Capítulo 34 Maratona 3/5


— Nós não nos casamos com pessoas de fora. Nunca. Ela sabia disso, e não era a única mulher que eu comia. 
Eu dei-lhe um olhar. — Você mesmo disse. Você tem suas necessidades. Então como você pode me dizer que não vai me trair outra vez se ficar cansando de esperar que eu durma com você? 
Joe inclinou a cabeça, seus olhos se apertaram devido com a ideia. — Você pretende me fazer esperar muito tempo? 
— Eu acho que nós dois temos diferentes conceitos da expressão “muito tempo”. 
— Eu não sou um homem paciente. Se tempo significa um ano... — Ele parou. Eu não podia acreditar nele. 
— O que você quer que eu diga, Demi? Eu mato e chantageio e torturo pessoas. Eu sou o chefe de homens que fazem o mesmo quando eu peço, e em breve eu vou ser o Capo dei Capi, o líder da organização criminosa mais poderosa na costa leste, e provavelmente dos EUA. Você achou que eu iria tomá-la contra a sua vontade na noite do nosso casamento, e agora você está com raiva porque eu não quero esperar meses para dormir com você? 
Fechei os olhos. — Estou cansada. Já é muito tarde. — Era tão tarde que na verdade já era cedo. 
— Não — disse Joe, tocando minha cintura. — Eu quero entender. Eu sou seu marido. Não é como se você fosse como as outras garotas que podem escolher o homem com quem vão perder sua virgindade. Você tem medo que eu seja duro com você por causa do que viu hoje? Eu não vou ser. Eu disse que eu quero que você se contorça debaixo de mim de prazer, e mesmo que isso provavelmente não aconteça na primeira vez, vou fazer você gozar quantas vezes você quiser com a minha língua e meus dedos, até você conseguir gozar quando eu estiver dentro de  você. Não me importo de ir devagar, mas por que esperar mais? 
Eu o encarei com os olhos semicerrados. Para algo que nunca iria acontecer: ele querer fazer amor comigo, e não me tomar como se eu fosse sua propriedade. Parte de mim não queria se contentar com menos, a outra parte sabia o que eu tinha que fazer. Amor é algo que as garotas esperam quando são ingênuas, algo que as mulheres anseiam quando deitam na cama à noite e algo que só vão conseguir das suas crianças. Homens não têm tempo para essas coisas. Isso era o que meu pai sempre dizia. — Eu não vou fazer você esperar por meses — eu disse em vez de dizer o que eu realmente queria, e então adormeci. 


