Capítulo 7


Às vezes a melhor ajuda que precisamos é um bom e simples abraço.





Quando abri os olhos de novo estava jogada sobre a cama do quarto de hospedes... Sozinha. Estava nua, descabelada... Quando tentei me mexer senti uma dor aguda que percorreu todo o meu corpo e dei um gemido alto. Respirei fundo algumas vezes, esperei minha visão clarear por completo... E me virei na cama bem devagar. Dei uma rápida analisada em meu corpo, eu estava cheia de marcas por todos os lados, unhas, dedos. E então passei a mão em minhas pernas só pra descobrir que estava sangrando... Aqueles monstros tinham me machucado. Fechei os olhos de novo e comece ia chorar em silencio. Eu não merecia nada daquilo.

.....................



Fiquei jogada na cama durante um bom tempo, sem conseguir levantar... Toda vez que eu tentava era impedida pela dor insuportável em todo meu corpo. Mais quando olhei no relógio e vi que indicavam quatro e meia da tarde resolvi que teria de engolir minha covardia... Não podia correr o risco de minha mãe chegar e me ver assim. Então levantei... Me enrolei no lençol da cama e fui cambaleando até o meu quarto... Half não devia estar em casa, pra minha sorte. Me joguei na banheira, e fiquei deitada dentro da água por pelo menos meias hora, me limpando... Tentando me sentir melhor... Mais a dor que eu sentia ia demorar a passar... Não só a dor física, mais aquela na minha alma.

Vesti a coisa mais confortável que achei... Um short frouxo e uma blusinha. Nada que apertasse meu corpo. Mais ao contrario do que seria o certo não fiquei em casa... Eu precisava sair... Precisava ir a um lugar. Peguei as chaves de casa e sai chorando, as lágrimas me segando... Nem via direito onde estava indo quando esbarrei em alguém.



_Opa, cuidado_ me segurou antes que eu fosse ao chão.

_Desculpa_ sussurrei, mais acho que ele não ouvira, nem eu entendi o que eu dissera.

_Você ta bem Demi?_ foi só quando ouvi meu nome que reparei quem era... Joe_ O que aconteceu com você?

Eu limpei as lágrimas rapidamente, tentando disfarçar.

_Não foi nada, estou bem_ menti... Nada convincente.

_Como nada? Olha pra você_ falou preocupado.

_Eu estou bem ta legal? Tenho que ir_ tentei me soltar mais ele me puxou com delicadeza.

_Hei... Você não devia sair assim... Não me parece bem.

_Olha, se eu estou bem ou não, não é as sua conta_ disse nervosa_ agora me solta.



Ele me encarou por um instante e depois me soltou... Eu não queria ter sido grossa com ele, sabia que só queria ajudar, mais eu não podia ficar ali ouvindo as perguntas dele, não podia dizer o que tinha me acontecido... Seria pior pra nós dois.



_Obrigada_ disse secamente depois que ele me soltou.



Eu senti que ele ficara me olhando enquanto eu me afastava, tropeçando nas próprias pernas... Mais eu fingi não perceber e continuei a andar até o lugar que eu queria... Só parei quando cheguei ao cemitério. Caminhei por lá até avistar o tumulo do meu pai, mais não cheguei perto... Fiquei olhando de longe. Quando eu era pequena minha mãe não me levara ao enterro do meu pai, depois que eu cresci me incentivou a vir aqui mais eu não conseguia ir até lá... Tinha uma coisa que me impedia... O sentimento terrível de culpa. Era como se eu sentisse que ele não gostaria da minha presença ali. Eu procurava coragem quase todos os dias, mai era em vão... Eu era uma covarde. Que vivia uma mentira, num inferno por pura covardia.



_Precisa de ajuda Demi?_ era Harry, o coveiro.

_Não Harry_ limpei as lágrimas_ eu to bem.



Ele sempre me via por aqui, tentava me convencer a ir em frente, mais não adiantava... Às vezes eu passava horas conversando com ele, era como um amigo... Divertido.



_Porque não vai até lá?_ perguntou.

_Vamos começar com essa discussão de novo?_ eu tentei sorrir, mais uma vez nada convincente.

_Não vai dar em nada né?_ ele deu um meio sorriso.

_Não.



Ficamos em silencio... Até eu perceber ele me olhando de uma maneira estranha.



_O que aconteceu com você Demi?_ perguntou.

Eu notei as marcas pelo corpo, minha cara também não devia ser das melhores.

_Olha, eu tenho que ir_ forcei um sorriso_ até mais Harry.

_Até_ respondeu desconfiado.



Eu voltei caminhando lentamente até em casa, já estava escurecendo... Depois de alguns minutos havia chegado e vi de longe Joe sentado na porta da sua casa sozinho, olhando pro nada. Eu achei que devia falar com ele, me desculpar pela minha grosseria, afinal ela não tinha culpa dos meus problemas. Então fui até lá e me sentei ao lado dele.



_Oi_ eu disse sem jeito.

Ele virou o rosto pra me olhar_ Oi.

_Desculpa pela minha grosseria aquela hora_ pedi_ eu estava nervosa.

_Tudo bem você tem razão_ deu de ombros_ não era da minha conta.

_Agradeço por se preocupar... Mais não foi nada demais.



Ele levantou há mão um pouco receoso pra tocar uma marca que havia no meu braço, eu estremeci um pouco com o toque suave mais não me afastei... Ele ficou olhando pra ela um instante antes de seus olhos encontrarem os meus.



_Não me parece que não foi nada_ sussurrou.

_Érr... A falta de coordenação motora não é exclusiva da sua família_ dei um meio sorriso tentando parecer sincera_ eu cai da escada hoje de manhã.

