Capítulo 18

Uma vez que estavámos fora do alcance de Dante Cavallaro, Joe olhou para mim. — O que Cavallaro queria? 
— Me felicitar pelo casamento. 
Joe me deu um olhar que deixou claro que não acreditou em mim. Havia uma pitada de desconfiança em sua expressão.  
A música parou e Nick bateu palmas, silenciando os convidados. — É hora de jogar a liga! 
Joe e eu paramos quando os convidados se reuniram ao redor da pista de dança para assistir ao show. Alguns até ficaram em cadeiras ou levantaram seus filhos para que todos pudessem ter uma boa visão. Joe ajoelhou-se diante de mim sob os aplausos dos nossos convidados e ergueu as sobrancelhas. Segurei meu vestido e levantei um joelho. Joe deslizou as mãos pelas minhas panturrilhas, sobre os meus joelhos e as minhas coxas. Eu acalmei completamente ao sentir seus dedos na minha pele nua. Arrepios irromperam por todo o meu corpo. O toque foi leve e não desconfortável, e ainda me apavorava. 
Os olhos de Joe estavam decididos enquanto observavam meu rosto. Seus dedos tocaram a liga na minha coxa direita e ele empurrou meu vestido para cima para que todos vissem, revelando toda a extensão da minha perna. Segurei a bainha e ele colocou os braços atrás das suas costas, e depois se inclinou sobre minha coxa, seus lábios escovaram a pele sob a liga. Eu respirei fundo, mas tentei manter meu rosto no modo noiva feliz. Joe fechou os dentes em torno da borda da liga e puxou-a para baixo pela minha perna até que a coisa pousou amontoada em meus saltos altos brancos. Eu levantei meu pé para que Joe pudesse tirar o pedaço de renda. Ele endireitou-se e apresentou a liga para a multidão aplaudindo. 
Forcei um sorriso. A única pessoa que não estava sorrindo era Gianna. 
— Solteiros — Joe chamou em sua voz profunda. — Venham para perto. Talvez você seja o próximo sortudo a se casar! 
Mesmo os meninos mais jovens se aproximaram, Fabiano entre eles. Ele estava carrancudo. Mamãe provavelmente tinha-o obrigado a participar. Eu pisquei para ele e ele enfiou a língua para fora. Eu não pude deixar de rir, meu primeiro gesto genuíno durante a festa de casamento. 
Os olhos de Joe dispararam em direção a mim, uma expressão estranha em seu rosto. Eu rapidamente desviei o olhar. Joe ergueu o braço, a liga em seu punho antes que ele jogasse para os homens que esperavam. 
Nick arrebatou-o no ar com uma estocada impressionante. — Alguma senhorita Outfit disposta aí fora que deseje aprofundar o vínculo entre as nossas famílias? — Ele gritou, meneando suas sobrancelhas. 
Ele se virou e o riso de muitas mulheres soou, casadas e solteiras. Claro, Lily estava entre elas, pulando para cima e para baixo com um sorriso brilhante. Tudo era um jogo para ela. Eu não queria os olhos de Nick sobre ela, eu não queria nem o nome dela em sua mente quando pensasse em casamento. Como era tradição, ele tinha que escolher uma mulher solteira para dançar. 
Joe deu um passo para perto de mim, seu braço esgueirando minha cintura em uma possessividade casual. Eu vacilei com o contato inesperado e o corpo de Joe tornou-se rígido. 
Nick estendeu a mão em direção a Lily, que parecia perto de explodir de emoção por ter sido escolhida. Meu peito se apertou. Eu sabia que isso era uma piada agora. Ninguém levava uma menina de catorze anos de idade a sério. 
Enquanto Joe  e eu valsámos sobre a pista de dança, mantive um olho em Lily e Nick. Sua mão estava no alto de suas costas, sua expressão provocativa. Ele não se parecia com um homem que tinha fixado os olhos em sua futura esposa. 
— Se o meu irmão se casasse com a sua irmã, você teria uma família em Nova York, — disse Joe. 
— Eu não vou deixá-lo ter Lily. — As palavras eram ferozes. Como eu podia ser tão dura quando se tratava de proteger a minha irmã, mas não quando era sobre mim? 
— Não é Lily que ele quer. 
Meus olhos voaram para Gianna que estava com os braços em volta de seu peito, olhos como um falcão enquanto eles nos seguiram. Papai não daria mais uma de suas filhas para Nova York. Se ele quisesse reforçar a posição da nossa família na Outfit, precisava ter certeza de que tinha família suficiente ao seu redor. Após a valsa ter acabado, uma batida mais rápida começou na pista de dança, que foi mais uma vez inundada com convidados. 
Joe começou a dançar com a minha mãe e eu usei o momento para escapar. Eu precisava de alguns momentos para mim ou ia perder o controle. Eu levantei meu vestido do chão e corri para a beira do jardim onde a grama virava piso. Desci os poucos passos que levaram à doca, onde um iate estava à espreita. À minha direita uma longa praia adiante. O oceano era preto sob o céu noturno e a brisa levantou meu vestido. Tirei meus saltos e pulei na doca, meus pés pousando na areia fria. Fechando os olhos, ouvi o som das ondas. As placas de madeira rangeram e eu fiquei tensa antes de olhar por cima do ombro e ver Gianna. Ela tirou seus próprios sapatos e se juntou a mim na praia, envolvendo ao meu redor. 
— Amanhã você vai para Nova York e eu vou voltar para Chicago, — ela sussurrou. 
