Capítulo 30


— Acho que nós precisamos pegar um táxi, — eu disse, indo em direção ao meio fio. 
Romero balançou a cabeça, mas eu já tinha levantado o braço e um táxi encostou e parou ao meu lado. 
*** 
Romero ficava alguns passos atrás, seu olhar alerta nas minhas costas. Ele estava me deixando louca. As pessoas estavam nos dando olhares estranhos. — Você pode, por favor, caminhar ao meu lado? — Perguntei enquanto andávamos pela Greenwich Street, onde o restaurante estava. — Eu não quero que as pessoas pensem que você está me protegendo. — Ele provavelmente ainda estava chateado que eu o tinha feito pegar um táxi, em vez da BMW preta que gritava máfia de longe. 
— Eu estou protegendo você. 
Eu parei até que ele parou ao meu lado. A parte externa do restaurante era cercada por flores silvestres que cresciam em vasos de terracota e o interior me fez lembrar de pubs britânicos que eu sempre via nos jornais. Acho que todos os garçons eram tatuados, e as mesas estavam tão juntas que você poderia ter comido do prato do seu vizinho. Eu podia ver porque Gianna iria adorar. 
Os lábios de Romero torceram em obvia desaprovação. Era, provavelmente, o pesadelo de um guarda-costas. — Você tem uma reserva? — Uma mulher alta com um piercing no nariz perguntou. 
— Não. — Romero estreitou os olhos, como se ele não pudesse acreditar que alguém estava realmente perguntando algo assim. Eu adorei. Aqui eu não era Demi, a esposa de Joe Vitiello. — Mas somos só nós dois. E não vai demorar muito, — eu disse educadamente. 
A mulher olhou para nós dois, depois sorriu. — Vocês têm uma hora. Vocês são um bonito casal. 
Ela virou para nos levar à nossa mesa, e foi por isso que não viu a expressão de 
Romero. — Por que você não a corrigiu? — Ele perguntou em voz baixa. 
— Por que eu deveria? 
— Porque não somos um casal. Você é de Joe. 
— Eu sou. E eu não sou. 
Romero não discutiu novamente, mas eu poderia dizer que ele ficou desconfortável tendo que agir como se não fossemos nada além de guarda-costas e esposa de seu chefe. Eu comi uma salada deliciosa e observei as pessoas ao nosso redor, enquanto Romero comeu um hambúrguer monitorando tudo por perto. Eu mal podia esperar para trazer Gianna aqui. Esse pensamento me encheu de tristeza. Eu nunca tinha estado tão solitária na minha vida. Apenas dois dias aqui e eu realmente não sabia como sobreviver aos muitos milhares de dias que se seguiriam. — Então Joe chegará tarde em casa outra vez esta noite? 
— Acho que sim, — disse Romero, evasivo. 
Depois que tínhamos comido, eu forcei Romero a passear pelo bairro do restaurante por um pouco mais de tempo, mas finalmente fiquei frustrada com sua postura rígida e desconforto óbvio, e decidi voltar para o apartamento. 
*** 
Quando o táxi parou em frente ao prédio, Romero pagou o motorista e eu saí do carro. Quando me aproximei da frente do vidro, notei uma das primas de Joe sentada no lobby. O que ela estava fazendo aqui? Nós não tínhamos falado mais do que algumas frases no casamento e eu não tinha tido a impressão de que ela estava interessada em amizade. Confusa, entrei no saguão. Os olhos de Cosima me fitaram e ela se aproximou sem hesitação e me abraçou, para minha surpresa, então colocou algo em minha mão. — Aqui. Não deixe Romero ou qualquer outra pessoa ver. Agora sorria. 
Eu sorri, atordoada. Eu podia sentir um pedaço de papel dobrado e aquilo que parecia ser uma chave na minha mão. Eu rapidamente escondi em minha bolsa quando Romero apareceu ao meu lado. — O que você está fazendo aqui, Cosima? — Havia uma pitada de desconfiança em sua voz. 