_Você espera mesmo que eu acredite que fez isso caindo da escada?_ ele perguntou olhando nos meus olhos.

_Mais foi o que houve_ eu deu um sorriso nervoso_ rolei de uns vinte degraus... Acontece com freqüência, sou desastrada.

_Hum_ foi só o que disse, não parecia ter engolido minha história.

_É sério Joe... Eu...

_Eu acredito em você_ ele me interrompeu.



Eu sabia que era mentira, mais agradeci por ele parecer entender que eu não queria falar sobre isso. E mais uma vez silencio... Mais meu corpo começou a protestar por ficar ali sentada, eu ainda estava dolorida.



_Bom... Eu tenho que ir_ falei.

_Tudo bem_ ele sorriu_ se precisar conversar... Estou aqui.



Eu olhei nos olhos dele e de repente tive vontade de chorar de novo... Eu tinha em casa um homem que vivia comigo a quatro e anos e me maltratava e do nada aparecia esse garoto, querendo me ajudar e eu só o conhecia há três dias. Eu duvidava que existissem pessoas assim.



_O que foi?_ ele pareceu perceber minha mudança repentina.

_Eu tenho que ir_ disse apressadamente.



Eu me levantei rápido demais, acabei tendo uma tonteira e meu corpo todo doeu de novo, eu cambaleei e teria ido ao chão se Joe não tivesse me segurado.



_Hei, cuidado_ ele disse me segurando.

_Desculpa_ sussurrei meio atordoada.

_Não precisa se desculpar... Ta tudo bem_ sorriu.



Não, não estava tudo bem... Eu levantei o rosto pra olhar nos olhos dele e cai no choro sem conseguir me conter. Eu não agüentava mais essa maldita vida que eu levava.



_Hei, calma_ ele sussurrou me abraçando.



De repente a unia coisa que me impedia de desabar ali mesmo era seu abraço... Eu não tinha mais força alguma nas pernas e tudo em mim doía. Fechei os olhos com força, soluçando em seu peito e ele me pegou no colo, me tirando do chão.



_Fica calma, vou te levar pra casa e dar um jeito nesses machucados_ ele disse.



Eu não disse nada, só continuei chorando abraçada a ele, enquanto ele me carregava pra dentro da minha casa... A porta estava aberta, então ele foi entrando e me levou até meu quarto sem precisar de um guia. Depois me pos delicadamente na cama, pra minha sorte Half não estava em casa ou haveria um tremendo escândalo.



_Você por acaso tem ai algum...

_No banheiro_ sussurrei em meio ao choro.

Ele levantou, foi ao banheiro e um minuto depois estava de volta... Sem fazer nenhum comentário ele foi limpando os machucados no meu braço, eu nem tinha percebido que alguns estavam sangrando. Só sabia que estava doendo e muito... Mais conforme Joe ia me tocando eu sentia a dor desaparecer, com uma espécie de anestesia e no lugar vinha outra coisa... Uma sensação boa e reconfortante.



_Esta melhor?_ ele perguntou.

_Sim_ respondi baixinho_ obrigada.

_Não chora_ ele pediu limpando uma lágrima minha.

_Desculpa... É que... Eu sou sensível, tava doendo e...

_Não precisa me contar o que houve se não quiser Demi_ ele me interrompeu_ primeiro porque não é da minha conta. Mais também não precisa mentir pra mim.



Eu não disse nada, só abaixei a cabeça me sentindo mal... Eu queria contar pra ele, por algum motivo eu sentia que pode confiar, mais não podia arriscar a vida só pra me sentir melhor... Seria bom desabafar com alguém, mais eu não podia.



_Eu nem conheço você_ falei sem jeito, tentando parar com o choro_ e você ta aqui me ajudando.

Ele deu um meio sorriso_ Não gosto de ver anjos chorarem... É um crime.



Eu senti meu coração bater mais depressa quando ele disse isso, ele prendeu meu olhar ao seu, e levantou a mão de novo pra limpar outra lágrima que descera. Porque ele tinha que ser tão fofo e legal? Antes que eu pensasse em algo de inteligente pra dizer a ele ouvi o barulho da porta lá em baixo... Minha mãe só chegava a noite, então concerteza era Half que voltara. Se ele visse Joe aqui eu estava perdida... Quase surtei.



_Ai droga_ disse alarmada_ o Half chegou, você tem que ir embora.

_Calma Demi... Qual o problema de ele me ver aqui?_ perguntou curioso.

_Ele não gosta que eu traga garotos pra casa, muito menos pro meu quarto_ falei rápido_ vai embora por favor.

_Tem certeza que não quer que eu fique?

_Tenho... Obrigada por tudo_ disse já voltando a chorar discretamente.

_Ta bom eu vou_ ele levantou_ mais... Toma cuidado da próxima vez que for descer a escada.



Eu pude entender o que ele quis dizer com aquilo... Ele então me deu as costas e pulou da minha sacada pra dele, e eu pude respirar aliviada. Na verdade eu queria que ele tivesse ficado, por que eu sentia que com ele estaria protegida... Mais se Half o pegasse aqui ia deixar minha vida pior do que já era... E concerteza ameaçaria o Joe também... Eu não podia arriscar, tinha que enfrentar tudo sozinha como eu sempre fazia.

CONTINUA ....

3 comentários:

  1. AHHHHHHHHHH ele não pode continuar fazendo isso com ela!!
    Ela não merece!! :(
    O Joe vai descobrir?? Espero que sim.
    E de preferência, logo logo!!
    Posta!
    Beijos*

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  2. Está M-A-R-A-V-L-H-O-S-A a história


    POSTA LOGO!!!

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Espero que tenham gostado do capítulo :*