Capítulo 14 – Confusa


Quinto Dia – 8:21 da Manhã


Quando acordei aquele dia fiquei com medo de abrir os olhos... Eu estava com medo de ter que encarar Joe depois do que houve noite passada. Eu não sei bem explicar o que foi que aconteceu comigo... Só sei que quando ele quase me beijou na cozinha fiquei completamente enlouquecida e depois quando ele disse que amava simplesmente precisei beijá-lo... Uma necessidade enlouquecedora. Não que tivesse sido a primeira vez que ele dissera isso pra mim... Mais depois do ocorrido e de tudo que vinha acontecendo aquele “eu te amo” soou pra mim de forma diferente e eu perdi a razão... Estava ficando completamente louca.

Agora, só de pensar em abrir os olhos e olhar pra ele meu coração já disparou... O que eu ia dizer? Como ia olhar pra ele e fingir que nada tinha acontecido? Será que ele estava com raiva? Será que tinha gostado tanto quanto eu?

Eu estava confusa e tinha medo de isso prejudicar nossa amizade... Ele não fazia ideia do quanto era importante pra mim.



_Esta acordada pequena?_ ouvi sua voz suave perguntar.

_Infelizmente_ eu resmunguei_ queria dormir pra sempre.

_Não fale isso_ ele pediu.

_Que horas são?_ eu perguntei sem muita vontade ainda de olhos fechados, adiando o momento que teria de olhar pra ele.

_Não sei, meu relógio parou de funcionar a meia noite_ ele comentou e tinha algo a mais no jeito como ele disse aquilo, algo que não consegui entender.



Então finalmente criei coragem pra abrir os olhos... Joe não estava mais na cama ao meu lado, mais sim em pé escorado na parede perto da porta me olhando com um meio sorriso... Aquele que ele sempre dava ao me ver.



_Onde ta todo mundo?_ perguntei sentindo meu coração palpitar só de olhar pro sorriso dele... Deus o que há comigo?

_Estão lá em baixo tomando café da manhã... Ou seja lá o que for, já que todos os relógios resolveram surtar_ deu de ombros.

_Hum_ foi à coisa mais inteligente que consegui dizer enquanto me sentava na cama.

_É melhor descermos também, vamos embora daqui à pouco_ ele comentou.



Eu me levantei da cama meio sem vontade, mais agradeci mentalmente a Joe por ser um cara tão incrível a ponto de saber que eu não ficaria a vontade falando do que houve ontem... Ele sabia que se eu quisesse conversar falaria com ele quando estivesse pronta. Porque todos os homens do mundo não são como ele?

E embora eu deva admitir que fosse mais fácil fingir que nada aconteceu... Eu ainda precisava falar com ele.



_Joe_ eu chamei e ele se virou pra mim, a mão na maçaneta da porta.

_Algum problema?_ ele perguntou inocentemente.

Eu não sabia o que devia dizer... Estava tão confusa.

_Desculpa por aquilo que houve ontem_ foi o que saiu da minha boca, não sei se havia algo melhor pra dizer.

_Não tem que se desculpar comigo_ ele murmurou sério.

_Tenho sim, eu não sei o que me deu ontem... Eu só...

_É serio Demi_ ele me interrompeu e não sei se foi impressão minha, mais ele parecia triste_ não tem que se explicar comigo. Não estou com raiva de você.

_Eu sei que não, você nunca fica raiva mais... Ainda sim queria que me desculpasse_ sussurrei_ será que podemos esquecer isso?



Sugestão idiota... Como se eu fosse conseguir esquecer a sensação incrível que era ter os seus lábios nos meus. A sua mão no meu cabelo, sua língua brincando com a minha. (Oh merda Demi, controle-se, ele é seu amigo... Aquilo foi um erro).



_Como você quiser Demi_ foi só o que ele respondeu e seu olhar de repente entristecido quase partiu meu coração. O sorriso lindo que ele mantinha quando eu acordei se evaporou como fumaça e a culpa era minha... O que foi que eu fiz?

_Joe...

_Temos que descer Demi_ ele me interrompeu_ estão nos esperando.



Eu suspirei e comecei a caminhar em direção a porta mexendo nervosamente nos botões da camisa de Joe que eu ainda usava. Mais parei antes de sair do quarto e me virei pra olhá-lo, que continuava parado segurando a maçaneta da porta, respirando fundo repetidas vezes.



_Sabe que eu te amo não sabe?_ eu perguntei tão baixo que quase não me ouvi.

Ele abriu um leve sorriso entristecido, porém ainda sim sincero.

_Eu sei pequena... Eu sei_ ele sussurrou.



Ficamos em silencio olhando um pro outro, e sem um motivo concreto senti meus olhos se encherem de água enquanto fitava o rosto dele. Joe então largou a maçaneta da porta e me abraçou.



_Não chora pequena_ ele pediu_ eu disse que ta tudo bem.

_Eu não queria que você me entendesse errado_ murmurei_ é que eu to tão confusa e com tanto medo.

_Shh... Não se preocupe_ o senti dar um beijo no topo da minha cabeça_ à culpa foi minha... Eu faço tudo errado.



Eu queria dizer a ele que isso não era verdade, ele não fazia nada errado... Ele sempre me salvava. Mais as palavras ficaram sufocadas na minha garganta, eu não sabia o que dizer, o que sentir... Eu só queria acordar na minha cama e que tudo estivesse como era antes.



_Não chora por minha causa_ ele pediu e sua voz também estava falha, entristecida_ eu não mereço.

_Você é o único que merece Joe_ eu garanti a ele.

