Capítulo 22 MARATONA 2/4


Eu acenei com a cabeça, atordoada. 
Ele balançou a cabeça. — Esse aceno não significa nada. Você acha que eu não reconheço o medo quando você olha para mim? No momento em que eu apagar a luz, você voltará a chorar como se eu tivesse te estuprado. 
Eu não sabia o que ele queria que eu fizesse. Não era como se eu gostasse de estar com medo. Não que o medo fosse a única razão para a minha crise, mas ele não entenderia. Como ele poderia entender que eu sentia como se minha vida tivesse sido arrancada de mim? Minhas irmãs, Fabiano, minha família, Chicago, isso era tudo que eu já tinha conhecido e agora eu teria que abandoná-los. 
— Então, para dar-lhe paz de espírito e calar a sua boca, eu vou fazer um juramento. 
Lambi meus lábios, provando a salinidade das lágrimas sobre eles. Os dedos de Joe ficaram tensos no meu braço. — Um juramento? — eu sussurrei. 
Ele pegou minha mão e apertou-a contra a tatuagem sobre seu coração. Exalei quando seus músculos flexionaram sob o meu toque. Ele estava quente, a pele era muito mais suave do que eu tinha imaginado. 
— Nascido em sangue, juramento no sangue, eu juro que não vou tentar roubar a sua virgindade ou machucá-la de alguma forma esta noite. — Seus lábios se curvaram e ele acenou com a cabeça na direção do corte em seu braço. — Eu já sangrei por você, para que selássemos o casamento. Nascido no sangue. Juramentado no sangue. — Ele cobriu minha mão com a sua sobre a tatuagem, olhando para mim com expectativa. 
— Nascido no sangue, juramentado no sangue, — eu disse suavemente. Ele soltou a minha mão e eu a pus sobre o meu estômago, atordoada e confusa. Um juramento era um grande negócio. Sem outra palavra, ele apagou a luz e voltou para o seu lado da cama. 
Eu escutei sua respiração ritmada, sabendo que ele não estava dormindo. Fechei os olhos. Ele não iria quebrar seu juramento. 

A luz do sol bateu no meu rosto. Eu tentei esticar o braço, mas havia um braço sobre a minha cintura e um peito firme pressionando contra minhas costas. Levei um momento para lembrar onde eu estava e o que tinha acontecido ontem, e então endureci. 
— Ótimo, você acordou, — disse Joe com a voz rouca de sono. 
A realidade me acertou. Joe. Meu marido. Eu era uma mulher casada, mas Joe manteve sua promessa. Ele não havia consumado o casamento. Abri os olhos. A mão de Joe agarrou meu quadril e ele me virou de costas. Ele estava apoiado em um cotovelo e seus olhos viajaram pelo meu rosto. Desejei saber o que ele estava pensando. Era estranho estar na cama com um homem. Eu podia sentir o calor de Joe, mesmo que nossos corpos não estivessem se tocando. Na luz do sol as cicatrizes em sua pele eram de alguma forma menos proeminentes do que na noite passada, mas seus músculos ainda eram muito impressionantes. Eu me perguntava como seria tocá-los. 
Ele estendeu a mão e pegou uma mecha do meu cabelo entre dois dedos. Prendi a respiração, mas ele liberou depois de um momento, seu rosto se tornando calculista. — Não vai demorar muito até que a minha madrasta, minhas tias e as outras mulheres casadas da minha família batam à nossa porta para recolher os lençóis e levá-los para a sala de jantar, onde, sem dúvida, todo mundo já está esperando a porra do espetáculo começar. 
O calor se propagou no meu rosto e algo nos olhos de Joe mudou, talvez a frieza tenha sido substituída por outra emoção. Meus olhos encontraram o pequeno corte no seu braço. Não foi profundo e já estava cicatrizado. 
Joe assentiu. — Meu sangue vai dar o que eles querem. Vai ser a base da nossa história, mas vamos esperar para dar os detalhes. Eu sei que eu sou um mentiroso convincente. Mas você vai ser capaz de mentir na cara de todos, até mesmo de sua mãe, quando você lhes contar sobre a nossa noite de núpcias? Ninguém pode saber o que aconteceu. Isso poderia me fazer parecer fraco. — Seus lábios apertaram com pesar. O arrependimento de ter me poupado o deixou na posição de contar com minhas habilidades de mentir. 
— Fraco porque você não quis estuprar sua esposa? — Eu sussurrei. 
Os dedos de Joe apertaram o meu quadril. Eu nem tinha percebido que eles ainda estavam lá. Faça com que ele seja bom para você, as palavras de Bibiana passaram pela minha mente. Joe era um monstro, não havia nenhuma dúvida sobre isso. Ele não podia ser diferente para sobreviver como um líder em nosso mundo, mas talvez eu pudesse fazê-lo manter o monstro trancado quando estivesse comigo. Ele já tinha feito mais do que eu esperava quando ele me levou para o quarto na noite passada. 
Joe sorriu friamente. — Fraco por não tomar o que era meu. A tradição dos lençóis manchados de sangue na máfia siciliana é tanto uma prova de pureza da noiva como da determinação do marido. Então o que você acha que vão dizer sobre mim quando souberem que eu tive você deitada, vulnerável, seminua, na minha cama, e você ainda está tão intocada como antes do nosso casamento? 
— Ninguém vai saber. Eu não vou contar a ninguém. 
— Por que eu deveria confiar em você? Eu não tenho o hábito de confiar nas pessoas, especialmente nas pessoas que me odeiam. 
Eu descansei a palma da minha mão contra o corte em seu braço, sentindo seus músculos flexionarem sob o meu toque. Faça com que ele seja bom para você, faça ele te amar. — Eu não odeio você. — Ele estreitou os olhos, mas a maior parte disso era verdade. Eu teria lhe odiado se ele tivesse me forçado ontem. Eu certamente odiava o que esse casamento com ele significou para mim, mas eu não o conhecia bem o suficiente para realmente odiá-lo. Talvez isso viesse com o tempo. — E você pode confiar em mim porque eu sou sua esposa. Eu não escolhi este casamento, mas pelo menos posso escolher fazer o melhor do nosso vínculo. Eu não tenho nada a ganhar em trair sua confiança, mas mostrando minha lealdade, talvez eu ganhe alguma coisa. 
Houve um lampejo de algo, talvez respeito, em sua expressão. — Os homens que esperam na sala são predadores. Eles atacam os mais fracos e estão esperando há mais de uma década por um sinal de fraqueza meu. No momento em que virem um, eles vão atacar. 
— Mas seu pai... 
— Se meu pai achar que eu sou muito fraco para controlar a Família, ele vai deixá-los de bom grado me tirar do comando. 
Que tipo de vida era essa que ele tinha que ser forte o tempo todo, mesmo em torno de seus familiares mais próximos? Pelo menos eu tinha as minhas irmãs e meu irmão, e até certo ponto, minha mãe e pessoas como Valentina. As mulheres eram perdoadas pela sua fraqueza, em nosso mundo.

Continua ...

Um comentário:

  1. O Joe tá de parabéns, eu acho que o Joe já é amarrado na demi e ela vai ficar ao pouco

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Espero que tenham gostado do capítulo :*