Capítulo 28

Levantei meu braço e hesitante em tocar sua nuca, meus dedos escovaram seu cabelo. Minha outra mão apertou contra o peito dele, apreciando a sensação de seus músculos. Ele se afastou. 
— Eu estou quase me decidindo a cancelar essa porra de reunião. — Ele esfregou o polegar sobre meus lábios. — Mas ainda há tempo mais que suficiente para isso mais tarde. — Ele olhou para o relógio. — Eu realmente preciso ir agora. Romero vai estar aqui quando eu me for. Tome seu tempo e se familiarize. — Com isso, ele se dirigiu para a porta e saiu. 
Por um momento eu olhei para a porta, me perguntando se alguém poderia me parar se eu saísse do edifício. Em vez disso, eu me virei para a escada e subi para o segundo andar. 
Apenas uma das portas brancas estava entreaberta e eu empurrei. O quarto principal se abriu diante de mim. Tal como era com a área de estar, uma parede inteira era de janelas com vista para Nova York. A cama king-size estava de frente para elas. Eu me perguntei como seria assistir ao nascer do sol da cama. A parede atrás da cama era estofada com tecido preto. No final do quarto uma porta levava a um closet e à sua direita eu podia ver uma banheira independente através da parede de vidro que separava o quarto do banheiro. 
Eu andei em direção a ela. Mesmo da banheira, você poderia ver a cidade. Apesar da parede de vidro, os lavatórios e o chuveiro não eram visíveis do quarto, e o vaso sanitário estava em seu próprio reservado. 
— Demi? 
Engoli em seco. Meu coração bateu mais rápido em meu peito quando eu segui lentamente a voz e encontrei Romero no corredor, carregando minhas malas. — Eu não queria assustá-la, — disse ele quando viu meu rosto. Eu balancei a cabeça. — Onde você quer que eu coloque as suas malas? 
Eu me esqueci de que Joe tinha deixado-as no sofá. — Eu não sei. Talvez no closet? 
Ele passou por mim e colocou as malas em um banco dentro do closet. Minhas três malas de viagem, bem como duas caixas de mudança, estavam ao lado dele. — Você sabe como eu preciso me vestir para hoje à noite? Joe disse que quer me levar ao seu restaurante favorito, mas ele não me disse se preciso vestir algo especial. 
Romero sorriu. — Não. Definitivamente nada especial. 
— Por quê? É um KFC11? — Eu na verdade nunca tinha comido em um KFC. Meus pais nunca teriam nos levado a um lugar como esse. GiannaLily e eu uma vez convencemos Umberto a nos levar a um McDonald’s, mas essa foi realmente toda a minha experiência com redes de fast-food. 
— Na verdade não. Eu acho que Joe quer surpreendê-la. 
Eu duvidava disso. — Talvez eu devesse desfazer as malas então. — Fiz um gesto para as bagagens. 
Romero manteve uma distância cuidadosa de mim. Ele era bom, mas profissional. — Você precisa de ajuda? 
Eu realmente não queria que Romero pegasse minhas calcinhas. — Não. Eu prefiro fazer sozinha. 
A compaixão encheu o rosto de Romero antes dele se virar e sair. Eu esperei até ter certeza de que ele tinha voltado ao andar de baixo antes de abrir a primeira caixa. Em cima de tudo havia uma foto minha com GiannaLily e Fabi. Chorei pela terceira vez em menos de 24 horas. Eu tinha visto eles esta manhã, como eu poderia já estar me sentindo tão sozinha? 
*** 
Quando Joe chegou em casa quase cinco horas depois, eu tinha colocado uma saia e uma blusa leve sem mangas. Apesar dos meus melhores esforços, meus olhos ainda estavam um pouco vermelhos de tanto chorar. Havia um limite para o poder da maquiagem. Joe notou imediatamente, seu olhar persistente em meus olhos, e depois o arrastou para a foto da minha família na mesa de cabeceira. 
— Eu não tinha certeza qual era o seu lado. Eu posso mudar para o outro criado mudo, se você quiser — eu disse. 
— Não, está tudo bem. — A exaustão era clara em seu rosto. 
— Foi tudo bem na reunião? 