Engoli em seco. — Estou com medo. 
— De hoje à noite? 
— Sim — eu admiti. — De hoje à noite e de todas as noites que virão depois. Estar a sós com Joe em uma cidade que eu não conheço, cercada por pessoas que conheço ainda menos, pessoas que ainda podem ser o inimigo. Difícil é conhecerJoe  e descobrir que ele é o monstro que eu acho que ele é. E estar sem você, Lily e Fabiano. 
— Nós vamos te visitar tão frequentemente quanto o pai permitir. E sobre hoje à noite... — a voz de Gianna vacilou. — Ele não pode forçá-la. 
Deixei escapar uma risada abafada. Às vezes eu esquecia que Gianna era mais jovem do que eu. Estes eram os momentos que eu me lembrava. — Ele pode. Ele vai. 
— Então você vai lutar com tudo que você tem. 
— Gianna, — eu disse em um sussurro. — Joe vai ser Capo dei Capi. Ele é um lutador nato. Ele vai rir de mim se eu tentar resistir. Ou a minha recusa vai deixá-lo com raiva, e aí ele vai realmente me machucar. — Fiz uma pausa. — Bibiana me disse que eu deveria dar a ele o que ele quer, que eu deveria tentar fazer com que ele seja bom para mim, tentar fazer com que ele me ame. 
— Bibiana, a Estúpida. O que é que ela sabe? — Gianna olhou para mim. — Olhe para ela, o jeito que ela se encolhe na frente do gordo idiota. Como ela o deixa tocá-la com aqueles dedos de salsicha. Eu prefiro morrer a ficar com um homem como esse. 
— Você acha que eu posso fazer Joe me amar? 
Gianna balançou a cabeça. — Talvez você possa fazê-lo respeitá-la. Eu não acho que homens como ele tem um coração que seja capaz de amar. 
— Até mesmo os bastardos de coração mais frio têm um coração. 
— Bem, então é tão negro como piche. Não desperdice seu tempo com amor, Demi. Você não vai encontrá-lo em nosso mundo. 
Ela estava certa, é claro, mas eu não podia deixar de ter esperança. 
— Prometa-me que vai ser forte. Prometa-me que não vai deixá-lo tratá-la como uma prostituta. Você é sua esposa. 
— Existe uma diferença? 
— Sim, prostitutas, pelo menos, começam a dormir com outros homens e não têm que viver em uma gaiola dourada. Elas estão em melhor situação. 
Eu bufei. — Você é impossível. 
Gianna deu de ombros. — Isso fez você sorrir. — Ela se virou e sua expressão ficou escura. — Joe enviou seu cãozinho de estimação. Talvez ele esteja preocupado que você fuja. 
Segui o seu olhar para encontrar Romero de pé na crista da pequena colina com vista para a baía e para a doca. 
— Nós deveríamos ter pegado esse iate e fugido. 
— Para onde eu poderia ir? Ele me seguiria até o fim do mundo. — Olhei para o relógio dourado elegante em torno do meu pulso. Eu não conhecia Joe, mas conhecia os homens de sua espécie. Eles eram possessivos. Uma vez que você pertencia a eles, não havia como escapar. — Devemos voltar. O bolo do casamento será apresentado em breve. 
Colocamos nossos sapatos e caminhamos de volta em direção ao barulho. Ignorei Romero, mas Gianna fez uma careta para ele. — Será que Joe precisa de você para tudo? Ou ele pode, pelo menos, dar uma mijada sozinho? 
— Joe é o noivo e precisa atender aos convidados — Romero disse simplesmente, mas é claro que foi uma reprimenda em minha direção. 
Os olhos de Joe travaram em mim no momento em que voltei para as festividades. Muitos convidados já estavam bêbados, e alguns tinham se deslocado até a piscina para tomar um banho completamente vestidos. Joe estendeu a mão e me puxou para diminuir a distância entre nós. — Onde você estava? 
— Eu só precisava de um momento sozinha. 
Não havia tempo para mais discussões quando o cozinheiro rolou um carrinho com nosso bolo de casamento em direção ao centro. Ele era branco, tinha seis camadas e foi decorado com flores de pêssego. Joe e eu o cortamos sob uma nova rodada de aplausos, seguido por “bacio, bacio”, e colocamos o primeiro pedaço nosso prato. Joe pegou um garfo e me alimentou, meio como um sinal de que ele iria fazer isso por mim, e eu, em seguida, o alimentei com um pedaço, como um sinal de que eu iria cuidar dele como uma boa esposa. 
Era quase meia-noite quando ecoaram os primeiros gritos que sugeriam que Joe e eu deveríamos nos retirar para o quarto. — Você se casou com ela, agora vá para a cama com ela! — Nick gritou, jogando os braços para cima e esbarrando em uma cadeira. Ele tinha bebido o seu quinhão de vinho, uísque, Grappa e qualquer outra coisa em pudesse pôr as mãos. Joe, por outro lado, estava sóbrio. Enterrando a pequena esperança que eu tinha abrigado que ele estaria bêbado demais para consumar nosso casamento. Joe respondeu sorrindo, todo predador, faminto, desejoso, o que fez meu coração acelerar no peito. Logo a maioria dos homens e até mesmo muitas mulheres se juntaram ao coro. 

3 comentários:

  1. Puta mersa Larissa como você para na melhor parte,agora vou morrer de curiosidade

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  2. Não...para de parar nas melhores partes kkk...palhaçada isso !!
    Adorei tudo
    Beijos

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Espero que tenham gostado do capítulo :*