_Se merecesse de verdade você não estaria chorando por minha culpa_ ele resmungou.

_Mais você não me fez nada_ o lembrei_ foi eu que fiz.



Ele não disse nada, mais me apertou um pouco mais forte... E eu tentei ignorar tudo que sentia, e que estava me enlouquecendo aos poucos... Porque o sol não nascia de novo? Eu não agüentava mais tanta escuridão... Ela estava começando a se formar dentro de mim também, me impedindo de ver e de raciocinar.



_JOE... DEMI_ ouvimos Selena chamar lá de baixo_ VENHAM AQUI AGORA.



Joe me soltou e nós nos entreolhamos... Eu limpei as lágrimas que haviam descido tentando manter a compostura e descemos as escadas correndo pra saber qual era o problema. Eu congelei no lugar quando vi a menina que estava parada no meio da sala junto com o resto do pessoal... Estava um pouco machucada e se apoiando nos ombros de Nick.



_Vanessa_ Joe disse com espanto.

_Joe_ ela sorriu ao vê-lo.



E meu coração parou de bater quando ela se soltou de Nick e se jogou nos braços de Joe com um enorme sorriso no rosto, deixando que ele a segurasse e a amparasse.



_Meu Deus, o que houve com você?_ ele perguntou a segurando com força e a mantendo de pé.

_Todos sumiram_ ele choramingou se apertando contra ele, o sangue me subiu a cabeça_ estava tudo escuro e tinha aquela menina... Ela tentou me... _ ela fechou os olhos e escondeu o rosto no peito dele.

_Ela precisa deitar, esta horrível_ Miley disse.

_Vem, vamos cuidar de você_ Joe disse.



Ele a pegou no colo, a tirando do chão... Ela fechou os olhos e se deixou ser levada por ele pro andar de cima, envolvendo seu pescoço com os braços fracos. Todo mundo foi atrás saber se ela estava bem... Mais eu fiquei congelada no lugar encarando o vazio, um frio repentino me preenchendo por dentro.

E eu não soube bem por que... Mais as lágrimas que contive agora pouco desceram novamente, de forma silenciosa. Só que não havia ninguém do meu lado pra me dizer que tudo estava bem e que não havia motivos pra chorar... Estavam todos consolando a ela.



Fiquei um tempo parada ali olhando pro nada, até me dar conta de que talvez eu estivesse exagerando no drama... Eu devia estar feliz por Vanessa estar bem não? (Não, eu a odiava profundamente e preferia que ela tivesse sumido com o resto das pessoas do planeta... Porém isso não era motivo pra eu chorar).

Subi então as escadas pra me juntar aos outros mais não cheguei a entrar no quarto, fiquei parada na porta enquanto observava todos darem atenção a ela. Vanessa contou tudo que acontecera com ela desde que a escuridão começou... Pior do que o que houve com agente concerteza não foi, mais todos pareceram comovidos... Só porque ela estava sozinha.



_Eles não se importam com você_ ouvi uma voz diferente dizer e quando me virei àquela menina estava ali no corredor me olhando com um sorriso cínico_ dê só uma chance e eles vão esquecê-la.



Eu senti medo ao ouvir aquilo... Mais não foi medo da menina, e sim medo de que o que ela disse fosse verdade. Que eles me esqueceriam, que não se importavam comigo. E senti as teimosas lágrimas descendo de novo.



_Você é patética_ a menina sussurrou.



E ela sumiu diante de meus olhos... Eu senti um aperto no coração, algo que ia me sufocando aos poucos e quando olhei pra dentro vi Vanessa abraçando Joe apertado... Ele retribuía seu abraço, a consolando como geralmente fazia comigo. Dando-lhe uma atenção que eu acreditava ser só minha... Eu estava bancando a estúpida, ela não podia ser mais importante que eu.




Joe Narrando




Quando Vanessa finalmente largou do meu pescoço, eu suspirei aliviado... Estava feliz por ela estar bem, mais ela era uma pessoa muito grudenta e isso me irritava. Foi só quando estava finalmente livre dela que pude notar que Demi não estava no quarto conosco, me levantei um pouco preocupado, mais a encontrei no corredor... Estava escorada na parede com a mão no coração, chorando baixinho.



_O que houve pequena?_ perguntei preocupado_ porque esta chorando?

_Não é nada_ ela desconversou, passando a mão pelo rosto e secando as lágrimas.

_Como assim não é nada?_ insisti.

_Motivos pra eu chorar é o que não faltam Joe_ respondeu rispidamente.



Fiquei preocupado que o que acontecera noite passada mudasse alguma entre a gente... Percebi mais cedo que ela estava com vergonha de olhar pra mim, de falar comigo. Até me pediu desculpas... Era por isso que eu nunca dissera nada a ela sobre como me sentia... Eu tinha medo disso.



_Ainda esta chateada pelo que houve ontem?_ perguntei_ já disse que podemos esquecer.

_Me deixa Joe, por favor_ ela pediu_ só quero ficar sozinha... Vai... Vai cuidar da Vanessa, ela precisa mais da sua atenção do que a idiota aqui.



Então ela me deu as costas e desceu as escadas as pressas... Eu não entendi muito bem o motivo da raiva dela, mais senti que ir atrás não ia adiantar de nada... Ela precisava do seu tempo sozinha e eu a deixaria em paz... Tínhamos coisas demais na cabeça pra eu ficar me preocupando com o que ela sentia por mim... Seria egoísmo de minha parte.

Então eu simplesmente ignorei e voltei a entrar no quarto, mesmo que todas as células do meu corpo me mandassem ir atrás dela.



CONTINUA ...

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