Ela mostrou-lhe um sorriso cheio de dentes. — Eu queria ver como Demi estava se saindo e perguntei se nós poderíamos nos encontrar para almoçar em breve. Mas agora eu preciso ir. Eu tenho uma hora no cabeleireiro. — Ela me deu um olhar de advertência e saiu com os saltos altos estalando no chão de mármore. 
Romero estava me observando. — O que ela disse? 
— O que ela disse a você, — eu disse, levantando meu queixo. — Eu quero ir agora. — Ele queria que eu agisse como sua chefe, então ele não podia esperar que eu me abrisse com ele. Ele balançou a cabeça e me levou para o elevador com um breve aceno de cabeça em direção aos dois recepcionistas. 
No momento em que entrei na cobertura, eu me desculpei e me dirigi para o banheiro de visitas. Eu peguei o que Cosima tinha me dado e desdobrei o pedaço de papel. 
Demi, 
A chave é para um dos apartamentos de Vitiello. Venha esta noite às dez para ver o que o seu marido realmente faz enquanto você aquece sua cama. Tenha cuidado e calma, e não conte a ninguém. Romero vai tentar impedi-la. Livre-se dele. 
O endereço estava no fim da página. A nota não foi assinada tinha sido escrita ncomputador. Será que foi Cosima? Não fazia sentido. Li e reli. Poderia ser um truque, ou pior, uma armadilha, mas a curiosidade estava me queimando. Joe não era exatamente o marido mais presente. O único problema era como chegar ao apartamento e me livrar de Romero. Ele nunca saía do meu lado. 
*** 
Convenci Romero a sair para jantar em um restaurante que, de acordo com o Google Maps, era apenas a cinco minutos a pé do endereço que Cosima tinha me dado. Quando Romero foi ao banheiro em nosso apartamento, eu aproveitei para pegar uma pequena arma que Joe mantinha em uma das gavetas no closet. Eu notei isso quando desfiz minhas malas e coloquei as roupas nas gavetas. Escondi no bolso lateral da minha bolsa. Mesmo que eu não tivesse muita experiência com armas, sabia como lidar com elas na teoria. Melhor prevenir do que remediar. 
*** 
Eram nove e quinze da noite. Romero e eu ja tínhamos acabado quando eu me levantei para ir ao banheiro. Romero empurrou sua cadeira para trás e estava prestes a ir atrás de mim. 
Eu o olhei. — Você não vai me acompanhar até o banheiro. Acha que eu vou me perder no caminho? As pessoas vão olhar. Ninguém sabe quem eu sou aqui. Eu estou segura. 
Romero afundou de volta para baixo. O banheiro estava em um canto, mais perto da porta do que da nossa mesa. Saí do restaurante e peguei o endereço do apartamento. Então eu corri até lá. Levaria pelo menos cinco minutos antes de Romero se aventurar indo ao banheiro, e eu esperava que ainda mais tempo antes que ele sentisse minha falta. 
Quando eu cheguei na frente do edifício, hesitei. Não tinha uma portaria, apenas um corredor estreito e uma escada íngreme. Então eu respirei fundo e entrei. A chave dizia que o apartamento era no terceiro andar. Peguei o elevador escondido em um canto escuro atrás da escada. Durante o passeio até lá, a dúvida me venceu. Talvez eu não devesse ter dado ouvidos àquele bilhete. O elevador parou e a porta abriu. Meus olhos dispararam para o botão que me levaria de volta para o térreo, mas ao invés disso eu saí e encontrei a porta do apartamento. 

2 comentários:

  1. Que capítulo maravilhoso...espero que o Joe não tenha feito nada de errado...super ansiosa para mais kk...tá maravilhoso !!
    Beijos

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  2. Não me diga que o Joe ta traindo ela..
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Espero que tenham gostado do capítulo :*