Joe desviou o olhar. — Não vamos falar sobre isso. Estou morrendo de fome. — Ele estendeu a mão, eu peguei e o seguiu até o elevador. Ele estava tenso e mal disse uma palavra quando nós entramos em seu carro. Eu não tinha certeza se ele esperava uma conversa, e eu estava emocionalmente esgotada pra fazer esse esforço. 
Quando paramos em um sinal vermelho, ele olhou por cima. — Você está ótima. 
— Obrigada. 
Ele estacionou o carro em um estacionamento fechado onde os veículos se acumulavam uns por cima dos outros, e nós andamos por uma rua com pequenos restaurantes que ofereciam de tudo, desde culinária indiana, libanesa, até sushi. Ele parou em um restaurante coreano e segurou a porta pra mim. Atordoada, eu entrei no lotado e estreito espaço. 
Pequenas mesas estavam na parte de frente do bar, que oferecia bebidas alcoólicas com rótulos que eu não conseguia nem ler. Um garçom veio até nós ao avistar Joe, nos levou para a parte de trás e nos deu a última mesa disponível. As pessoas na mesa ao lado da nossa encararam Joe com olhos arregalados, provavelmente se perguntando como ele se encaixava nesse lugar. Sentei no banco em que dava para observar todo o ambiente e Joe se sentou na cadeira em frente a minha. O homem ao seu lado puxou sua cadeira, para que Joe tivesse mais espaço. Eles sabiam quem ele era ou estavam sendo educados? 
— Você parece surpresa, — disse Joe após o garçom anotar nossos pedidos de bebida e nos deixar o cardápio. 
— Eu não achei que você gostasse de comida asiática, considerando tudo. — Isso era tudo o que eu poderia dizer em um restaurante lotado, mas Joe sabia que eu estava falando sobre a Triad taiwanesa. 
— Este restaurante é o melhor asiático na cidade, e ele não pertence a uma cadeia asiática. 
Eu fiz uma careta. Ele estava sob a proteção da Família? 
— É independente. 
— Há restaurantes independentes em Nova York? 
O casal na mesa ao nosso lado me deu um olhar estranho. Para eles a nossa conversa era, provavelmente, mais do que um pouco estranha. 
— Poucos, mas estamos em negociações neste momento. 
Eu suspirei. 
Joe apontou para o meu cardápio. — Você precisa de ajuda? 
— Sim, eu nunca comi comida coreana. 
— O tofu marinado e a carne bulgogi são deliciosos. 
— Você come tofu? 
Joe deu de ombros. — Se são preparados como este, sim. 
Eu balancei minha cabeça. Isso era surreal. — Basta pedir o que você acha que é melhor. Eu como de tudo, exceto fígado. 
— Eu gosto de mulheres que comem mais do que salada. 
O garçom voltou e tomou nossos pedidos. Eu me atrapalhei com os pauzinhos, tentando descobrir a melhor maneira de usá-los. 
— Você nunca usou hashi antes? — Joe perguntou com um sorriso. Será que ele estava zombando de mim? 
— Meus pais só nos levavam ao seu restaurante italiano favorito e eu não tinha autorização de ir a lugar nenhum sozinha. — A amargura tocou a minha voz. 
— Agora você pode ir a qualquer lugar que queira. 
— Sério? Sozinha? 
Joe baixou a voz. — Com Romero ou comigo, ou Cesare, quando Romero não estiver disponível. 
Claro. 
— Aqui, deixe-me mostrar a você. — Ele pegou os próprios pauzinhos e segurou. Eu tentei imitar, e depois de algumas tentativas consegui mover os pauzinhos sem os deixar cair. 
Quando a nossa comida chegou, eu percebi que era muito mais difícil agarrar algo com eles. 
Joe assistiu com divertimento óbvio quando eu fiz três tentativas para trazer um pedaço de tofu para os meus lábios. 
— Não admira que as meninas de Nova York sejam tão magras se elas comem com isso o tempo todo. 
— Você é mais bonita do que todas elas, — disse ele. Olhei para o seu rosto, tentando descobrir se ele estava sendo sincero, mas, como de costume, ele era ilegível. Me permiti admirar seus olhos. Eles eram incomuns, com a íris em um tom de cinza mais escuro. Não estavam exatamente frios agora, mas me lembrava deles sendo assim. 
