Capítulo 10

Nem sempre aquilo que sentimos faz sentido... E nem é necessário. Só devemos confiar e seguir nosso coração.

Eu não dormi muito bem aquela noite... Fiquei pensando no que Half me dissera. Eu prometera a mim mesma que ignoraria, mais era difícil mesmo assim... Eu não conseguia ignorar nada que viesse do Half. Tudo nele me assustava. E agora eu tinha mais um motivo pra preocupações. Respirei fundo várias vezes durante o dia tentando manter a calma, ameaçar todos com quem eu me importava era rotina pro Half, talvez eu não devesse levar a sério. Mais isso não me impediu de ficar desligada durante toda a manhã na escola.



_Demi o que você tem?_ Selena me perguntou pela milésima vez.

_Nada_ eu respondi novamente.



Depois que a aula acabou fui direto pra casa... Dessa vez sem medo ou preocupações já que minha estaria lá. Cheguei e fui direto até a cozinha onde minha já começava com as preparações pro jantar.



_Oi mãe_ sorri.

_Oi querida... Chegou cedo.

_A aula acabou mais cedo hoje_ expliquei_ não esta cedo pra começar a cozinhar?

_Não querida... Quero tudo perfeito_ ela garantiu_ temos que causar boa impressão.

_Claro_ eu sorri.



Minha mãe passara a tarde ocupada preparando o jantar e eu a ajudei no que pude, não era muito boa cozinheira. Half não me atormentara durante todo dia e eu sorri pensando que amanhã ele não estaria em casa e eu estaria livre. Eram umas sete horas quando eu finalmente fui tomar um banho e me arrumar. Fiquei na duvida sobre o que deveria vestir afinal ainda tinhas várias marcas pelo corpo. No final das contas como estava calor, acabei pondo um vestido curto azul, com a manga caída que cobria uma parte do meu braço e uma sandália gladiadora preta. Um pouco de maquiagem e o creme bronzeador da minha mãe e as marcas estavam praticamente imperceptíveis. Soltei meu cabelo e finalmente estava pronta.



_Bonita_ Half disse, estava parado na porta me observando.

Eu o ignorei e continuei a por os meus brincos.

_Você não se arruma assim pra mim_ ele comentou.

_E porque eu deveria me arrumar pra um porco nojento?_ disse irritada.

_Se você soubesse o que te espera não falaria assim_ me provocou.

_Com licença_ eu disse saindo do quarto, mais ele segurou meu braço.

_Depois não diga que eu não avisei_ ameaçou.

_Você não vai estragar a minha noite Half_ eu disse_ não hoje.



Puxei meu braço e desci as escadas correndo... Eu estava morrendo de medo do que ele faria comigo, mais não o deixaria saber disso. Eu fingiria que não me importava, pelo menos por hoje. Quando cheguei lá em baixo as visitas já haviam chegado... Eu sorri quando vi o Joe cumprimentando minha mãe. E ele sorriu também quando me viu.



_Ah, essa é minha filha Demi_ minha mãe apresentou_ e esses são Denise e Paul.

_É um prazer_ Denise apertou minha mão_ Joe não exagerou quando disse que você era linda.

_Obrigada_ eu disse envergonhada, e percebi que ele também ficara.



Logo em seguida veio o Half... Era incrível como ele fingia bem. Parecia ser tão simpático e amável. Às vezes eu imaginava se o problema dele não seria só comigo. Eu devo ter jogado pedra na cruz ou algo do tipo. Mais varri os pensamentos da minha cabeça... Estava disposta a aproveitar minha noite, eu merecia um minuto de paz ao lado de gente civilizada.



_Sua casa é muito bonita_ Denise elogiou.

_Obrigada, eu mesma decorei_ minha mãe sorriu orgulhosa.

_Você tem muito bom gosto.



Concerteza elas seriam boas amigas... Eu sorri as vendo fazerem amizade fácil. Half também começou a conversar com Paul, dessa aparente afinidade eu não gostei.



_Eu disse que elas se dariam bem_ Joe comentou sorrindo.

_É mesmo_ eu sorri também.

_Você esta muito linda Demi_ ele comentou de repente, me olhando profundamente.

_Obrigada_ sorri sem graça_ você também esta muito bonito.



Às vezes parecia que ele dizia essas coisas só pra me deixar sem graça, de propósito... E funcionava muito bem. Ficamos conversando algum tempo, até minha mãe nos chamar pra jantar. Sentamos todos juntos a mesa, e conversamos enquanto comíamos, aparentemente só eu percebera os olhares maldosos de Half na minha direção. Estava começando a me incomodar.



_O jantar estava maravilhoso_ Paul elogiou.

_Você cozinha muito bem_ Denise sorriu_ pode me dar à receita daquela torta depois?

_Claro que sim_ minha mãe sorriu e se virou pra mim_ filha, porque não mostra ao Joe o resto da casa?

_Érr... Claro mãe.



Não tinha chance de eu dizer a minha mãe que Joe já tinha entrado aqui em casa, mais de qualquer forma não era a mesma coisa. Então ele me acompanhou até os fundos da casa, onde ficava o jardim da minha mãe e a piscina. Nos sentamos na beira da piscina, olhando a água cristalina.



_Você... _ eu comecei a dizer meio sem jeito_ vai fazer alguma coisa amanha?