Joe cancelou seus planos para o dia seguinte e enviou Nick para fazer o que precisava ser feito. Como uma mulher em nosso mundo, você rapidamente aprendia a não fazer muitas perguntas, porque as respostas raramente eram satisfatórias. 
Joe ficou pronto antes de mim e quando eu entrei na cozinha vestida e de banho tomado ele estava olhando para a geladeira com uma careta no rosto. — Você sabe cozinhar? 
Eu bufei. — Não me diga que você nunca fez café da manhã para si mesmo? 
— Eu costumo pegar alguma coisa no meu caminho para o trabalho, exceto nos dias em que Marianna está aqui e prepara algo pra mim. — Seus olhos percorreram meu corpo. Eu tinha escolhido shorts, regata e uma rasteirinha, uma vez que parecia que o dia ia ser quente hoje. — Eu amo as suas pernas. 
Eu balancei a cabeça e caminhei em direção a ele pra dar uma olhada na geladeira. Ele não me deu espaço e seus braços passaram ao meu redor. Desta vez eu consegui não vacilar. Seu toque não era desconfortável e enquanto ele não me assustasse, eu poderia realmente me imaginar gostando. A geladeira estava bem abastecida. O problema era que eu nunca tinha cozinhado qualquer coisa, mas eu não queria mencionar isso a Joe. Peguei a caixa de ovos e pimentas vermelhas e as coloquei no balcão da cozinha. Não podia ser assim tão difícil preparar uma omelete. Eu assisti o nosso cozinheiro fazendo isso algumas vezes. 
Joe se encostou na ilha da cozinha e cruzou os braços enquanto eu pegava a panela do armário e acendia o fogão. Olhei por cima do ombro para ele. — Não vai me ajudar? Você pode cortar as pimentas. Pelo que eu ouvi dizer, você sabe lidar com uma faca. 
Isso fez com que os cantos de seus lábios se contraíssem, mas ele puxou uma faca para fora da gaveta e se aproximou de mim, parando ao meu lado. O topo da minha cabeça só chegava até o seu peito com a minha rasteirinha. Eu tive que admitir que eu meio que gostei. 
Entreguei a pimenta a ele e apontei em direção a uma tábua de madeira, porque eu tinha a sensação de Joe teria começado a cortar direto na bancada de granito preto. Nós trabalhamos em silêncio, mas Joe manteve olhares furtivos em mim. Eu coloquei um pouco de manteiga na panela, e depois temperei os ovos batidos. Eu não tinha certeza se eu precisava adicionar leite, mas decidi que era melhor não arriscar. Derramei os ovos na frigideira escaldante. 
Luca apontou a faca para a pimenta picada. — O que acontece com elas? 
— Merda — eu sussurrei. As pimentas deveriam ter ido primeiro. 
— Alguma vez você já cozinhou? 
Eu o ignorei e joguei as pimentas na panela com os ovos. Tinha colocado o fogão na temperatura máxima, e logo um cheiro de queimado chegou ao meu nariz. Eu rapidamente peguei uma espátula e tentei virar o omelete, mas ele ficou preso à panela. Joe estava me olhando com um sorriso. 
— Por que você não vem fazer o café para nós? — Eu estalei enquanto raspava os ovos meio queimados do fundo da frigideira. 
Quando achei que os ovos estavam no ponto para comer, eu os coloquei em dois pratos. Eles realmente não pareciam muito saborosos. As sobrancelhas de Joe subiram quando eu coloquei um prato na frente dele. Ele se sentou na banqueta e eu pulei para o seu lado. Eu observei quando ele pegou o garfo e fincou em um pedaço de ovo, e depois levou aos lábios. 
Ele engoliu em seco, era óbvio que não estava muito impressionado. Eu dei uma boa mordida e quase cuspi de volta. Os ovos estavam secos e salgados. Eu deixei cair o garfo e bebi metade do meu café, sem me importar que era preto e estava quente. — Oh meu Deus, isso é nojento. 
Houve uma pitada de diversão no rosto de Joe. A expressão mais relaxada o fazia parecer muito mais acessível. — Talvez devêssemos sair para tomar o café da manhã. 
Eu olhei para os meus ovos. — Como pode ser tão difícil fazer uma omelete? 
Joe deixou escapar o que poderia ter sido uma risada. Então seus olhos voaram de volta para minhas pernas nuas, que estavam quase tocando a sua. Ele colocou a mão no meu joelho e eu congelei com o meu copo contra os meus lábios. Ele não fez nada, apenas traçou levemente o polegar de um lado a outro sobre a minha pele. — O que você gostaria de fazer hoje? 
Ponderei, mesmo que sua mão fosse muito perturbadora. Eu estava alternando entre a vontade de tirá-la do meu joelho e pedir para que ele continuasse me acariciando. — Na manhã após nossa noite de núpcias, você me perguntou se eu sabia como lutar, então talvez você possa me ensinar a usar uma faca ou uma arma, e talvez um pouco de autodefesa. 
A surpresa atravessou o seu rosto. — Pensando em usar isso contra mim? 
Eu bufei. — Como se eu pudesse vencê-lo em uma luta justa. 
— Eu não luto justo. 
É claro que não. — Então você vai me ensinar? 
— Eu quero te ensinar um monte de coisas. — Seus dedos apertaram meu joelho. 
— Joe  — eu disse em voz baixa. — Estou falando sério. Eu sei que tenho Romero e você, mas eu quero ser capaz de me defender se alguma coisa acontecer. Você mesmo disse, a Bratva não vai se importar por eu ser mulher. 
Isso o convenceu. Ele assentiu com a cabeça. — Ok. Temos um ginásio onde nos exercitamos e treinamos para lutas. Nós podemos ir para lá. 
Eu sorri, animada por sair da cobertura e fazer algo útil. — Eu vou pegar minhas roupas de ginástica. — Saí do banco e corri pra cima. 
*** 
Trinta minutos mais tarde, estacionamos em frente a um prédio pobre. Eu estava excitada e feliz por ter algo para me distrair do que tinha acontecido ontem. Joe e eu saímos do carro e ele carregou as nossas malas quando passamos através de uma porta de aço enferrujado. 
Câmeras de segurança estavam por toda parte e um homem de meia-idade estava sentado em um canto, onde havia uma mesa com uma TV. Duas armas estavam no seu coldre. Ele se endireitou quando viu Joe, então ele me viu e seus olhos se arregalaram. 
— Minha esposa — disse Joe com um toque de aviso e o olhar do homem se afastou de mim. Joe colocou a mão na parte inferior das minhas costas e me guiou por outra porta que dava para um enorme salão. Havia um ringue de boxe, todos os tipos de aparelhos de exercícios, bonecos para luta e facas para o treinamento, e em um dos cantos havia esteiras, onde alguns homens estavam correndo. Eu era a única mulher ali.

Um comentário:

Espero que tenham gostado do capítulo :*