Joe pegou um pedaço de carne marinada e estendeu até para mim. Minhas sobrancelhas se ergueram em surpresa. Joe parou na minha expressão, mas a sua era mais desafiadora. 
Inclinei-me e fechei os lábios em torno das varas, depois puxei pra trás, saboreando o gosto da carne bulgogi. Os olhos de Joe pareceram escurecer enquanto me observava. 
— Delicioso, — eu disse. Joe pegou um pedaço de tofu e o deu para mim, que aceitei ansiosamente. Isso era melhor do que tentar pescar a comida com os pauzinhos. 
Fiquei grata por Joe me mostrar esse lado seu normal. Isso me deu esperança. Talvez essa fosse sua intenção, mas eu não me importei. 
*** 
O relaxamento que eu senti durante o jantar evaporou quando Joe e eu voltamos para a nossa cobertura e entramos no quarto. Eu fui para o banheiro e tomei meu tempo me preparando antes de retornar. 
Os olhos de Joe observaram minha longa camisola de cetim. Chegava até minhas panturrilhas, mas tinha uma fenda que ia até as coxas. Ainda era muito mais modesta do que a coisa horrível que eu tinha usado na nossa noite de núpcias. E ainda assim eu tinha certeza de que era desejo em seus olhos. 
Assim que ele desapareceu no banheiro, eu andei em direção à janela e me ocupei observando o horizonte na noite. Eu estava quase tão nervosa quanto a noite passada. Eu sabia que eu não estava pronta para mais do que beijar. Eu não me virei quando ouvi Joe chegar ao meu lado. Sua estatura impressionante se refletiu nas janelas. Tal como ontem ele estava vestindo apenas cueca. Eu o vi se aproximar, e cada músculo do meu corpo ficou tenso. Se ele percebeu minha reação, não deixou transparecer. Ele arrastou um dedo pelas minhas costas, enviando uma sensação de formigamento pelo meu corpo. Quando eu não reagi, ele estendeu a mão com a palma para cima, um convite e não uma ordem, e ainda assim eu sabia que havia apenas uma resposta certa. 
Eu o enfrentei, mas meus olhos foram atraídos para a longa cicatriz na palma da sua mão. Corri meus dedos sobre ela. — Isso foi no juramento de sangue? — Eu olhei para seu rosto ilegível. Eu sabia que, durante a cerimônia de iniciação, os homens tinham que derramar seu sangue enquanto recitavam as palavras do juramento. 
— Não. Esta é. — Ele virou a mão do outro lado, onde uma pequena cicatriz marcava a palma. — Isso... — disse ele com um aceno de cabeça em direção à cicatriz que eu ainda estava tocando — ... aconteceu em uma briga. Eu tive que parar um ataque de faca com a minha mão. 
Eu queria perguntar-lhe sobre a primeira vez que ele matou um homem, mas ele fechou os dedos em volta do meu pulso e me levou para a cama. Minha garganta ficou muito apertada para palavras quando ele se sentou no colchão e me puxou entre suas pernas. Tentei relaxar em seu beijo e quando ele não fez nenhum movimento para levar as coisas ainda mais adiante, eu realmente senti a tensão escapar e comecei a desfrutar de sua boca, mas, em seguida, ele se deitou e me puxou para a cama com ele. 
Seus beijos se tornaram mais fortes e eu podia sentir sua ereção pressionada contra a minha coxa. Ainda assim eu não me puxei para trás. Eu poderia fazer isso. Eu sabia o que estava por vir. Sua mão segurou meu peito e eu endureci, apesar das minhas melhores intenções de não fazer isso. Ele não tirou a mão, mas não se moveu. Seus beijos tornavam meu raciocínio confuso. Seria realmente tão ruim dormir com Joe? Ele recuou alguns centímetros e os beijos foram em direção à minha orelha. — Eu nunca quis tanto foder uma mulher quanto eu quero te foder agora. 

Continua ...
Joe está doidinho pela Demi e acho que ela também. hahaha

2 comentários:

Espero que tenham gostado do capítulo :*