_Não... Por quê?

_É... Eu podia te levar pra conhecer a cidade, prometi lembra?

_Ia ser legal_ ele disse animado_ mais só se formos na minha moto.

_Ah não... É melhor irmos andando_ eu tentei disfarçar_ Podemos aproveitar melhor a vista e...

_Demi_ ele me olhou com um meio sorriso_ já disse que não precisa ter medo.

_É fácil pra você falar_ revirei os olhos.

_Você precisa aprender a lidar com seus medos_ ele disse.



Aquilo me fez lembrar do Half, do medo que ele me causava... Eu devia mesmo enfrentar meus medos, mais não era tão simples como parecia. Mais Joe fazia tudo parecer simples e agradável.



_Sabe que pode confiar em mim né?_ ele perguntou_ eu não vou deixar que nada te aconteça.

_Eu sei que não_ dei-me por vencida_ podemos fazer uma tentativa.

_Vai ser divertido, você vai ver_ disse animado.



Eu suspirei e me levantei, caminhando até as flores... Minha mãe tinha um jardim cheio da minha flor favorita, tulipas vermelhas, às vezes eu ficava horas ali olhando pra elas, me davam a sensação de paz.



_Sabia que as flores tem significados?_ Joe sussurrou, meu coração disparou quando percebi que ele estava bem perto de mim, perto de mais.

_Verdade?_ forcei um sorriso_ eu não sabia.

_É sim_ ele afirmou tocando em uma flor_ O girassol significa glória, dignidade... O lírio a pureza.

_Como sabe dessas coisas?_ perguntei curiosa.

_Minha tia... Ela adorava flores, me contou uma vez.

_Qual o significado da rosa?

_A cor de rosa, é amizade, gratidão... A branca é paz... A amarela alegria. E a vermelha paixão... Desejo.



Eu respirei fundo com essa ultima revelação, com o jeito como ele dissera aquilo... O jeito como seu corpo estava tão próximo ao meu, como ele me olhava.



_Qual a sua preferida?_ ele perguntou.

_A tulipa_ eu afirmei_ qual o significado dela?

_Depende... Cada cor tem um significado.



Ele olhou pra tulipas que haviam ali... De várias cores. Então muito delicadamente arrancou uma tulipa vermelha e me deu.



_Pra você_ sorriu.

_O que quer dizer?_ perguntei curiosa, olhando pra ele.

Ele me encarou profundamente, me fazendo mais uma vez sentir-me transparente.

_Amor verdadeiro_ sussurrou_ Amor eterno.



Eu fiquei literalmente sem falas... Até pensei em dizer alguma coisa mais não saiu nada. Nem queria me atrever a pensar o que ele quis dizer ao me dar aquela flor. Só sei que meu coração disparou loucamente. Nós dois ali naquele ambiente lindo, tão próximos, uma sensação que eu nunca sentira antes percorreu todo o meu corpo enquanto ele me olhava nos olhos. Eu desviei rapidamente, sem ter coragem suficiente pra manter o momento... Eu não podia me apaixonar por ele, não era certo. Eu não podia me sentir daquele jeito... Era tão errado. Senti que uma estúpida lágrima descera por meu rosto.



_Porque esta chorando?_ ele perguntou limpando a lágrima.

_Desculpe_ sussurrei.

_Porque esta se desculpando comigo Demi? Você não fez nada_ ele disse.



Ele podia não entender o motivo das minhas desculpas... Mais havia um motivo. Eu estava me desculpando por gostar dele, embora não quisesse. Porque sabia que no momento que permitisse que ele entrasse na minha vida estaria o pondo em risco. Como a minha mãe que era ameaçada todos o dias... Minha amigas pra quem eu tinha que mentir sempre. Eu era uma mentirosa e perigosa pra saúde de qualquer um que se aproximasse de mim. Eu não tinha o direito de envolvê-lo assim nos meus problemas.



_Joe_ Denise o chamou de lá dentro_ temos que ir filho, já esta tarde.

_É melhor você ir_ sussurrei_ sua mãe esta esperando.

_Nosso passeio de amanhã ainda esta de pé?_ ele parecia receoso, como se tivesse medo de me magoar ou algo assim.

Eu não sabia se devia mesmo sair com ele... Mais eu havia prometido, podia fazer isso antes de tirá-lo da minha vida.

_Esta sim_ concordei com um meio sorriso.



Ele sorriu e se inclinou pra dar um beijo na minha bochecha e mais uma vez fui tomada por aquela estúpida sensação.



_Até amanhã Demi_ sorriu.

_Até amanhã_ sussurrei com a voz falha.



Ele então entrou em casa... Eu fui logo atrás um minuto depois pra me despedir dos pais dele.



_Foi um prazer te conhecer Demi_ Denise disse.

_Igualmente_ eu sorri.

_Espero que essa nossa noite se repita mais vezes_ minha mãe falou.

_No que depender de mim, vai se repetir muitas vezes.



Então os três foram embora... Eu subi imediatamente pro meu quarto e tranquei a porta pra que ninguém me incomodasse. Peguei um jarro, pus água e pus a flor que ele me dera dentro. Depois me deitei na cama e fiquei admirando a flor até adormecer com suas palavras em minha mente... Amor eterno. Eu não merecia nada disso.



CONTINUA ...