindo.  
— Deixamos o seu vestido e uma fortuna em jóias no pátio, lembra-se? Eu não me importo que os empregados juntem as pistas, mas pensei que você poderia.  
A boca ágil curvou-se num sorriso.  
— Os diamantes voltaram ao cofre, e o seu vestido voltou ao seu quarto.  
E depois disso ele caminhara pelas montanhas, colocando os pensamentos em ordem, e não gostando muito de si. Só conseguiu descrever o seu comportamento como estarrecedor. Quase teve um acesso de fúria depois que ela admitira que a aprovação do pai fora o único motivo pelo qual concordara com a proposta profana. De modo que, em vez de reconhecer o que estava acontecendo consigo, quando era óbvio para quem quisesse ver, decidiu puni-la.  
Estivera se apaixonando por ela novamente e fora cego e teimoso demais para admiti-lo. Não importava como ela se comportara no passado. Madre de Dios! Era pouco mais do que uma criança, na época!  

Um comentário:

  1. Joe tem sérios problemas de bipolaridade.
    Eu to simplesmente amando os rumos que a fic esta indo.
    capitulo perfeito amei ❤

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Espero que tenham gostado do capítulo :*